PROJETO PEDAGÓGICO E O ENSINO DE LIBRAS NO CURSO DE PEDAGOGIA Aspectos Introdutórios Ediene Luzia Naves Pires 1 - FACED/UFU edienep@yahoo.com.br; Elaine Cristina Ferreira 2 FACED/UFU myllena_elaine@hotmail.com; Eliamar Godoi 3 - GEPEPES/FACED/UFU eliamar@cepae.ufu.br Este trabalho está vinculado ao subprograma Projetos Pedagógico dos Cursos e se apresenta como uma proposta que visa avaliar o Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia no que se refere ao oferecimento da disciplina Libras, bem como os métodos de ensino e recursos didáticos. A partir da pesquisa iremos propor ações para novas metodologias e também para o desenvolvimento de recursos didáticos e tecnológicos. Com a promulgação e implementação da Lei 10.436/02 a qual, em seu Artigo 1º relata que É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados e posteriormente com sua regulamentação pelo Decreto Federal 5.626/05. Sabemos que a língua se constitui como um meio de comunicação e de interação e, além de expressar o pensamento, é objeto de comunicação entre as pessoas. Nesse caso, as pessoas surdas enfrentam historicamente grandes dificuldades de inserção educacional decorrentes das condições de comunicação. Acreditamos que, como há grande carência de estudos sobre métodos e técnicas de ensino de Libras, de tecnologias, materiais e recursos didáticos adequados para a área do ensino e aprendizado de Libras, esperamos que nosso trabalho contribua nesse aspecto, já que, 1 Estudante do Curso de Pedagogia do campi de Uberlândia da Universidade Federal de Uberlândia. 2 Graduação em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia FACED/UFU. 3 Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Políticas e Práticas em Educação Especial GEPEPES e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia FACED/UFU. Apoio PROGRAD/DIREN
como desdobramento de nossa pesquisa, intentamos desenvolver recursos didático-metodológicos e tecnológicos que atendam à demanda dos alunos de Libras dessa instituição. Viabilizaremos, pois, estudos que contemplam pesquisa, prática pedagógica, recursos metodológicos, didáticos e tecnológicos no campo da oferta e da prática pedagógica no ensino de Libras especificamente nessa instituição de ensino. Primeiramente faremos uma reflexão sobre o conceito e a importância do Projeto Político Pedagógico nas instituições de Ensino. Analisaremos o Projeto Pedagógico do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia, apresentaremos informações relevantes sobre o oferecimento da disciplina de Libras, também discutiremos a Libras no âmbito Político. Em seguida investigaremos como forma de levantamento, os recursos e materiais didáticos e tecnológicos disponíveis, tanto nas instituições de ensino que tem a Libras como disciplina quanto no mercado de edições de materiais didáticos. Esse passo visa munir-nos de informações sobre a existência de materiais didáticos e ainda relacioná-los à questão de qualidade e eficiência contemplando o processo ensino- aprendizagem de Libras no que se refere a estratégias de ensino de Libras. Objetivamos, nesse caso, baseados no resultado dessa investigação, propor a indicação e posteriormente a criação de novas metodologias, uso e desenvolvimento de recursos tecnológicos adequados que contemplem alunos surdos e os ouvintes que são estudiosos da Língua de Sinais especificamente dessa Instituição. Devemos esclarecer, no entanto, que os alunos das instituições da esfera Federal que cursam licenciaturas e, que têm a Libras como disciplina obrigatória, são, em sua grande maioria, ouvintes. Não podemos, assim, menosprezar as necessidades específicas dessa classe de alunos que diferentes dos alunos surdos, tem suas peculiaridades de aprendizagem que carecem ser respeitada, no que se refere, também, a métodos, técnicas, recursos e materiais didáticos e tecnológicos. Desse modo, como nosso trabalho é voltado para a proposta de uma Educação para a diversidade, contemplaremos, também, o aspecto de um trabalho voltado para um Ensino de Libras para alunos Ouvintes. Quanto à metodologia, esse trabalho pretende levantar, analisar descrever e apresentar um conjunto de abordagens, técnicas e processos que poderão ser utilizados de maneira sistemática pela equipe de professores que atuam no campo do ensino de Libras dessa instituição. Nesse contexto, os conhecimentos adquiridos por meio de nossa pesquisa poderão ser utilizados para aplicação prática voltada para amenizar problemas concretos instaurados no contexto do ensino de Libras dessa Universidade, caracterizando assim, a aplicação de
