O ENSINO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: AINDA SEGUIMOS UMA VISÃO LINEAR? RESUMO



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Transcrição:

1978 O ENSINO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: AINDA SEGUIMOS UMA VISÃO LINEAR? Ricardo Gancz Universidade Federal do Rio de Janeiro RESUMO Como Peter Burke mostra em seu livro A Escrita da História, existe um profundo descontentamento perante a história tradicional, descontentamento este, que culmina no movimento denominado Nova História que irá propor um rompimento com a visão estritamente política da história rankeana. A corrente de teóricos que urgem trabalhar com esse novo paradigma é cada vez maior. Dentro do desenvolvimento da Educação Física no Brasil, temos a visão tradicional que diz que a mesma é dividida da seguinte forma: (Sá da Silva, Mazzei & Teixeira, Ghiraldelli Júnior, Gebara et alii entre outros). Educação Física Higienista (1889-1930); Educação Física Militarista (1930-1945); Educação Física Pedagogicista (1945-1964); Educação Física Competitivista (1964-1985) e Educação Física Popular (1985-).Os objetivos propostos serão analisados observando o ensino do desenvolvimento da educação física no Brasil desde início da Republica (1889) até os dias atuais dentro da disciplina História da Educação Física. Sendo assim, o presente trabalho propõe investigar se a disciplina História da Educação Física nos cursos de Licenciatura em Educação Física, especialmente no que tange ao desenvolvimento da Educação Física no Brasil, ainda são focadas de acordo com a visão rankeana da historiografia. Concerne, também, ao estudo os possíveis motivos que levam a conduta atual. Para a análise proposta, serão utilizadas diversos tipos de fontes primárias como: documentos e contato direto entrevistas e questionários com docentes e discentes. Os diferentes tipos de fonte serão os seguintes: a) Análise de material de aula, como, anotações, apostilas e gravações referentes à disciplina ministrada nas universidades do Rio de Janeiro; b) Análise de livros publicados; c) Análise de editais dos últimos concursos públicos; d) Entrevistas com todos os docentes relacionados à disciplina de uma das universidades do Rio de Janeiro e, com alguns, de outras universidades; d) Entrevistas com discentes das universidades do Rio de Janeiro; e) Questionário realizado com discentes das universidades do Rio de Janeiro; f) Entrevistas com professores de Educação Física com matrículas ativas. Para obter-se uma maior fidedignidade, será feita uma triangulação de técnicas: Uma análise de acordo com a proposta de Peter Burke dentro da Nova História, que norteia nosso trabalho e indica possibilidades como a utilização de micro-narrativas; Uma abordagem sociológica vista sob a metodologia da decadialética do filosofo brasileiro, descendente de português, Mario Ferreira dos Santos. Esta abordagem foi eleita, tanto pelo seu caráter apodíctico de validade, como pela necessidade de reavivar este esquecido autor que faz uma ponte Brasil-Portugal; Um tratamento estatístico dos questionários. Acreditamos que, quando possível, esta técnica de validação permite uma visão mais densa do problema. Após a análise combinada das fontes, cuidadosamente feita pelos 3 métodos expostos, chegamos aos seguintes resultados: 1) A visão rankeana, da história tradicional ainda é a visão observada nos cursos de Licenciatura em Educação Física no tocante ao desenvolvimento histórico da Educação Física no Brasil; 2) Alguns docentes percebem o paradigma tradicional, porém, sugerem que, no momento, essa mudança de paradigma ainda irá demorar alguns anos para acontecer; 3) Outros docentes declaram que os alunos já possuem enraizadas a noção de linearidade, sendo demasiadamente complexa esta mudança, juntamente com o agravante de que em concursos a visão rankeana seria a utilizada; 4) Os livros relacionados sobre o assunto ainda possuem a visão tradicional ; 5) O edital dos últimos concursos têm por referencia os livros dentro da visão rankeana; 6) Praticamente todos os discentes têm introjetada uma visão linear da história, chegando, inclusive, a não conceber proposta diferente; 7) Uma quantidade considerável dos professores com matrículas ativas não relacionavam o desenvolvimento da educação física com

