Publicado pelo RONDONIAGORA em 06 de maio de 2.010



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Transcrição:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA COMARCA DE PORTO VELHO 2ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI S E N T E N Ç A Autos nº 0005496-08.2002.8.22.0501 Réus: Michel Alves das Chagas e Anselmo Garcia de Almeida Vistos e etc. Michel Alves das Chagas, vulgo Chimalé, e Anselmo Garcia de Almeida, vulgo Fininho ou Jornal, já qualificados nos autos, foram pronunciados como incursos nas sanções do art. 121, 2º, inc. III (cruel), c/c art. 29, ambos do Código Penal, por 27 vezes, sob a acusação de terem, em companhia de terceiras pessoas, mediante golpes de chuchos, causado as mortes das vítimas Joarez Dias da Silva, José Francisco Ferreira Brito, Antônio Carlos Pereira Freitas, Izaque da Silva Pires, Ivan de Jesus Pereira, Irismar Frazão Silva, Gilberto da Cruz Pereira, Adilson Pereira da Silva, Acilon dos Santos Carvalho, Gilson de Souza Coreas, Antônio Carlos Andrade de Souza, Francisco Araújo Xavier, Anderson Ibiapino de Lima, Edsandro Macedo da Conceição, Arcilei Rodrigues da Silva,

2 Rodomilson Nunes Lindoso, Márcio José Cardoso, Simão João Reski Neto, João Ferreira da Rocha, Wilson Ferreira Feitoza, Maico Rocha dos Santos, Elissandro Brito da Silva, Jean Cruz Nogueira ou Júnior Nogueira da Cruz, Antônio Elineudo de Lima Nascimento, Elizeu Pereira da Silva, Raimundo Nonato Gomes Costa e Rodolfo Tavares Cunha, fatos ocorridos entre o 1º e o 2º dia do mês de janeiro de 2002, no Presídio Urso Branco, nesta Capital e Comarca. Na data de hoje, os acusados foram submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri e os senhores Jurados, respondendo aos questionários apresentados, decidiram da seguinte forma: 1 Michel Alves das Chagas A existência dos fatos e o nexo de causalidade foram reconhecidos nas 27 séries de votação (1º e 2º quesitos). No 3º quesito das 27 séries de votação, o Conselho de Sentença reconheceu a autoria por parte do acusado Michel Alves das Chagas. Houve, assim, o afastamento da tese principal apresentada pela defesa, qual seja: a negativa de autoria. A tese alternativa da defesa causa de exclusão de culpabilidade, consistente da inexigibilidade de conduta diversa - foi afastada no 4º quesito, também nas 27 séries de votação.

3 A qualificadora descrita na decisão de pronúncia e sustentada em plenário pelo Ministério Público emprego de meio cruel - foi acatada no 5º quesito, nas 27 séries de votação. 2 Anselmo Garcia de Almeida A existência dos fatos e o nexo de causalidade foram reconhecidos nas 27 séries de votação (1º e 2º quesitos). No 3º quesito das 27 séries de votação, o Conselho de Sentença reconheceu a autoria por parte do acusado Anselmo Garcia de Almeida. Houve, assim, o afastamento da tese principal apresentada pela defesa, qual seja: a negativa de autoria. A tese alternativa da defesa causa da exclusão de culpabilidade, consistente da inexigibilidade de conduta diversa - foi afastada no 4º quesito das 27 séries de votação. A qualificadora descrita na decisão de pronúncia e sustentada em plenário pelo Ministério Público emprego de meio cruel - foi acatada no 5º quesito das 27 séries de votação. 3 - Resumo Em resumo, pelas votações acima, os acusados devem ser condenados pela prática de crime de homicídio qualificado por emprego de meio cruel, por 27 vezes.

