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Transcrição:

Subsídios para o Plano Territorial de Qualificação do Município de Porto Alegre em 2009 1 O presente documento pretende subsidiar a definição de ações de qualificação profissional e social, no município de Porto Alegre, especialmente as que serão executados por meio do Plano Territorial de Qualificação Profissional (PlanTeQ) de 2009. No âmbito do Sistema Nacional de Emprego (SINE), o PlanTeQ integra o Plano Nacional de Qualificação (PNQ) e contempla ações de qualificação profissional e social implementadas de forma descentralizada e subsidiadas com recursos públicos oriundos do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) e, no caso de Porto Alegre, também da Prefeitura Municipal, que possui convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). As ações do PlanTeQ buscam adequar as demandas de trabalho e a oferta de ações de qualificações (CODEFAT, 2008). Tendo em vista que o objetivo do Plano é atender as demandas por qualificação identificadas com base no desenvolvimento econômico e social da territorialidade (CODEFAT, 2008), apresentam-se informações sobre o mercado de trabalho em Porto Alegre. Desse modo, busca-se contribuir para a definição do público prioritário das ações de qualificação, bem como dos cursos que poderão compor o PlanTeQ do Município. Como fonte de informação utilizou-se a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) 2. Especialmente, caracterizou-se a parcela da População Economicamente Ativa (PEA) desempregada; bem como, entre a parcela ocupada, indicaram-se as ocupações em crescimento nos anos de 2005 e de 2008. A escolha desta fonte justifica-se por tratar-se de uma pesquisa domiciliar, não limitada ao mercado de trabalho formal, que fornece, também, informações sobre as ocupações exercidas de forma autônoma e sem carteira de trabalho assinada. Assim, a PED apresenta uma abrangência importante para subsidiar as ações do PlanTeQ. Ademais, para complementar a análise, agregou-se as informações do Sistema Nacional de Emprego (SINE) de Porto Alegre 3. Atuando, também, na intermediação da mão- 1 Participaram na elaboração deste trabalho: Cidriana Parenza, técnica da Gerência de Informações da Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local, responsável pela Pesquisa de Emprego e Desemprego de Porto Alegre (PED-POA); Marcel Henrique Becker, Auxiliar Técnico do DIEESE na Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA); Eduardo Miguel Schneider, Coordenador da PED-RMPA; Ana Paula Queiroz Sperotto, Estatística do DIEESE na PED-RMPA; e José Alberto Jonher, Administrador, da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (SMIC). 2 Para maiores informações acesse www.observapoa.com.br 3 Cabe explicitar que no município de Porto Alegre encontram-se seis postos de atendimento do SINE. Destes um é municipal e os outros cinco são estaduais. O SINE municipal foi inaugurado em 2006 através do Convênio Único entre MTE e Prefeitura. As informações aqui utilizadas sobre vagas captadas são relativas ao SINE do Município.

de-obra, o SINE dispõe de dados sobre a captação de vagas no mercado de trabalho, o que é um importante aporte para a definição dos cursos do PlanTeQ. Na seqüência apresentam-se, inicialmente, alguns dados gerais sobre o mercado de trabalho, passando-se, em seguida, às informações que poderão contribuir para a definição do público prioritário dos cursos e, posteriormente, para aquelas relativas às ocupações em crescimento. Concluindo, apontam-se algumas considerações finais e sugestões. 1 Um breve panorama do mercado de trabalho em Porto Alegre no período recente No que diz respeito aos aspectos gerais do mercado de trabalho do Município, cabe salientar o comportamento positivo da ocupação no período analisado. O ano de 2008 em comparação ao de 2005, registrou crescimento da ocupação, foram 80 mil ocupados a mais. Essa elevação foi mais do que suficiente para absorver as 56 mil pessoas que ingressaram no mercado de trabalho no período, acarretando a diminuição de 24 mil indivíduos no total de desempregados. Com isso, a taxa total de desemprego declinou, passando de 13,7% da PEA, em 2005, para 9,5% em 2008 (Gráfico A). Gráfico A Taxa de Desemprego Total (em %) e Contingentes de Desempregados, Ocupados e PEA (em mil) entre os Residentes em Porto Alegre 2005-08. 696 752 601 681 2005 2008 95 71 13,7 9,5 População Economicamente Ativa (em mil) Ocupados (em mil) Desempregados (em mil) Taxa Desemprego Total (em %) Quanto à ocupação, ela se concentra predominantemente nos setores de atividade de Serviços seguido pelo Comércio. No período em estudo, os setores da Construção Civil e de Serviços registraram elevação. Em sentido contrário os de Serviços Domésticos e da Indústria de Transformação perderam participação no nível de ocupação (Gráfico B).