1979 seus próprios atos; 8) O tratamento estatístico dos questionários aplicados aos discentes corroboram com os achados; 9) Os resultados achados podem trazer questionamentos importantes sobre a forma do ensino do desenvolvimento da educação física, sobretudo, no que concerne elucidar os futuros professores sobre seu papel e função. Introdução TRABALHO COMPLETO Em seu livro A Escrita da História, Peter Burke (2001) mostra que o movimento que é associado à Escola de Annales, o surgimento da Nova História, muda o paradigma tradicional da historiografia, trazendo novas contribuições, como por exemplo: a análise das estruturas e dos movimentos sociais em oposição da narração dos grandes fatos na visão tradicional, a utilização das micronarrativas e de análises documentais das mais plurais e heterogêneas, em oposição aos documentos oficiais e dos vencedores, a utilização de uma perspectiva temporal não linear, em detrimento da tradicional visão linear de tempo. Tais contribuições servem para colocar a historiografia em um patamar mais elevado. Porém, ainda que em franca oposição metodológica, trabalhamos sem esquecer nem anular a essência das contribuições de Leopold von Ranke, que podem ser resumidas da seguinte forma: A função da história é contar as coisas como efetivamente se passaram quer essa reconstituição possa levar a uma interpretação, a uma compreensão de conjunto, quer, ao contrário, a narrativa dos fatos, justamente por ser exata, só leve a problemas e contradições. (CARVALHO, 2002, p. 12-13). Assim, o movimento da Nova História tem obtido avanços qualitativos, não só dentro da perspectiva historiográfica, bem como na evolução do próprio conhecimento. Certamente essa revolução causada pela Nova História ainda está em curso e, continuamente, podemos verificar seus reflexos nas mais distintas visões da história. Dentre os reflexos ocorridos nos diferentes campos, um que merece uma abordagem especial é o da educação física. Neste curso, durante muito tempo, prevaleceu seu caráter prático, tendendo a afastar-se de problemáticas mais teóricas. Nas últimas décadas, este processo começou a ser mudado, ainda que, nos dias de hoje, esteja engatinhando quando confrontado com cursos de maior tradição. Temos sempre que lembrar que para qualquer área do conhecimento que se estude, a história possui importância ímpar por inúmeras razões. A idéia mais comum é aquela de lembrar do passado, de preservar, como uma espécie de museu que, em geral, é abandonado, só lembrado como mero acidente temporal. Somos obrigados a dizer que a importância da história está muito além desse mero colecionismo. Através da história podemos ter contato com mentes, pensamentos, ações que muitas vezes nos passam pela cabeça; podemos reviver o tempo através de um mergulho dedicado dos acontecimentos, ações e pensamentos e, principalmente, podemos utilizar esses mesmos dados para nos julgar, para fazer com que compreendamos nossas próprias ações e pensamentos.

1980 Essa via de mão dupla, já ensaiada desde Aristóteles (1952) ao propor que não somente é necessário chegar até o plano das idéias, mas, retornar ao sensível, é de expressiva utilidade para todo estudioso de qualquer área do conhecimento. Sendo assim, é muito importante que o ensino da história possa ser feito de forma a contribuir com a maior quantidade de ferramentas possíveis para o estudante. Então, quando pensamos dentro do âmbito da educação física, inevitavelmente surge uma questão: Como vem sendo trabalhado o ensino da história da educação física? Delimitações e perspectivas iniciais de investigação Para ser possível senão responder em sua totalidade, ao menos, colocar uma luz neste problema, fomos compelidos a fazer uma série de investigações. Devemos, antes de tudo, dizer que as fazemos dentro da perspectiva de uma sociologia relacional tal como propõe Bourdieu (2005), sendo norteado pelo método da suspicácia do filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos. Tal importância desse método, em suas próprias palavras: [...] é uma actualização da suspeita, da desconfiança, a acentuação, em suma, de um estado de alerta no estudo, que só pode trazer bons frutos ao estudioso. Em face das heterogeneidades das idéias, das estéreis, ou não, disputas de escolas, da diversidade de perspectivas, que podemos observar em toda a literatura filosófica, com a multiplicidade de vectores tomados, impõe-se ao estudioso a máxima segurança e o máximo cuidado para não deixarse arrastar, empolgado pela sugestão e até pela sedução das idéias expostas, que o leve, naturalmente, a cair em novas unilateralidades ou aprendê-lo nas teias de uma posição parcial, que não permitiria surgir aquela visão global e includente que temos proposto em todos os nossos livros. (FERREIRA DOS SANTOS, 1956, p.17) Conjugando essa perspectiva com a sempre prudente visão bachelardiana que de fato, a objetividade científica só é possível se inicialmente rompermos com o objeto imediato, se recusarmos a sedução da primeira escolha, se determos e refutamos os pensamentos que nascem da primeira observação (BACHELARD, 1999, p.1), foi necessário uma triangulação de métodos para satisfazer o problema bem como igualmente necessário, utilizar-se de diferentes fontes de pesquisa para buscar o entendimento do problema em sua complexidade. Sendo assim, além da perspectiva de uma sociologia relacional, nos valemos da visão historiográfica de Peter Burke, bem como da decadialéctica e da pentadialéctica do Mário Ferreira dos Santos (1959), instrumentos que possibilitam investigações lógicas que satisfazem o mais rigoroso avaliador. No tocante as fontes, as seguintes foram utilizadas: 1. Análise de livros publicados; 2. Análise de material de aula, como, anotações, apostilas e gravações referentes à disciplina história da educação física ou equivalente - ministrada nas universidades do Rio de Janeiro; 3. Análise de editais dos últimos concursos públicos; 4. Entrevistas com todos os docentes relacionados à disciplina de uma das universidades do Rio de Janeiro e, com alguns, de outras universidades;