nossos resultados. Assim, podemos caracterizar nossa pesquisa no campo das pesquisas científicas de natureza exploratória e aplicada. Pretendemos buscar respostas para as seguintes questões: o fazer pedagógico dos professores de Libras dessa Instituição possui métodos ou técnicas de ensino que contemplem as peculiaridades do ensino e aprendizado da Língua de Sinais? Quais os recursos metodológicos e materiais didáticos e/ou tecnológicos que estão sendo utilizados pelos professores no ensino de Libras? A Instituição possui ou oferece algum material didático que contemple alguma estratégia didática para o ensino de Libras em suas particularidades? Finalmente, após tecermos investigações, análises e levantarmos teorias, recursos e materiais didáticos e metodológicos, abordagens e estudos disponíveis e que nos permitam compreender o fenômeno do ensino e da aprendizagem da Libras em sua múltiplas perspectivas nessa instituição, passaremos, como desdobramento de nossa pesquisa, à proposta das ações relativas à criação de novas metodologias e indicação de materiais e recursos didáticos e tecnológicos adequados ao contexto dessa instituição contemplando termos da Lei 10.436/02 e do Decreto 5.626/05. O Projeto Político Pedagógico é o planejamento das instituições de Ensino, que é norteador das ações que serão desenvolvidas ao logo de um determinado período, que deve ser aperfeiçoado de acordo com as necessidades da realidade, ou seja, não é algo estável, é um processo em constante construção. Para elaborá-lo devemos refletir sobre a realidade da instituição de Ensino, sempre buscando ações para a transformação da realidade. É importante a participação de todos os membros da instituição e da comunidade na elaboração. No cenário educacional atual, novos saberes se fazem necessários de forma a atender a sociedade atual influenciando e sendo influenciados pelo setor acadêmico. Este deve apresentar um plano de ação elaborado que leve em consideração as demandas sociais interligando o projeto político pedagógico a esta realidade em constante movimento. Por meio de uma proposta que deve ser centrada nas questões sociais, onde o conhecimento deve alcançar a todos. Podemos perceber que o Projeto Político Pedagógico é algo importante na organização das instituições de Ensino, não se trata de um documento burocrático que é feito para cumprir a legislação, nele são contidas ações que são pensadas e planejadas para transformar a realidade. Portanto, o caráter político da estruturação do Projeto Político Pedagógico fica evidente e estreitamente ligado á função pedagógica e no predomínio uma prática progressista de educação, que surge buscando modificações nas relações que se estabelecem na sociedade.
Diante disso analisaremos o Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia, buscando compreender quais são as propostas contidas no documento, principalmente em relação à disciplina de Libras que é um dos nossos objetivos. Análise do Projeto Político Pedagógico do Curso de Pedagogia O curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia foi reconhecido em vinte e três de Janeiro de mil novecentos e sessenta e quatro, na modalidade de Licenciatura, com duração mínima de quatro anos e duração máxima de sete anos, em regime acadêmico seriado anual, oferecido nos turnos matutino e diurno. O que acarretou a necessidade de elaborar um Projeto Político Pedagógico que refletisse e contemplasse essa realidade, de acordo com a atual legislação. Sendo assim, foram desenvolvidas ações visando à avaliação curricular direcionando a reformulação e aprimoramento do Projeto Acadêmico vigente. De acordo com Vasconcelos: O projeto político pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação. (VASCONCELLOS, 2008, p.169) O Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia está disponível no site da FACED, foi produzido a partir das discursões, estudos e reflexões e sínteses realizados pelo Colegiado do curso e pela Comissão de Avaliação Curricular formada por professores e alunos. Aprovado pelo CONFADED em vinte e sete de Outubro de dois mil e cinco e pelo CONGRAD em dois de Maio de dois mil e seis. Em 2002, foram definidas as áreas de atuação do pedagogo: docência, gestão educacional, produção e difusão e atuação docente/técnica em áreas emergentes. Nesse sentido o novo Estatuto e Regimento Geral da UFU de forma sucinta é norteado por princípios como docência como base de formação do pedagogo; formação inicial para atuar em diferentes setores pedagógicos; formação teórica e interdisciplinar sólida; trabalho interdisciplinar; coletivo e gestão democrática; compromisso social, ético, político e técnico; articulação entre formação teórica e realidade educacional; principio formativo e epistemológico eixo da organização do currículo; flexibilidade curricular e atualização constante do conhecimento.
