AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS À EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE FÊMEAS PRODUTOS DE CRUZAMENTO ZEBU, RED-ANGUS, SANTA GERTRUDIS E STABILIZER



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS À EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE FÊMEAS PRODUTOS DE CRUZAMENTO ZEBU, RED-ANGUS, SANTA GERTRUDIS E STABILIZER GILLIANA DUTRA NEVES UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMENSE DARCY RIBEIRO UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ FEVEREIRO 2006

AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS À EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE FÊMEAS PRODUTOS DE CRUZAMENTO ZEBU, RED-ANGUS, SANTA GERTRUDIS E STABILIZER GILLIANA DUTRA NEVES Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuária da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal. Orientador: Prof ª. CELIA RAQUEL QUIRINO CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ FEVEREIRO 2006

Aos meus pais, com muito carinho, pelo amor e apoio incondicional Ao meu marido, pelo estímulo e companheirismo nos momentos mais difíceis. DEDICO ii

AGRADECIMENTOS A Deus, por esta oportunidade Aos meus pais, José Gothardo Esteves Neves e Luzia Dutra Neves, pelo amor de sempre e por tudo que fizeram por mim. Aos meus irmãos, Patrícia Dutra Neves Lorenzon e José Gothardo Esteves Neves Júnior, pela amizade e apoio. Aos meus sobrinhos, Laila e Gabriel, pelos momentos de alegria e descontração. Ao meu marido, Marco Antonio Lopes Cruz, pelo carinho, estímulo e companheirismo. À professora Celia Raquel Quirino, pelo seu apoio, carinho, ensinamentos e pela dedicação de sempre. Ao professor Carlos Augusto de Alencar Fontes pela atenção, persistência e por tudo que aprendi com você. Aos membros da Banca, Prof. Reginaldo da Silva Fontes e Prof. Pedro Cesar Nehme de Azevedo pelas contribuições para finalizar a tese. À amiga Sabrina Gregio de Souza pela convivência e pelo estímulo nos momentos mais difíceis. iii

À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro -UENF e ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), pela oportunidade. As secretárias da Pós-graduação, pelo carinho. Ao CONGADO, especialmente ao Luis Eugênio, pela sua paciência e lições sobre o programa, que contribuíram para a realização desse trabalho. iv

BIOGRAFIA GILLIANA DUTRA NEVES, filha de José Gothardo E. Neves e Luzia Dutra neves nasceu em 26 de outubro de 1976, na cidade de São Mateus ES. Em 1995 foi admitida no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes -RJ, formando-se em fevereiro de 2001. Em abril de 2001 iniciou o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais no Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa MG, submetendo-se a defesa de monografia para a conclusão do curso em junho de 2002. Foi admitida em agosto de 2002 no Curso de Pós-Graduação em Produção Animal, Mestrado, Melhoramento Genético Animal, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, em Campos dos Goytacazes RJ, submetendo-se a defesa de tese para a conclusão do curso em fevereiro de 2006. v

CONTEÚDO Página Resumo-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- X Abstract-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- XII 1. INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------------------- 1 2. REVISÃO DE LITERATURA------------------------------------------------------------------------------- 3 2.1 Cruzamentos-------------------------------------------------------------------------------------------- 3 2.2 Características Associadas à Eficiência Reprodutiva---------------------------------------- 5 2.2.1 Duração da Gestação------------------------------------------------------------------------------ 5 2.2.2 Peso ao Nascer-------------------------------------------------------------------------------------- 8 2.2.3 Idade ao Primeiro Parto--------------------------------------------------------------------------- 11 2.2.4 Intervalo de Parto----------------------------------------------------------------------------------- 13 2.2.5 Período de Serviço--------------------------------------------------------------------------------- 15 3 MATERIAL E MÉTODOS------------------------------------------------------------------------------------- 17 3.1 Localização e Dados Climáticos-------------------------------------------------------------------- 17 3.2 Animais e Manej---------------------------------------------------------------------------------------- 18 3.3 Coleta e Registro de Dados ------------------------------------------------------------------------- 19 3.4 Organização dos Dados e Abordagem Estatística-------------------------------------------- 20 3.4.1 Duração da Gestação---------------------------------------------------------------------- 21 3.4.2 Peso ao nascer da cria -------------------------------------------------------------------- 22 3.4.3 Idade ao Primeiro Parto------------------------------------------------------------------- 23 3.4.4 Intervalo de Parto--------------------------------------------------------------------------- 24 3.4.5 Período de Serviço-------------------------------------------------------------------------- 25 vi

4. RESULTADO E DISCUSSÃO------------------------------------------------------------------------------ 26 4.1 Duração da gestação--------------------------------------------------------------------------------- 26 4.2 Peso ao nascer da cria----------------------------------------------------------------------------- 31 4.3 Idade ao Primeiro Parto------------------------------------------------------------------------------ 35 4.4 Intervalo de Parto------------------------------------------------------------------------------------- 39 4.5 Período de Serviço----------------------------------------------------------------------------------- 44 5. CONCLUSÕES------------------------------------------------------------------------------------------------- 50 6.Refrência Bibliográfica--------------------------------------------------------------------------------------- 51 7.Apêndice---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 59 vii

LISTA DE FIGURAS Página Figura 1 Médias dos mínimos quadrados da duração da gestação de acordo com o grupo genético.------------------------------------------------------------- 27 Figura 2 Médias dos mínimos quadrados da duração da gestação de acordo com o mês de parto.--------------------------------------------------------------- 28 Figura 3 Médias dos mínimos quadrados da duração da gestação de acordo com o ano de parto.---------------------------------------------------------------- 29 Figura 4 Médias dos mínimos quadrados da duração da gestação de acordo com o sexo da cria.---------------------------------------------------------------- 30 Figura 5 Médias dos mínimos quadrados da duração da gestação de acordo com a ordem de parto.------------------------------------------------------------ 30 Figura 6 Médias dos mínimos quadrados do peso ao nascer da cria de acordo com o grupo genético.------------------------------------------------------------- 31 Figura 7 Médias dos mínimos quadrados do peso ao nascer da cria de acordo com a estação de parto.---------------------------------------------------------- 32 Figura 8 Médias dos mínimos quadrados do peso ao nascer da cria de acordo com o ano de parto.---------------------------------------------------------------- 33 Figura 9 Médias dos mínimos quadrados do peso ao nascer da cria de acordo com o tipo de cobertura.---------------------------------------------------------- 34 viii

