Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento



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Transcrição:

Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Variação das capacidades físicas entre diferentes modelos de treinamento: Uma abordagem no planejamento anual do futebol Márcio Figueiredo de astro Júnior Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em iências Biológicas, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em iências Biológicas. São José dos ampos, SP 2003

Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Variação das capacidades físicas entre diferentes modelos de treinamento: Uma abordagem no planejamento anual do futebol Márcio Figueiredo de astro Júnior Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em iências Biológicas, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em iências Biológicas. Orientadora: Profª. Dr.ª Patrícia Mara Danella o-orientador: Prof. Dr. José arlos ogo São José dos ampos, SP 2003

Variação das capacidades físicas entre diferentes modelos de treinamento: Uma abordagem no planejamento anual do futebol Márcio Figueiredo de astro Júnior Banca Examinadora Prof. Dr. Rodrigo A. B. Lopes Martins, Presidente Profª. Dr.ª Patrícia Mara Danella, Orientadora (Univap) Prof. Dr. Paulo Roberto de Oliveira (Unicamp) Prof. Dr. Marcos Tadeu Tavares Pacheco Diretor do IP&D São José dos ampos, 26 de Junho de 2003

AGRADEIMENTOS Agradeço aos meus pais por todo apoio durante a elaboração do trabalho; À Profª. Dr.ª Patrícia Mara Danella, pela orientação e confiança; Ao Prof. Dr. José arlos ogo, pela paciência; Ao Prof. Dr. Paulo Roberto de Oliveira pela atenção, auxilio e críticas indispensáveis para realização do trabalho. À Pedro Paulo, Beto e a todos os jogadores participantes da pesquisa, com os quais criei grande amizade. Ao amigo Enrique Oswaldo, pela ajuda direta na realização do trabalho. Ao Prof. Ms. Alexandre Moreira, por me incentivar nos estudos, e me auxiliar nas análises do trabalho.

RESUMO O presente trabalho objetivou observar a dinâmica da variação das capacidades físicas força máxima (FM), força explosiva (FE), velocidade cíclica (V), Índice de manifestação de força (IMF) avaliado por dinamometria isocinética, resistência anaeróbia (RAN), e resistência aeróbia (RA) dentro de dois grupos (F e NF) de jogadores de futebol com idade entre 18,5± 0,8 anos. Para o grupo F foi montado um macrociclo de treinamento baseado na proposta de Verkhoshansky- modelo de cargas concentradas de força. Para o grupo NF foi montado um macrociclo de treinamento seguindo os conceitos da periodização tradicional, ou cargas distribuídas. O macrociclo de treinamento do grupo F foi dividido em três etapas: A, B e que se estenderam por 31 semanas. A etapa A, etapa das cargas concentradas de força, é subdividida em:, A2 e A3 com 2 semanas de duração cada. A etapa B, etapa de desenvolvimento do metabolismo específico e velocidade, teve duração de 6 semanas; e a etapa, período competitivo, apresentou 16 semanas. As semanas de testes controle foram realizadas antes do inicio do treinamento (microetapa ), depois de A3,ao final da etapa B e no meio da etapa. Foi realizado o teste de FM no Leg Press 45, teste de FE com salto vertical na plataforma de salto ybex Reactor, teste de velocidade máxima em 35m, torque avaliado em dinamômetro Isocinético mensurando aos 100ms, teste de RAN com 6X35m e teste de RA com corrida de 2400m. o tratamento estatístico foi a análise de covariância com medidas repetidas seguida por teste de Scheffe, e nível de significância de 5%. Para o Grupo F os níveis de FM, FE, IMF, RAN e V aumentaram significativamente (p<0,05), quando comparamos a etapa inicial e a etapa competitiva. Diferentemente a RA não apresentou melhora significativa. Para todos os testes, observou-se uma queda nos índices destas capacidades biomotoras no final da etapa B. Tal queda dos índices provavelmente se deve a sobrecarga metabólica do período. A etapa observou-se o que chamamos de Efeito Posterior e Duradouro do Treinamento (EPDT), com elevação do estado funcional e das capacidades biomotoras dos atletas. No grupo NF, a análise da FM, FE, IMF, RAN não apresentou diferença significativa entre o inicio do treinamento e o período competitivo. A V e RA mostraram elevação significativa no período competitivo. Quando comparamos os grupos, percebemos que as cargas concentradas de força, aplicadas como no presente estudo, podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da FM, FE e V, RAN e IMF no grupo F. Apesar da grande redução dos índices observada na etapa B, as capacidades físicas estudadas apresentaram evolução posterior dentro da etapa competitiva. Palavra-chave: Treinamento, Força, Futebol.

ABSTRAT The present work has aimed to study the dynamics of the variation of the physical capacities maximum force (FM), explosive force (FE), cyclical speed (V), Index of manifestation of force (IMF) evaluated by isokinetic, anaerobic resistance (RAN), and aerobic resistance (RA) inside of two groups (F and NF) of football players with age ranging from 18,5± 0,8 years. For group F a macrocycle of training based on the proposal of Verkhoshansky- pattern of concentrated loads of power. For group NF a macrocycle of training was following the concepts of the traditional periodization, or distributed loads. The macrocycle of training of group F was divided in three stages: A, B and developed during 31 weeks. The stage A, stage of intent loads of force, is subdivided in:, A2 and A3 with 2 weeks of duration each. Stage B, stage of development of the specific metabolism and speed, had duration of 6 weeks; and stage, competitive period, presented 16 weeks. The weeks of tests it has controlled had been carried through before initiating the training (microstage ), after A3, to the end of stage B and in the way of stage. Was carried through the test of FM in the Leg Press 45, test of FE with vertical jump in the platform of ybex Reactor, test of maximum speed in 35m, torque evaluated in Isokinetic Biodex at 100ms, test of RAN with 6X35m, and test of RA with race of 2400m. The statistical work accomplished was analysis of covariância with repeated measures followed by test of Scheffe, and level of significance of 5%. For Group F the levels of FM, FE, IMF, RAN and V had increased significantly (p<0,05), when we compare the initial stage and the competitive period. Differently, the RA did not present significant improvement. For all the tests, a fall in the indices of these biomotoras capacities in the end of stage B. Such fall of the indices probably if must the metabolic overload of the period. In group NF, the analysis of the FM, FE, IMF, RAN did not present significant difference enters the beginning of the training and the competitive period. V and the RA had shown significant rise in the competitive period. When we compare the groups, we perceive that the intent loads of force, applied as in the present study, can be responsible for the development of the FM, FE and V, RAN and IMF in group F. Despite the great reduction of the capacities observed in the stage B, they had inside presented posterior evolution of the competitive stage. Key-words: Training, Power, Soccer

