Promoção da Cultura de Paz: Esperança da Sociedade



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Transcrição:

Promoção da Cultura de Paz: Esperança da Sociedade BRUNISMANN, Michelle Franco 1 PRESTES, Marília Elza Minosso 2 Resumo O presente artigo aborda resultados da pesquisa sobre Educação para a cultura de paz. O mesmo tem por objetivo mostrar a possibilidade de se estabelecer uma cultura de paz nas escolas, sem que essa seja uma paz passiva, mas que respeite os direitos humanos e as diversidades. É na busca de solução de conflitos que se pode encontrar o caminho para a paz. A educação para a paz supõe educar para a mudança social e sendo assim, educar as futuras gerações para a paz e para a solidariedade é essencial para que desenvolvam o dialogo e a compreensão. Palavras-chave: Paz. Cultura. Escola. 1 INTRODUÇÃO A paz que é tão sonhada, cantada em canções tão lindas, citada em poemas esplêndidos, almejada por todos,... Mas qual é o ideal de paz? Recorrendo aos dicionários pode-se encontrar definições semelhantes a esta: PAZ: Tranquilidade pública; concórdia; sossego; cessação de hostilidades (BUENO, 1996, p.490), concepção esta que facilmente chega a mente das pessoas quando o assunto é viver em paz, mas o tema central trata de quais meios necessários para que a paz seja realidade. Nega-se aqui a idéia de paz passiva, em que a sociedade viva harmoniosamente sem conflitos o que significaria negar as diversidades que é o que geram os conflitos, considerando que é na solução dos mesmos que encontra-se o caminho para a paz, entendendo que [...] o conflito não apenas é necessário, mas também positivo em uma cultura de paz [...] (PÉREZ, 2002, p.88). Nesse sentido: 1 Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade de Pato Branco FADEP. michellefrancob@hotmail.com. 2 Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade de Pato Branco FADEP. mariliaelza@hotmail.com. 1

O conflito pode ser um desafio e uma possibilidade de crescimento dinâmico quando se sabe abordar o problema que o provoca, tendo em vista a busca de soluções mais justas e equilibradas, utilizando os meios adequados para regula-lo. (PÉREZ, 2002, p.89) Considerando que a paz precisa ser conquistada através das situações cotidianas da postura com a qual os sujeitos tratam à diversidade e com que lidam com os próprios conflitos, intrínseco ao ser, assim como lidam com os conflitos do outro. 2 MATERIAIS E MÉTODOS O estudo que realizado trata-se de uma pesquisa exploratória, objetivamos aumentar nossas experiências e informações sobre o nosso tema e a partir disso identificar o que pode ser feito para inserir na escola uma cultura de paz, de não violência, podendo, desta maneira, contribuir para melhorar a educação nesse aspecto. Esta pesquisa busca identificar e discutir alguns valores humanos e refletir sobre a problemática dos mesmos no cotidiano escolar. Possui caráter bibliográfico que complementa a pesquisa exploratória, proporcionando, desta forma, maiores e melhores informações sobre educar para a cultura de paz. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES As ações individuais afetam o todo, sejam estas boas ou más. Por este motivo existem as leis, as regras e as punições para os que não cumprem estes preceitos, normas de conduta, estabelecidos ao longo da história de uma determinada sociedade com o propósito de viver com qualidade de vida. Neste sentido: A convivência, a capacidade de viver juntos, de dialogar, de acolher o outro e de compartilhar cada vez mais valorizados na sociedade atual, na vida social, funcional, privada, profissional, etc. (PÉREZ, 2002, p.11). Qualidades que geram a paz. 2