4 4 Concurso de crimes Os crimes resultaram de ações e desígnios autônomos, de modo que as penas devem ser aplicadas cumulativamente, nos termos do art. 69 do Código Penal. 5 - Dispositivo Em face do exposto, fiel à soberania do Tribunal do Júri Popular, julgo procedente a pretensão punitiva estatal descrita na denúncia e, em conseqüência, condeno os acusados Michel Alves das Chagas, vulgo Chimalé, e Anselmo Garcia de Almeida, vulgo Fininho ou Jornal, já qualificados nos autos, como incursos nas sanções do art. 121, 2º, inc. III (cruel), c/c art. 29, caput, e art. 69, caput, todos do Código Penal. 6 - Dosimetria das penas Passo a dosar-lhes as penas. 6.1 Michel Alves das Chagas 6.1.1 Com relação à vítima Joarez Dias da Silva Pena-base Trata-se do acusado imputável, que agiu com consciência da ilicitude de seu ato, sendo que dele era exigível conduta diversa. A censurabilidade pelo

5 ato praticado ultrapassa a previsão do tipo penal em estudo, pois o acusado foi um dos agentes que comandou as ações dos demais presos envolvidos no fato. O acusado, além de reincidente, registra antecedentes criminais, conforme pode ser inferido da certidão circunstanciada (fls. 205/217 Vol. II Anexo 03); para este fim será considerada a ação penal nº 0028163-27.1998.8.22.0501 (2ª Vara do Tribunal do Júri). A conduta social e a personalidade mostram-se fora dos padrões aceitos pela sociedade em geral. Vive da prática de crimes contra o patrimônio e demonstra propensão à resolução de seus problemas mediante o uso de violência. Essas conclusões decorrem das ações desenvolvidas e das demais provas produzidas, principalmente a certidão circunstanciada supramencionada. Os motivos determinantes do crime desentendimentos entre apenados de facções diversas e represálias às ações desenvolvidas pelos administradores do presídio, em especial a retirada dos líderes dos presos dos pavilhões são reprováveis, mas comuns aos delitos dessa natureza, de modo que não podem ser considerados para a exasperação da pena-base. As circunstâncias do crime devem ser consideradas para agravar essa pena, a despeito de a crueldade já estar ínsita no tipo penal qualificado. Houve o concurso de pessoas e os agentes atacaram a vítima quando ela já se encontrava contida por terceiros, o que possibilitou a certeza do resultado e impediu eventual ato defensivo. As conseqüências já estão insertas na previsão do tipo penal em questão. Por fim, não existe prova que a vítima, com o seu comportamento, tenha contribuído para a eclosão do delito. Por essas razões, na concorrência das

6 circunstâncias descritas acima e atento às disposições art. 59 do Código Penal, fixo a pena-base em 16 (dezesseis) anos e 06 (seis) de reclusão. Agravantes e atenuantes Reconheço a existência da agravante genérica da reincidência (art. 61, I, CP), utilizando para esse fim a ação penal nº 0014849-43.2000.8.22.0501 (3ª Vara Criminal). Fixo-a em 01 (um) ano e 06 (seis) meses. Causas de aumento ou diminuição diminuição. Não existem causas de aumento ou Pena definitiva Dessa forma, na ausência de qualquer outra causa modificadora, pelo homicídio praticado contra Joarez Dias da Silva, fica o acusado Michel Alves das Chagas condenado definitivamente à pena de 18 (DEZOITO) ANOS DE RECLUSÃO. 6.1.2 Com relação às vítimas José Francisco Ferreira Brito, Antônio Carlos Pereira Freitas, Izaque da Silva Pires, Ivan de Jesus Pereira, Irismar Frazão Silva, Gilberto da Cruz Pereira, Adilson Pereira da Silva, Acilon dos Santos Carvalho, Gilson de Souza Coreas, Antônio Carlos Andrade de Souza, Francisco Araújo Xavier,