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 1 1.1TREINAMENTO... 3 1.1.1 PRINÍPIOS DO TREINAMENTO FÍSIO... 4 1.1.2 MEIOS E MÉTODOS DO TREINAMENTO FÍSIO... 5 1.1.3 FONTES ENERGÉTIAS E TREINAMENTO FÍSIO... 5 1.1.3.1 SISTEMA ANAERÓBIO ALÁTIO... 6 1.1.3.2 SISTEMA ANAERÓBIO LÁTIO... 6 1.1.3.3 SISTEMA AERÓBIO... 7 1.1.4 APAIDADES BIOMOTORAS... 7 1.1.4.1 FORÇA... 7 1.1.4.2 RESISTÊNIA... 8 1.1.4.3 VELOIDADE... 9 1.2 TREINAMENTO NO FUTEBOL... 9 1.2.1 QUANTIFIAÇÃO DO TRABALHO FÍSIO NO FUTEBOL...10 1.2.2 METABOLISMO ENERGÉTIO NO FUTEBOL...11 1.3 MODELOS DE TREINAMENTO...13 1.4 JUSTIFIATIVA...16 2. OBJETIVO GERAL...17 2.1 OBJETIVOS ESPEÍFIOS...17 3. HIPÓTESES DE TRABALHO...17 3.1 HIPÓTESE NULA...17 3.2 HIPÓTESE EXPERIMENTAL...17 4. METODOLOGIA...18 4.1 GRUPO DE ESTUDO...18 4.2 MODELO EXPERIMENTAL : GRUPO F...18 4.2.1 BLOO A BLOO DE FORÇA...19 4.2.2 BLOO B BLOO DO METABOLISMO ESPEÍFIO...20 4.2.3 BLOO OMPETITIVO...20 4.3 MODELO EXPERIMENTAL : GRUPO NF...21

4.4 PADRÃO DE TREINAMENTO...21 4.5 ONTROLE DO PROESSO DE TREINAMENTO...23 4.6 PADRONIZAÇÃO DOS TESTES...23 4.6.1 LOAL DOS TESTES...23 4.7 APAIDADES BIOMOTORAS...23 4.8 TESTES MOTORES...24 4.8.1 TESTE DE FORÇA MÁXIMA...24 4.8.2 TESTE DE FORÇA EXPLOSIVA...24 4.8.3 TESTE DE VELOIDADE DE DESLOAMENTO ÍLIO...25 4.8.4 TESTE DE RESISTÊNIA ANAERÓBIA...26 4.8.5 TESTE DE RESISTÊNIA AERÓBIA...26 4.8.6 TESTE DO ÍNDIE DE MANIFESTAÇÃO DE FORÇA AVALIADO POR DINAMÔMETRO ISOINÉTIO...27 4.9 ANÁLISE ESTATÍSTIA....28 5. RESULTADOS e DISUSSÃO...29 5.1 DINÂMIA DE ALTERAÇÕES DA FORÇA VOLUNTÁRIA MÁXIMA...29 5.1.1 OMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS...31 5.2 DINÂMIA DA ALTERAÇÃO DO ÍNDIE DE MANIFESTAÇÃO DE FORÇA - TORQUE AVALIADO AOS 100ms...33 5.3 DINÂMIA DAS ALTERAÇÕES DA FORÇA EXPLOSIVA...35 5.3.1 OMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS...37 5.4 DINÂMIA DA ALTERAÇÃO DO TEMPO NA ORRIDA DE 35m - VELOIDADE DE DESLOAMENTO ÍLIO...38 5.4.1 OMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS...40 5.5 DINÂMIA DAS ALTERAÇÕES DA RESISTÊNIA ANAERÓBIA...41 5.5.1 OMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS...43 5.6 DINÂMIA DAS ALTERAÇÕES DA RESISTÊNIA AERÓBIA...44 5.6.1 OMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS...46 6. ONLUSÕES...47 7. REFERÊNIAS...48

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Organograma da divisão em etapas e microetapas do treinamento.....18 Figura 2: Teste de 1 RM realizado no Leg Press...24 Figura 3: Teste de Salto vertical com contramovimento realizado na plataforma de salto no Laboratório de Biodinâmica da UNIVAP....25 Figura 4: Atleta executando corrida em velocidade máxima em 35 m. Local da realização dos testes de velocidade cíclica e resistência anaeróbia....26 Figura 5: As curvas força-tempo A e B, registrada por dinamometria isocinética. Em A, curva antes do treinamento; em B, curva com inclinação acentuada, representando maior manifestação de força nos momentos iniciais do movimento....27 Figura 6: Índice de Manifestação de Força (Força explosiva), avaliada no Dinamômetro Isocinético, do Laboratório de Biodinâmica da UNIVAP...28 Figura 7: omparação entre os grupos F e NF em relação às alterações de força máxima durante todo o período de treinamento. Os valores são individuais, e a média de cada grupo está representada pela linha preta em destaque....29 Figura 8: Nível de força avaliado pelo Isocinético nos primeiros 100ms na extensão do joelho no momento inicial () e no momento (A3). omparação entre grupo F e NF...33 Figura 9: omparação entre os grupos F e NF em relação as alterações do nível de força explosiva durante todo o período de treinamento. Os valores são individuais, e a média de cada grupo esta representada pela linha preta em destaque....35 Figura 10: omparação entre os Grupos F e NF em relação as alterações da velocidade de deslocamento cíclico durante todo o período de treinamento. Os valores são individuais e média de cada grupo está representada pela linha preta em destaque...38 Figura 11: omparação entre os grupos F e NF em relação às alterações da resistência anaeróbia durante todo o período de treinamento. Os valores são individuais e a média de cada grupo está representada pela linha preta em destaque...41 Figura 12: omparação entre os grupos F e NF das alterações da resistência aeróbia durante todo o período de treinamento. Os Valores são individuais e a média de cada grupo esta representada pela linha preta em destaque...44

LISTA DE TABELAS Tabela 1: aracterísticas dos esforços dentro do volume total de corridas durante uma partida em 3 jogadores....10 Tabela 2: corridas em diferentes intensidade verificadas durante um jogo...11 Tabela 3: Objetivos e Exemplos de exercícios desenvolvidos nas Etapas de treinamento do ciclo anual do Grupo F (Verkhoshansky,1995 adaptado para o presente estudo)...22 Tabela 4: Objetivos e Exemplos de exercícios desenvolvidos nas Etapas de treinamento do ciclo anual do Grupo NF. ( Matveev,1997 adaptado para o presente estudo)...22 Tabela 5: Média e desvio padrão das cargas máximas (kg) e significância estatística ANOVA, para as alterações no nível de força máxima nas etapas de treinamento...29 Tabela 6: Média e desvio padrão do torque (N/m) avaliado em 100ms e significância estatística ANOVA, para as alterações no nível do IMF dos atletas nas etapas de treinamento...33 Tabela 7: Média e desvio padrão do salto vertical (cm) - Força Explosiva e significância estatística ANOVA para as alterações no nível da altura vertical nas etapas de treinamento...35 Tabela 8: Média e desvio padrão da velocidade de deslocamento cíclico (seg.) e significância estatística ANOVA dentro das etapas de treinamento...38 Tabela 9: Média e desvio padrão da resistência anaeróbia (seg.) e significância estatística ANOVA dentro das etapas de treinamento...41 Tabela 10: Média e desvio padrão da resistência aeróbia (seg.) e significância estatística ANOVA dentro das etapas de treinamento...44