A paz é um valor, um dos principais valores da existência humana, e afeta todas as dimensões da vida: interpessoal, intergrupal, nacional, internacional. Exige igualdade e reciprocidade de relações. A paz diz respeito a três conceitos: o conflito, o desenvolvimento e os direitos humanos. Por isso, é um processo dinâmico que se deve conquistar. (PÉREZ, 2002, p.83). Que faz refletir sobre a educação, se esta está contribuindo para a concretização da sociedade que se deseja, as crianças e jovens estão sendo educados para atuar com responsabilidade? Que cidadãos estão sendo formados, nesta sociedade globalizada? Estamos informando os jovens, e não formando sua personalidade. Os jovens conhecem cada vez mais o mundo em que estão, mas quase nada sobre o mundo que são. (CURY, 2003, p.15). O grande desenvolvimento tecnológico dos últimos anos proporcionou a facilidade de acesso às informações, mas é preciso educar para que se saiba o que fazer com tais conhecimentos. A família, a escola, a sociedade como um todo, através de suas ações, diretas ou indiretas, contribui para a formação integral do indivíduo que nela esta inserido, refletindo em suas atitudes e posturas diante do mundo. A escola não transmite apenas conteúdos. Ela ensina também determinados valores e comportamentos. A escola como está organizada, não estimula a solidariedade, a ajuda mútua entre os alunos ou o trabalho em equipe. A regra fundamental da escola é de que cada um deve se virar como puder. Na verdade a escola não passa de uma peça numa engrenagem ainda maior e a maneira como ela está organizada é o resultado da organização da sociedade em seu conjunto. Como a escola é peça dessa engrenagem maior, mudando a escola também estará ajudando a mudar a sociedade. (CECCON, 2003) A realidade só será mudada se a sociedade encarar a verdade e se compadecer, para produzir atitudes de mudança, cada um conforme sua área de atuação. Cada indivíduo assumindo sua responsabilidade frente à realidade do mundo, resgatando os valores, e o sentimento de colaboração com o outro. A educação para a paz apresenta-se a nós como uma educação em valores, mas em determinados valores: os que trazem consigo uma cultura de paz [...] Cultura que hoje está ausente de nossa sociedade, razão pela qual a educação para a paz supõe educar para a mudança social; supõe, em uma expressão feliz, educar para considerar a utopia como o motor da história.(pérez, 2002, p.92) 3

A educação para a paz delegada primeiramente a família, depois a escola e aos demais setores da sociedade, exige comprometimento com o futuro de todos os participes, ou seja, de todos os cidadãos constituídos de direitos e deveres, o que leva a uma tomada de decisão de que sociedade se quer para então basear suas atitudes. O compromisso próprio da existência humana, ao ser experênciado, num ato que necessariamente é corajoso, decidido e consciente, os homens já não se dizem neutros. A neutralidade frente ao mundo, frente ao histórico, frente aos valores, reflete apenas o medo que se tem de revelar o compromisso com a humanização dos homens. O verdadeiro compromisso é a solidariedade que não pode reduzir-se a gestos de falsa generosidade, nem tampouco ser um ato unilateral, no qual quem se compromete é o sujeito ativo do trabalho comprometido e aquele com quem se compromete a incidência de seu compromisso, sendo um encontro dinâmico de homens solidários. (FREIRE, 1981). Compromisso com a solidariedade também remete a experiência de que o indivíduo reconheça-se como integrante de um grupo, em que as injustiças realizadas a um determinado indivíduo, afetam direta ou indiretamente, a todos, sendo que [...] uma cultura da paz e da solidariedade é essencial para pôr em prática os direitos humanos; definitivamente, a paz é justiça social. (PÉREZ, 2002 p.105), da qual não se efetiva na individualidade. A solidariedade é o caminho para uma sociedade mais justa, mais humana, em que os cidadãos agem com respeito e responsabilidade com seus pares e com o planeta. O conceito de solidariedade implica vincular-se à causa de outro e, com isso, ultrapassa os limites da justiça e de qualquer tipo de intercâmbio, implica uma responsabilidade comum. (PÉREZ, 2002, p.99). É necessário educar as futuras gerações, com o objetivo de favorecer as relações, o diálogo e a compreensão. É a partir da compreensão que se pode lutar contra ódio e a exclusão. (MORIN, 2008, p. 51). Através de uma educação de valores, ética, respeito, que não possui receio de mostrar os direitos e de cumpri-los, e que também instrui sobre os deveres e as consequências dos atos individuais que afetam a totalidade, compreendendo, portanto a relação de interdependência dos seres humanos. 4

Assim: [...] no âmbito educacional, surge uma tarefa premente: tornar as escolas instrumentos criadores e potencializadores, que colaborem no desenvolvimento de valores universalmente reconhecidos, como a paz, o entendimento entre os povos, a liberdade, o exercício dos direitos democráticos, a solidariedade, etc. (PÉREZ, 2002, p.105). Na escola objetiva-se a formação do educando, formação esta que não se atêm apenas aos conhecimentos científicos, mas preza-se a formação integral do indivíduo. Portanto: Para formar integralmente o aluno não podemos deixar de lado nenhuma dessas facetas: nem a sua instrumentalização, pela transmissão dos conteúdos, nem sua formação social, pelo exercício de posturas e relacionamentos que sejam expressão da liberdade, da autenticidade e da responsabilidade. (ALVES e GARCIA, 2000, p.20). A educação para a paz implica a tomada de uma postura coerente entre o que se pretende alcançar ao que efetivamente se faz, é necessário que a escola exemplifique através de suas práticas e atitudes as virtudes que deseja desenvolver em seus alunos. O educador precisa definir os valores dentro dos quais pretende educar. Não é possível educar a não ser partindo de certos valores, da maneira de ver o mundo e o homem, e isso conduzirá a um estilo de trabalho, ou seja, uma forma de fazer vivenciar esses valores dentro da classe. (NIDELCOFF, 1978). A definição dos valores precisa ser consciente de que isto implica em que tipo de sujeitos se pretende formar. Que valores tem informado nossa prática educativa?[...] A questão dos valores não é colocada primariamente por uma filosofia humanista nem por uma perspectiva psicologizante. O que está em jogo é a política, a construção de mundos, a ação. A ação não se desenrola sobre um discurso analítico, exatamente por faltar a este caráter de materialidade. Aqui, sim pode-se dizer: discurso apenas... Uma utopia, uma esperança, um paraíso futuro são discursos que nascem do amor e provocam o amor. Por isso mesmo a ação se mistura com eles, como a atividade criadora que traz à existência aquilo que ainda não existe. (ALVES, 2000, p.86). 5