O egresso é contemplado nas diretrizes tendo como base sua formação e desenvolvimento da autonomia intelectual; solidariedade; produção de conhecimento; consciência de seu papel na sociedade; atuação em sala de aula na educação infantil e séries iniciais do ensino regular entre outras atribuições. Tendo em vista o perfil do profissional, um dos objetivos do Projeto Político Pedagógico, é o credenciamento para atuar na docência da Educação Infantil, dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e das disciplinas pedagógicas para a formação de professores na Educação Especial. Ao analisarmos o Projeto Pedagógico da Universidade Federal de Uberlândia, inicialmente podemos observar que este busca formar egressos para atuação com pessoas com deficiência, em diferentes níveis da organização escolar, de modo a assegurar seus direitos da cidadania, não especificando metodologia ou estratégias adequadas a este contexto singular. Também podemos observar que esse documento em seu texto não faz referência à disciplina da Língua Brasileira de Sinais-Libras. Portanto as relações estabelecidas neste contesto buscam uma educação de qualidade para todos, dentre eles pessoas com deficiência, o que não fica diretamente especificado no Projeto Pedagógico da Universidade Federal de Uberlândia. Para o alcance deste objetivo se faz necessário um estudo aprofundando da realidade vivenciada por este público, em especial analisaremos como ocorre à oferta da disciplina de Libras no Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia, uma vez que esta de acordo com a Lei 10.436/02 estabelece a difusão da Libras. Disciplina Língua Brasileira De Sinais A criação da disciplina de Libras é justificada pela normativa sancionada pelo governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso e do Ministro de estado da Educação Paulo Renato Souza, onde é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, de uso das comunidades de pessoas surdas. Sendo assim, a Lei nº 10.426, de 24 de Abril de 2002, decreta que os sistemas educacionais federal, estadual e municipal e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, de ensino de Libras, como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs, conforme legislação vigente. Posteriormente em 22 de dezembro de 2005 o decreto nº 5626 foi normatizado regulamentando a lei 10.436 de 24 de abril de 2002 onde os sistemas de ensino no seu inciso 2º do art. 7º, reza que A partir de um ano da publicação deste decreto [2006], os sistemas e as
instituições de ensino da educação básica e as de educação superior devem incluir o professor de Libras em seu quadro de magistério: I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição (2008); II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição (2010); III até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição (2012); IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição (2015). O Inciso VI do art. 9ºda Resolução nº 02/2008 afirma que a Faculdade de Educação possui condições acadêmico-institucionais para oferecer a disciplina de Libras aos discentes. Sedo assim, foi criada a disciplina de Libras I e Libras II. A matrícula é realizada mediante conforme prioridade estabelecida, primeiramente para os alunos das licenciaturas em Pedagogia e Letras, em seguida para alunos das demais licenciaturas e por último para alunos dos demais cursos. Sua estrutura curricular contempla a disciplina Língua Brasileira de Sinais como facultativa até que sejam efetivados os ajustes curriculares nos cursos de formação de professores e nos demais cursos de formação profissional da Universidade Federal de Uberlândia/UFU. O objetivo geral da disciplina é compreensão dos principais aspectos da Língua Brasileira de Sinais Libras I e II, língua oficial da comunidade surda brasileira, contribuindo para a inclusão educacional dos alunos surdos, em carga horária teórica de 30 horas e prática 30 horas somando em seu total 60 horas em cada disciplina. Sabemos que a inclusão desta Língua no ensino superior se faz indispensável, contudo esta é constituída de especificidades que vão de encontro à demanda crescente para sua aprendizagem, ao preconceito e a falta de conhecimento e valorização de gestores, educadores e da sociedade. Os objetivos específicos justificam sua utilização em contextos escolares e não escolares, o reconhecimento da sua importância; utilização e organização gramatical das Libras nos processos educacionais dos surdos; compreender os fundamentos da educação de surdos; estabelecer a comparação entre Libras e Língua Portuguesa, buscando semelhanças e diferenças e utilizar metodologias de ensino destinadas à educação de alunos surdos, tendo a Libras como elemento de comunicação, ensino e aprendizagem. Entre as dificuldades que se apresentam para cumprimento da lei, verificamos que no decorrer do processo para atendimento da legislação foram realizados concursos públicos para provimento de vaga para o cargo de professor da carreira do magistério superior, o que acarretou dificuldades para uso e difusão nos cursos já citados da Libras uma vez que poucos profissionais habilitados se apresentaram o que compromete o processo de inclusão escolar e social. A formação continuada deve ser repensada também para que se formem especialistas nesta área em questão.