Gráfico B Distribuição dos Ocupados Residentes em Porto Alegre (em %), segundo setor de atividade econômica 2005-08 65,6 66,4 2005 16,0 16,0 2008 7,7 7,3 3,8 4,3 6,6 5,8 Indústria de Transformação Comércio Serviços Construção Civil Serviços Domésticos A composição da ocupação por setores de atividade permite uma boa visualização da estrutura do mercado de trabalho local, no entanto, ainda é insuficiente quando o objetivo é a definição de cursos de qualificação profissional. Por este motivo, buscou-se um nível mais detalhado de informações, ou seja, a distribuição dos desempregados e o exame do crescimento das diferentes famílias ocupacionais, o que é apresentado a seguir. 2 O Desemprego entre os Residentes em Porto Alegre nos anos de 2005 e de 2008 No PNQ encontram-se orientações sobre a preferência de acesso às ações de qualificação para determinados segmentos da população, de modo que os cursos do PlanTeQ sejam direcionados, principalmente, para a parcela da população em situação de desemprego, priorizando as pessoas com maiores dificuldades de acesso a um posto de trabalho 4. Para 4 Conforme exposto no PNQ, as ações de qualificação social e profissional (QSP), a fim de cumprir sua efetividade social, deverão ser direcionadas prioritariamente para: 1. trabalhadores/as sem ocupação cadastrados/as nas agências do Sistema Nacional de Emprego SINE (...) além disso, as ações de QSP deverão dar especial atenção aos 2. trabalhadores/as rurais e da pesca (...); 3. pessoas que trabalham em condição autônoma, por conta própria, cooperativada, associativa ou autogestionada; 4. trabalhadores/as domésticos; 5. trabalhadores/as em setores sujeitos a reestruturação produtiva; 6. trabalhadores/as referentes à políticas de inclusão social, (...); 7. trabalhadores em situação especial; e, por fim, os 8. trabalhadores/as para o desenvolvimento e geração de emprego e renda. (MTE, 2007, p. 3). Paralelamente, no documento é destacado que... a preferência de acesso será de pessoas em maior vulnerabilidade econômica e social, populações mais sujeitas às diversas formas de discriminação social que, conseqüentemente, têm maiores dificuldades de acesso a um posto de trabalho, particularmente os/as trabalhadores/as desempregados/as com baixa renda e baixa escolaridade, desempregados de longa duração, afrodescendentes, indiodescendentes, mulheres, jovens, pessoas com deficiência, pessoas com mais de quarenta anos e outras. (MTE, 2007, p. 4).

contribuir nessa priorização, apresentam-se a seguir informações sobre a distribuição dos desempregados, segundo atributos pessoais e escolaridade. Desse modo, aponta-se a predominância do desemprego em determinadas parcelas da população desempregada. Essas informações, poderão ajustar aquelas orientações do PNQ e, assim, contribuir para a melhor definição do público dos cursos do PlanTeQ de Porto Alegre de 2009. Um primeiro aspecto investigado foi a escolaridade. Observa-se que o maior segmento dos desempregados possui ensino médio completo seguido daquele com ensino fundamental completo. Comparando-se a distribuição no ano de 2008 em relação a 2005, verifica-se o aumento tanto dos desempregados com ensino superior quanto daqueles com ensino médio completo. Em sentido contrário, os indivíduos com ensino fundamental incompleto registraram decréscimo. Em menor medida, também houve diminuição daqueles com ensino fundamental completo (Gráfico C). Esse movimento de elevação da parcela de desempregados com maiores níveis de escolaridade e redução daqueles com menores níveis pode estar refletindo, dentre outros, o acréscimo da escolaridade verificado nos últimos anos na população em geral. Gráfico C Distribuição dos desempregados residentes em Porto Alegre (em %), segundo escolaridade - 2005-08 38,1 40,5 29,3 28,9 2005 24,0 19,7 8,1 10,6 2008 Ensino Fundamental Incompleto (1) Ensino Fundamental Completo (2) Ensino Médio Completo (3) Ensino Superior NOTA: (1) Inclui alfabetizados sem escolarização; (2) Inclui Fundamental Completo e Médio Incompleto; (3) Inclui Médio Completo e Superior Incompleto. Observação: a amostra não comporta desagregação para a categoria Analfabeto. Destas informações, importa assinalar que a presença de desempregados com menores níveis de escolaridade é acompanhada pela evidência de um grupo expressivo com ensino