Figura 10 Médias dos mínimos quadrados do peso ao nascer da cria de 34 acordo com o sexo da cria.---------------------------------------------------------------- Figura 11 Médias dos mínimos quadrados do peso ao nascer da cria de acordo com a ordem de parto.------------------------------------------------------------ 35 Figura 12 Médias dos mínimos quadrados da idade ao primeiro parto de acordo com o grupo genético.------------------------------------------------------------- 36 Figura 13 Médias dos mínimos quadrados da idade ao primeiro parto de acordo com o mês de parto.--------------------------------------------------------------- 37 Figura 14 Médias dos mínimos quadrados da idade ao primeiro parto de acordo com o ano de parto.---------------------------------------------------------------- 38 Figura 15 Médias dos mínimos quadrados da idade ao primeiro parto de acordo com o tipo de cobertura.---------------------------------------------------------- 38 Figura 16 Médias dos mínimos quadrados do intervalo de parto de acordo com o grupo genético.----------------------------------------------------------------------- 40 Figura 17 Médias dos mínimos quadrados do intervalo de parto de acordo com a estação de parto.-------------------------------------------------------------------- 40 Figura 18 Médias dos mínimos quadrados do intervalo de parto de acordo com o ano de parto.-------------------------------------------------------------------------- 41 Figura 19 Médias dos mínimos quadrados do intervalo de parto de acordo com o tipo de cobertura.-------------------------------------------------------------------- 42 Figura 20 Médias dos mínimos quadrados do intervalo de parto de acordo com a interação ano de parto e tipo de cobertura------------------------------------ 42 Figura 21 Médias dos mínimos quadrados do intervalo de parto de acordo com o sexo da cria.-------------------------------------------------------------------------- 43 Figura 22 Médias dos mínimos quadrados do intervalo de parto de acordo com a ordem de parto.---------------------------------------------------------------------- 44 Figura 23 - Médias dos mínimos quadrados do período de serviço de acordo com o grupo genético.------------------------------------------------------------- 45 Figura 24 - Médias dos mínimos quadrados do período de serviço de acordo com a estação de parto.---------------------------------------------------------- 46 Figura 25 - Médias dos mínimos quadrados do período de serviço de acordo com o ano de parto.---------------------------------------------------------------- 47 Figura 26 - Médias dos mínimos quadrados do período de serviço de acordo com o tipo de cobertura.---------------------------------------------------------- 48 ix

Figura 27 Médias dos mínimos quadrados e desvios padrão do período de serviço de acordo com a interação ano de parto e tipo de cobertura.------ 48 Figura 28 - Médias dos mínimos quadrados do período de serviço de acordo com o sexo da cria.---------------------------------------------------------------- 49 Figura 29 - Médias dos mínimos quadrados do período de serviço de acordo com a ordem de parto.------------------------------------------------------------ 49 x

LISTA DE TABELAS Página Tabela 1- Média da duração da gestação de diversas raças.------------ 5 Tabela 2- Médias dos pesos ao nascimento da cria (kilogramas) de diversos grupos genéticos e seus respectivos autores. --------------------------- 9 Tabela 3- Médias dos pesos ao nascimento da cria (kilogramas) e da dificuldade de parto.----------------------------------------------------------------- 10 Tabela 4 - Análise de variância da duração da gestação. ------------------------- 59 Tabela 5 - Médias dos mínimos quadrados, e os respectivos erros padrão da duração da gestação de acordo com os diversos efeitos analisados.------ 59 Tabela 6 - Análise de variância do peso ao nascer da cria. ---------------------- 60 Tabela 7 - Médias dos mínimos quadrados, e os respectivos erros padrão do peso ao nascer da cria (kilogramas) de acordo com os diversos efeitos analisados. ------------------------------------------------------------------------------------ 61 Tabela 8 - Análise de variância da idade ao primeiro parto----------------------- 62 Tabela 9 - Médias dos mínimos quadrados, e os respectivos erros padrão da idade ao primeiro parto de acordo com os diversos efeitos analisados. -- 62 Tabela 10 - Análise de variância do intervalo de parto.----------------------------- 63 Tabela 11 - Médias dos mínimos quadrados, e os respectivos erros padrão do intervalo de parto de acordo com os diversos efeitos analisados. ---------- 63 Tabela 12 Médias e desvios padrão do intervalo de parto (dias) de acordo com a interação ano de parto e tipo de cobertura. ---------------------------------- 64 Tabela 13 - Análise de variância do período de serviço. -------------------------- 64 xi

Tabela 14 - Médias dos mínimos quadrados, e os respectivos erros padrão do período de serviço de acordo com os diversos efeitos analisados. -------- 65 Tabela 15 Médias e desvios padrão do período de serviço (dias) de acordo com a interação ano de parto e tipo de cobertura.------------------------- 66 xii

RESUMO NEVES, Gilliana Dutra; Médica Veterinária, M.Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; fevereiro 2006. Avaliação de Características Associadas à Eficiência Reprodutiva de Fêmeas Produtos de Cruzamento Zebu, Red-Angus, Santa Gertrudis e Stabilizer. Professor Orientador: Celia Raquel Quirino. Professor Co-Orientador: Carlos Augusto de Alencar Fontes. Foram estudadas a influência dos efeitos do grupo genético, mês de parto, ano de parto, ordem de parto, tipo de cobertura e sexo do bezerro sobre a duração da gestação, peso ao nascimento da cria, idade ao primeiro parto, intervalo de parto e período de serviço de registros coletados na Fazenda Presidente, no município de Boa Esperança, E.S. Os dados são referentes ao período de janeiro de 1998 a abril de 2004, em que foram analisados 3 grupos genéticos: 50%Red-Angus-50%Zebu, 50%Santa Gertrudis 25%Red-Angus-25%Zebu, 50% Stabilizer 25%Santa Gertrudis 12,5%Red-Angus-12,5%Zebu. A análise de variância foi realizada pelo PROC GLM (SAS, 1998) A duração da gestação apresentou média de 287,87 ± 5,20 dias e foi influenciada pelo grupo genético, mês de parto e ano parto (P< 0,01). A média do peso ao nascimento foi de 35,43 ± 2,62 Kg, essa característica foi influenciada pelo grupo genético, ano de parto, tipo de cobertura, sexo da cria e ordem de parto (P< 0,01). A idade ao primeiro parto (35,23 ± 3,72 meses) foi influenciada pelo ano de parto e tipo de cobertura (P< 0,01). A média do intervalo de parto foi de 496,03 ± 90,81 dias. A característica foi influenciada pela estação de parto, ano de parto, tipo de cobertura, ordem de parto e pela interação tipo de cobertura e ano de parto (P<0,01). A média obtida para o período de serviço foi de 211,06 ± 90,72 dias. Na xiii