A carga horária de 120h/a que abrange as duas disciplinas em questão se mostra insuficiente dada às particularidades apresentadas pela Língua, entre elas sua estrutura gramatical, a incompreensão histórica acentuada pelo desconhecimento sobre a realidade de discriminação dos surdos também dificulta a valorização da mesma pela sociedade e educandos que não há veem como uma necessidade e um direito. O que acarreta a falta de interesse em seu aprendizado, a desvaloriza em detrimento da língua falada e mascara como eficiente um conhecimento que não é de fato efetivo. A inserção de alunos surdos no ensino superior também se torna preocupante, uma vez que a estrutura metodológica necessita ser bem definida, nestas questões metodológicas temos com certeza grandes lacunas. Seu número quantitativo minoritário também os prejudica no acesso a seus direitos e se torna ainda mais excludente a comunicação entre professor-aluno e aluno-aluno que desconhecem as singularidades do deficiente auditivo. Diante de tais dificuldades o processo de inclusão da Língua de Libras na Universidade Federal de Uberlândia está em processo de construção, este deve ocorrer gradativamente indo de encontro à superação das dificuldades que surgem em sua prática. A Libras na realidade apenas foi normatizada, contudo o meio não foi trabalhado e preparado adequadamente para sua inserção social. O despreparo dos profissionais sem dúvida é um dos principais fatores para que as normatizações se efetivem apenas no papel, diante de seu reconhecimento como língua um ponto positivo sem dúvida. Caminhamos para que esta integre não só ao setor educacional no que se refere á formação profissional, mas como um aprendizado cotidiano que se integre a comunidade como o inglês, o francês, sendo uma escolha pessoal de aprendizado e autonomia. Esta caminhada que se inicia com a inclusão da disciplina de Libras no ensino superior tem como ponto principal tornar desconfortáveis as atitudes de aceitação e conformismo que se evidenciam no setor educacional e na sociedade em geral no que se refere aos surdos e demais deficiências. Ao contrário será quebrando a zona de conforto a que todos estamos sujeitos que os tornaremos autônomos e capazes de atuar em diferentes setores da sociedade linguística, intelectual e socialmente. No item a seguir, discutiremos sobre a metodologia e recursos didáticos no ensino de Libras, que são elementos importantes no ensino-aprendizagem da disciplina de Libras. Metodologia e Recursos Didáticos A oferta de línguas de sinais para surdos e ouvintes no ensino superior ocorre tardiamente no Brasil, neste contexto devemos buscar contemplar suas particularidades e possibilidades de ensino-aprendizagem. Sendo assim, no contexto histórico até os dias atuais
a inserção do ensino de Libras significa um grande desafio na formação de professores, devido à carga horária apresentada anteriormente, que não é suficiente para uma boa aprendizagem, além disso, existem as questões relacionadas à metodologia utilizada nos ensino de Libras na formação de professores. De acordo com Basso, Masutti e Strobel: Metodologias não apresentam garantias e certezas de como o ensino deva ser, mas funcionam como um conjunto orquestrado de elaborações desenvolvidas ou reconhecidas pelos surdos ou construídas a partir da cultura surda que produz efeitos de sentidos mais significativos para essa comunidade. Dentro de um currículo que está sempre aberto e em movimento para atender a realidade que se apresenta, o campo metodológico é um contínuo repensar das relações pedagógicas (BASSO, MASUTTI E STROBEL, 2009, p.10). Temos então aliado ao professor que desconhece a linguagem de sinais a necessidade do intérprete e da utilização dos recursos didáticos como uma ferramenta que deve estar em constante harmonia com a realidade de seus sujeitos. Estes devem atuar no sentido a fornecer mecanismos os quais levem ao entendimento que todos os sujeitos estão aptos a aprender de forma constante e que é nosso o papel utilizar mediações distintas para que este objetivo em questão seja alcançado. Durante a nossa formação no que se refere ao ensino de Libras, devemos criar e desenvolver métodos que possibilitem a aprendizagem, pensando na realidade das comunidades surdas, isto é, aquilo que é significativo para os alunos surdos, que possibilita a aprendizagem. Sendo assim, o professor universitário deve ensinar Libras no intuito desenvolver habilidades que permitam formação do educando para lidar com alunos surdos na sala de aula. O ensino de Libras na graduação é uma área de conhecimento para a formação de docentes que deve contemplar a constituição dos sujeitos surdos historicamente, suas especificidades e diferenças. Fundamentada nas dimensões históricas, políticas e legais que constituem sua identidade e cultura surda, o professor deve criar subsídios que permita a aprendizagem baseada nas características das comunidades surdas, buscando compreender como é relação entre eles e com os ouvintes. Basso, Masutti e Strobel, afimam: O principal desafio é aprender a ler as múltiplas realizações das diferentes identidades surdas e conseguir detectar os investimentos criativos em cada uma das suas realizações. Falar em procedimentos metodológicos sem tomar em conta as formas como os surdos estão recompondo e recriando de forma
