Comunicação Comunitária a partir do informativo Atoque da Informação 1. Camilla Soares LOPES²



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Transcrição:

Comunicação Comunitária a partir do informativo Atoque da Informação 1 RESUMO: Camilla Soares LOPES² Bárbara Smidt WEISE* Camila Pereira GONÇALVES* Caroline da Fonseca CECHIN* Liliane Dutra Brignol³ Centro Universitário Franciscano UNIFRA, Santa Maria, RS Há uma ligação entre comunicação, educação e a música, quando os três tem o mesmo objetivo: a transformação. Com a proposta de divulgar os grupos de Percussão Social do Projeto Atoque, foram acompanhadas aulas semanais e apresentações, resultando em um produto final: um jornal informativo. O trabalho foi realizado na disciplina de Projeto de Extensão em Comunicação Comunitária no primeiro semestre de 2009. O Projeto Atoque possui a finalidade de socializar e valorizar crianças, através da música. Desta forma buscamos ampliar a projeção dos alunos, moradores de diferentes bairros periféricos da cidade de Santa Maria - RS, por meio da elaboração, impressão e distribuição do informativo. Palavras-chave: Percussão; Música; Comunicação Comunitária. 1. INTRODUÇÃO Neste artigo é apresentada a promoção e valorização das comunidades envolvidas no Projeto Social do Grupo de percussão Atoque, vinculado a Escola de Música Musiartes. Estas comunidades são representadas por crianças que, gratuitamente, frequentam aulas de percussão e participam de eventos e apresentações 1 Trabalho apresentado na Divisão Temática, da Intercom Júnior Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. ² Aluna líder do grupo do 7º semestre do curso de Jornalismo da Unifra, email camillaslopes@gmail.com * Alunos do 7º semestre do curdo de Jornalismo da Unifra ³Orientadora do trabalho Professora do curso de Jornalismo da Unifra, email lilianedb@unifra.br

por todo o Estado. Para essas crianças não basta somente ir às aulas, para que elas continuem participando da Oficina de Percussão Social I e II, é fundamental ter um ótimo rendimento escolar e ter uma boa freqüência nas atividades escolares. O idealizador do Atoque, Marcio Tólio, estabelece como objetivos a socialização e o acesso à cultura e à mídia para os alunos com condições financeiras baixa. A oficina trabalha a disciplina, a memorização, raciocínio e expressão corporal, além da auto-estima. Desde 2007 a Oficina conta o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, a LIC, que permite que a cada ano se faça novos investimentos visando à evolução das turmas. Com a verba pode ser feito aquisição de novos instrumentos, compra de novos uniformes, o deslocamento dessas crianças até o local dos ensaios e apresentações com passagens de ônibus, e até mesmo o ingresso de novos alunos. São crianças de 7 a 17 anos que em alguns casos tem chances de encontrar na música incentivo para uma formação profissional e também a possibilidade de se tornarem aprendizes da cultura brasileira, sentem-se valorizados pelo que sabem e são socializados através da música. Neste sentido o grupo de alunos do 4º semestre de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), pensou em realizar o trabalho de comunicação interna e externa dessa comunidade. Possibilitando assim dar voz ou palavra para aquela comunidade. Entramos em contato com o professor responsável o Márcio Tólio, chamado de Kbecinha, casualmente dias antes da apresentação de encerramento do ano, no Teatro Treze de Maio. Fomos conhecer um pouco mais o professor, mostrar a nossa ideia e perceber se havia o desejo de divulgar a comunidade. Entramos no teatro, cheio de crianças, pais, tios e professores. Assistimos às apresentações das crianças, onde foi possível perceber a alegria por estarem apresentando-se em um teatro municipal e sentirem-se importantes. Talvez se não fosse pela música, nunca tivessem uma oportunidade tão grandiosa. Dias depois entramos em contato novamente com Márcio para conversarmos sobre o que iríamos fazer. Em conjunto tivemos a ideia de ajudar a complementar a assessoria de comunicação do grupo, junto com a Relações Públicas, Márcia Cardoso. A idéia inicial era fazer um vídeo institucional para a divulgação em outras cidades, e para profissionais e um informativo contando a história das Oficinas Sociais. Depois de vários ajustes e reuniões decidimos focar somente no informativo. O vídeo institucional