análise de variância a estação de parto, ano de parto, tipo de cobertura, ordem de parto e a interação tipo de cobertura e ano de parto revelaram efeitos significativos para a característica (P<0,01). De acordo com os resultados obtidos, o rebanho apresentou, em geral, índices muito elevados de intervalo de parto e período de serviço, o que indicaria, possivelmente, erro de manejo dos animais nesta fazenda. Entretanto, os valores obtidos foram inferiores à muitos trabalhos encontrados na literatura. Palavra chave: bovinos de corte, melhoramento genético animal, reprodução. xiv

ABSTRACT NEVES, Gilliana Dutra; Veterinary, M.Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; February 2006. Evaluation of characteristics associated with reproduction efficiency of crossbreed females of Zebu, Red Angus, Santa Gertrudis and Stabilizer. Adviser: Celia Raquel Quirino. Co-Adviser: Carlos Augusto de Alencar Fontes. It was studied the influence of genetics group, month of birth, year of birth, calving number, type of breeding and sex of calves effects over gestation length, birth weight, age at first calving, calving interval and days open. The data were collected at the President farm, Boa Esperança city, Espírito Santo State. Data are from January of 1998 to April of 2004. There were analyzed 3 genetics groups: 50%Red-Angus- 50%Zebu, 50%Santa Gertrudis 25%Red-Angus-25%Zebu, 50% Stabilizer 25%Santa Gertrudis 12,5%Red-Angus-12,5%Zebu. The data were analyzed using PROC GLM (SAS, 1998). The means of gestation length was 287,87 ± 5,20 days, it was influenced by genetic group, month of calving and year of calving (P< 0,01). Birth weight means was 35,43 ± 2,62 Kg, this characteristic was influenced by genetic group, year of calving, type of breeding, sex of calves and calving number (P< 0,01). Age at first calving (35,23 ± 3,72 months) was influenced by year of calving and type of breeding (P<0,01). Calving interval averaged 496,03 ± 90,81 days, this characteristic was affected by time of calving, year of calving, type of breeding, calving number and the interaction of type of breeding and year of calving (P<0,01). Days open means was 211,06 ± 90,72 days, variance analysis time of calving, year xv

of calving, type of breeding, calving number and the interaction of type of breeding and year of calving affected the characteristic (P<0,01). As the results shows, the herd had high indices of calving interval and days open, which indicate possible manage mistake on the farm. However, the results that was obtained were lower than some results found in the literature. Key Words: beef cattle, animal genetic improvement, reproduction xvi

1 1. INTRODUÇÃO A necessidade de aumentar a oferta de alimentos nobres como os de origem animal cresce continuamente e torna imprescindível a racionalização da produção animal com técnicas que visam aumentar a produtividade dos rebanhos (BLUME & SEGUNDO, 2001), principalmente no que diz respeito ao desempenho reprodutivo (MACMANUS et al., 2002). O rebanho de corte no Brasil é formado em grande parte por animais zebuínos, que são animais que apresentam tolerância ao clima tropical. Apesar da elevada adaptação desses animais, eles apresentam baixo desempenho em características relacionadas à produtividade. Uma conseqüência direta dos baixos índices produtivos e reprodutivos é a baixa taxa de desfrute do rebanho nacional (MACMANUS et al., 2002). O aumento da eficiência da pecuária de corte no Brasil, passa necessariamente pela melhoria da qualidade genética dos rebanhos, que pode ser obtida, principalmente, pela escolha dos indivíduos que serão os pais da geração seguinte e pelo direcionamento dos acasalamentos (LOBO, 1999 apud BRUMATTI, 2002). Para BERGMANN (1993), a eficiência na produção em um rebanho depende da sua eficiência reprodutiva e da velocidade de crescimento de seus animais. Quando se fala em eficiência reprodutiva em gado de corte, no Brasil, observa-se que os índices registrados para as diversas características relacionadas à eficiência

2 reprodutiva são extremamente baixos, e que tal situação vem persistindo há muitos anos (CAVALCANTE et al., 2000). Para o caso específico da eficiência reprodutiva, cujas características apresentam, comumente, baixas herdabilidades e são de baixa resposta à seleção, o sistema de cruzamento seria especialmente indicado como método de melhoramento, uma vez que os métodos de seleção intrapopulacional costumam ter ganhos genéticos lentos e de difícil obtenção (VILLARES,1993). De acordo com FORMIGONI (2002), a reprodução é o principal fator que influencia a rentabilidade da atividade agropecuária, por isso, apesar de a necessidade de pesquisas para aspectos relacionados à qualidade da carne ser importante no mercado de hoje, não se pode esquecer de direcionar esforços para melhorias dos atuais índices de produtividade dos rebanhos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar efeitos genéticos e de ambiente sobre características associadas à eficiência reprodutiva de fêmeas produtos de cruzamento Zebu x Red-Angus, F1 x Santa Gertrudis e F2 x Stabilizer, tais como: duração da gestação, peso ao nascimento da cria, idade ao primeiro parto, intervalos de parto e período de serviço.

