UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO DEPARTAMENTO CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO DEPARTAMENTO CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA ANÁLISE DE RISCO BASEADA NOS CRITÉRIOS DE BIOSEGURANÇA EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DE INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA. Vanessa Jamille Mesquita avier MOSSORÓ RN 2011

VANESSA JAMILLE MESQUITA AVIER ANÁLISE DE RISCO BASEADA NOS CRITÉRIOS DE BIOSEGURANÇA EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DE INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA. Trabalho de conclusão de curso apresentada à Universidade Federal Rural do Semiárido UFERSA, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas, para a obtenção do título de Bacharel em Ciência e Tecnologia. Orientador: Engº de Segurança do Trabalho Eriberto Carlos Mendes da Silva UFERSA MOSSORÓ RN 2011.

VANESSA JAMILLE MESQUITA AVIER ANÁLISE DE RISCO BASEADO NOS CRITÉRIOS DE BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIO - LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA II DA AFICEL Parecer dos Professores:. Data de defesa: / / BANCA EAMINADORA: Esp. ERIBERTO CARLOS MENDES DA SILVA (UFERSA-RN) Orientador Esp. ROSANA NOGUEIRA FERNANDES DE QUEIROZ (UFERSA-RN) Primeiro Membro Esp. MAURO VELOSO SOARES FILHO (AFICEL) Segundo Membro

AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Maria Suely avier de Mesquita e Francisco avier Sobrinho, por contribuírem para o meu desenvolvimento intelectual, me ajudarem em qualquer coisa e de todas as formas e por serem os responsáveis pelo o meu sucesso. Ao meu irmão, Gabriel Domingos de Mesquita avier, por suportar o meu estresse durante esse árduo período da minha existência e por ser o motivo para eu desejar realizar conquistas na minha vida. Aos meus avôs, pelo eterno amor. A minha tia, Luciene avier de Mesquita, por ceder o seu tempo para contribuir com a construção desse trabalho, pelo carinho, pelos concelhos e pela sua preciosa e grande amizade. A minha tia, Suzane Maria de Mesquita, pela paciência, por estar ao meu lado na jornada acadêmica e pela sua amizade e dedicação. Ao meu orientador, Eriberto Carlos Mendes da Silva, pela orientação e disposição em realizarmos esse trabalho. Ao engenheiro químico, Mauro Veloso, pela abertura de sua empresa para que a metodologia desse trabalho pudesse ser realizada. Ao professor, Sidnei Miyoshi Sakamoto, pelo empréstimo de material que contribuiu para essa monografia. Aos meus grandes e para sempre amigos e primos, Ana Beatriz Mesquita Gomes, Érica Larissa Ferreira Barreto, Gaia Fernanda Mesquita Nunes e Pedro Henrique avier de Mesquita, que estiveram sempre ao meu lado, me ensinaram a estudar e a enxergar (aceitar) a vida da melhor maneira possível.

DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais, Maria Suely avier de Mesquita e Francisco avier Sobrinho, e ao meu irmão Gabriel Domingos de Mesquita avier.

RESUMO O trabalho consiste em avaliar os riscos de um laboratório de análise microbiológica de uma empresa de alimentos fundamentados nos critérios de biossegurança e segurança do trabalho. A intenção do estudo é fazer uma reavaliação do laboratório segundo os critérios ditos anteriormente. Assim o trabalho aqui realizado analisa os riscos que o trabalhador e o ambiente podem estar submetidos. Por consequência identifica a necessidade de alguns ajustes que vão propiciar um maior conforto e organização do trabalho realizado pelo laboratorista, evitando futuros acidentes que possam gerar problemas para o trabalhador e para a empresa. A análise desses riscos é feita a partir da construção de questionários com perguntas baseadas nos critérios das normas presentes no DICQ (Sistema Nacional de Acreditação). Para a comprovação das pesquisas feitas são apresentadas fotos do laboratório e a planta baixa do mesmo. O laboratório já foi certificado em auditoria de avaliação de uma grande empresa a qual é fornecedor através de critérios estabelecidos por esta, porém, notouse a necessidade de uma reavaliação de possíveis riscos. Pois alguns pontos, como por exemplo, a ergonomia e a sinalização se apresentam desconformes em relação às normas de biossegurança e segurança do trabalho. Quanto à ergonomia o problema está voltado à questão da disposição das bancadas no laboratório e da altura das mesas. Também foi documentado que o laboratório de análise microbiológica de alimentos possui muitas conformidades em relação ao uso de equipamento de proteção individual e eliminação correta dos seus resíduos. Assim, apesar de já ter sido certificado, foi sugerida a empresa o ajuste de alguns detalhes para que o laboratório se adéque melhor as normas ao qual o presente trabalho se baseia. Palavras Chave: Biossegurança, Segurança do Trabalho, Análise de Risco, Laboratório.