era inviável devido à falta de recursos para captação e não era a ideia mais popular de divulgar as Oficinas de Percussão Social I e II. A assessoria já era feita pela Márcia, então começamos a trabalhar no informativo, que é a maneira mais informal de apresentar um grupo a uma comunidade, a maneira mais popular e de fácil acesso. Decidimos que a cada 15 dias uma de nós iria frequentar as aulas, entrevistar, conversar e analisar a comunidade. Também decidimos participar de todas as apresentações agendadas no semestre. O trabalho com as comunidades, através dos alunos, consistiu em acompanhar a realização das oficinas sociais e destacar as ações do grupo em um informativo. Este material reuniu, em forma de notícia ou reportagem, tudo o que foi feito durante o acompanhamento das acadêmicas nas aulas, quinzenalmente. 2. O MOVIMENTO ATOQUE O grupo Atoque formado em julho de 2002 faz parte do Centro de Educação Musical, Musiartes, escola de música em Santa Maria. Considerado um projeto pioneiro, o grupo trabalha como um movimento musical ao utilizar a percussão como elemento educador, sendo ensinados diversos ritmos brasileiros e seus instrumentos. Por influências diretas de seu coordenador, Márcio Tólio, o Movimento Atoque vem misturando elementos de percussão erudita e popular e mantendo essa cultura em ascensão. O Atoque é divido em três classes: bateristas, percussionistas e grupos de percussão, envolvendo cerca de 70 alunos. Em 2007, o número de integrantes cresceu transformando-se em um Movimento percussivo, constituídos atualmente por seis grupos de percussão: 1 Atoque 1: considerado o grupo principal ou profissional do Movimento; 2 Atoque 2: formado por alunos dos cursos particulares da Musiartes e também por apreciadores da percussão, que procuram a música como elemento de lazer e desenvolvimento pessoal; 3 Tambores do Vale: grupo formado por crianças e adolescentes do distrito de Vale Vêneto; 4 Toque de Mina: grupo feminino de percussão e voz, fundado em 2009;

5 Turmas da Oficina de Percussão Social: que há 3 anos tem o apoio da Lei de Incentivo à Cultura Municipal, permitindo que crianças carentes tenham acesso à cultura, arte e entretenimento através de aulas gratuitas de percussão e oficina de construção de instrumentos; 6 Oca Tambor: subgrupo formado por alunos de diversas escolas da rede municipal. Uma parceria entre o Atoque e a entidade Oca Brasil / América do Sul. 3. AS OFICINAS DE PERCUSSÃO SOCIAL I e II Em 2007, as Oficinas de Percussão Social passaram a ter o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Esta lei visa o direito à cultura, arte e entretenimento para as crianças carentes de Santa Maria. A música é a ferramenta fundamental do grupo, a qual propicia aos alunos concentração, memorização, raciocínio e coordenação motora. Além do estudo da percussão, os estudantes aprendem a confeccionar seus próprios instrumentos. O grupo também participa de eventos por Santa Maria, uma maneira de ajudar na autoestima e na socialização dos alunos. As oficinas são coordenadas pelo percussionista graduado em música pela Universidade Federal de Santa Maria, Márcio Kbecinha Tólio. Reconhecido pela sua dedicação à música popular, erudita, eletrônica, pop-rock e à música tradicionalista gaúcha. As aulas acontecem no sábado, durante a manhã e à tarde, sendo que os alunos são divididos em duas turmas. Para frequentar o projeto, o aluno deve cursar regularmente a escola e obter boas notas, além de ter responsabilidade com a agenda de apresentação do grupo. Nas aulas é ensinada a história do instrumento, a origem do ritmo apresentado e todos os alunos aprendem a tocar todos os instrumentos. Esta proposta de trabalho coincide com o autor Rodrigo Gudin Paiva: A proposta busca estar adequada e adaptada ao contexto sócio-cultural e educacional em questão, respeitando as referenciais musicais trazidas pelos alunos, conectando-as às referencias pessoais do professor. Uma proposta contextualizada torna-se interessante e ao mesmo tempo viável, enquanto sua aplicação mantém-se coerente com a realidade dos alunos. (PAIVA, 2005, p. 4)