1 1. INTRODUÇÃO O treinamento desportivo representa um processo pedagogicamente organizado, cuja base é constituída pelos métodos de exercícios físicos (estímulos) que visam o aperfeiçoamento máximo de todas as potencialidades do organismo do desportista (ZAKHAROV,1992). Para otimizar o desempenho esportivo é necessário uma reorganização orgânica e funcional do indivíduo; a qual recebe o nome de adaptação (WEINEK,1991). O estímulo ou carga do treinamento gera perturbação da homeostase, e a conseqüente elevação do estado funcional (WEINEK,1999). Matveev (1997),ainda diz que, alterações biológicas de adaptações (funcionais e morfológicas) operam-se por influência do treinamento. O treinamento induz alterações fisiológicas em quase todos os sistemas do corpo, particularmente nos músculos esqueléticos e no sistema cardiorespiratório. Entende-se então que o treinamento físico causa alterações em nível tecidual, ou seja, alterações bioquímicas e estruturais no músculo e também causa mudanças sistêmicas, ou seja, as que afetam os sistemas circulatório e respiratório. (FOX,1991). Para melhorar as capacidades físicas de um atleta (força, velocidade e resistência), devem ser dados exercícios e tarefas (estímulos) que trabalhem com a musculatura específica (grupo muscular exigido no desporto). O maior desenvolvimento dessa musculatura, no que se refere a capacidade de executar contrações rápidas e fortes e tolerar fadiga, é o objetivo do treinamento físico. ( VERKHOSHANSKY, 2000). Dentro do processo de treinamento, o maior desafio é conseguir as adaptações orgânicas que possibilitem a melhor performance do atleta. Desta forma, a metodologia de treinamento a ser aplicada é responsável pelo resultado e o sucesso do atleta. Os meios e métodos aplicáveis dentro do treinamento determinam a eficácia do processo, sendo assim, podemos atingir ou não desenvolvimento otimizado do organismo dependendo da metodologia aplicada. Organizar um plano de treinamento requer então conhecimento das teorias do treinamento, assim como das características do desporto em questão.

2 O futebol atual, devido à característica do jogo, forma do campeonato, e calendário anual, exige estruturação do treinamento de forma otimizada e racional. A necessidade de se obter ganhos fisiológicos e de rendimento em pouco tempo, ou de manter a forma dentro das competições, reflete a busca por metodologias de treinamento mais adequadas. Dentre as formas de treinamento podemos citar a metodologia tradicional, que emprega o desenvolvimento simultâneo das capacidades físicas - cargas distribuídas; e não consideram as influências negativas que uma capacidade pode causar sobre a outra. (MATVEEV, 1997). E em contra partida a metodologia contemporânea, defendida por Verkhoshansky (1990), onde a força motora é pré requisito para desenvolvimento da coordenaçãocargas concentradas. O autor defende a idéia de que através do desenvolvimento individualizado da força motora, criam-se condições para aquisição de potência e velocidade no gesto motor. (VERKHOSHANSKY, 1990; VERKHOSHANSKY, 2000). O presente estudo propõem uma comparação entre metodologias de treinamento dentro do desporto futebol. Já que atualmente a forma tradicional é a que parece predominar neste desporto, um confronto com metodologia contemporânea parece relevante.

3 1.1 TREINAMENTO O treinamento desportivo é um processo complexo, visando obter efeitos sobre todas as características do atleta; é planificado, pois os objetivos, métodos, os processos e a organização são previamente estabelecidos; e é orientado, dado que todas as ações e procedimentos levam a um caminho direto para se atingir os objetivos conforme arl, (1989) (citado por WEINEK,1999). Para Matveev (1997) e Zakharov (1992), o treino é um processo especializado e orientado diretamente para obtenção de elevado desempenho desportivo. Os estímulos ou carga do treinamento geram perturbações da homeostase 1, e a conseqüente elevação do estado funcional: adaptação (WEINEK,1999). Matveev (1997) ainda diz que, alterações biológicas de adaptação (funcionais e morfológicas) ocorrem por influência do treinamento. Os possíveis tipos ou modelos de treinamento são desenvolvidos com o propósito de alcançar tais alterações orgânicas (FOX,1991). Estes modelos de treinamento tem como objetivo criar perturbações na homeostase de forma organizada. Os seguidos estímulos dos exercícios, acumulados, acabam gerando a adaptação fisiológica necessária. A programação, organização e controle do treino norteiam o modo como os estímulos serão aplicados no organismo, além de sua distribuição temporal (ao longo de todo o processo de treino) (GOMES, 2002; VERKHOSHANSKY, 2001; VERKHOSHANSKY, 1990). Desta forma, fica claro que o treinamento tem como objetivo principal, através dos estímulos dos exercícios, gerar adaptações biológicas no organismo, e assim aprimorar o desempenho em tarefas específicas (McARDLLE,1998). onhecer estes fatores tem grande relevância ao estabelecer um treinamento eficaz. Os princípios do treinamento esportivo servem para otimizar a escolha e execução de métodos pelos treinadores. 1 Entende-se por homeostase o estado de equilíbrio bioquímico dinâmico do meio interno do organismo (McARDLLE,1998; WEINEK,1999).