LISTAS DE QUADROS Quadro 1. Número de Acidentes e Doenças do Trabalho no Brasil, de 1970 a 2009... 20 Quadro 2. Atividade realizada em laboratório... 32 Quadro 3. Proteção contra incêndios.... 34 Quadro 4. Pessoal, equipamentos e resíduos.... 35 Quadro 5. Equipamento de proteção individual.... 37 Quadro 6. Sinalização.... 38 Quadro 7. Mapa de riscos.... 39

LISTAS DE FIGURAS Figura 1. Sinalização de choque elétrico não conforme.... 39 Figura 2. Símbolo de choque elétrico conforme.... 39 Figura 3. Sala de recepção - Mesa com gavetas.... 41 Figura 4. Sala de recepção - Mesa alta.... 42 Figura 5. Sala de inoculação - Espaço reduzido.... 44 Figura 6. Sala de recepção - Espaço reduzido.... 44 Figura 7. Mapa de risco.... 45

ABREVIATURAS ANBio Associação Nacional de Biossegurança ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária BLBM- Biossegurança em Laboratórios Biomédicos e Microbiológicos BPLC Boas Práticas de Laboratórios Clínicos CA Certificado de aprovação CAT Comunicação de Acidente de Trabalho DICQ - Sistema Nacional de Acreditação FLM - Federazione dei Lavoratori Metalmeccanici FUNASA Fundação Nacional de Saúde NR Norma regulamentadora PAT Programa de Alimentação do Trabalhador PPRA- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SESMT- Seviço especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 12 2 OBJETIVOS... 14 2.1 OBJETIVO GERAL... 14 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO... 14 3 REVISÃO DE LITERATURA... 15 3.1 CONCEITOS... 15 3.1.1 Avaliação de Risco... 15 3.1.2 Segurança do Trabalho... 15 3.1.3 Biossegurança... 16 3.1.4 Microbiologia... 16 3.1.5 Laboratório de Microbiologia... 16 3.1.6 Higiene Alimentar... 16 3.2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO... 17 3.2.1 Histórico e Estatísticas da Segurança do Trabalho no Brasil... 19 3.3 HISTÓRICO DE BIOSSEGURANÇA... 21 3.4 IMPORTANCIA DO ESTUDO EM FABRICAS DE ALIMENTOS... 22 3.5 RISCO EM UM LABORATORIO DE ANALISE DE ALIMENTOS... 24 3.5.1 Prática e Técnica Laboratorial... 26 3.5.2 Equipamento de Segurança... 27 3.5.3 Descarte de resíduos contaminados... 28 4 MATERIAIS E MÉTODOS... 30 5 ESTUDO DE CASO... 32 5.1 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS... 34 5.2 PESSOAL, EQUIPAMENTOS E RESÍDUOS... 35 5.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL... 37 5.4 SINALIZAÇÃO... 38 5.6 ERGONOMIA... 40 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES... 45 7 CONCLUSÃO... 47 REFERÊNCIAS... 48 ANEO I... 51 ANEO II... 52 ANEO III... 53