Intencionalmente ou não os valores do educador demonstram-se em sua prática educativa, no processo de ensino e aprendizagem, na cotidianidade no espaço escolar, influenciando na formação dos educandos, assim o educador precisa ter claro quais são os reais valores que influenciam sua prática. Consciente de que valores deseja se basear cabe ao professor coincidir seu discurso com suas práticas, assim, [...] o grande desafio que o professor [...] deverá enfrentar na educação para a paz e para a solidariedade consistirá precisamente em alcançar a coerência entre o implícito e o explícito, entre o currículo oculto e o manifesto. (PÉREZ, 2002, p.121). Compreendendo que as consequências, benefícios das ações não são imediatas, mas em longo prazo percebidas, o que exige que se tenha coragem de agir no hoje com os olhos voltados para o amanhã, com esperança no amanhã. A educação em valores é uma tarefa complexa, cheia de riscos e incertezas, para a qual se necessita de uma formação adequada, assim como acalentar conscientemente a idéia de que é possível a mudança e a melhoria da sociedade. (PÉREZ, 2002, p.16) Entendendo assim, a complexidade da educação em valores exige-se que haja comprometimento do educador com sua própria formação, de forma que tenha clareza da sociedade na qual está inserido, das suas diversas facetas que se encontram caracterizados nos educandos na escola, estes que consciente ou inconscientemente já possuem formulados conceitos e valores os quais podem ser divergentes e gerarem conflitos, e cabe ao educador intermediar tais conflitos favorecendo a convivência. Aprender a conviver exige, em suma, cultivar as atitudes de abertura, um interesse positivo pelas diferenças e um respeito pela diversidade, ensinando a reconhecer a injustiça, adotando medidas para superá-la, resolvendo as diferenças de maneira construtiva e passando de situações de conflito à reconciliação e à reconstrução social. (PÉREZ, 2002, p.9). 6

Diariamente o educador convive com situações adversas, conforme as soluciona vai estimulando o interesse positivo pelas diferenças e o respeito pela diversidade, valorizando as qualidades individuais e especificas de cada educando. A construção gradual, pacífica e equitativa de uma cultura da paz e da democracia deverá situar-se no nível da vida diária dos cidadãos, razão pela qual a educação tem um papel importante a desempenhar. (PÉREZ, 2002, p.15) Entendendo que a Educação é o processo pelo qual aprendemos uma forma de humanidade. (ALVES, 2000, p.72), portanto através da educação os indivíduos aprendem a ser cidadãos da sociedade da qual fazem parte. Assim, A educação para a convivência cidadã deveria capacitar as pessoas para participar, de modo ativo e eficiente, da melhoria, do reforço e da proteção dos Direitos Humanos. (PÉREZ, 2002, p.12) Considerando que os cidadãos devem ser seres atuantes promotores da própria história, conscientes de que não há mudança na individualidade, mas é preciso viver e conviver em sociedade, sendo necessário Desenvolver aquela atitude profunda pela qual o sujeito busque fazer sempre o que é justo. (PÉREZ, 2002, p.13), e então haverá promoção da paz social. A escola tem papel importante para o desenvolvimento do indivíduo sociável sem deixar de considerar que o processo de construção desta habilidade social se da na cotidianidade das relações humanas. Deste modo: A habilidade social se constrói necessariamente por um caminho de convivência e de solidariedade, de conhecimento do mundo e de interrelação com pessoas e processos diferentes, com histórias diversas. Acima de tudo, a habilidade social se constrói pelo respeito e equilíbrio, fundamentais para o convívio humano. Constrói-se pelo trabalho em equipe, pela colaboração, pela cumplicidade e pelo afeto. (CHALITA, 2004, p.229) Acreditando que o processo de formação humana não se da de uma forma simples, porém que envolve as complexidades inerentes ao ser humano entende-se também que os acontecimentos não atingem da mesma forma todas as pessoas, assim como cada um vive em contextos diferentes com suas especificidades, 7