médio completo. Assim, se para a definição do PlanTeQ, a partir das orientações do PNQ, deve-se considerar as dificuldades que aqueles com menor escolaridade enfrentam no mercado de trabalho, ao mesmo tempo, as informações apresentadas apontam para a importância de, igualmente, prever ações para os segmentos com ensino médio. Um segundo ponto examinado foi a faixa etária. Nesse quesito, verifica-se a predominância de dois grupos: os jovens, com idade entre 18 e 24 anos, seguidos pelos adultos, com idade entre 25 e 39 anos. É também expressiva a parcela daqueles com 40 anos e mais. Confrontando a distribuição dos desempregados nos anos em estudo, nota-se a diminuição entre os jovens (de 18 a 24 anos) e o aumento entre os adultos (de 25 a 39 anos). Por sua vez, aqueles com 40 anos e mais não apresentaram variação no período (Gráfico D). Gráfico D Distribuição dos desempregados residentes em Porto Alegre (em %), segundo faixa etária - 2005-08 36,7 35,8 33,4 34,6 2005 21,4 21,4 2008 8,5 8,2 de 10 a 17 de 18 a 24 de 25 a 39 de 40 e mais Quanto à orientação do PNQ de dar preferência de acesso aos trabalhadores desempregados jovens e com mais de quarenta anos, as informações específicas para Porto Alegre tanto confirmam essas orientações como indicam a necessidade de, igualmente, abarcar os desempregados na faixa etária de 25 a 39 anos. Um último aspecto observado foi a distribuição segundo o sexo. Aqui se registra a predominância das mulheres, que supera a metade dos desempregados. Além disso, na comparação de 2008 em relação a 2005, enquanto os desempregados homens experimentaram decréscimo na sua proporção, a participação feminina cresceu (Gráfico E).

Gráfico E Distribuição dos desempregados residentes em Porto Alegre (em %), segundo sexo - 2005-08 55,7 58,8 44,3 41,2 2005 2008 Homens Mulheres As informações referentes ao desemprego na capital gaúcha reforçam as orientações do PNQ quanto à atenção especial que deve ser dada às mulheres no sentido de contribuir em sua inserção no mercado de trabalho. Feitas essas considerações sobre o perfil dos desempregados em Porto Alegre, passase, então, para uma abordagem mais detalhada sobre as ocupações que apresentaram crescimento no período em análise. 3 Ocupações em crescimento entre os Residentes em Porto Alegre nos anos de 2005 e de 2008 Para tal exame, inicialmente, foram destacadas, do total das famílias ocupacionais 5, aquelas que apresentavam maior volume de ocupados. A partir disso, analisou-se a variação no total de ocupados dessas famílias no ano de 2008 em relação ao ano de 2005. A partir dessa variação selecionaram-se aquelas que apresentassem saldos positivos (em alta) ou negativos (em baixa). Igualmente, foram separadas aquelas famílias que não registravam alteração em seus contingentes de ocupados (estáveis). Ao mesmo tempo, no interior das famílias ocupacionais que registraram variações positivas, distinguiram-se as ocupações 6 com maiores saldos. 5 Conforme a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), as famílias ocupacionais são agrupamentos de ocupações (MTE, 2002). 6 As Ocupações são agregações de situações de trabalho similares quanto às atividades realizadas (MTE, 2002). Cabe salientar que o intuito inicial era trabalhar somente com as famílias ocupacionais, pois, ao abrangerem um conjunto de ocupações semelhantes, correspondente a um domínio de trabalho mais amplo que aquele da ocupação, essas pareciam mais adequadas para caracterizar as áreas que deveriam receber investimentos em cursos. No entanto, como algumas famílias compreendem um amplo leque de ocupações, optou-se em apresentar tanto as famílias ocupacionais como as ocupações de destaque dentro delas.