ANEO IV... 54 APÊNDICE I... 55

12 1 INTRODUÇÃO A implantação de um estudo que gere soluções para a melhoria das condições ambientais de um laboratório de microbiologia é necessária para garantir o bom funcionamento do mesmo. Segundo Hirata et al(2002) o trabalho laboratorial executado de forma adequada e bem planejada previne a exposição indevida a agentes considerados de risco a saúde e sem duvida evita acidentes. A Biossegurança em laboratório de microbiologia é uma ferramenta eficaz na prevenção de acidentes e na otimização do tempo em que as atividades são realizadas. De acordo com Moura (apud Teixeira e Valle, 1996), biossegurança é o conjunto de medidas destinadas a prevenção, eliminação ou diminuição de riscos relacionados às atividades de produção, ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a qualidade dos trabalhos realizados ou a saúde dos animais, meio ambiente e do homem, ou seja, os trabalhadores através dessas ações podem prevenir, diminuir e até mesmo eliminar os riscos a que se encontra exposto no ambiente de trabalho. A análise de risco envolve os riscos no ambiente de trabalho, estes estão relacionados com os agentes físicos, biológicos, químicos, ergonômicos e o risco de acidentes. Segundo Hirata et al (2002): os riscos físicos refere-se a riscos provocados por algum tipo de energia. Os riscos biológicos, de acordo com a norma regulamentadora 32, é a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. De acordo com Hirata et al (2002), a classificação das substâncias químicas, gases, líquidos ou sólidos, também devem ser conhecidos pelos seus manipuladores. Nesse aspecto, têm-se solventes combustíveis, explosivos, irritantes, voláteis, cáusticos, corrosivos e tóxicos. O risco ergonômico, de acordo com a norma regulamentadora 17, esta relacionado às condições de trabalho que incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho. Riscos de Acidentes são todos os fatores que colocam em perigo o trabalhador ou afetam sua integridade física ou moral (FIOCRUZ, 2011). O risco em laboratórios de microbiologia é medido através dos níveis de biossegurança, esse nível esta relacionado ao grau de risco que o trabalhador e a comunidade estão submetidos. O local estudado se enquadra na classe dois, de acordo com a quarta edição de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos e Microbiológicos (FUNASA, 2001), isso significa que laboratórios de classe dois são aqueles onde o trabalho é realizado com um

13 maior espectro de agentes nativos de risco moderado presentes na comunidade e que estejam associados a uma patologia humana de gravidade variável. O nível de risco também esta relacionado ao patógeno presente nos processos do laboratório. No referido laboratório o patógeno analisado é a Salmonella, esta por sua vez causa risco de contaminação biológica de potencialidade pequena. O presente trabalho realizou uma analise de risco baseada nos critérios de biossegurança, incluídos neste o de engenharia de segurança do trabalho em um laboratório de microbiologia. Essa analise poderá ser aplicada a outros laboratórios de microbiologia. Com este estudo foi possível encontrar os riscos dentre os quais o ambiente estudado está exposto e as formas de amenizar os efeitos deles.

14 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analise dos riscos do laboratório fundamentada nos critérios de biossegurança e segurança do trabalho. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO Realizar uma analise mais apurada e indicar medidas corretivas e preventivas com a intenção de que tragam melhorias ao trabalhador e a empresa e a adequação de ambiente de trabalho.

15 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 CONCEITOS 3.1.1 Avaliação de Risco De acordo com Lajolo e Nutti (2003) basicamente a análise de risco é uma metodologia científica que auxilia na busca sistematizada de informações sobre um determinado perigo, de forma a permitir a avaliação do risco envolvido e a adoção de medidas para eliminar ou controlar o perigo detectado. É importante entender a distinção entre perigo e risco. O risco é uma fração da probabilidade de ocorrência do perigo em certas circunstâncias, como risco de ser atropelado, morder um fragmento metálico, ser contaminado por um microrganismo. A análise de risco é, portanto, um procedimento científico sistematizado que compreende diversas etapas: Avaliação do risco, o gerenciamento do risco e a informação de risco. A avaliação do risco é, em última análise, a caracterização da natureza quantitativa e qualitativa dos efeitos adversos (perigo) a uma população e pode incluir a obtenção da dose resposta, ou seja, dos efeitos decorrentes de níveis crescentes de exposição ao agente. O gerenciamento do risco corresponde à busca de políticas e medidas de regulamentação e controle (detecção rastreabilidade e monitoramento). 3.1.2 Segurança do Trabalho Segundo SILVA (apud Saliba 2009, p. 24) a segurança do trabalho visa prevenir os acidentes de trabalho oriundos dos diversos riscos operacionais presentes nos ambientes de trabalho (eletricidade, proteção de máquinas, armazenamento, dentre outros). O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa pode ser composto de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Auxiliar de enfermagem do trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, onde cada um possui suas atribuições para o melhor desenvolvimento e promoção da segurança e saúde do trabalhador (SILVA apud ARAUJO, 2009).