portanto a escola é um ambiente propício para o desenvolvimento de atitudes que geram a paz, mas sem deixar de considerar que a escola é apenas um dos contextos de convivência de seus alunos, portanto não é a única a exercer influência, encontrando então a especificidade de seu trabalho de formar o aluno respeitando a diversidade. Dessa forma: A formação do aluno jamais acontecerá pela assimilação de discursos, mas sim por processo microssocial em que ele é levado a assumir posturas de liberdade, respeito, responsabilidade, ao mesmo tempo em que percebe essas mesmas práticas nos demais membros que participam deste microcosmo com que se relaciona no cotidiano. Uma aula de qualquer disciplina constitui-se, assim, em parte do processo de formação do aluno, não pelo discurso que o professor possa fazer, mas pelo posicionamento que assume em seu relacionamento com os alunos, pela participação que suscita neles, pelas novas posturas que eles são chamados a assumir. (ALVES e GARCIA, 2000, p. 20) Desejar que os alunos sensibilizem-se e apropriem-se efetivamente de posturas coerentes com a proposta de promoção da paz, porém não se pode esperar que aconteça sem antes que os próprios profissionais já a tenham incorporado em suas práticas, pois [...] as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. (FREIRE, 1996, p.34). Portanto Explicar não basta para compreender. Explicar é utilizar todos os meios objetivos de conhecimento, que são, porém, insuficientes para compreender o ser subjetivo. (MORIN, 2008, p.51). Admitindo a necessidade da promoção da cultura de paz em todas as esferas da sociedade, logo, também no contexto escolar, considerando que Os educadores são escultores da emoção. Eduquem olhando nos olhos, eduquem com gestos: eles falam tanto quanto as palavras. (CURY, 2003, p.125), assim como entendendo a tarefa de educar árdua e complexa é preciso ter esperança no futuro, acreditando na possibilidade de mudança ainda que pareça impossível. Por conseguinte A cultura do apreço é a tradução no plano das relações interpessoais da cultura de paz, propondo que estas sejam mais afetivas, construtivas e afirmativas. (PÉREZ, 2002, p.89), e que possibilite que o educando vá desenvolvendo a habilidade de trabalhar perdas e frustrações, desenvolvendo a solidariedade, a tolerância, pois Não é possível combater a insensibilidade, o desrespeito, a falta de solidariedade, a apatia, a não ser pelo afeto. (CHALITA, 8

1996, p.260), acreditando que o ato de educar, e educar para a vida, só se dá com afeto, com amor, que exige responsabilidade e comprometimento com a formação dos seres humanos, portanto com o futuro. 4 CONCLUSÃO A realidade de violência na sociedade atual só poderá ser revertida a partir da promoção da cultura de paz. Paz que precisa ser construída no dia a dia através de posturas em haja respeito e valorização da vida e da diversidade, e entendendo que paz não é a ausência de conflitos, mas sim encontrar soluções em que seja preservada a dignidade humana e respeito pelos seres. Entendendo que a única forma de promoção de posturas promotoras da paz é através da educação, a escola apresenta-se como local propício para o aprendizado e desenvolvimento de tais atitudes. Para tanto, os profissionais da educação necessitam incorporar primeiramente os valores dos quais julgam necessários para a convivência entre os indivíduos e com os seres, sem deixar de lado o apreço pela diversidade. Considerando portanto a formação integral do indivíduo, do cidadão. Assim, para a vivência da paz os cidadãos precisam ser responsáveis, conscientes das consequências de suas atitudes e comprometidos com o outro, desejosos de promover a justiça social, que também se encontra através da solidariedade, da tolerância, da compaixão, na decisão de não se conformar com as realidades de violência nas suas mais diversas facetas. REFERÊNCIAS ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. 6ª ed. Papirus Editora, 2000. ALVES, Nilda; GARCIA, Regina Leite. O sentido da escola. 4ªed. DP&A/Lamparina, 2000. BUENO, Francisco da Silveira. Minidicionário da língua portuguesa; Ed.rev. e atual. Por Helena Bonito C. Pereira, Rena Signer. São Paulo. FTD:LISA, 1996. CECCON, Claudius; OLIVEIRA, Miguel Darcy de; OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. A vida na escola e a escola da vida. 37ªed. Editora Vozes em coedição com IDAC. 1982. 9

CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. 16ªed. São Paulo. Editora Gente, 2004. CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro. Sextante, 2003. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Trad. De Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. 3.ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1981. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31ªed. São Paulo. Paz e Terra, 1996. MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Trad. Eloá Jacobina. 15ªed. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2008. NIDELCOFF, Maria Teresa. Uma escola para o povo. 21ªed. São Paulo. Brasiliense, 1978. PÉREZ, Glória Serrano. Educação em valores: como educar para a democracia; trad. Fátima Murad.2.ed. Porto Alegre. Artemed S.A; 2002. 10