1981 5. Entrevistas com discentes das universidades do Rio de Janeiro; 6. Entrevistas com professores de Educação Física com matrículas ativas; 7. Questionário realizado com discentes das universidades do Rio de Janeiro. Análise dos Livros Publicados Como um primeiro passo para nossa investigação, resolvemos buscar os livros que abordem o assunto do desenvolvimento histórico da educação física. O critério para a escolha dos livros deveu-se seja por suas contínuas aparições nas bibliografias dos concursos, seja pela sua leitura ainda recomendada pelos professores. Temos consciência que esta lista não é totalmente inclusiva, nem mesmo sendo o nosso objetivo. Queremos apenas, com essa análise, verificar através de uma amostra significativa como a perspectiva do desenvolvimento histórico da educação física é trabalhada. Podemos perceber que na maioria da literatura pesquisada existe uma visão essencial sobre o desenvolvimento da história da educação física. (MAZZEI & TEIXEIRA, 1967, GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, entre outros) Visões que, com algumas nuances de nomenclatura, podem ser resumidas da seguinte forma: A educação física no Brasil passou por diversos períodos que, por sua vez, possuíam diversas concepções relacionadas à função da própria educação física, da necessidade, da maneira de trabalhar e ver o corpo. As tendências podem ser reconhecidas e divididas em: Educação Física Higienista (1889-1930) Propunha uma ênfase na saúde, cabendo no papel da educação física a formação de indivíduos fortes, saudáveis e propensos à aderência a atividades boas em detrimento de maus hábitos. Tinha por finalidade [...] proporcionar aos alunos o desenvolvimento harmonioso do corpo e do espírito, formando o homem física e moralmente sadio alegre e resoluto. (MARINHO, 1953, p. 177.) Educação Física Militarista (1930-1945) De forte influência dos militares, foi decretado no país o Regulamento n. 7, tornando de caráter oficial a utilização do Método do Exército Francês. Tinha por objetivo o desenvolvimento harmônico do corpo. Desenvolvimento da personalidade. Aperfeiçoamento da destreza. Emprego da força e espírito de solidariedade. (MAZZEI & TEIXEIRA, 1967, v. IV, p. 143) Educação Física Pedagogicista (1945-1964) Com uma visão que pode ser traçada ao liberalismo, a vertente pedagogicista propunha a educação física como um meio de formação do indivíduo. A educação física, acima das querelas políticas, é capaz de cumprir o velho anseio da educação liberal: formar o cidadão. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, p.29)

1982 Educação Física Competitivista (1964-1985) Marcada pelo forte apelo aos esportes de competição oficiais, por um culto do atleta-herói, essa visão foi a predominante no regime militar. Foi o período que houve o maior investimento na educação física como um todo. O professor deveria preparar esses futuros atletas. Quer-se dar ao professor de educação física a convicção de que ele, por força da profissão é condutor de jovens, um líder e não pode aceitar ser conduzido por minorias ativas que intimidam, que ameaçam e, às vezes, conseguem, pelo constrangimento, conduzir a maioria acomodada, pacífica e ordeira. (FERREIRA, 1969 apud GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, p.31) Educação Física Popular (1985-) Movimento de cunho ideológico que pretende mudar o paradigma da educação física, saindo do competitivismo para uma visão em direção a [...] ludicidade, a solidariedade e a organização e mobilização dos trabalhadores na tarefa de construção de uma sociedade efetivamente democrática. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, p.34). Outro exemplo que mostra o viés ideológico é o do Coletivo de Autores que fala que [...] o aluno sistematiza o conhecimento sobre os saltos e os conceitos que explicam o conteúdo e a estrutura do objeto salto, desde as leis físicas e características no nível cinésio/fisiológico, até às explicações político-filosóficas da existência de modelos de salto. (COLETIVO DE AUTORES, 1993, p.65) É preciso realçar que não partilhamos, necessariamente, a visão desta divisão histórica, mas, sim, ela, até o presente momento, é a visão hegemônica de como a educação física se desenvolveu. Facilmente podemos observar os seguintes pontos, no tocante a essa classificação, que, quando pensamos a partir da perspectiva burkeana, percebemos que a história da educação física não poderia ser apresentada de forma linear, simplista e tendenciosa. Existem vários pontos conflitantes nessa versão que, ainda que mereçam um tratamento em estudos mais aprofundados, são necessários seus apontamentos. Ei-los: 1. A visão exposta é claramente linear. Ao pensarmos dentro do paradigma da Nova História iremos perceber que a linearidade, de certo modo uma herança hegeliana, acaba por muitas vezes tornar-se uma tendência a criar uma unidade forçada, muitas vezes atropelando nuances factuais que, quando tomadas no conjunto, podem levar para caminhos diferentes. Assim, a visão linear torna-se uma simplicidade e, por fim, um reducionismo. Os próximos exemplos irão elucidar essa questão. 2. Não foram todos os lugares que sofreram impactos e, nem mesmo, os impactos foram iguais. Muitas vezes, os reflexos só começam a aparecer anos depois da mudança no âmbito da conduta. Por exemplo, aqueles que ingressaram no ensino básico no estado do Rio de Janeiro no final da década de 1980/inicio da de 1990, provavelmente tiveram uma educação física de caráter mais competitivista.