3 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Cruzamentos Há basicamente duas formas de se promover o melhoramento genético de qualquer espécie: seleção e cruzamento. Entende-se por seleção, o processo decisório que indica quais os animais de uma geração tornar-se-ão pais da próxima e quantos filhos eles irão deixar (EUCLIDES FILHO,1999). A seleção permite o aproveitamento da variabilidade genética entre animais de uma mesma raça (PEROTTO,1986). O cruzamento pode ser definido como o acasalamento entre indivíduos de duas ou mais raças com a finalidade de se utilizar a heterose ou vigor híbrido, que expressa a superioridade dos indivíduos cruzados em relação à média de seus pais de raça pura. Os cruzamentos devem sempre tentar manter o nível máximo de heterose possível. A heterose é importante em várias características de importância econômica, particularmente naquelas que possuem baixa herdabilidade como as características reprodutivas (FERRAZ & ELER, 2001). As diferenças devidas à heterose, obtidas entre cruzamentos de raças européias, são menores do que as obtidas em cruzamentos de raças taurinas com raças zebuínas, ou seja, quanto mais acentuada for a divergência genética entre as raças dos animais usados nos cruzamentos, maiores serão os efeitos sobre a superioridade dos híbridos (CHAGAS, 1986; VILLARES, 1993). Para as condições de Brasil, onde o contingente dos animais zebuínos é dominante, em relação às

4 raças européias, as possibilidades de incremento na produtividade são ilimitadas (CHAGAS, 1986). A complementariedade das raças é outro fenômeno que ocorre ao se usar cruzamentos. Pela complementariedade se consegue reunir em um animal características das raças usadas. Desta forma, pode-se, por exemplo, associar a elevada adaptação dos animais Nelore com a precocidade sexual e maior ganho de peso de animais Red Angus (FERRAZ & ELER, 2001). Não existe um tipo de cruzamento que atenda a todos os sistemas de produção. Cada cruzamento deve ser desenvolvido para atender às necessidades específicas de um determinado sistema de produção. Diversos fatores devem ser considerados na escolha de um sistema de cruzamento, dos quais destacam se: a) ambiente, b) exigência do mercado, c) mão-de-obra disponível, d) nível gerencial, e) sistema de produção, f) viabilidade de uso da inseminação artificial, g) objetivo do empreendimento, h) número de fêmeas e i) número e tamanho dos pastos. (VALLE, 1998). O maior estudo já realizado sobre cruzamentos considerando diferentes grupos genéticos foi conduzido no Meat Animal Research Center (MARC) no U.S. Departament of Agriculture (USDA), Clay Center (Nebraska). Neste Programa de Avaliação de Diferentes Germoplasmas foram realizados vários experimentos, apresentados como Ciclo I, II, III e IV, usando fêmeas Hereford, Angus e mestiças das duas raças com reprodutores de diversas raças. O Ciclo I foi realizado nos anos de 1970 a 1972, o Ciclo II de 1973 a 1974, o Ciclo III de 1975 a 1976 e o Ciclo IV de 1986 a 1990. Já foram realizadas comparações do desempenho produtivo/reprodutivo de 26 raças bovinas. (CUNDIFF et al., 1986).

5 2.2 Características Associadas à Eficiência Reprodutiva 2.2.1 Duração da Gestação De acordo com PEREIRA et al. (2002) apesar de a duração da gestação não ser uma medida de fertilidade propriamente dita, encontra-se estreitamente relacionada com o período produtivo do animal. Fêmeas com gestações mais curtas teriam mais tempo para se recuperar antes de entrarem em uma nova estação de monta (KIRKPATRICK, 1999; PEREIRA et al., 2002). Segundo JOANDET (1989), LARSEN et al. (1994) e KIRKPATRICK (1999), a duração da gestação é particularmente importante quando a estação de monta é curta. Uma gestação longa faz com que a fêmea apresente o seu primeiro cio pósparto dentro do período da estação de monta seguinte, diminuindo o número de cios em que a fêmea é exposta ao touro. KIRKPATRICK (1999) ressaltou que, diferentemente de outras características, a duração da gestação é influenciada por dois genótipos, o da vaca e o do bezerro. Segundo o autor, pode haver confundimento entre os efeitos do genótipo materno e do bezerro, visto que a mãe também contribui com seu material genético para a formação do genótipo de sua cria. Entre os fatores que influenciam a duração da gestação são referenciados: a raça do touro a ser usada como reprodutor, o touro dentro da raça, a idade da mãe e o sexo da cria. Em relação à raça do touro, a Tabela 01 apresenta as médias para duração da gestação para diferentes raças usadas no Programa de Avaliação de Germoplasmas do MARC-USDA, Clay Center (Nebraska), adaptada de KIRKPATRICK (1999), dos trabalhos de Cundiff et al. (1986) e GREGORY et al. (1993). Os autores observaram que as fêmeas apresentavam gestações mais longas quando eram cruzadas com touros B. indicus, e que as gestações mais curtas estavam associadas com raças leiteiras. Num experimento do mesmo programa de avaliação realizado por CUNDIFF et al. (1998), os autores encontraram menor duração da gestação em animais da raça Angus, Hereford e Shorthorn, seguidos de animais de raças continentais, e por último de animais Nelore, que foram os que apresentaram maior duração de gestação.

6 Tabela 1- Média da duração da gestação de diversas raças. Grupo Genético dos reprodutores (cruzados com fêmeas Angus e Hereford) Duração da gestação (dias) Angus 284,6 Brahman 291,7 Brangus 285,5 Brown Swiss 285,0 Charolais 287,0 Chianina 287,5 Devon 284,1 Gelbvieh 286,3 Hereford 286,3 Hereford-Angus 284,0 Holandês 282,0 Jersey 282,9 Limousin 289,2 Red Poll 285,2 Sahiwall 294,0 Santa Gertrudis 286,0 Simental 287,3 South Devon 286,7 Fêmeas de raças puras Angus 283 Braunvieh 290 Charolais 286 Gelbvieh 287 Hereford 288 Limousin 289 Red Poll 288 Simental 287 Adaptado de KIRKPATRICK (1999) De modo geral, há grande variação na característica duração da gestação. CUNDIFF et al. (1998) relataram, efeito de grupo genético do pai e da mãe e efeito do pai dentro do seu grupo genético. Segundo os autores, isso indica que a grande variação genética é importante entre e dentro das raças para duração da gestação. BROWNING Jr. et al. (1995) realizaram um experimento para comparar o período de gestação de animais oriundos de cruzamento de touros Angus, Tuli e Brahman com vacas Brahman. Os autores obtiveram a média de 284,0 ± 0,8 dias, 288,4 ± 0,7 dias e 293,7 ± 0,8 dias para os animais Angus x Brahman, Tuli x Brahman e Brahman x Brahman, respectivamente. De acordo com os autores, a