Desta forma os alunos adquirem conhecimentos de todos os instrumentos e podem se aperfeiçoar nos que mais lhe chame a atenção. A intenção não é se concentrar em apenas um instrumento por criança e sim que cada um compreenda as características de cada instrumento e do ritmo musical que dele é extraído. 4. O ATOQUE DE INFOMAÇÃO NA COMUNIDADE As Oficinas de Percussão Social I e II foram o foco principal do nosso produto final, o informativo, denominado Atoque de Informação. A partir do acompanhamento nas apresentações e das aulas realizadas nos sábados é que conseguimos recolher matérias para elaboração do informativo. O primeiro contato nosso com o grupo, como já referido, foi em uma apresentação realizada no Theatro Treze de Maio, no final de 2008. Podemos conhecer os alunos, assim como o trabalho desenvolvido por eles. Nossos registros foram feitos a partir de fotografias e anotações da apresentação. O segundo contato foi em uma aula inaugural do grupo, em março de 2009. Neste dia conversamos com o coordenador e com as crianças. Acompanhamos o roteiro da aula e assim surgiu nossa primeira pauta. A aproximação com as crianças foi positiva, pois tentávamos deixá-las à vontade e as entrevistamos de uma maneira informal, sem perguntas estruturadas. Para o recolhimento dos demais materiais que iriam constar no informativo, contamos com a colaboração da assessora do grupo, Márcia Cardoso. Quando possível, acompanhamos as apresentações e realizamos entrevistas com os próprios alunos e com os pais. Nos momentos em que não podíamos estar presentes, mantivemos contato com o coordenador, Márcio Tólio, mais conhecido como Kbecinha. 5. DESCRIÇÃO DO PRODUTO O informativo tem 8 páginas e apresenta a história dos grupos sociais do Atoque e desenvolve pautas que estimulam os alunos ao esforço na área da música, como a

análise sobre a evolução deles dentro das aulas. Para isso foi fundamental apanhar depoimentos dos professores, alunos e pais. O lançamento do informativo foi no calçadão de Santa Maria, para divulgar o grupo a comunidade. Com este trabalho buscamos fortalecer o reconhecimento dos alunos na imprensa regional, ajudando a dar força ao projeto e aumentar a auto-estima dos alunos. Estimular a inclusão social, musical e intelectual dessas crianças carentes. Como forma de incentivo e oportunidades para fugir da pobreza e miséria. E também aproximar a comunidade local e acadêmica da cidade para com o grupo, incentivando assim o continuo crescimento destas crianças no aprendizado da música e na escola. 6. ELABORAÇÃO E PRODUÇÃO DO ATOQUE DE INFORMAÇÃO Devido ao número de material recolhido nesse período de acompanhamento, decidimos elaborar um informativo de oito páginas e que tivesse espaço para contar as experiências do grupo. Trabalhamos em cima de uma linguagem informal e de uma estrutura que estivesse relacionada à percussão. Neste jornal contêm o histórico do grupo, matérias sobre suas apresentações em 2009, além de textos direcionados a alunos, famílias e professores. Com este trabalho pretendemos solucionar pelo menos parcialmente a falta de incentivo da população local e a falta de divulgação dentro e fora da cidade de Santa Maria RS. Como já referido anteriormente, um dos objetivos deste informativo é divulgar o trabalho deste grupo. Por isto, tivemos a idéia de lançar o jornal no calçadão, local de grande circulação na cidade, onde passam pessoas de diferentes classes sociais. Assim buscamos solucionar o problema da falta de reconhecimento de crianças que podem se tornar futuros profissionais do ramo da música. Como nos lembra Márcio Simeone: A busca pela visibilidade vem em função da necessidade de que as reivindicações e preocupações dos indivíduos tenham um reconhecimento público, servindo de apelo à mobilização dos que não compartilham o mesmo contexto espaço/temporal. A grande mídia é vista como espaço privilegiado para a exposição das causas e ações dos movimentos... (2005, p18)