1983 3. Esses movimentos não foram homogêneos entre si. Por exemplo, apesar de promessas e até mesmo de investimentos na área do desporto durante o período de 1964 até 1985, nunca houve uma política real de preparação ou de seleção de talentos. 4. Partes das análises que geraram as classificações foram feitas impregnadas de questões ideológicas que, às vezes, obscurecem a capacidade de um raciocinar mais límpido, livre de preconceitos, ou, para utilizar o pensamento bachelardiano, de rompimento com o obstáculo epistemológico, porque, o primeiro obstáculo é a experiência primeira, a experiência colocada antes e acima da crítica crítica esta que é, necessariamente, elemento integrante do espírito científico. (BACHELARD, 2005, p.29) 5. Existe uma proliferação de teorias e pensamentos que procuram utilizar a educação física como meio político-ideológico, como, por exemplo, a proposta do Coletivo de Autores que diz: Perguntar o que é educação física só faz sentido, quando a preocupação é compreender essa prática para transformá-la (pág. 50), trazendo o prejuízo de uma visão analítica puramente centrada em pré-conceitos ideológicos que distorcem a maneira de entender os fatos. 6. Como pode ser observado na Coleção Educação Física Escolar (1976) e no livro Educação Física (1982), editado pelo Ministério da Educação e Cultura, existia uma ênfase maior em atividades que estimulam mais a inteligência cinestésicocorpórea, na acepção dada por Howard Gardner (1993), do que propriamente um competitivismo. Isso corrobora com o que falou uma professora, já aposentada, que dava aula no período. [...] Realmente tinham muitos professores que davam ênfase ao esporte. Mas não eram todos. Até porque em muitos colégios nem se tinha condições materiais de fazer times de competição. Muitos de nós [professores] dávamos aulas com objetivo de trabalhar a coordenação, os movimentos, essas coisas, sabe? O mais engraçado era dentro das universidades. Alguns professores realmente nos exigiam um desempenho atlético. Muitos alunos questionavam até que ponto tudo isso era necessário. Embora que também tivessem professores que trabalhavam de maneira diferente [...] Mais uma vez lembramos, que não pretendemos que esses pontos sejam a totalidade das discrepâncias no tocante à história da educação física, mas, sim, serem meros exemplos que podem encorajar estudos de maior profundidade, além de corroborar com a hipótese do nosso trabalho. Análise de editais dos últimos concursos públicos

1984 Após verificarmos a linearidade em alguns livros que acreditamos expressar, significativamente, um senso comum dentro da área, fomos verificar, nos concursos para o magistério, qual bibliografia era adotada. Apesar de sabermos que os concursos públicos, em tese, deveriam apenas verificar o conhecimento daqueles que pretender ingressar no magistério, vemos que é cada vez mais comum a preparação exclusiva para os concursos, ou, ainda pior, uma preparação totalmente direcionada para o molde exclusivo daquele concurso. Tendo consciência deste processo, prosseguimos com nossa investigação. Os seguintes concursos abaixo possuíam em seus editais, na bibliografia, um ou mais livros por nós analisados. (As referências dos editais encontram-se no final do trabalho) 2005 - Prefeitura Municipal de Monte Alegre dos Campos Rio Grande do Sul; 2005 - Prefeitura Municipal de Fazenda Vilanova Rio Grande do Sul; 2006 - Prefeitura Municipal da Estância Hidromineral de Poá São Paulo; 2005 - Prefeitura Municipal de Duque de Caxias Rio de Janeiro; 2005 - Prefeitura Municipal de Descoberto Minas Gerais; 2002 - Prefeitura Municipal de Palhoça Santa Catarina; Deve-se ainda ressaltar que no concurso para prefeitura de Duque de Caxias, que teve quase 100.000 inscritos, dos quais aproximadamente 8.000 só de Educação Física, 10% das questões de conhecimentos específicos cobravam conhecimentos relacionados à história da educação física no Brasil e, mais especificamente, conhecimentos diretamente ligados à perspectiva linear da história. Isso sugere que, caso os alunos estudem a história da educação física, eles provavelmente irão ter contato apenas com uma visão reducionista da mesma. Um dos professores, consciente deste reducionismo, afirmou: Fica muito complicado. Eu sei que as coisas poderiam ser diferentes. Mas há um desinteresse geral pela história e, além do mais, em todo concurso é necessário que se tenha essa visão. Se eu fizer diferente vai acabar confundindo os alunos, trazendo mais prejuízo do que benefícios. Após a verificação do problema do lado de fora, decidimos entrar nas universidades e acompanhar mais de perto este processo. Como será que as aulas de história da Educação Física são desenvolvidas?

1985 Análise de materiais de aulas ministradas nas universidades do Rio de Janeiro Tivemos a possibilidade de ter contato com materiais (cadernos, apostilas e uma gravação de aula) de 4 universidades diferentes. O material foi cuidadosamente analisado e um quadro-resumo do que foi encontrado é apresentado abaixo: Quadro 01 Esses achados sugerem um padrão. Para poder observá-lo mais de perto, seria necessário UNIVERSIDADE F Não Não Não Não fazermos um diálogo mais íntimo com aqueles que lecionam nas universidades. Fomos, então, perguntar aos docentes. Decidimos falar com todos os professores de uma conceituada universidade, além de professores de outras universidades para podermos enxergar possíveis contradições e, também, para evitar que outros fatores determinísticos obscurecessem nossa análise. Assim, após sermos cordialmente atendidos pelos professores e relatarmos a questão da linearidade no âmbito da história da educação física, fizemos entrevistas, no que transcrevemos abaixo as opiniões mais relevantes ao tema. Docente 01: Possui disciplina/aula destinada ao ensino da história da educação física? A história da educação física em âmbito geral é trabalhada? A história da educação física no Brasil é trabalhada? UNIVERSIDADE A Sim Sim Sim Pouco A não linearidade, de algum modo, é trabalhada? UNIVERSIDADE B Sim Sim Sim Muito Pouco UNIVERSIDADE C Sim Sim Pouco Não UNIVERSIDADE D Sim Sim Pouco Não UNIVERSIDADE E Não Pouco Muito Pouco Não