16 3.1.3 Biossegurança Segundo, Moura (apud Teixeira e Valle, 1996), biossegurança é o conjunto de medidas destinadas a prevenção, eliminação ou diminuição de riscos relacionados às atividades de produção, ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a qualidade dos trabalhos realizados ou a saúde dos animais, meio ambiente e do homem, ou seja, os trabalhadores através dessas ações podem prevenir, diminuir e até mesmo eliminar os riscos a que se encontra exposto no ambiente de trabalho. 3.1.4 Microbiologia É a ciência que estuda os organismos vivos microscópicos, ou seja, aqueles impossíveis de serem vistos a olho nu. De um modo geral considera-se que a ciência da Microbiologia começou com a invenção do microscópio (HAJDENWURCEL, 1998). 3.1.5 Laboratório de Microbiologia Laboratórios de microbiologia são, com freqüência, ambientes singulares de trabalho que podem expor as pessoas próximas a eles ou que neles trabalham a riscos de doenças infecciosas identificáveis (FUNASA, 2001). 3.1.6 Higiene Alimentar A higiene na indústria de alimentos visa, basicamente, a prevenção da pureza, da palatabilidade, e da qualidade microbiológica dos alimentos. Assim, a higiene industrial auxilia na obtenção de um produto que, além das qualidades nutricionais e sensoriais, tenha uma boa condição higiênico-sanitária, não vinda a oferecer quaisquer riscos à saúde do consumidor (LINO apud SILVA et al. 2008).

17 3.2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO Segundo Moreira (2003), na história da segurança do trabalho, são encontrados indicativos muito antigos da preocupação quanto à preservação da vida dos trabalhadores. Hipócrates (460-357 AC) e Plínio, o Velho (23-79 DC), indicaram nos seus trabalhos a ocorrência de doenças pulmonares em mineiros. Em 1700, na Itália, o médico Bernardino Ramazzini, considerado o Pai da Medicina do Trabalho, publicou o livro De Morbis Artificium Diatriba. A obra descreve com bastante profundidade as doenças relacionadas à cerca de cinqüenta profissões, tais como: mineiros, químicos, oleiros, ferreiros, salineiros, joalheiros, pedreiros, entre outros (MOREIRA, 2003). O surgimento da Revolução Industrial, na Inglaterra, trouxe muitas transformações para a sociedade, principalmente para a classe trabalhadora, transformações estas que repercutiram de forma negativa no que diz respeito ao bem-estar físico e psicológico do trabalhador, sendo o mesmo obrigado a executar longas jornadas de trabalho em ambientes sem segurança, tendo que manusear máquinas tecnologicamente avançadas, com as quais não estavam habituados, gerando assim graves acidentes de trabalho como: mutilação, intoxicação, desgaste físico, etc., o que ocorria principalmente com as mulheres que ocupavam o mercado de trabalho em grande número por serem consideradas mão-de-obra barata (PEREIRA, 2001). As primeiras medidas de proteção ao trabalhador, adotadas nas fábricas inglesas, eram de natureza estritamente médica. Nascia uma preocupação direcionada à higiene pessoal nos locais de trabalho, por conseguinte, também relacionada com a saúde dos trabalhadores. Inexistiam relatos sobre iniciativas destinadas à segurança no trabalho, entendida como medidas de natureza educativa, técnica ou legal, voltadas para melhoria do ambiente de trabalho, proteção coletiva e individual, segregação ou eliminação de fontes de riscos de acidentes, proteção e otimização de máquinas, ferramentas e equipamentos (BRASIL, 2002). Em 1802, na Inglaterra, foi criada a primeira Lei de proteção ao trabalhador, Lei de Saúde e Moral de Aprendizes, que instituía a jornada de trabalho em doze horas diárias, proibia o trabalho noturno e instituía a obrigatoriedade de medidas de melhoramento no ambiente de trabalho, sendo obrigatório um ambiente arejado, limpo e seguro aos funcionários. Também na Inglaterra, em 1834, houve a contratação do primeiro Inspetor- Médico de fábricas, medida posteriormente adotada por outros países, passando-se a submeter