Em 2009 o grupo conquistou visibilidade na mídia. Houve cobertura local tanto pela televisão, na RBS TV, como pelo jornal Diário de Santa Maria, na aula inaugural da sucata e em algumas apresentações. Porém esta divulgação não é o suficiente para informar o público que não conhece o Grupo Atoque e seu trabalho com crianças carentes. Por estes motivos acreditamos que a confecção de um jornal sobre as Oficinas de Percussão Social traria um maior reconhecimento da população sobre as atividades do grupo. O informativo Atoque de Informação é um jornal que relata a história das Oficinas Sociais I e II do Grupo Atoque. A capa conta com uma breve apresentação do grupo. Na página dois, o editorial e uma matéria descrevendo a história do projeto e o expediente. A página três é ilustrada com uma matéria sobre a aula inaugural na sucata. Páginas quatro e cinco, conta à trajetória de vida dos cinco irmãos que fazem parte da Oficina Social I. Na página seis uma reportagem falando sobre a melhora no rendimento escolar de uma aluna do Social II e um texto do professor Márcio Tólio, relatando sua experiência como músico e professor. A matéria sobre os instrumentos e a agenda do grupo no semestre compõe a página sete. E na contra capa há uma homenagem ao professor Márcio. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O nosso Projeto de Extensão Comunitária estabeleceu duas metas, num primeiro momento, ambas ousadas. Eram a confecção de um informativo de 8 páginas e de um DVD Institucional do grupo, este último, sugerido pelo próprio idealizador do projeto, Márcio Tólio. Ao fim de dois semestres, vimos que embora tenhamos conseguido concluir o informativo, o desafio lançado no início era quase inviável. Foram semanas em busca de patrocínio com empresas santa-marienses, que não podiam ser aquelas que já colaboram com o grupo, também por recomendação do coordenador do Atoque. O informativo demandou esforço, a busca contínua por qualidade e uma corrida contra o tempo, já que tentamos incluir nas páginas do jornal, desde um histórico do grupo, até as apresentações mais recentes, afinal nosso objetivo principal era mostrar quem era o Atoque, onde ele se apresentava e quem fazia parte dele. Mesmo com uma matéria-prima simples, o papel, o jornal impresso exigiu a doação completa das integrantes do grupo. Hoje entendemos que a produção de um DVD, mesmo que ele tivesse a duração de 10 minutos, seria muito desgastante, em

função da escassez de equipamentos e qualificação das integrantes que, ao iniciar o Projeto, não tinham acesso às cadeiras de televisão e cinema. O DVD deveria servir como um cartão de visitas do projeto aos articulistas e promotores de eventos culturais de fora do estado, explicou Kbecinha. Mas no primeiro encontro com o professor, não detalhamos que grupos seriam expostos no DVD. Como o Atoque também têm grupos que envolvem alunos que pagam pelas aulas, percebemos que Kbecinha poderia ter como intenção, com o DVD, divulgar também o trabalho dos alunos da escola particular, uma vez que muitos deles já têm qualificação para entrar até mesmo no mercado da música. E este não era o nosso objetivo. Traçamos desde o início, a ideia de dar visibilidade ao que era feito com os alunos da Percussão Social I e II, e tínhamos que seguir com aquele propósito. Este foi o segundo motivo pelo qual abandonamos a idéia da produção do DVD. A manutenção do site e divulgação das notícias factuais relacionadas aos grupos também era um dos nossos objetivos. Com o passar do tempo os grupos fizeram algumas apresentações, todas elas cobertas por uma profissional voluntária do Atoque, a Relações Públicas, Márcia Cardoso. Ela já era responsável por divulgar no site tudo que era feito pelos grupos, cabendo ao grupo, apenas acompanhar as apresentações dos alunos e fazer a cobertura para o jornal informativo. Notamos que a mesma profissional ocupava um espaço que entendíamos que era uma lacuna no grupo: o de assessora de imprensa. Portanto a ideia inicial, de prestar o serviço de assessoria também não foi concretizada. Citamos como positiva a divulgação da aula inaugural dos grupos, quando os alunos foram à sucata procurar materiais que pudessem servir como instrumento. A atividade foi amplamente divulgada no Jornal Diário de Santa Maria, onde estampou a capa do Diário 2, e no RBS Notícias, onde uma reportagem foi veiculada no sábado à noite, no dia do fato. Atuamos em parceria com o trabalho da assessoria na hora de divulgar o lançamento do informativo Atoque de Informação, que aconteceu no dia 4 de julho, no Calçadão de Santa Maria. Como é um produto do nosso trabalho, ficou como nossa responsabilidade noticiar aos meios de comunicação da cidade o acontecimento. A primeira proposta que tratava do informativo impresso também previa a elaboração bimestral, o que não foi possível por falta de tempo e porque tínhamos a ideia de acompanhar mais aulas e aumentar os laços de integração com os alunos para