4 1.1.1 PRINÍPIOS DO TREINAMENTO FÍSIO O treinamento físico, ou preparação física, constitui parte do sistema de treinamento do atleta, cujo objetivo é o aprimoramento do desempenho desportivo. Isto é conseguido pela educação das capacidades físicas (ZAKHAROV,1992). apacidades físicas ou funcionais podem ser definidas como o conjunto de propriedades orgânicas que se revelam no processo da interação: organismo-exercício (ZAKHAROV,1992). Podemos citar como capacidades biomotoras ou principais requisitos motores: Força, Velocidade e Resistência (ZAKHAROV,1992; WEINEK,1991). O que deve ser entendido é que qualquer interação; tarefa motora ou exercício realizado, são resolvidos graças a essas propriedades do organismo, ou seja, as capacidades biomotoras (ZAKHAROV,1992). Sendo as capacidades biomotoras as propriedades psicomotoras que asseguram a efetividade útil da atividade muscular, é de extrema importância conhecer os mecanismos fisiológicos que as desenvolvam. ( GOMES, 2002). Sendo a musculatura específica alvo do treino físico, qualquer programa de condicionamento ou treinamento deve seguir estes princípios básicos: (1) reconhecer a principal fonte energética utilizada na realização da atividade do atleta treinado (princípio da especificidade); e (2) construir um programa com seus meios e métodos aplicáveis capaz de desenvolver essas fontes energéticas em particular mais do que qualquer outra (princípio da sobrecarga) (FOX,1989; WEINEK,1991) Dentro dessa visão, percebe-se que na montagem de um treinamento físico, a preocupação deve ser com os meios e métodos empregados, para se atingir desenvolvimento das fontes energéticas predominantes. É claro que aqui estamos dando ênfase na preparação física propriamente dita, não nos preocupando com a coordenação, a técnica e a tática; partes fundamentais de toda a metodologia do treinamento.

5 1.1.2 MEIOS E MÉTODOS DO TREINAMENTO FÍSIO Quando falamos de meios e métodos do treinamento estamos nos referindo aos exercícios e de que forma estes serão aplicados durante toda a programação. Esta forma de aplicação dos exercícios dentro de um modelo de treinamento pretende criar as já citadas perturbações na homeostase. Dentro do processo de treinamento o maior desafio será atingir a eficácia, integrando no treino os diferentes estímulos necessários para desenvolver as diferentes capacidades físicas. (GONZALEZ,2001). Os meios e métodos aplicáveis deverão de forma organizada e cronológica distribuir-se ao longo do processo de treinamento. (ZAKHAROV, 1992). Para cada capacidades biomotoras ( força, velocidade e resistência), existem diferentes estímulos de treino, ou seja, meios e métodos específicos de exercícios. (TOLEDO, 2000). 1.1.3 FONTES ENERGÉTIAS E TREINAMENTO FÍSIO omo citamos anteriormente, um dos princípios básicos do treinamento envolve descobrir a principal fonte de energia utilizada na atividade do atleta. Sendo assim, conhecer os sistemas de fornecimento energético do organismo é relevante. O fornecimento do ATP, ou sua ressíntese ocorre através de reações bioquímicas baseadas em três mecanismos energéticos: 1) Sistema anaeróbio alático, ou sistema do ATP-P, onde a fosfocreatina (P) é hidrolisada para formação de ATP. 2) Glicólise Anaeróbia, sistema anaeróbio láctico ou sistema do ácido láctico, onde há formação de ATP a partir da degradação parcial da glicose ou glicogênio. 3) Glicólise Aeróbia ou sistema aeróbio, formando o ATP com a degradação total dos carboidratos e das gorduras pelo processo oxidativo. (GASTIN, 2001;MARDLE, 1998; FOX,1991; PLATONOV, 1991; ZAKHAROV, 1992). Sabemos portanto que a fonte energética utilizada no desporto será o ATP; nos resta agora saber qual o(s) mecanismo(s) vai ser responsável pela

6 seu fornecimento ou ressíntese. Segundo McArdle(1998), as atividades físicas podem ser classificadas em função do sistema específico de transferência de energia que ativam predominantemente; isto quer dizer que conforme a intensidade e duração do gesto motor, serão exigidos sistemas energéticos diferentes, e classificados diferentemente. Reconhecendo quais são as fontes energéticas utilizadas em maior grau em uma atividade, poderemos prescrever os exercícios e sua forma de execução para desenvolver esse sistema energético em particular, mais do que qualquer outro (FOX,1991). 1.1.3.1 SISTEMA ANAERÓBIO ALÁTIO O Sistema Anaeróbio alático, ou do ATP-P possui a maior velocidade de liberação de energia, assegurando o trabalho muscular já nos primeiros segundos de atividade. Sem esse sistema, os movimentos rápidos, vigorosos e curtos não poderiam ser realizados, pois essas atividades exigem muito mais um fornecimento rápido do que uma grande quantidade de energia de ATP. Os motivos de ser essa via a mais rápida, é pelo fato de que não depende de uma longa série de reações químicas, não depende do transporte do oxigênio, e ATP e P estão armazenados no próprio músculo. Esse sistema assegura energia para trabalho potente até 10 segundos, e não mais do que 30 segundos, onde as reservas de P já se esgotaram (MARDLE,1998; ZAKHAROV, 1992; WEINEK,1991; PLATONOV, 1991). 1.1.3.2 SISTEMA ANAERÓBIO LÁTIO A Glicólise Anaeróbia, assim como o sistema anterior ressintetiza ATP sem a presença de oxigênio. A desintegração parcial do glicose gera o ácido láctico. A glicólise anaeróbia pode ser considerada mais complicada do que o sistema anaeróbio alático quimicamente falando, pois requer várias reações químicas para sua concretização. Na realização dos exercícios a glicólise anaeróbia é extremamente importante já que proporciona ATP de uma forma relativamente rápida. Esse sistema não é tão potente quanto o anterior, porém tem mais capacidade energética; isto é, assegura o trabalho muscular potente entre 1 e 3 minutos. Sua capacidade é limitada pela concentração de lactato no

7 sangue (fadiga muscular 2 ). (MARDLE,1998; WEINEK,1991; ZAKHAROV, 1992). 1.1.3.3 SISTEMA AERÓBIO A Glicólise Aeróbia ressintetiza ATP com a presença de oxigênio. A desintegração completa do carboidrato garante a essa via grande capacidade máxima, porém tem pouca potência na produção de ATP. Isso significa que tal via garante suporte energético por até 60 minutos ou mais para exercícios moderado, porém não garante energia de uma forma imediata (MARDLE,1998; WEINEK,1991; ZAKHAROV, 1992). Podemos perceber com as descrições acima que a intensidade do trabalho realizado, assim como a duração desse gesto motor influencia diretamente a via energética utilizada pelo organismo. 1.1.4 APAIDADES BIOMOTORAS Reconhecer as capacidades físicas e entender como desenvolve-las é de grande importância para alcançar bom desempenho esportivo. São elas: 1.1.4.1 FORÇA Em todas as atividades esportivas a melhora da força constitui um fator importante, e de certa forma determinante. Se desenvolvida de maneira correta não será prejudicial ao esportista. A força no âmbito esportivo, é entendida como a capacidade do músculo de produzir tensão ao ativar-se ou contrair-se (GONZALEZ,2001). Os fatores básicos que a determinam são de caráter morfológico e fisiológico, isto é, a força é determinada pela própria estrutura muscular (tipo de fibras, reservas energéticas ), e pela ativação nervosa imposta ( recrutamento e freqüência de ativação nervosa), além de fatores hormonais. ² Fadiga muscular é o estado de desconforto e de menor eficiência que resulta de um esforço prolongado e excessivo. (Fox, 1989)