significativa o mundo de relações lingüísticas e culturais nas zonas de contato entre surdos e ouvintes é negligenciar que esse é um ponto de negociação imprescindível de construção de sentidos (BASSO, MASUTTI E STROBEL, 2009, p.11). Com este propósito indicamos como possibilidades de recursos didáticos que se somem as atividades desenvolvidas em sala para a disciplina (leitura e discussão de livros, artigos e textos, aulas expositivas, dialogadas, debates, seminários, painéis, estudos dirigidos e dinâmicas de grupo) a utilização como ferramenta pedagógica dos meios de comunicação, recursos audiovisuais (data show, retroprojetor, TV, vídeo, aparelho de som), o desenvolvimento de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, o teatro, entre outros. Recursos que devem ser utilizados e avaliados pelo docente considerando as múltiplas possibilidades de desenvolvimento de habilidades constituídas diariamente no diálogo professor-aluno compondo a prática pedagógica contextualizada, mas sempre considerando que o ensino de Libras envolve a inter-relação entre corpo, espaço e movimento. Para melhor entendimento, recorreremos à afirmação de Basso, Masutti e Strobel: É importante analisarmos como a produção textual em língua de sinais é uma relação que envolve uma dinâmica de inter-relação entre corpo, espaço e movimento. Portanto, diferente de uma dinâmica presente nas línguas orais, as línguas de sinais convivem com o cênico como um elemento de atribuição de sentidos. Por isso, o ambiente ou espaço físico não é um mero componente ou detalhe, é um elemento decisivo para a produção de sentidos. (BASSO, MASUTTI E STROBEL, 2009, p.13). A oferta da disciplina de Libras evidencia uma mudança gradual de paradigmas, no curso superior que buscam desconstruir o uso de dinâmicas diversas que visam muito mais que possibilitar um aprendizado superficial e de cunho assistencialista. É parte integrante deste processo de formação os saberes incorporados aos estudantes em seu ingresso no curso superior, assim como também a necessidade de acompanhamento especializado uma vez que as dificuldades extrapolam o meio físico estando presentes nas relações emocionais, de aprendizado e sociais. Considerações Tendo em vista os fatores históricos e análise do Projeto Político Pedagógico, percebemos que ainda o ensino de Libras está inserido em um campo que ainda é carente de profissionais, se não ocorrer uma reforma curricular ou algum outro movimento nesse sentido,
acabaremos afirmando aquilo que durante muito tempo vem ocorrendo que é o afastamento dos alunos surdos das salas de aulas. Além disso, entendemos que o ensino de Libras, mesmo que seja para ouvintes, ocorre de forma diferente ao ensino das demais disciplinas, deve envolver o corpo no que se refere à expressão corporal - tais como, gestos, expressões faciais - o espaço e o movimento, mas para isso, metodologia e recursos didáticos devem estar relacionados com essa proposta, deve haver uma boa formação e bom investimento no desenvolvimento nos recursos didáticos, seguidos de uma carga horária justa que permita a aprendizagem, não superficial, mas que seja eficaz, que ajude o professor ensinar os alunos surdos. A análise real das necessidades do discente no ensino superior não deve partir de uma perspectiva homogeneizante, geral ou mesmo preconceituosa para que este quando inserido no mercado de trabalho não reproduza sua formação inicial. Uma formação que deve contemplar o ensino de Libras como um direito, um ato de autonomia para seus sujeitos e cidadania. Portanto, acreditamos que além de uma carga horária maior, devemos entender quais são as formas de Ensinos que estão sendo aplicadas pelos professores na aprendizagem de Libras, também investigar se a instituição possui ou oferece material didático que abrange algum tipo de estratégia didática para o ensino de Libras em suas particularidades. O nosso compromisso durante a pesquisa é realizar essa análise e apresenta-la posteriormente. Partindo dessa análise podemos da desenvolver melhores métodos de ensino, materiais didáticos tecnológicos. Referências BASSO, Idavania Maria De Souza; MASUTTI, Mara; STROBEL, Karin Lilian. Metodologia De Ensino De Libras L1. Florianópolis: Centro de Comunicação e Expressão, 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm Acesso em 01 de nov. 2012. BRASIL. Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, DF, 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivi 03/ Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm Acesso em 01 de nov. 2012 VACONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino-aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. São Paulo: Libertad Editora, 2008.