1986 Eu realmente concordo com o que você está falando. Isso não é totalmente novo, se pensarmos em termos de conhecimento. Esse movimento vem acontecendo na historiografia como um todo. Porém, trazer isso para dentro de sala de aula é muito difícil. Muito difícil mesmo. É uma vergonha falar isso, mas, se o assunto começa a despencar para algo mais abstrato, os alunos dormem em sala. Eu acabo sendo mais objetivo, direto mesmo, para que os alunos, ao menos, saiam com alguma coisa do curso. Docente 02: Eu não trabalhava com a licenciatura de Educação Física já tinha algum tempo. Ano passado voltei a trabalhar. Foi decepcionante, desastroso. Os alunos não possuíam nenhuma postura acadêmica, além de uma grande falta de compromisso. Parece que estes alunos vêem a faculdade como um prolongamento do segundo grau. Só querem saber de festas. Ainda assim, eu tento trabalhar uma não-linearidade. Tento mostrar situações, fatos. Mas, é realmente difícil fazer com que os alunos absorvam. Docente 03: O ensino de história para estes alunos somente pode ser desenvolvido ao serem realizadas relações constantes entre os eventos passados e elementos da atualidade cotidiana dos alunos. Quanto à facilidade em desenvolver os temas, posso afirmar que dada a pouca leitura e pouco interesse dos estudantes, tornou-se, em alguns momentos, difícil ministrar a disciplina. Predomina uma visão linear e evolucionista da história quando se trata dos alunos. Nesse sentido, cabe destacar que a disciplina história presente no ensino fundamental e médio contribui para sedimentar esta visão estratificada, inerte e fragmentária do conhecimento histórico. Fica impossível trabalhar a não linearidade, dado estes fatos. Estes trechos, colhidos das entrevistas realizadas com os docentes, servem de exemplo da percepção dos próprios docentes tanto da questão da abordagem linear ou não linear mas, também, de outras situações que acabam envolvendo a própria abordagem do ensino. Temse, a seguir, um quadro sinóptico com a visão dos 7 docentes entrevistados.

1987 Docente 01 Docente 02 Docente 03 Sobre a leitura dos alunos: Bastante pobre. Os alunos nunca têm leituras prévias. Fraca. Eles só conseguem ler textos simples e pequenos Ruim. Os alunos não querem ler. Preciso obrigálos para que leiam os textos. Eles não possuem este hábito. Percepção sobre a relação dos alunos com história Possuem uma visão linear e evolucionista da história. Valorizam os aspectos mnemônicos Os alunos não gostam de história. Parece nem é relacionado com o curso deles Não compreendem a importancia dos acontecimentos nos dias atuais Como se deu o processo de ensino aprendizagem Só conseguia desenvolver o trabalho se eu mostrasse a relação de eventos passados com o momento atual Difícil. Trabalho com seminários para que haja alguma interação do aluno com a história Preciso me valer de medidas punitivas diversas vezes. Poucos são os alunos que realmente têm interesse Comentários Predomina uma visão linear e evolucionista da história. Neste sentido, os alunos não diferem de alunos de 2º Grau É preciso mudanças neste cenário. A cada ano a situação parece piorar O nível dos alunos está piorando cada vez mais. Não enxergam direito a importância de um estudo mais sério Docente 04 Muito fraca, com algumas exceções Postura acadêmica ausente. Falta de compromisso Não mantenho boas relações com a turma. Não gostam de mim Desastroso. A postura é de primário e os alunos querem festas

1988 Docente 05 Docente 06 Parece que a grande maioria dos alunos de Educação Física não gostam de ler Nenhuma. Os alunos não lêem. Muitas vezes não tem nem noção dos acontecimentos atuais. Só despertam interesse se consigo relacionar um fato com algo de útil para os alunos Têm a "cabeça feita" de que a história é inútil para eles Tenho que me desdobrar para voltar ao presente a cada momento. Caso contrário a aula não flui. Complicada. É preciso uma grande dose de esforço e paciência para que os alunos possam levar algo de proveitoso. Apesar de todo esse problema, tive o prazer de encontrar alunos brilhantes. Ano a ano parece que estes diminuem No fundo, com a grande massa dos alunos, sinto uma sensação de impotência. Não vejo perspectivas de melhora Docente 07 Razoável. Uma grande parte não gosta, mas, sempre tem alunos que surpreendem A maioria realmente não gosta de história. Porém, sempre tem um grupo que é atencioso e valoriza as aulas Exige um esforço conjunto meu e dos alunos para que as aulas fiquem o mais agradável possível Trabalho de forma a tentar melhorar o potencial de cada aluno. É difícil, mas, me esforço neste sentido Quadro 02 É importante, ainda, levar em consideração o fato de que é unânime que uma abordagem não linear para os alunos de educação física, senão inviável, é muito complicada. O próximo passo de nossa investigação foi, de acordo com a metodologia decadialéctica, inverter o pólo de investigação sujeito-objeto. Assim, após termos observado as visões dos docentes, teríamos obrigação de observá-la no outro lado: as dos discentes. Mas, quando pensamos nos discentes, decidimos ampliar o pólo de investigação, também, para aqueles recém-formados que possuem matrículas ativas. Isso é importante para verificar se haveria uma possível contradição entre o pensamento dos alunos e o pensamento daqueles que estão já exercendo seus ofícios. Entrevistas com professores com matrículas ativas que se formaram depois do ano de 2001