7 raça Tuli é uma raça adaptada, oriunda da África e desenvolvida a partir de cruzamento Bos indicus X Bos taurus. Com respeito ao grupo genético das fêmeas, as da raça Angus apresentaram duração de gestação menor do que fêmeas Hereford, em aproximadamente 2,5 dias (WILLIAMSON & HUMES, 1985 apud KIRKPATRICK, 1999). São escassos estudos realizados no Brasil sobre a duração da gestação em fêmeas cruzadas. Para a raça Nelore, os trabalhos de ALENCAR et al. (1996) e CAVALCANTE et al. (2001 a) apresentaram médias de 287,6 dias e de 284,73 dias, respectivamente. No cruzamento de Tabapuã X Gir a média encontrada foi de 287,3 dias (ALENCAR et al., 1996). Em relação à idade da mãe, sabe-se que fêmeas mais velhas apresentam gestação mais longa do que as fêmeas primíparas, em aproximadamente 1 a 2 dias (KIRKPATRICK, 1999). CUNDIFF et al. (1998) reafirmaram também influência, quando observaram efeito da idade da vaca em seu experimento. As fêmeas com três anos de idade apresentaram duração de gestação com média de 284,9 dias, enquanto as fêmeas de 5 a 9 anos apresentaram duração de gestação de 286,4 dias. Já em relação ao sexo da cria, é reconhecido que as gestações de bezerros machos normalmente são mais longas que a gestação de bezerras, em aproximadamente 1 a 2 dias (KIRKPATRICK, 1999). CUNDIFF et al. (1998) mencionam o efeito do sexo do bezerro, relatando que as mães de bezerros machos apresentaram gestação 1,8 dias maior que as mães de bezerras. Entretanto, GREGORY et al. (1991) apesar de ter encontrado efeito significativo para sexo do bezerro, obteve a média de 282 dias para duração da gestação de vacas mães de bezerros machos e de 286 dias para bezerras fêmeas. Outro aspecto a salientar é o da herdabilidade da característica da duração da gestação. De acordo com CUNDIFF et al. (1986) a herdabilidade da característica é 0,64, entretanto CUNDIFF et al. (1998) encontraram 0,38 para herdabilidade da duração da gestação. Entretanto, GREGORY et al. (1995) salientam que o parâmetro genético mais importante dessa característica é a correlação negativa da duração da gestação com crescimento. Por outro lado, CUNDIFF et al. (1986) concluíram que a heterose é pouco importante na duração da gestação, enquanto GREGORY et al. (1991) não

8 encontraram efeito de heterose na duração da gestação, ao avaliar 9 raças base de três populações compostas no programa MARC-USDA, Clay Center (Nebraska). 2.2.2 Peso ao Nascer O peso ao nascer é a primeira informação que se possui do animal, é fortemente influenciado por fatores genéticos e ambientais que incidem sobre a fêmea antes e durante a gestação. É uma característica importante, pois é o peso inicial que possibilita acompanhar o desenvolvimento ponderal do animal, além de poder ser usado para ajustar os pesos nas idades padrões posteriores (SCARPATI et al., 1998). O peso ao nascer indica o vigor e desenvolvimento pré-natal do animal. É uma característica com ação genética aditiva mediana. Possui relativamente, pequena influência dos fatores genéticos e ambientais que atuam sobre a mãe, antes e durante a gestação, e está relacionado com o próprio período de gestação (KARSBURG, 2003). Ao mesmo tempo em que baixos pesos ao nascer são indesejáveis por estarem relacionados ao aumento na taxa de mortalidade no período da prédesmama, elevados pesos ao nascer também são indesejáveis porque tendem a aumentar a ocorrência de distocia (SCARPATI et al., 1998). O peso ao nascer é, isoladamente, o fator mais importante que afeta o grau de dificuldade do parto, e a correlação genética entre estas duas características é elevada (BERGMANN, 1993). A característica pode ser considerada um importante indicador da facilidade de parto (KARSBURG, 2003). Os fatores genéticos que determinam o peso ao nascer são, em sua maioria, os mesmos que favorecem a ocorrência de distocias (KIRKPATRICK, 1999). Segundo BERGMANN (1993), no Brasil, as médias de peso ao nascer para as diversas raças zebuínas não são elevadas e parece responsável, pelo menos em parte, pelo baixo nível de distocia observado. Entretanto, alguns trabalhos sugerem que, em cruzamentos, o peso ao nascer pode aumentar à medida que aumenta o uso de raças européias, o que pode significar uma elevação na incidência de distocia em animais mestiços. SCARPATI et al. (1998) ressaltam que uma outra razão importante para se monitorar o peso ao nascer é a tendência de se antecipar

9 a idade ao primeiro parto, e que ainda não se conhece o limite entre o peso ou tamanho da novilha e o peso ao nascer da cria para se ter parto sem problemas. Num experimento realizado por SILVA & PEREIRA (1986), usando animais ½ Chianina-Zebu, ¾ Zebu-Chianina e 5/8Chianina-Zebu, foi observado que à medida que aumentou a proporção de Chianina nos grupos genéticos, os pesos ao nascer aumentaram (32,0 ± 0,1 Kg, 33,7 ± 0,1 Kg e 39,0 ± 0,7Kg respectivamente). CUNDIFF et al. (1998) encontraram a média de 37,5 Kg ao avaliar o peso ao nascer das crias de fêmeas Hereford e fêmeas Angus cruzadas com touros de diversas raças. A Tabela 2 apresenta as médias dos pesos ao nascer da cria (kilogramas) de diversos grupos genéticos de acordo com os seus respectivos autores. Observa-se que a maior parte dos pesos encontrados estão próximos uns dos outros, na faixa de 30 Kg. Tabela 2- Médias dos pesos ao nascer da cria (kilogramas) de diversos grupos genéticos e seus respectivos autores Raça Peso ao Nascer Autores Hereford-Angus 28,6 BELCHER et al., 1979 Angus-Hereford 27,6 BELCHER et al., 1979 Angus 29,4 KOCH et al., 1985 Hereford 32,3 KOCH et al., 1985 Angus-Hereford 31,6 KOCH et al., 1985 Hereford-Angus 31,6 KOCH et al., 1985 Brahman 40,9 CUNDIFF et al., 1986 Hereford-Angus 35,7 CUNDIFF et al., 1986 Jersey 31,1 CUNDIFF et al., 1986 Sahiwal 38,0 CUNDIFF et al., 1986 Santa Gertrudis 38,9 CUNDIFF et al., 1986 Brahman 32,8 BROWNING et al., 1995 Angus-Brahman 30,1 BROWNING et al., 1995 Tuli-Brahman 28,6 BROWNING et al., 1995 CUNDIFF et al. (1992), em um experimento onde analisaram o peso ao nascer de animais Hereford, Angus e Shorthorn puros e cruzados, observaram que os animais puros Angus foram os que apresentaram menor peso ao nascer (33,5 Kg), enquanto os animais cruzados com Angus apresentaram 35,6 Kg, 36,3