Salienta-se que ao realizar esse exercício se está pressupondo que o comportamento verificado no passado, no caso, crescimento, estabilidade ou decréscimo dos ocupados nas famílias ocupacionais e ocupações, possa ter seguimento no futuro próximo. Isso justificaria o investimento em cursos de qualificação nas áreas específicas a essas ocupações. O confronto do volume de ocupados nos anos em análise, conforme descrito acima, resultou na identificação 11 famílias ocupacionais em alta, isto é, que verificaram crescimento em seus contingentes ocupacionais (Quadro A). Quadro A Variações das famílias ocupacionais selecionadas (1) em alta e ocupações de destaque dentro das famílias selecionadas, entre os residentes em Porto Alegre 2005-08 FAMÍLIAS OCUPACIONAIS EM ALTA / OCUPAÇÕES DE DESTAQUE NAS FAMÍLIAS Variação Absoluta (em 1.000 pessoas) 1º Escriturários em geral, agentes, assistentes e auxiliares administrativos 12 Assistente Administrativo 7 Auxiliar de escritório em geral 4 2º Gerentes administrativos, financeiros e de risco 7 Gerente Administrativo 8 3º Advogados 6 Advogados 1 4º Trabalhadores de estruturas de alvenaria 4 Pedreiro 5 5º Técnicos e auxiliares de enfermagem 3 Técnico de Enfermagem 4 6º Operadores do comércio em lojas e de supermercados 3 Vendedor de comércio varejista 2 7º Trabalhadores nos serviços de embelezamento e higiene 2 Cabeleireiro 1 8º Vendedores em domicílio 2 Vendedor em domicílio 2 9º Gerentes de operações comerciais e de Assistência Técnica 2 Comerciante Varejista 1 10º Técnicos de vendas especializadas 2 11º Médicos 2 NOTA: (1) Foram consideradas apenas as famílias de ocupações e ocupações que possuiam significância estatística. Observação: (1) Para o exercício foi utilizada a CBO de 2002. (2) Para os Técnicos de vendas especializadas e para os Médicos não foi possível desagregar as ocupações. Diferentemente, cinco famílias ocupacionais permaneceram estáveis, uma vez que o total de ocupados não apresentou alteração e uma família em baixa, pois registrou variação negativa na referida comparação (Quadro B).

Quadro B Famílias ocupacionais selecionadas (1) estáveis e em baixa entre os residentes em Porto Alegre 2005-08 FAMÍLIA DE OCUPAÇÕES ESTÁVEIS Garçons, barmen, copeiros e sommeliers FAMÍLIA DE OCUPAÇÕES EM BAIXA Cozinheiros Representantes comerciais autônomos Trabalhores do serviço doméstico em geral Motoristas de veículos de pequeno e médio porte Instrutores e professores de cursos livres NOTA: (1) Foram consideradas apenas as famílias de ocupações e ocupações que possuiam significância estatística. Observação: Para o exercício foi utilizada a CBO de 2002. Desses três conjuntos, julga-se que são as famílias ocupacionais em alta que devem receber os investimentos em qualificação profissional. Porém, tendo em vista que o PlanTeQ é composto por cursos de qualificação social e profissional que não possuem um caráter técnico e são direcionados prioritariamente para pessoas em maior vulnerabilidade econômica e social e com maiores dificuldades de acesso a um posto de trabalho, nem todas as 11 famílias ocupacionais em alta podem ser alvo deste Plano. Dado o seu nível de especialização, julga-se que podem ser desconsideradas as seguintes famílias: Gerentes administrativos, financeiros e de risco; Advogados; Técnicos e Auxiliares de enfermagem; Gerentes de operações comerciais e de assistência técnica; Técnicos de vendas especializadas; e Médicos. Permaneceriam, então, cinco famílias ocupacionais aptas a receberem investimentos do Plano, das quais sublinha-se a de (1) Escriturários em geral, agentes, assistentes e auxiliares administrativos que apresentou um saldo positivo de 12 mil ocupados. Entre as ocupações compreendidas nessa família, o destaque ficou por conta dos Assistentes administrativos (sete mil ocupados) e dos Auxiliares de escritório em geral (quatro mil ocupados). Seguindo a mesma direção encontram-se as famílias: (2) Trabalhadores de estruturas de alvenaria e, nela, a ocupação de Pedreiro; (3) Operadores do comércio em lojas e de supermercados, onde se destaca o Vendedor de comércio varejista; (4) Trabalhadores nos serviços de embelezamento e higiene, em especial o Cabelereiro; e o (5) Vendedor em domicílio. No caso dos Trabalhadores de estruturas de alvenaria, entende-se que o investimento nessa área de qualificação pode traduzir uma sobreposição ao