8 A força pode ser dividida em: Força Máxima, Força Explosiva e Resistência de Força (GONZALEZ,2001; WEINEK,1999). O conhecimento desses tipos de força é de grande importância para a montagem de um programa de treinamento. Força Máxima É a força máxima que o sistema nervo-músculo pode realizar dentro de uma seqüência de movimento, com uma contração (WEINEK,1991). Se analisarmos essa definição com o que foi citado anteriormente, percebemos que a força máxima é expressada com ativação de quase, senão todas, as unidades motoras( FLEK,1999; GONZALEZ,2001). Força Explosiva A Força Explosiva compreende a capacidade do sistema neuromuscular que desenvolve alta velocidade de ação, ou de conseguir manifestar níveis consideráveis de força em condições limitadas de tempo (VERKHOSHANSKY,1995; GONZALEZ,2001; ZATSIORSKY,1999). A força explosiva baseia-se na capacidade de desenvolver uma grande força pelo recrutamento instantâneo de maior número de unidades motoras (GONZALEZ,2001). Resistência de Força Representa a capacidade de resistência à fadiga da musculatura em desenvolvimento prolongado de força (WEINEK,1999). Verkhoshansky (1990) descreve que a resistência local manifesta-se na capacidade de expressar, a longo prazo, o componente de força do exercício. 1.1.4.2 RESISTÊNIA Podemos compreender resistência como a capacidade do esportista resistir à fadiga; ou realizar trabalho muscular durante um tempo prolongado mantendo parâmetros do movimento Podemos dividir o treinamento de resistência, quanto a sua mobilização energética, em resistência aeróbia e anaeróbia. (WEINEK,1991;ZAKHAROV,1992; VERKHOSHANSKY,2001). Resistência Aeróbia É a capacidade de resistir a esforços aeróbios, ou seja, manter/sustentar condições de trabalho muscular de exercícios que utilizam a via da glicólise aeróbia. A resistência aeróbia depende

9 principalmente da capacidade dos sistemas cardiovascular, respiratórios e metabólico conforme HOLLMANN (1980) (citado por WEINEK,1991). Resistência Anaeróbia É a capacidade de resistir à estímulos de alta intensidade e curta duração. Depende do sistema anaeróbio (alático e láctico) como via de obtenção de energia (MARDLE,1998; FOX,1991; PLATONOV,1991). 1.1.4.3 VELOIDADE Velocidade é a capacidade de completar a ação motora, sob determinadas condições, em curto espaço de tempo (ZAKHAROV,1992; WEINEK,1991). Segundo este último autor, podemos dividir a velocidade em: velocidades de reação, cíclica e acíclica. Para o presente estudo somente a velocidade cíclica será abordada. Velocidade íclica Velocidade de Deslocamento Progressivo onsiste na realização de ações motoras seqüenciais ritmicamente repetidas (WEINEK,1991). A velocidade depende da força da musculatura, tipo de fibra envolvida, impulsos por parte do SN, das reservas energéticas e sua mobilização e coordenação (WEINEK,1999; VERKHOSHANSKY,2001). Uma melhora na força, no que refere aos ganhos citados acima, vem sempre acompanhada de um aumento da velocidade de movimento segundo Buehrle-Schmidtbleicher,1981 (citado por WEINEK, 1991). Um impulso de força tem grande influência sobre a amplitude dos passos, ou sobre sua freqüência; isso quer dizer que, o impulso de força é determinante na velocidade da corrida (GONZALEZ,2001). Quando se trata de velocidade, tais ações são sustentadas pelas vias anaeróbias aláticas ou lácticas dependendo da intensidade e tempo de esforço. 1.2 TREINAMENTO NO FUTEBOL Baseado nos dados descritos, o importante, durante a realização do treinamento, é identificar as variáveis metabólicas e motoras que intervêm predominantemente no rendimento de um atleta, e buscar no treinamento os

10 meios e métodos aplicáveis para melhora do desempenho (TOLEDO,2000). Parece necessário descobrir quais são as principais ações no futebol, sua intensidade e freqüência, grupos musculares envolvidos e, desta forma, tentar determinar os sistemas metabólicos de produção de energia. A organização do treinamento no futebol se faz extremamente necessária pelo fato deste ser considerado um desporto complexo. Essa complexidade está diretamente ligada as características do jogo, que apresenta atividades diversificadas ( corridas curtas para frente, trás e para os lados, além dos saltos e dribles) e não uniformes (corridas aceleradas, lentas explosivas) (TOLEDO,2000). 1.2.1 QUANTIFIAÇÃO DO TRABALHO FÍSIO NO FUTEBOL Para que façamos a estruturação do treinamento, devemos conhecer as particularidades das ações físicas no futebol, tais como: distância total percorrida pelos atletas, distâncias percorridas com diferentes intensidades, formas de deslocamentos e gestos particulares do jogo (TOLEDO,2000). onhecendo as características motoras do desporto talvez possamos destacar o metabolismo exigido, assim como as respostas fisiológicas correspondentes. A freqüência cardíaca, o consumo de O2, a pressão arterial e o lactato são variáveis fisiológicas que nos trazem parâmetros variados em função do jogador analisado, da posição do mesmo, do jogo em questão e de condições climáticas (TOLEDO, 2000; AMORIN, 1998). Dentro do volume total do jogo, alguns autores analisaram as formas de deslocamento em diferentes intensidades. Fernandes (1994) citados por Toledo(2000), propõe os seguintes valores: Tabela 1: aracterísticas dos esforços dentro do volume total de corridas durante uma partida em 3 jogadores. (Fernandes, 1994) aracterísticas dos Esforços orrida Lenta Velocidade Sprint orrida para Trás Submáxima 2095m 1588m 789m 498m 4040m 2159m 1063m 498m 2769m 1752m 1068m 498m