1989 Nossa entrevista se deu com 7 recém-formados com matrículas ativas que trabalhavam em lugares distintos. Tivemos o cuidado de selecionar professores que tivessem ligação com os mais diversos ambientes sociais e estruturais. Dentre os professores entrevistados, 5 disseram que o aprendizado da história da educação física, na visão deles, pouco ou nada significou para o trabalho deles. Os outros 2 disseram que a disciplina foi importante por dar uma base teórica de como houve uma evolução histórica e, até mesmo, fazer pensar a conduta nas aulas. Transcreveremos, a seguir, 2 trechos de diferentes recém-formados que expõe, sinteticamente, suas opiniões. Professor A: Eu tenho uma lembrança agradável da disciplina história da educação física. Tivemos bastantes seminários e vimos a evolução da educação física e dos seus diferentes métodos. Porém, a abordagem que eu utilizo estão mais ligadas as teorias da psicomotricidade. No fundo, a história, para mim, foi uma disciplina que me deu uma maior visão da educação física, mas, eu diria que ela não é essencial. Ela não acrescenta muito quando você está realmente dando aula. Professor B: O que mais me chamou a atenção na história da educação física foi justamente o entendimento de que, todos esses movimentos, os diferentes métodos, com suas raízes políticas, nos servem para pensar em como iremos agir com nossos alunos. Porém, eu sempre falo que cada cabeça é uma sentença e sei que nem todo mundo vai usar esse conhecimento; nem todo mundo vai refletir sobre o que houve no passado para então ver como se trabalhar. Eu faço dessa forma porque acho que é a melhor. Mas, eu não acho que isso vai influenciar as coisas. Faço porque é correto. Após o contato com os recém-formados fomos falar com os discentes. Entrevistas com os discentes Ao conversarmos com os discentes, percebemos alguns pontos chaves que acabaram dando um determinado norte ao nosso trabalho. Ao perguntarmos sobre a questão da história da educação física, a maioria dos entrevistados chegava a uma resposta semelhante, como a reproduzida a seguir: Essa disciplina [história da educação física] não tem muita utilidade. Pode ser até legal para saber sobre o passado, mas, sinceramente, existem outras coisas muito mais importantes para aprendermos. Existe, ainda, uma pequena minoria que relata o seguinte:

1990 Quando vemos o que aconteceu no passado, como era a conduta dos professores de educação física no passado, podemos usar isso como ponto de partida para pensarmos nossas ações nos dias de hoje. Vale ressaltar uma opinião distinta das demais: É muito importante o conhecimento da história da educação física. Porém, vejo que existe dois grandes problemas aqui dentro: Os alunos não gostam muito de ler e existem professores que, com seus próprios atos, acabam por afirmar essa não leitura. Por exemplo, em uma das aulas o professor escreveu com todas as letras no quadro que o Renascimento era depois da Idade Moderna. Uma professora disse que Aristóteles era ultrapassado. Ninguém percebe ou se incomoda... Episódios assim são relativamente comuns e acabam por influenciar negativamente os alunos. A necessidade de uma abordagem quantitativa Diante deste quadro imerso em variáveis, decidimos fazer um último empenho para concretizarmos nossa análise: Fizemos um questionário com um número significativo de alunos de uma universidade federal, nacionalmente considerada de alto padrão. Este questionário foi feito para podermos compreender de forma mais acertada a antinomia entre intensidade e extensidade nesta questão, contrapondo assim, uma abordagem quantitativa com as qualitativas já efetuadas. Assim, o questionário foi realizado com 131 alunos, de ambos os sexos, que já tinham cursado a disciplina História da Educação Física, da Licenciatura em Educação Física. O questionário era composto de 2 questões, entregues em separado. As questões eram para ser respondidas de maneira discursiva. (No anexo 01 encontra-se o modelo do questionário) As perguntas foram as seguintes: Você gosta de História? Sim Não Porque? O que você entende do desenvolvimento da Educação Física do ano de 1889 até os dias de hoje? Os sujeitos tiveram suas identidades preservadas e eram encorajados a responder da maneira mais sincera possível. Após uma análise criteriosa, pudemos classificar as respostas de cada uma das questões em 4 grupos distintos. A seguir, mostraremos cada uma das classificações com um respectivo exemplo. Sobre a pergunta Você gosta de História :

1991 1. Não porque não gosto de ler. Não. Sempre tive mais afinidade pelas matérias da área de exata, pois não gosto muito de ler. 2. Não porque história é uma matéria que necessita apenas ficar memorizando fatos. Não. Não tenho facilidade nesta disciplina por não conseguir relacionar os fatos às datas ou guardar uma ordem lógica dos acontecimentos. 3. Sim. É importante conhecermos o passado per si. Sim. Acho importante saber suas origens e passados. 4. Sim. O conhecimento do passado nos remete ao presente. É bom saber o que aconteceu para entender as bases do que aconteceu no presente. Sobre a pergunta O que você entende do desenvolvimento da Educação Física do ano de 1889 até os dias de hoje? 1. Nenhum Conhecimento Quando a resposta textualmente dizia nada ou não se referia a nenhuma idéia de evolução, diferenças históricas e/ou correntes. Não me recordo de nada, apesar de já ter cursado a disciplina. 2. Pouco Conhecimento Uma indicação simples de ter consciência que existe diferentes períodos históricos e/ou correntes. Que houve uma grande evolução. Primeiramente era militarista e hoje está mais voltada para a estética e a saúde. 3. Conhecimento Desde uma percepção de identificar algum ponto dentro da evolução da educação física e/ou suas correntes. É evidente o impulso inicial dado pelo militarismo, mas de alguns bons anos pra cá a evolução tecnológica e científica tem contribuído e muito para a construção de uma nova Educação Física. Isso sem falar do avanço na área da educação que fundamenta solidamente este campo de estudo. 4. Entendimento não linear Quando for apontado algum entendimento multicausal e/ou relacional e/ou não linear da história. O processo da história da educação física vem mudando segundo a visão da sociedade e com relação a ela. No começo do século a educação física era voltada para o treinamento militar, ignorando o lado cognitivo o que nos dá até hoje o estereotipo de pessoas que não estudam, porém a concepção de treinamento dá lugar a uma concepção estética e de saúde bastante valorizada pela mídia e que abre novos campos de trabalho, porém ainda com resquícios de preconceitos. Devemos lembrar que nossa proposta não era de avaliar o conhecimento específico dos alunos, mas, sim, verificar se os alunos teriam uma visão linear ou não. Após analisarmos os questionários encontramos a seguinte distribuição:

1992 Nenhum conhecimento Pouco Conhecimento Conhecimento Visão não linear Não porque não gosto de ler 22 3 1 0 26 Não, história é apenas decorar 6 6 1 0 13 Sim. Devemos conhecer o passado per si 14 23 3 0 40 Sim. Através do passado entendemos o presente 6 23 18 5 52 Total Total 48 55 23 5 131 Tabela 01 Valores Absolutos. (C=0.5455) Nenhum conhecimento Pouco Conhecimento Conhecimento Visão não linear Total Não porque não gosto de ler 16,79 2,29 0,76 0 19,84 Não, história é apenas decorar 4,58 4,58 0,76 0 9,92 Sim. Devemos conhecer o passado per si 10,68 17,55 2,29 0 30,52 Sim. Através do passado entendemos o presente 4,58 17,55 13,74 3,81 39,68 Total 36,63 41,97 17,55 3,81 100 Tabela 02 Valores em percentuais (C=0.5455)

1993 A figura 01 mostra, em valores percentuais a distribuição da percepção da história em função da qualidade do conhecimento, enquanto os eixos X e Y são invertidos na figura 02. Va lore s e m pe rce ntua is 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Pouco Conhecimento Nenhum conhecimento Conhecimento Visão não linear Não porque não gosto de ler Não, história é apenas decorar Sim. Devemos conhecer o passado per si Sim. Através do passado entendemos o presente Figura 01 20 15 10 5 0 Não porque não gosto de ler Não, história é apenas decorar Sim. Devemos conhecer o passado per si Sim. Através do passado entendemos o presente Valores em percentuais Nenhum conhecimento Conhecimento Pouco Conhecimento Visão não linear Figura 02

1994 Apontamentos para possíveis conclusões Devemos, em primeiro lugar, situarmos a importância da história da educação física. Faremos isso analisando-a como disciplina e, de acordo com a pentadialéctica e a decadialéctica, como nos mostra Ferreira dos Santos. Como unidade, a história da educação física é uma disciplina que busca trabalhar o processo histórico do desenvolvimento da educação física. Como totalidade, é uma disciplina, dentro da grade curricular que visa trazer aos alunos um entendimento de como surgiu e evoluiu a educação física, juntamente com suas relações e tensões intrínsecas, para que o aluno possa utilizar esse conhecimento de forma reflexiva, ponderando e relacionando seus atos. Como série, faz parte do currículo de formação do aluno de educação física. Assim, esta disciplina deve ser um componente ativo da formação do novo educador, servindo não só ao propósito único de ensinar fatos, estabelecer relações e o que mais esteja na ementa, mas estar articulada com todo o currículo de modo que ela seja, em ato, mais do que a mera soma de diferentes partes disciplinas -, atuando sinergisticamente com o restante do currículo. Como sistema, ela faz parte do movimento historiográfico e, por isso, sujeita as mesmas situações que a própria historiografia também se sujeita. Então, quando aparecem visões ou correntes que nos fazem enxergar novas possibilidades ou caminhos, verificaremos uma adaptação por esta influência tão sólida, ainda que esta mudança ocorra de forma lenta e/ou gradual. Por fim, como universo, ela está contida nas ciências do conhecimento pensando ciência em lato sensu -, estando, ipso facto, ligadas a própria noção de conhecimento. Por isso, podemos perceber hoje que diversas re-interpretações filosóficas, como, por exemplo, a própria idéia pós-moderna, têm, muitas vezes, criado distintas e profundas alterações no modo de pensar. Certamente não pretendemos esgotar este assunto, mas, tentamos fazer nossa análise de acordo com os cinco planos distintos. Este acabou sendo o motivo de tamanha combinação e cruzamento de fontes e dados. Fomos obrigados, quando pensamos no ensino da história da educação física a abordar os sujeitos e objetos do próprio ensino. Pensando decadialecticamente, verificamos que essa abordagem nos trouxe inúmeras variáveis que deveriam ser buscadas de forma mais profunda para entender os fatos em sua complexidade. Verificamos, inicialmente, que na literatura corrente, a visão linear, muitas vezes de causa e efeito, reducionista, é a vigente. Percebemos que essa vigência também é mantida pelos elaboradores de concurso o que pode ser um fato que leva vários docentes a trabalharem a mesma abordagem.