investimento já existente através do Plano Setorial de Qualificação (PlanSeQ) da Construção Civil, que em 2009 prevê a formação de 3225 trabalhadores em diversas ocupações. Em paralelo ao exercício acima, buscou-se no SINE de Porto Alegre informações sobre a captação de vagas de emprego, realizada a partir da ação de intermediação do Sistema. Do total das ocupações que tiveram vagas captadas pelo SINE, destacaram-se aquelas que registraram captação igual ou superior a 30, o que é apresentado no Quadro C. Quadro C Ocupações conforme número de vagas captadas pelo SINE de Porto Alegre 2008 OCUPAÇÃO VAGAS CAPTADAS Operador de telemarketing receptivo 1500 Recepcionista 900 Auxiliar de limpeza 596 Porteiro 419 Servente de obras 371 Pedreiro 271 Carpinteiro 213 Vigilante 193 Operador de supermercados 170 Auxiliar de cozinha 124 Atendente de bar 122 Frentista 120 Gari 118 Garcom 114 Promotor de vendas 114 Vendedor - no comercio de mercadorias 114 Auxiliar de estoque 109 Atendente de clinica dentaria 100 Pedreiro de alvenaria 100 Repositor - em supermercados 94 Vendedor de comercio varejista 93 Ferreiro armador na construcao civil 90 Recepcionista atendente 89 Auxiliar de deposito 88 Almoxarife 79 Caixa (supermercado) 79 Carpinteiro (Obras) 77 Operador de caixa 77 Fiscal de loja 76 Camareira de hotel 61 Vendedor de servicos 61 Assistente administrativo 60 Balconista de frios 60 Auxiliar de servicos gerais (manut. edificios) 58 Armador de ferragens na construcao civil 57 Atendente de telemarketing 56 Cozinheiro geral 56 Atendente de balcao 52 Ajudante de carga e descarga de mercadoria 50 Monitor de recreacao 50 Auxiliar de vendas 48 Agente de transito 40 Tecnico eletronico 40 Varredor de ruas 39 Auxiliar de manutencao predial 37 Empregado domestico nos servicos gerais 37 Oficial de servicos diversos 36 Conferente de mercadoria 35 Orientador de trafego para estacionamento 35 Pintor de obras 35 Ajudante, auxiliar de lanchonete 34 Auxiliar de seguranca 34 Lanterninha 34 Escriturario 32 Serralheiro 32 Agente de vendas de servicos 31 Atendente de lanchonete 31 Eletricista 31 Auxiliar de linha de producao 30 Balconista de padaria 30 Cozinheiro de embarcacoes 30 Fotografo 30 Repositor de mercadorias 30 onte: SIGAE SINE de Porto Alegre.