11 Godik, 1996( citado por Toledo (2000), mostra os seguintes valores: Tabela 2: corridas em diferentes intensidades verificadas durante um jogo. (Godik, 1996) aracterísticas dos Esforços orrida Lenta Velocidade Sprint Submáxima Jogador 1 2000m 800m 600m Jogador 2 2100m 1000m 800m Jogador 3 1900m 900m 700m Jogador 4 2300m 700m 200m Bosco,1990 descreve em seu trabalho que do volume total percorrido durante a partida, 15% a 39% é desenvolvido em velocidades máximas. Segundo Fernandes,1994 (citado por TOLEDO,2000), os deslocamentos em intensidade máxima ocorrem em distâncias que variam de 3 a 30 metros em sua maioria, predominando distâncias entre 10 e 15 metros. Amorim (1998), mostra que a deslocamento das corridas rápidas concentram-se entre 3 e 20 metros; e que distâncias maiores que 40 metros poucas vezes são realizadas. Podemos antecipadamente analisar os dados acima e perceber que existe grande participação das corridas de alta velocidade no futebol, as quais são realizadas em metragens curtas. As corridas lentas são realizadas em ações não decisivas, geralmente sem a posse da bola ou em momentos de recuperação. Assim, como na maioria das modalidades esportivas, as ações rápidas são as que determinam o jogo. Quantificar os esforços no futebol é importante para que se possa dar ao treinamento físico um caráter mais específico de trabalho. A especificidade é alcançada analisando-se também os fatores metabólicos desses esforços. 1.2.2 METABOLISMO ENERGÉTIO NO FUTEBOL Para Ananias,1998 (citado por TOLEDO,2000) as ações motoras no futebol tem um predomínio aeróbio, devido a distância total percorrida ao final da partida.

12 Porém, não podemos esquecer que o envolvimento de corridas em velocidade máxima e submáxima é também expressivo. As ações determinantes que predominam nos momentos de maior importância durante o jogo são as de velocidade máxima, que exigem o metabolismo alático e lático. Tradicionalmente os preparadores físicos dão prioridade para o desenvolvimento das capacidades aeróbicas do atleta. O que parece acontecer é que alguns preparadores consideram que estas capacidades respiratórias possam assegurar a força explosiva, resistência de força e velocidade. Devido a complexidade das ações motoras do futebol, sua capacidade não se limita à resistência aeróbica; e segundo Bosco(1990) e Amorin(1998), os esforços decisivos realizados pelos atletas de futebol durante a partida caracterizam-se como anaeróbico alático com pequena participação do metabolismo anaeróbio láctico. Entende-se desta forma que os arranques ofensivos e defensivos (corridas de 5-25m) apresentam característica de utilização do metabolismo anaeróbio. ( GASTIN, 2001; TOLEDO, 2000) Parece que o metabolismo anaeróbico proporciona energia para ações motoras decisivas e determinantes, e o sistema aeróbico passa a ter um importante significado no que se refere ao processo de recuperação ativa entre as ações intensas do desporto futebol (FOX,1991; MARDLE,1998; TOLEDO,2000). A via do metabolismo aeróbio é requerida nos momentos de recuperação, passando a ter importância nos intervalos de descanso entre os esforços curtos e intensos. (TOLEDO, 2000; VERKHOSHANSKY, 2000). Segundo Verkhoskansky(1990), aumentar a resistência depende não só do aumento do aumento do oxigênio no sangue, mas também da melhora no transporte e aumento da capacidade do músculo em utilizar melhor o oxigênio (dif.a-v02.). Pode-se dizer que a condição interna do músculo (capacidade contrátil e oxidativa, além do conteúdo das reservas energéticas), submetido a treinamento intenso, é quem determina o nível de resistência, e não somente a capacidade respiratória. Portanto, o desenvolvimento da resistência depende não só do aperfeiçoamento da capacidade respiratória, mas também da especialização funcional do sistema muscular. Entenda especialização como

13 tornar o músculo com maior capacidade de suportar a fadiga em trabalhos intensos e/ou prolongados ( aumentar suas reservas energéticas, capacidade contrátil e condução nervosa). ( VERKHOSHANSKY, 2001; McARDLE, 1998). Esta melhora do sistema muscular depende exclusivamente do tipo de treinamento empregado. O jogo de futebol apresenta gestos motores que causam sobrecarga no sistema músculo-esquelético; e desta forma, exige preparação do atleta futebolista para aquisição de capacidades biomotoras que preparem o músculo ou grupo muscular para reagir em alta velocidade, resistir a estímulos repetitivos e suportar grandes cargas. omo descrito anteriormente, as capacidades biomotoras que satisfazem esta necessidade muscular são a força ( explosiva, máxima) e resistência (anaeróbia e aeróbia). Dentro dessa idéia, deve ser criado um programa que desenvolva a capacidade muscular, no que se refere a especialização morfo-funcional, e neuromuscular. Esta especialização objetivará melhorar os processos contráteis da fibra muscular pela hipertrofia sarcoplasmática e miofibrilar, além de aumento do número de mitocôndrias, das reservas de glicogênio e mioglobina. Ainda há o desenvolvimento dos processos neurais, que são o desenvolvimento na capacidade de recrutar mais unidades motoras e aumentar sua frequencia de ativação. (VERKHOSHANSKY, 2000; VERKHOSHANSKY, 1995; McARDLE, 1998; SALE, 1988; HAKKINEN, 1986). Essa adaptação neuromuscular é responsável pelo desenvolvimento da força, resistência e aumento da eficiência dos gestos motores (MARDLE,1998; FOX,1991; WEINEK,1991). Os sistemas de treinamento que podem desenvolver esta especialização morfofuncional serão ferramentas deste presente estudo e estarão descritos à seguir. 1.3 MODELOS DE TREINAMENTO om o passar dos anos a periodização do treinamento desportivo modificou-se freqüentemente. Um modelo de treinamento nada mais é do que um esquema teórico do sistema que se elabora como objetivo de facilitar sua organização. ( GOMES, 2002)

14 O que observa-se nos diferentes modelos apresentados na literatura é que alguns já não são suficientes para dar suporte aos requisitos do calendário desportivo atual. ( GOMES, 2002; TOLEDO, 2000). Dentre os mais conhecidos e utilizados modelos de treinamento no mundo desportivo temos: MODELOS TRADIIONAIS; onde as idéias principais são: Predomínio do trabalho de preparação geral do atleta (enfase nos exercícios que geram a base, ou condições fisiológicas básicas necessárias para os treinos futuros) (MATVEEV,1997). Desenvolvimento simultâneo de diferentes capacidades (biomotoras) em um mesmo período de tempo ( ou seja, o organismo do atleta é submetido a diferentes estímulos metabólicos, devendo se adaptar a cada um deles dentro do processo de treino) (MATVEEV,1997). Pouca importância ao trabalho específico ( não havia preocupação em destacar os exercícios com características competitivas) ( VERKHOSHANSKY, 1990). (GOMES, 2002). MODELOS ONTEMPORÂNEOS; caracterizado por: oncentração das cargas de treinamento da mesma orientação em períodos de curta duração com distribuição destas de forma organizada. ( o organismo do atleta era estimulado com os exercícios a se adaptar em uma única orientação fisiológica, isto é, as adaptações orgânicas, que eram objetivo do treinamento, eram resultados específicos de estímulos orientados. Não havia conflito entre diferentes estímulos, para diferentes adaptações fisiológicas). (OLIVEIRA, 1998; TOLEDO, 2000) Ênfase no trabalho específico de treinamento (diferentemente dos conceitos tradicionais, neste modelo a preocupação era com os exercícios semelhantes aos da competição exercícios de grande mobilização dos recursos maximizados do organismo). (OLIVEIRA, 1998). (GOMES, 2002).