1995 Porém, como os próprios docentes afirmam, esta abordagem não é apenas relacionada ao fato do concurso cobrar desta maneira. Os docentes se queixam dos alunos. Falam que estes não possuem postura acadêmica, que não se interessam pela disciplina e, nem mesmo pela leitura. Essas declarações nos obrigaram, para resolver as tensões entre as atualizações e virtualizações racionais, a verificar junto ao corpo discente. Após o questionário, muitas perguntas nos foram respondidas, porém, ao atualizarmos nosso campo do variante e do invariante, muitas outras perguntas surgem. Nossa hipótese inicial foi respondida. Apesar dos docentes terem consciência da importância de trabalhar a história em uma perspectiva não-linear e, de alguns até tentarem um esboço neste sentido indicando bibliografias e fazendo comentários em sala de aula para instigar os alunos ao conhecimento, as aulas em si ainda estão bastante apoiadas na visão tradicionalista da história. Nossa resposta fica muito mais clara quando pensamos dentro da visão do alunado que, praticamente em sua totalidade, não consegue enxergar dentro da história um paradigma de multicausalidade, enxergando, no máximo, uma linha do tempo. Foi justamente a contraposição das opiniões dos docentes com o questionário respondido pelos discentes que nos chamou a atenção para um outro fator. Aproximadamente 20% dos alunos de um curso universitário de alto padrão declararam uma aversão à história pelo fato de não gostarem de ler. Além disso, verificamos que apenas 20% conseguiam lembrar de algum conhecimento no tocante ao próprio desenvolvimento da educação física brasileira. Lembrando as palavras de Anísio Teixeira, A função da universidade é uma função única e exclusiva. Não se trata, somente, de conservar a experiência humana. O livro também os conserva. Não se trata, somente, de preparar práticos ou profissionais, de ofícios ou artes. A aprendizagem direta os prepara, ou, em último caso, escolas muito mais singelas do que as universidades. Trata-se de manter uma atmosfera de saber pelo saber para se preparar o homem que o serve e o desenvolve. Trata-se de conservar o saber vivo e não morto, nos livros ou no empirismo das práticas não intelectualizadas. Trata-se de formular intelectualmente a experiência humana, sempre renovada, para que a mesma se torne consciente e progressiva. (TEIXEIRA, 1988, p.17-18) Quando refletimos sobre o que Anísio nos fala, verificamos o quão longe, neste caso, estamos. Vemos os apelos dos docentes perante a calamitosa situação. Vemos uma grande quantidade de alunos desejando através de suas ações um curso cada vez menos focado no saber. Vemos muitos alunos que sequer gostam de ler. É imprescindível perguntarmos o porquê. Certamente queremos mudar este panorama. Só poderemos fazê-lo quando compreendermos a situação atual. Faz-se necessário um estudo de maior fôlego para uma maior compreensão deste problema.

1996 REFERÊNCIAS ANDRADE, C. et al. Coleção Educação Física Escolar. 2.ed. São Paulo: Esporte Educação, 1976. ARISTOTELES. The Complete Works of Aristotle. 1. ed. Estados Unidos: Britannia, 1952. BACHELARD, G. A Psicanálise do Fogo. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.. A formação do espírito científico. 6. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. BOURDIEU, P. O Poder Simbólico. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. BURKE, P. A Nova Escrita da História. 3. ed. São Paulo: Unesp, 2001. CARVALHO, O. História Essencial da Filosofia: História das Histórias da Filosofia. 1. ed. São Paulo: ÉRealizações. 2002. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1993. FERREIRA DOS SANTOS, M. Teoria do Conhecimento: Gnoseologia e Criteriologia. 2. ed. São Paulo: Logos, 1956.. Lógica e Dialéctica. 4. ed. São Paulo: Logos, 1959. GARDNER, H. Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences. 2. ed. Nova Iorque: Basic Books, 1993. GHIRALDELLI JÚNIOR, P. Educação Física Progressista. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1989. MARINHO, I. P. História da Educação Física e dos Desportos no Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1953. MAZZEI, J.; TEIXEIRA, M. Coleção C.E.R. 05 Volumes. 1. ed. São Paulo: Fulgor, 1967. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Educação Física. 1. ed. Brasília: 1982 TEIXEIRA, A. Educação e Universidade. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998

1997 Concurso para Prefeitura Municipal da Estância Hidromineral de Poá. 2006. Disponível em: http://www.vunesp.com.br/concursos/pehp0502/poa%20-%20edital.pdf. Acessado em 05 de março de 2006. Concurso para Prefeitura Municipal de Descoberto. 2005. Disponível em: http://www.mgcidades.com.br/concurso/editaldescoberto.pdf. Acessado em 05 de março de 2006. Concurso para Prefeitura Municipal de Duque de Caxias. 2005. Disponível em: http://concurso.fgv.br/download/manuais/caxias05_manual_internet.pdf. Acessado em 05 de março de 2006. Concurso para Prefeitura Municipal de Fazenda Vilanova. 2005. Disponível em: http://www.lvsconcursos.com.br/fazendavilanova/edital%20professor%20de%20series% 20Finais%20Supervisor.doc. Acessado em 05 de março de 2006. Concurso para Prefeitura Municipal de Monte Alegre dos Campos. 2005. Disponível em: http://www.lvsconcursos.com.br/monte%20alegre/professor%20de%20series%20finais.d oc. Acessado em 05 de março de 2006. Concurso para Prefeitura Municipal de Palhoça. 2002. Disponível em: http://www.fepese.ufsc.br/site/edclpalhoca.htm. Acessado em 05 de março de 2006.

1998 ANEXO A MODELO DE QUESTIONÁRIO Idade: Sexo: Período: Cursou História da Ed. Fis.? O que você entende sobre a história da educação física dos anos de 1889 até hoje? Você gosta de história? Sim Não Porque?