As ocupações apresentadas acima estão ordenadas conforme o número de vagas captadas pelo SINE. Entre outras ocupações, chama à atenção as primeiras colocadas como, Operador de telemarketing receptivo, com 1.500 vagas captadas no ano de 2008; Recepcionista, 900 vagas; Auxiliar de limpeza, 596 vagas; Porteiro, 419 vagas. Ao mesmo tempo, percebe-se que algumas ocupações foram identificadas em ambas fontes de informações (PED e SINE) como, por exemplo, os Escriturários e Assistentes administrativos; os Operadores do comércio em lojas e de supermercados; e os Trabalhadores da construção civil. No caso da construção civil, sobressaem as inúmeras ocupações cujas vagas foram captadas pelo SINE. De modo semelhante, também as ocupações relacionadas às operações em supermercados e em lojas ganharam destaque pelo número de diferentes funções que tiveram vagas captadas. 3 Considerações Finais Para concluir apresenta-se um breve resgate dos principais pontos apresentados nesse documento. Quanto ao público do PlanTeQ, entende-se que as recomendações do PNQ devem ser seguidas, porém, as informações específicas ao Município ampliam, em alguma medida, os segmentos que devem receber atenção especial. Assim, quanto à escolaridade, paralelamente a priorização das pessoas com menores níveis de escolaridade, é importante o investimento naqueles que já possuem o ensino médio completo, tendo em vista sua prevalência entre os desempregados em Porto Alegre. No que diz respeito à idade, a preferência aos jovens e indivíduos com 40 anos e mais, expressa no PNQ, é respaldada nas informações sobre os desempregados da capital. Ao lado desses segmentos, aqueles na faixa dos 25 aos 39 anos registram participação expressiva. No tocante ao gênero, tanto as orientações do PNQ quanto o contexto do Município apontam para a necessidade de investimentos em qualificação para as mulheres. Além desses segmentos, vale recordar aqui a importância de incluir, também, as pessoas atendidas pelas demais políticas públicas do município como, por exemplo, aqueles atendidos pela Assistência Social e pela Saúde Mental. Quanto às áreas de qualificação, sugere-se o investimento prioritário naquelas ocupações que registraram crescimento através da PED e, ao mesmo tempo, foram destacadas pelo número de vagas captadas pelo SINE de Porto Alegre. Enquadram-se nesses dois requisitos as seguintes: - Escriturários e Assistentes administrativos; - Operadores do comércio em lojas, especialmente, os Vendedores;

- Operadores de supermercados. Além dessas, dado o número de vagas captadas pelo SINE de Porto Alegre, compreende-se que, igualmente, devem receber investimentos as áreas de: - Telemarketing e - Recepção. As considerações sobre a priorização de diferentes segmentos da população podem ser ponderadas na própria definição dos cursos, pois, por um lado, os cursos despertam interesse diferenciado no público que buscam determinadas ações de qualificação e, por outro, determinados cursos possuem exigências mais elevadas em termos de escolaridade. Nesse sentido, destaca-se que as áreas acima indicadas estão associadas com níveis de escolaridade de, no mínimo, ensino fundamental completo. Isso torna importante a inclusão de outras áreas e, para isso, seguimos aquelas apontadas como em alta pela PED e aquelas que registraram os maiores números de vagas captadas pelo SINE de Porto Alegre. Deste modo, destacamos as seguintes ocupações com carteira assinada e autoemprego: - Serviços de embelezamento e higiene, principalmente, Cabeleireiro; - Vendas em domicilio, que está relacionado com o trabalho autônomo, requerendo conhecimentos relativos à gerência de contas, compras de material, etc. - Serviços de limpeza; - Serviços relacionados à cozinha; - Atendimento em bares e lanchonetes. No caso dessas últimas indicações, trata-se de áreas que poderão ser ocupadas por pessoas com ensino fundamental incompleto e, em alguns casos, podem atrair o público feminino. Quanto ao crescimento observado nas ocupações da Construção Civil, acredita-se que o PlanSeQ da Construção Civil fará os investimentos necessários para a qualificação na área. Referências CODEFAT. Resolução n. 575 de 28 de abril de 2008. Estabelece diretrizes e critérios para transferências de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT, aos estados, municípios, organizações governamentais, não governamentais ou intergovernamentais, com vistas à execução do Plano Nacional de Qualificação PNQ, como parte integrada do Sistema Nacional de Emprego SINE, no âmbito do Programa do Seguro-Desemprego. In: Diário Oficial da União, Brasília, p. 102-107, 02 maio 2008. Seção 1.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Secretaria de Políticas Públicas de Emprego. Departamento de Qualificação. Plano Nacional de Qualificação. Avaliação Externa / 2003 a 2006. Brasília: 2007. 47p. Ministério do Trabalho e Emprego. Fundo de Amparo ao Trabalhador. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Fundação de Economia e Estatística. Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Pesquisa de Emprego e Desemprego de Porto Alegre. Disponível em: <http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/observatorio/usu_doc/informepedpoaano200 8.pdf> Acesso em: 5 mar. 2008. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE). Classificação Brasileira de Ocupações. CBO 2002. Códigos, Títulos e Descrições. Brasília: MTE, 2002. (Livro 1). Disponível em: <www.mte.gov.br> Acesso em: 09 mar. 2009.