10 Kg, 34,2 Kg e 33,7 Kg para Hereford-Angus, Angus-Hereford, Shorthorn-Angus e Angus-Shorthorn, respectivamente. JENKINS & FERREL (1994), ao analisarem o peso ao nascer de animais da raça Angus encontraram valores de 27,9 kg. CARDELLINO et al. (1998) estudaram o peso ao nascer de bezerros oriundos de cruzamentos de fêmeas Devon com touros Red Angus, Devon, Rangmaker e Stabilizer (sendo essas duas últimas raças compostas). A média geral do peso ao nascer foi de 35,7kg, sendo que o Red Angus foi o mais leve com 34,2 Kg, enquanto o Stabilizer foi o mais pesado com 37,5 kg, sem no entanto alterar a incidência de distocia. KOCH et al. (1985) encontraram correlação negativa do peso ao nascer com facilidade de parto e sobrevivência. Os autores ressaltam ainda que as vacas da raça Angus foram as que apresentaram menor peso ao nascer de suas crias (29,4 Kg) e maior facilidade de parto (92,0%). As vacas mestiças Angus-Hereford apresentaram 31,4 Kg para peso ao nascer e 89,3% e 94,6% para facilidade de parto. CUNDIFF et al. (1986) revisaram os resultados de diversos experimentos realizados no Clay Center e constataram relação entre o peso ao nascer e a ocorrência de dificuldade de parto em diversos grupos genéticos analisados. A Tabela 3 apresenta as médias dos pesos ao nascer e da dificuldade de parto de alguns grupos genéticos relatados pelos autores. Observa-se que há relação entre o peso ao nascer e dificuldade de parto, à medida que o peso aumenta, a dificuldade de parto aumenta também. Tabela 3- Médias dos pesos ao nascer da cria (kilogramas) e da dificuldade de parto. Grupo Genético Peso ao Nascer Dificuldade Parto (%) Hereford-Angus 35,7 2,9 Santa Gertrudis 38,9 4,5 Holandês 37,0 5,1 Jersey 31,1 2,9 Sahiwal 38,0 6,2 Brahman 40,9 10,0 Adaptado de CUNDIFF et al. (1986).

11 São escassos estudos realizados no Brasil em relação ao peso ao nascer de animais cruzados das raças Red Angus, Santa Gertrudis e Stabilizer 2.2.3 Idade ao Primeiro Parto Quando se faz menção à produtividade é inevitável correlacioná-la com fatores reprodutivos que são uma parte fundamental da atividade (BLUME & SEGUNDO, 2001). A antecipação da idade ao primeiro parto está diretamente ligada à eficiência e à lucratividade da produção da carne bovina (DIAS et al., 2004). Entretanto, selecionar para precocidade sexual das fêmeas não é simples, pois as características reprodutivas, geralmente apresentam baixa herdabilidade e não são facilmente mensuradas (DIAS et al., 2004). DIAS et al. (2004) encontraram para herdabilidade da idade ao primeiro parto valores que variaram de 0,09 a 0,16, semelhante a PEREIRA et al. (2001) que encontraram valores de 0,09 a 0,10, enquanto GARNERO et al. (1999) e GRESSLER (1998) encontraram 0,15 e 0,01, respectivamente. PEREIRA et al. (2002) obtiveram estimativas de herdabilidade para idade ao primeiro parto de 0,19 e 0,02 para novilhas acasaladas aos 14 e aos 26 meses de idade, respectivamente. Recentemente, alguns autores como PEREIRA et al. (2002), têm usado outras características reprodutivas como a prenhez de novilhas que apresenta estimativas de herdabilidade mais elevadas. O primeiro fator a ser considerado importante na reprodução de fêmeas refere-se à idade inicial do processo reprodutivo, ou seja, à idade a puberdade, a qual apresenta reflexos nos aspectos econômicos e no melhoramento genético, uma vez que proporciona retorno mais rápido do investimento e aumenta a vida útil da fêmea (ANDRADE, 1991). O sistema de criação no Brasil é predominantemente extensivo, o que dificulta a observação da puberdade a campo, por isso, é importante o uso de uma característica estreitamente associada à puberdade e que seja facilmente medida (BERGMANN, 1993). Por esta razão se usa a idade ao primeiro parto como característica indicativa da idade à puberdade, uma vez que havendo a manifestação do cio, com conseqüente ovulação, a fêmea estará apta para a reprodução (ANDRADE, 1991).