7 Anderson Ibiapino de Lima, Edsandro Macedo da Conceição, Arcilei Rodrigues da Silva, Rodomilson Nunes Lindoso, Márcio José Cardoso, Simão João Reski Neto, João Ferreira da Rocha, Wilson Ferreira Feitoza, Maico Rocha dos Santos, Elissandro Brito da Silva, Jean Cruz Nogueira ou Júnior Nogueira da Cruz, Antônio Elineudo de Lima Nascimento, Elizeu Pereira da Silva, Raimundo Nonato Gomes Costa e Rodolfo Tavares Cunha As circunstâncias judiciais e legais e as causas de aumento ou diminuição, com relação a estas vítimas, são iguais àquelas referentes à vítima Joarez Dias da Silva, de modo que para cada uma delas a pena definitiva para o acusado também deve ser igual, ou seja: 18 (DEZOITO) ANOS DE RECLUSÃO. 6.1.3 Concurso de crimes Reconhecido o concurso material, as penas impostas ao acusado devem ser somadas, na forma do art. 69 do Código Penal. Assim, pelas mortes das 27 vítimas supracitadas, fica o acusado Michel Alves das Chagas, vulgo Chimalé, condenado definitivamente à pena de 486 (QUATROCENTOS E OITENTA E SEIS) ANOS DE RECLUSÃO. 6.2 Anselmo Garcia de Almeida 6.2.1 Com relação à vítima Joarez Dias da Silva Pena-base

8 Trata-se do acusado imputável, que agiu com consciência da ilicitude de seu ato, sendo que dele era exigível conduta diversa. A censurabilidade pelo ato praticado ultrapassa a previsão do tipo penal em estudo, pois o acusado foi um dos agentes que comandaram as ações dos demais presos envolvidos no fato. O acusado, além de reincidente, registra antecedentes criminais, conforme pode ser inferido da certidão circunstanciada (fls. 65/100 Vol. I Anexo 03); para este fim será considerada a ação penal nº 0031239-88.2000.8.22.0501 (2ª Vara Criminal). A conduta social e a personalidade mostram-se fora dos padrões aceitos pela sociedade em geral; vive da prática de crimes contra o patrimônio e demonstra propensão à resolução de seus problemas mediante o uso de violência; essas conclusões decorrem das próprias ações desenvolvidas e das demais provas produzidas, principalmente a certidão circunstanciada supramencionada. Os motivos determinantes do crime desentendimentos entre apenados de facções diversas e represálias às ações desenvolvidas pelos administradores do presídio, em especial a retirada dos líderes dos presos dos pavilhões são reprováveis, mas comuns aos delitos dessa natureza, de maneira que não podem ser considerados para a exasperação da pena-base. As circunstâncias do crime são desfavoráveis ao acusado, a despeito de a crueldade já estar ínsita no tipo penal qualificado. Houve o concurso de pessoas e os agentes agiram quando a vítima já se encontrava contida, possibilitando a certeza do resultado e impedindo eventual ato defensivo. As conseqüências já estão insertas na previsão do tipo

9 penal em questão. Por fim, não existe prova que a vítima, com o seu comportamento, tenha contribuído para a eclosão do delito. Por essas razões, na concorrência das circunstâncias descritas acima e atento às disposições art. 59 do Código Penal, fixo a pena-base em 16 (dezesseis) anos e 06 (seis) de reclusão. Agravantes e atenuantes Reconheço a existência da agravante genérica da reincidência (art. 61, I, CP), utilizando para esse fim a ação penal nº 501.2000.011963-2 (1ª Vara Criminal). Reconheço, também, a existência da atenuante genérica da menoridade relativa (art. 65, I, CP). Não vejo preponderância entre elas, fixando, cada uma delas, em 01 (um) ano e 06 (seis) meses. Não houve, por conseguinte, modificação da pena-base. Causas de aumento ou diminuição diminuição. Não existem causas de aumento ou Pena definitiva Dessa forma, na ausência de qualquer outra causa modificadora, pelo homicídio praticado contra Joarez Dias da Silva, fica o acusado Anselmo Garcia de Almeida condenado definitivamente à pena de 16 (DEZESSEIS) ANOS E 06 (SEIS) MESES DE RECLUSÃO.