que o jornal tivesse o perfil dos alunos. Para isso, tivemos que conhecer a história deles dentro e fora do projeto. Muitas das pautas propostas, inclusive, contemplaram uma linguagem e abordagem intimista com as crianças e adolescentes moradores das comunidades santa-marienses. Foi preciso freqüentar as aulas, apresentações e até mesmo a casa e a escola de alguns integrantes para que o jornal tivesse a cara dos alunos. Pautas sobre o avanço escolar a partir da música, a participação da família na formação das crianças enquanto acompanham e apóiam o desenvolvimento nas aulas de percussão foram pensadas para valorizar as comunidades e mostrar o valor delas no contexto cultural da cidade, inclusive uma das metas deste projeto. Outra meta traçada era a de, com o trabalho de comunicação, aumentar o número de convites para apresentações do Atoque em Santa Maria e Região. No ano de realização do projeto, o grupo passou pelo III Congresso Internacional de Educação, pela Praça Saldanha Marinho, durante as comemorações de aniversário de Santa Maria e pelo II Encontro Gaúcho de Percussão, que aconteceu no Teatro Caixa Preta, localizado na Universidade Federal de Santa Maria. O resultado da distribuição do informativo sobre o Atoque foi positivo. As pessoas que receberam o produto no calçadão foram respectivas, aceitaram e gostaram do que viram. Ainda não sabemos que impacto vai causar na rotina de cada aluno, muito menos que reflexo haverá em cada comunidade santa-mariense, mas ao fim deste semestre podemos afirmar que a divulgação do projeto foi maior e diríamos que atingiu as expectativas iniciais, principalmente no que diz respeito ao número de apresentações e ao espaço na imprensa local. A divulgação para imprensa também foi positiva.comunicamos os dois jornais de maior circulação na cidade: Diário de Santa Maria e A Razão. Na segunda feira, após a distribuição, saiu no jornal Diário de Santa Maria, na contra capa do caderno Diário 2, uma nota comentando sobre nosso trabalho e a distribuição do jornal no calçadão. Acreditamos que toda e qualquer divulgação, serve para motivar o aperfeiçoamento do trabalho dos jovens e até mesmo dos professores e melhorar a vida das crianças, adolescentes e suas famílias. Afinal, não é sempre que a história ou o

talento deles é mostrado em um jornal que vai circular para a população da cidade onde moram. Ficou claro que a inserção dos alunos em vagas tão disputadas, não apenas por serem gratuitas, mas por envolverem a música, um elemento de atração a crianças e adolescentes, já exerce, por si só, uma sensação de valorização a cada indivíduo que ali está. Eles têm a sensação de pertencimento a um grupo e por isso muitos têm uma perspectiva de crescimento na área. Outros, simplesmente buscam aprender a música, entre outras coisas. E nosso papel, de direcionar os holofotes para este trabalho, potencializa os resultados das aulas e da transformação dessas comunidades. Para nós, acadêmicas, fica a lição de que tudo que é feito com seriedade, planejamento e persistência contagia se não uma comunidade, uma família, ou mesmo um grupo de crianças e adolescentes. O papel da comunicação comunitária é não apenas informar, mas entender como funciona o grupo a ser noticiado, principalmente. É integrar-se aos que pertencem a ele, para cumprir a tarefa que cabe à comunicação comunitária: a de informar e formar. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HENRIQUES, Márcio Simeone (org). Comunicação e estratégias de mobilização social. Belo Horizonte : Gênesis, 2005. PAIVA, Rodrigo Gudin. Percussão: Uma Abordagem Integradora nos processos de ensino e aprendizagem desses instrumentos. PERUZZO, Cicília M. Krohling. Comunicação comunitária e educação para a cidadania