15 O que observamos é a diferença extrema entre modelos de treinamento que procuram da mesma forma alcançar as capacidades ótimas do desportista; desenvolver fisiológicamente todo seu potencial orgânico para realização do gesto esportivo. O que na verdade se busca com o treinamento desportivo é o melhor desempenho do atleta, que somente é atingido por desenvolvimento particularizado de suas funções orgânicas associadas ao desporto. (ZAKHAROV, 1992).

16 1.4 JUSTIFIATIVA Por ser o futebol um desporto complexo, devido à habilidade técnica e preparação física, e pelo fato que muito do que conhecemos no futebol modificou-se com o passar dos anos, em relação as características do jogo, forma do campeonato, calendário anual, além das influências da organização empresarial, torna-se relevante um estudo que reavalie o método tradicional. riar um treinamento mais específico para adaptações morfo-funcionais (neuromusculares), objetivando alcançar o aperfeiçoamento do metabolismo específico, e dessa forma obter possível ganho em velocidade e coordenação parece adequado para o desporto futebol. Dessa forma, este trabalho sugere dentro do planejamento do treino, uma periodização do mesmo em blocos, segundo a proposta de Verkhoshansky.

17 2. OBJETIVO GERAL Organizar a periodização de um treinamento para jogadores de futebol, através de preparação física especial. 2.1 OBJETIVOS ESPEÍFIOS - ontrolar as diferentes capacidades Biomotoras adquiridas ( Força Máxima, Força Explosiva, Resistência Aeróbia e Anaeróbia e Velocidade íclica), observando a dinâmica da alteração de diferentes indicadores externos do processo de treinamento. - omparar a metodologia das cargas concentradas e distribuídas e sua influência na dinâmica de alterações de diferentes indicadores externos. 3. HIPÓTESES DE TRABALHO 3.1 HIPÓTESE NULA Os níveis de capacidade biomotora selecionadas não apresentam significativa alteração nas diferentes etapas do modelo proposto. 3.2 HIPÓTESE EXPERIMENTAL Os níveis de capacidade biomotora selecionadas apresentam alterações significativas nas diferentes etapas do modelo proposto.

18 4. METODOLOGIA 4.1 GRUPO DE ESTUDO Participaram da pesquisa 24 jogadores de futebol do sexo masculino, com idade de 18,5 ± 0,8 anos. Os atletas fazem parte da equipe de Juniores do São José Esporte lube (SJE), participante do ampeonato Paulista de Futebol. Os atletas foram divididos em dois grupos de 12 jogadores, sendo aplicado para cada grupo uma metodologia de treinamento diferente. O jogadores que treinaram seguindo a metodologia proposta por Verkhoshanshy formaram o Grupo F; já os atletas que seguiram a metodologia tradicional foram chamados de Grupo NF. 4.2 MODELO EXPERIMENTAL : GRUPO F Este modelo experimental, com característica longitudinal, estabelecido de acordo com o conceito de modelação de atividade desportivas formulada por Verkhoshansky (1990) e adaptado por Oliveira (1998). Tal estruturação apresenta algumas adaptações peculiares, mas foi elaborada a partir das informações coletadas na literatura desportiva, e foi baseada na proposta de outro trabalho que já fez uso desta concepção (Toledo,2000). O macrociclo que teve 31 semanas de duração foi dividido em três etapas (A, B, ). TREINAMENTO ETAPA A ETAPA B ETAPA MIROETAPA PREPARATÓRIA MIROETAPA MIROETAPA A2 MIROETAPA A3 MIROETAPA B MIROETAPA 1 MIROETAPA 2 3 SEMANAS 2 SEMANAS 2 SEMANAS 2 SEMANAS 6 SEMANAS 10 SEMANAS 6 SEMANAS Figura 1: Organograma da divisão em etapas e microetapas do treinamento. ( o ciclo de treinamento. ) testes realizados durante

19 O treinamento foi dividido em 3 etapas, para que pudéssemos estruturar nestas divisões a metodologia proposta. Dentro do que esta sendo sugerido como modelo de treinamento, as três etapas ou blocos se dividem em: Bloco A - etapa inicial com características de desenvolvimento neuromuscular e colocando a força motora como condição prévia para um alto nível de desenvolvimento de outras capacidades, Bloco B etapa onde se objetiva o desenvolvimento do metabolismo específico da modalidade, Bloco etapa competitiva onde a meta é a melhora do gesto esportivo e velocidade. 4.2.1 BLOO A BLOO DE FORÇA A etapa A se caracterizou pela aplicação de cargas concentradas de força que se apresentam como exercícios preparatórios especiais de volume crescente de carga. Esse bloco visa desenvolver a estrutura morfológica e neural do sistema muscular dos atletas para suporte das etapas posteriores. O Bloco A foi dividido em 3 etapas (, A2 e A3), e foi precedido de uma etapa preparatória. A Etapa preparatória constituiu-se do aprendizado dos exercícios e dos testes de controle e desta forma serviu como preparação para as demais etapas. A Etapa foi caracterizada por exercícios preparatórios especiais, ou seja, adequar e criar adaptações no aparelho de sustentação dos atletas exercícios de força e saltos generalizados. Na Etapa A2 predominou o maior volume dos exercícios de força e a inclusão do treinamento complexo exercícios de força de alta intensidade seguido de exercícios em condições facilitadas ou normais. A Etapa A3 se apresentou com o inicio dos trabalhos de esforços explosivos balísticos (saltos pliométricos) e estimulação neuromuscular de menor volume e alta intensidade. As etapas, A2, e A3 seguiram o principio da sucessão e interconexão proposto por Verkhoshansky (1990); ou seja, ordem crescente de intensidade das cargas.