10 6.2.2 Com relação às vítimas José Francisco Ferreira Brito, Antônio Carlos Pereira Freitas, Izaque da Silva Pires, Ivan de Jesus Pereira, Irismar Frazão Silva, Gilberto da Cruz Pereira, Adilson Pereira da Silva, Acilon dos Santos Carvalho, Gilson de Souza Coreas, Antônio Carlos Andrade de Souza, Francisco Araújo Xavier, Anderson Ibiapino de Lima, Edsandro Macedo da Conceição, Arcilei Rodrigues da Silva, Rodomilson Nunes Lindoso, Márcio José Cardoso, Simão João Reski Neto, João Ferreira da Rocha, Wilson Ferreira Feitoza, Maico Rocha dos Santos, Elissandro Brito da Silva, Jean Cruz Nogueira ou Júnior Nogueira da Cruz, Antônio Elineudo de Lima Nascimento, Elizeu Pereira da Silva, Raimundo Nonato Gomes Costa e Rodolfo Tavares Cunha. As circunstâncias judiciais e legais e as causas de aumento ou diminuição, com relação a estas vítimas, são iguais àquelas referentes à vítima Joarez Dias da Silva, de modo que para cada uma delas a pena definitiva para o acusado também é igual, ou seja: 16 (DEZESSEIS) ANOS E 06 (SEIS) MESES DE RECLUSÃO. 6.2.3 Concurso de crimes Reconhecido o concurso material, as penas impostas ao acusado devem ser somadas na forma do art. 69 do Código Penal. Dessa forma, pelas mortes das 27 vítimas supracitadas, fica o acusado Anselmo

11 Garcia de Almeida, vulgo Fininho e Jornal, condenado definitivamente à pena de 445 (QUATROCENTOS E QUARENTA E CINCO) ANOS 06 (SEIS) MESES DE RECLUSÃO. 6.3 - Regime das penas e outras determinações A pena privativa de liberdade aplicada aos acusados será cumprida, inicialmente, em regime fechado, nos termos do art. 2º, 1º da Lei dos Crimes Hediondos. Os crimes imputados aos acusados são gravíssimos e as circunstâncias em que foram praticados exteriorizam a periculosidade dos agentes. Ademais, os acusados são envolvidos em inúmeros delitos, após os fatos, inclusive, conforme pode ser inferido das certidões circunstanciadas referidas. Tratase de elemento objetivo a demonstrar que em liberdade poderão prosseguir na empreitada criminosa, o que, aliás, já ocorreu, pois o acusado ANSELMO ao empreender fuga do presídio no ano de 2005 envolveu-se em outros crimes. Não bastasse isso, a manutenção dos acusados soltos neste processo, mesmo após decisão soberana do Júri Popular que reconheceu a responsabilidade penal em crimes de tamanha gravidade, exteriorizaria ao cidadão comum a falsa idéia de impunidade e, via de consequência, serviria de incentivo para práticas semelhantes. Assim, como forma de garantir a ordem pública, decreto a prisão cautelar dos acusados, determinando a incontinenti expedição de mandado de prisão.

12 Isento os acusados do pagamento das custas processuais, pois são pobres, conforme demonstram as provas produzidas, destacando que até antes do julgamento ambos eram assistidos pela Defensoria Pública. Sobre a condenação e a decretação da prisão cautelar, comunique-se, de imediato, ao Juízo da Vara de Execuções Penais desta Capital e às demais Varas Criminais em que os acusados respondam a ação penal. Em caso de apelação, expeçam-se as guias de recolhimentos provisórios. Após o trânsito em julgado, proceda-se às seguintes providências: a) anotações nos livros; b) alimentação do SAP; c) comunicações necessárias, ao TRE/RO, inclusive, para suspensão dos direitos políticos; d) lançamento do nome dos acusados no Livro do Rol dos Culpados; e e) expedição de guias de recolhimentos definitivos. Dou a sentença por publicada em plenário e as partes por intimadas. Registre-se. Sala Secreta do Segundo Tribunal do Júri, em Porto Velho, Capital do Estado de Rondônia, aos seis dias mês de maio de dois mil e dez, às 23h.

13 ALDEMIR DE OLIVEIRA Juiz Presidente