12 PEREIRA (2001) cita dados no Brasil, da idade ao primeiro parto de algumas raças zebuínas, que analisados em conjunto, apresentaram uma média de 44,5 meses, e de acordo com FERRAZ & ELER (2001) a média, no Brasil, da idade ao primeiro parto é de 40 meses. Segundo ANDRADE (1991), para que a idade ao primeiro parto possa ser reduzida, deve-se fornecer às novilhas um nível alimentar adequado que lhes permita uma continuidade de ganho de peso logo após a desmama, uma vez que isto coincide com o início do período de escassez de forragem tanto na qualidade quanto na quantidade. Deve-se ter sempre em mente que o peso isoladamente não é o principal fator determinante de ocorrência da puberdade. Entretanto, ANDRADE (1991) ressalta que as novilhas devem alcançar um determinado peso antes de atingirem a puberdade, e que a superalimentação por si só não diminui a idade à puberdade, uma vez que as novilhas deverão atingir certa idade para que a puberdade ocorra. Outro fator que influencia a idade ao primeiro parto é a bioestimulação ou efeito-touro. Segundo QUADROS & LOBATO (2004), as fêmeas dos mamíferos, principalmente aquelas que vivem em grandes grupos, são influenciadas por diversos estímulos sensitivos provenientes dos demais componentes do grupo, principalmente de suas crias e potenciais parceiros sexuais. Para estes autores, quando esses estímulos são percebidos pelo animal desencadeiam mudanças fisiológicas e comportamentais, incluindo aquelas relacionadas à reprodução. Deste modo, a separação entre machos e fêmeas, realizadas no manejo das propriedades pode suprimir o efeito do macho. A idade ao primeiro parto depende da idade em que a fêmea é exposta ao touro pela primeira vez (PEREIRA et al., 2001). Ao realizarem um experimento usando novilhas com idade média de 24,5 meses QUADROS & LOBATO (2004), observaram que o grupo de novilhas que estavam com rufiões começaram a ciclar antes daquelas novilhas que estavam sem o rufião (76% e 56% respectivamente). Os autores relataram também que a presença do rufião refletiu na taxa de prenhez dos dois grupos (90% e 73%). Desta foram, pode-se observar que o reagrupamento de machos e fêmeas em períodos estratégicos pode ser vantajoso no sentido de maximizar a performance reprodutiva dos animais. Segundo PEREIRA et al. (2001), quando se faz uso de estações de monta curtas, as fêmeas que atingem a puberdade antes da estação de monta não teriam

13 oportunidade de expressar sua precocidade, porque elas só seriam cobertas dentro da estação de monta, junto com as fêmeas que apresentaram a puberdade em idades mais avançadas que elas. São escassas referências na literatura sobre a idade ao primeiro parto de fêmeas cruzadas. Entre os resultados relatados na bibliografia para a idade ao primeiro parto, PEROTTO et al. (1994) citam um experimento em fêmeas Nelore e Red Angus x Nelore, em que obtiveram os valores de 1360 ± 24 dias (45 meses) e 995 ± 33 dias (33,16 meses), respectivamente. Em experimentos com fêmeas Nelore, para avaliar a idade ao primeiro parto, DIAS et al. (2004) encontraram média de 1.047,21 dias (aproximadamente 34,9 meses), enquanto BERTAZZO et al. (2004) obtiveram 38,72 meses. PEREIRA et al. (2001) encontraram 1.130,20 dias (aproximadamente 37,67 meses), já BLUME & SEGUNDO (2001) encontraram médias que variaram de 16 a 36 meses (sendo a média geral 28,27 meses), para GARNERO et al. (1999) a média foi de 36,0 meses e para GRESSLER (1998) a média foi de 1.170,8 dias (aproximadamente 39 meses). 2.2.4 Intervalo de Parto O intervalo de parto é uma importante característica para avaliação da eficiência reprodutiva e produtiva de um rebanho. Ele compreende os períodos de serviço e de gestação, e o ideal é que seja de um ano. Esta característica é influenciada por diversos fatores genéticos e de ambiente, por isso normalmente há uma grande variação nos valores apresentados na literatura (CAVALCANTE et al., 2000). Considerando-se que a duração da gestação é relativamente constante, intervalos de parto elevados provavelmente sejam causados por problemas de manejo durante o período de serviço (CAMPELLO et al., 1999). O maior intervalo de parto normalmente é verificado entre o primeiro e segundo parto, devido à fêmea ainda estar em fase de crescimento, principalmente se considerarmos a redução da idade ao primeiro parto. Por isso, diversos autores têm sugerido realizar uma estação de monta antecipada para as fêmeas primíparas. De acordo com DIAS et al. (2004), a vantagem da estação de monta antecipada em

14 relação à normal é que a fêmea que conceber nesta estação teria mais tempo antes do início da estação de monta seguinte, com isso o seu bezerro já teria desmamado e a fêmea apresentaria melhor condição corporal aumentando sua chance de conceber novamente. O intervalo de parto possui correlação genética negativa com a longevidade das fêmeas no rebanho, isto é, quanto menor o intervalo de parto mais tempo a fêmeas permanece no rebanho devido ao seu bom desempenho reprodutivo (BERTAZZO et al., 2004). BERTAZZO et al. (2004), ao avaliarem o intervalo de parto de animais Nelore, encontraram a média de 546,80 ± 180,73 dias (aproximadamente 18,3 meses). Já MACMANUS et al. (2002) obtiveram a média de 471 ± 140 dias (aproximadamente 15,7 meses). A discordância entre os autores pode ser explicada pelas condições ambientais e de manejo, além da infra-estrutura da propriedade e controle do rebanho. Deve-se considerar que as exigências nutricionais das novilhas em reprodução é muito superior as das vacas, pois além de manter a gestação elas ainda estão em fase de crescimento. No terço final da gestação as novilhas precisam de 10,12 Mcal/dia, enquanto as vacas precisam de 9,15 Mcal/dia (VALLE et al., 1998). As exigências nutricionais das fêmeas são maiores na fase de lactação, quando comparadas ao terço final de gestação. Nessa fase, além do estresse do parto, ocorre o pique da produção de leite, por isso é necessário que haja reservas nutricionais extras para promover o restabelecimento da atividade reprodutiva o mais cedo possível (VALLE et al., 1998). Diversos são os fatores que podem prolongar o retorno à atividade reprodutiva no pós-parto, dentre eles pode-se citar a idade da fêmea, o grau de involução uterina, o nível de produção de leite, alguns fatores ambientais e a amamentação. No entanto, quando a quantidade ou qualidade do capim disponível é baixa, um dos principais fatores responsáveis pelo restabelecimento da atividade cíclica é a amamentação. Em bovinos de corte, a intensidade e a freqüência da amamentação podem retardar o aparecimento do primeiro cio após o parto (VALLE et al., 1998). Para evitar o prolongamento do anéstro pós-parto pode-se realizar o controle da amamentação ou a desmama precoce. A amamentação controlada consiste em