20 4.2.2 BLOO B BLOO DO METABOLISMO ESPEÍFIO No presente estudo, o bloco B teve como prioridade a execução de atividades que objetivem o aprimoramento do metabolismo energético anaeróbico alático e láctico (metabolismo específico), das velocidades das ações motoras e da técnica individual e coletiva. omo já descrito anteriormente, metabolismo anaeróbio está presente nas atividades de curta duração e de alta potência (velocidade e força). onsiderando a característica dos principais gestos motores do desporto, como as corridas rápidas, rápidas e de curta duração; os meios utilizados nesse bloco para desenvolver o metabolismo específico envolvem ações motoras características do futebol realizados em grande velocidade (corridas curtas, em diferentes direções com e sem bola). Exercícios de velocidade e resistência de velocidade são aplicados simulando as ações peculiares do jogo com intervalos variados de descanso. O treino intervalado mobiliza o metabolismo anaeróbio alático e láctico (ROBERTS,1982; GAITANOS,1993). Através do método intervalado mobilizar-se a via do ATP-P, bem como a glicólise anaeróbia dependendo da intensidade e duração do estímulo. Não podemos desconsiderar que neste tipo de treino as adaptações aeróbias aparecem quando no descanso de uma atividade anaeróbia. (OLIVEIRA, 1998). 4.2.3 BLOO OMPETITIVO O Bloco, visou o aprimoramento técnico/tático do atleta em situações próximas de jogo, além do aproveitamento das influências positivas das capacidades adquiridas nas etapas A e B. O bloco foi dividido em etapas 1 e 2, que representam os jogos iniciais e as oitavas de final respectivamente. Para manter os níveis adquiridos nas etapas anteriores, (força explosiva, velocidade e resistência anaeróbia) foram dados semanalmente aos atletas estímulos de força e estímulos metabólicos, porém, com um volume menor do que o aplicado nos blocos anteriores. Tais estímulos são os mesmos exercícios aplicados dos blocos anteriores como forma de manutenção dos índices. No Bloco, o objetivo foi aprimorar a forma ou estado de prontidão para os jogos competitivos. Exercícios técnicos e táticos foram exigidos em

21 grande volume; considerando que o aprimoramento físico é uma meta que deve ser buscada dentro de toda a etapa, acredita-se que os jogos constituem no melhor estímulo de treinamento para aperfeiçoar o mais alto nível. As competições são uma forma de consolidar e aperfeiçoar o desempenho adquirido pelo treinamento segundo Hotz,1994 (citado por WEINEK,1999). 4.3 MODELO EXPERIMENTAL : GRUPO NF O modelo experimental com característica longitudinal representou o treinamento tradicional. Esta estrutura tradicional previu um trabalho de preparação generalizada (desenvolvimento simultâneo das capacidades coordenativas biomotoras), com cargas de trabalho distribuídas ao longo do processo e pouca ênfase ao trabalho específico. O macrociclo de 31 semanas dividiu-se em Período Preparatório Geral, Período Preparatório Especial e Período ompetitivo. Os exercícios de preparação geral com objetivos de ganho de resistência aeróbia dominaram a primeira etapa. Nenhum trabalho com pesos foi utilizado neste período. As ações técnico/táticas foram crescentes no decorrer da etapa. No período Preparatório Especial predominou exercícios de corridas rápidas, no entanto, alternando-se com corridas de longa duração, exercícios técnicos e táticos, e jogos coletivos; os exercícios com pesos foram feitos esporadicamente com mínimo volume. Na etapa competitiva predominaram os jogos, treinos com bola e corridas longas. 4.4 PADRÃO DE TREINAMENTO Os grupos F e NF treinaram separadamente as capacidades coordenativas biomotoras, assim como a parte física. Ambos os grupos se uniam para treinos coletivos, ou jogos amistosos. O calendário de treinamento semanal era o mesmo para as duas equipes (5-6 vezes/ semana).

22 Tabela 3: Objetivos e exemplos de exercícios desenvolvidos nas Etapas de treinamento do ciclo anual do Grupo F (Verkhoshansky,1995 adaptado para o presente estudo). ETAPAS OBJETIVOS EXERÍIOS DESENVOLVIDOS A2 A3 B Melhorar a capacidade contrátil das fibras lentas (tipoi) e rápidas (tipoii). Preparar o aparelho de locomoção (muscular e ligamentar) para posterior trabalho de alta intensidade. Aperfeiçoamento simultâneo da capacidade oxidativa das fibras TipoI e Tipo IIa e da capacidade contrátil das fibras TipoII. Importância para o desenvolvimento da capacidade oxidativa das fibras TipoII. Trabalhos de estimulação neuromuscular reativos, mais potentes do que na etapa anterior. Atenção especial ao desenvolvimento da potência anaeróbia. Manutenção dos níveis de força adquiridos. Desenvolvimento da força explosiva, resistência de força e resistência de velocidade. Aperfeiçoamento técnico e tático e ações específicas dos jogo. Exercícios preparatórios gerais: extensora, supino, puxador, flexora, desenvolvimento, panturrilha e outros. Exercícios com carga para desenvolver força máxima, principalmente mmii. Exercícios de saltos generalizados com intensidade moderada. Exercícios de saltos com carga, pequena participação de saltos em profundidade. Exercícios de força para membros inferiores ( leg press, flexora, panturrilha), e RML (resistência muscular localizada). Ex: 3x3 90% / 3x30 50%. Exercícios de corrida com sobrecarga (corrida dificultada). Exercícios de corrida com carga com maior intensidade. Exercícios de velocidade e resistência de velocidade. Ex: corrida de 15m/50m. Exercícios de força máxima e saltos em profundidade no regime reversivo. Exercícios de velocidade e resistência de velocidade. Exercícios de força máxima (mmii) e saltos em profundidade para manutenção da força máxima e explosiva. Exercícios de jogo: corrida e chute, drible, saltos, acelerações e desacelerações. Manutenção dos níveis de força. Elevação da velocidade ds exercício competitivo. Jogos amistosos e competitivos ompetição Exercícios de força máxima e saltos em profundidade(menor volume semanal). Exercícios de estimulação da velocidade ( tiros curtos e intensos). Trabalhos com bola e exercícios técnicos. Jogos. Tabela 4: Objetivos e exemplos de exercícios desenvolvidos nas Etapas de treinamento do ciclo anual do Grupo NF. ( Matveev,1997 adaptado para o presente estudo). ETAPAS OBJETIVOS EXERÍIOS DESENVOLVIDOS PREPARAÇÃO GERAL PREPARAÇÃO ESPEIAL OMPETITIVO Elevar as capacidades funcionais pelo desenvolvimento múltiplo das capacidades físicas. Assimilação e ampliação dos conhecimentos técnicos e táticos. Predomínio do aumento do volume de trabalho. Desenvolvimento as capacidades físicas especificas do desporto. Técnica e tática mais estáveis. Predomínio da intensidade de trabalho. Obtenção e manutenção do nível máximo alcançado. Aperfeiçoamento das habilidades. Exercícios de corrida de longas distâncias, onde alternava-se os volumes e intensidades. 2400m/ 6000m Exercícios técnicos e táticos com bola. Exercícios de corrida tracionada (eventual) orridas rápidas e curtas. 20m/50m/100m orridas longas como na etapa anterior. Exercícios com bola mais específicos e jogos amistosos e coletivos. Jogos, coletivos, treinos táticos. orridas de curta e longa duração.