15 separar a mãe e o bezerro e permitir a amamentação apenas duas vezes por dia. Apesar de propiciar bons resultados, em termos de manifestação do cio e fertilidade, a amamentação controlada apresenta uso limitado devido ao manejo intensivo, principalmente durante a primeira semana (VALLE et al., 1998). Já a desmama precoce consiste na antecipação da idade à desmama, aos três meses de idade, sendo realizada principalmente devido à condição de escassez de forragens durante o período de lactação e monta. O principal objetivo é permitir que as fêmeas recuperem sua condição corporal e possam conceber ainda dentro do período de monta seguinte ao parto (VALLE et al., 1998). A restrição alimentar durante esse período, associado à amamentação, aumenta significativamente o anéstro pós-parto, como conseqüência, reduz os índices de prenhez. Como durante a lactação as exigências nutricionais são mais elevadas que o terço final de gestação, em situações de restrição alimentar, a atividade reprodutiva é inibida para favorecer à sobrevivência do bezerro. As novilhas de primeira cria, por estarem ainda em desenvolvimento, são as mais prejudicadas nessas circunstâncias. Para solucionar esse problema, a desmama antecipada dos bezerros pode ser utilizada como alternativa de manejo. Além de promover o aumento nos índices de concepção, esta prática proporciona um aumento na taxa de lotação, pois vacas solteiras necessitam de 40% a 60% menos nutrientes do que vacas em lactação (VALLE et al., 1998). São escassos trabalhos apresentados tanto na literatura nacional como estrangeira sobre o intervalo de parto de fêmeas cruzadas. 2.2.5 Período de Serviço O período de serviço é definido como o número de dias requerido pela vaca para conceber após a parição e é um dos melhores critérios para determinar a habilidade reprodutiva de um rebanho. É uma característica extremamente influenciada pelo ambiente, por isso comumente apresenta grande variação nos seus valores e possui estimativas de herdabilidade baixas ou próximas de zero (CAVALCANTE et al., 2001b). O período de serviço deve ter uma duração que permita a obtenção de um bezerro por ano, para isso o ideal é que seja de aproximadamente 85 dias (Velloso, 1993).

16 O longo período de anéstro pós-parto, comumente encontrado nos rebanhos de corte comerciais, é uma das principais causas de baixo desempenho reprodutivo. Sabe-se que baixos níveis nutricionais aliados à amamentação irrestrita podem ser a causa do prolongamento do anéstro pós-parto, conseqüentemente alongando o período de serviço (BUSTAMANTE et al., 1997). Para verificar esse fato, os autores realizaram um experimento para avaliar o período de serviço de vacas Nelore com boa condição corporal e com condição corporal inferior, e com amamentação contínua ou restrita. Os animais com condição corporal inferior apresentaram período de serviço maior (141,6 ± 21 dias) do que os animais com boa condição corporal (104,2 ± 12 dias). De forma semelhante, as fêmeas com amamentação contínua (122,4 ± 12 dias) apresentaram período de serviço maior do que aquelas com amamentação restrita (111,2 ± 21 dias). Por ainda estarem em crescimento, as novilhas em reprodução apresentam exigências nutricionais muito elevadas durante o terço final de gestação e na lactação. A restrição alimentar durante o último trimestre de gestação é prejudicial ao desenvolvimento das novilhas e do feto, porque pode reduzir o peso do bezerro ao nascer e os índices de concepção após o parto. Como nessa fase as exigências nutricionais das novilhas são muito superiores as das vacas, recomenda-se que elas sejam manejadas em separado para que tenham suas necessidades nutricionais atendidas e possam conceber na próxima estação de monta. Por outro lado, deve-se ter em mente que o excesso de peso pode também contribuir para a redução dos índices de fertilidade (VALLE et al., 1998).

17 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Localização e Dados Climáticos Os dados foram coletados na Fazenda Presidente localizada no Município de Boa Esperança, Estado do Espírito Santo (próxima à divisa com Minas Gerais). A região apresenta clima quente e úmido, que na classificação de Köppen é Aw, em que a estação seca coincide com o inverno, segundo VIANELLO & ALVES (2000). A precipitação anual é próxima a 1.200 mm (INCAPER, 2005). A propriedade se caracteriza por relevo acidentado, com declividade maior que 8%. Os solos predominantes da região são os classificados como Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico, com Fertilidade variando de média baixa e ph em torno de 5,0 e também Podzolico Vermelho Amarelo e Latossolo Vermelho Escuro Eutrófico, que tem Fertilidade variando de média e alta, com um ph em torno de 5,5 a 6,0 (INCAPER, 2005). As pastagens da propriedade se constituem em maior parte de Brachiaria brizanta, porém possui também pastagens de capim quicuio (Brachiaria humidícola) e colonião (Panicum maximum).

18 3.2 Animais e Manejo Foram utilizadas informações referentes aos registros de fêmeas produtos de cruzamentos seqüenciais: ZebuXRed-Angus, F1xSanta Gertrudis, F2XStabilizer, conforme esquema abaixo: Zebu x Red Angus F1 (50% Zebu, 50% Red Angus) F1 x Santa Gertrudis F2 (50% Santa Gertrudis, 25% Zebu, 25% Red Angus) F2 x Stabilizer F3 (50% Stabilizer, 25% Santa Gertrudis, 12,5% Zebu, 12,5% Red Angus) Stabilizer é um composto, possuindo a seguinte constituição genética: 25% Red Angus, 25% Hereford, 25% Gelbvieh e 25% Simental. O esquema de cruzamento acima tem sido mantido ao longo dos últimos 12 anos, de forma a se obter grupos contemporâneos F1, F2 e F3. De acordo com o manejo da fazenda os animais são criados a pasto, com o fornecimento de sal mineral, sem nenhum outro tipo de suplemento, com exceção dos bezerros que recebem creep feeding, até a desmama. Os animais são identificados com brinco, utilizando-se numeração sistemática, desenvolvida pelo proprietário. Machos e fêmeas recebem brincos de cores diferentes. A estação de monta ocorre de dezembro a março, utilizando-se a inseminação artificial como prática comum na maior parte do rebanho. As fêmeas diagnosticadas como não gestantes até a terceira inseminação são eliminadas do rebanho. Uma fração das fêmeas, a cada ano, não é inseminada. As vacas desse grupo são submetidas à monta natural, utilizando-se reprodutores das raças Red Angus, Santa Gertrudis e Stabilizer da própria fazenda. Os nascimentos ocorrem de setembro a dezembro. Os bezerros nascem no pasto e permanecem com as mães até a apartação, com sete a oito meses de idade. Aos dez meses de idade, são separados machos e fêmeas. As fêmeas são inseminadas pela primeira vez com peso aproximado de 300 Kg, a partir de 14 a 16 meses de idade.