18 os funcionários a exames médicos admissionais e periódicos, como forma de cuidar e controlar a saúde dos trabalhadores nas fábricas. Em 1862, na França, ocorre a regulamentação da Segurança e Higiene do Trabalho. Em 1865, na Alemanha, surge a Lei de Indenização Obrigatória dos Trabalhadores, a qual responsabiliza o empregador a pagar ao empregado pelo acidente de trabalho e em 1873, criou-se a primeira Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes, que visa prevenir o acidente e ampara o trabalhador acidentado (PEREIRA, 2001). No período que coincide com a Primeira Guerra Mundial, manifestações e reivindicações ocorridas em diversos congressos de trabalhadores levaram à Conferência da Paz de 1919, organizada pela Sociedade das Nações, a criar, pelo Tratado de Versalhes, a Organização Internacional do Trabalho OIT. Esta organização foi criada com o propósito de dar às questões trabalhistas um tratamento uniformizado, com fundamento na justiça social. O preâmbulo da constituição da OIT enfatiza que existem condições de trabalho que implicam para grande número de indivíduos misérias e privações, e que o descontentamento que daí decorre põe em perigo a paz e harmonia universais... (Sussekind, 1994). Já na primeira reunião da OIT, no ano de 1919, foram aprovadas seis convenções, com visíveis propósitos de proteger à saúde e integridade física dos trabalhadores, tratando de limitação da jornada de trabalho, desemprego, proteção à maternidade, trabalho noturno das mulheres, idade mínima para admissão de crianças e o trabalho noturno dos menores (BRASIL, 2002). O eco dessas convenções, posteriormente, levou representantes da Organização Internacional do Trabalho OIT e da Organização Mundial da Saúde OMS a se reunirem para deliberar e estudar com maior ênfase o assunto. Em 1950, a Comissão Conjunta OITOMS sobre saúde ocupacional estabeleceu, de forma muito ampla, os objetivos da saúde ocupacional. Em junho de 1953, a Conferência Internacional do Trabalho adotou princípios, elaborando a Recomendação n 97, sobre a Proteção à Saúde dos Trabalhadores em Locais de Trabalho, e insistiu com os Estados-membros, no sentido de que os mesmos incrementassem a criação de serviços médicos nos locais de trabalho. Em junho de 1959, a 43a Conferência Internacional do Trabalho, reunida em Genebra, Suíça, estabeleceu a sua Recomendação n 112, que tomou o nome de Recomendação para os Serviços de Saúde Ocupacional (BRASIL, 2002).

19 3.2.1 Histórico e Estatísticas da Segurança do Trabalho no Brasil No Brasil a preocupação com a saúde do trabalhador só ocorreu a partir do surgimento de epidemias como a febre amarela, a cólera e a peste, que matou dezenas de trabalhadores. É durante o ciclo do café que ocorre a divisão internacional do trabalho e a saúde pública voltase para o combate das epidemias, com destaque para o sanitarista Osvaldo Cruz. Entretanto, a intervenção da saúde pública nas fábricas é insatisfatória pela falta de condições de trabalho na época. A classe trabalhadora inconformada com tal situação dá início aos movimentos sociais de luta por seus direitos, organizando-se em grandes greves, como as de 1907, 1912, 1917 e 1920, em decorrência dessas manifestações e da insatisfação da classe, foram surgindo leis objetivando a regulamentação da questão da higiene e segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho, assim como o surgimento do primeiro médico de fábrica, no Brasil (PEREIRA,2001). Em 1919, foi regulamentada a Lei n.º 3.724, de 15//01/1919, que compreende a intervenção do Estado nas condições de trabalho no Brasil. Em 1923, o Decreto n.º 16.027, de 30/04/1923, cria o Conselho Nacional do Trabalho, cuja função é o controle e a supervisão no que diz respeito à Previdência Social. Em 1930, o Decreto n.º 19.433, de 26/11/1930, cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, tendo como área de atuação a Higiene e a Segurança do Trabalho, conforme o artigo 200 da Constituição Federal de 1988. Em 1934, criou-se a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, atualmente Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, órgão fiscalizador e controlador do cumprimento das leis referentes à segurança e medicina do trabalho. Em meio a todas estas leis, foi que os trabalhadores consolidaram seus direitos em 1943, com a implantação da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, o qual vem regulamentar todas as normas trabalhistas determinando os direitos e deveres de empregador e empregado, não só no que diz respeito à segurança do trabalho, como também à jornada de trabalho, salário, previdência social, aposentadoria, etc. em 1944, o Decreto-lei n.º 7.036, de 10/11/1944, institui o seguro obrigatório ao trabalhador acidentado e a constituição de comissão interna para representar os trabalhadores no que concerne a higiene e segurança no trabalho, em empresas com mais de 100 (cem) empregados. Em 1953, é baixada a Portaria n.º 155/53, que regulamenta a atuação das Comissões Internas de Prevenções de Acidentes CIPAS, no Brasil, proporcionando a participação dos funcionários em treinamentos e palestras que contribuam para o conhecimento de ações que beneficiem sua segurança e bem estar no local de trabalho. Em

20 1976, foi instituído o Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, com a finalidade de zelar pela saúde alimentar do trabalhador (PEREIRA,2001). Em 1978, foi aprovada pelo Ministério do Trabalho, a Portaria nº 3.214, que regulamentava as Normas Regulamentadoras da Segurança e Medicina do Trabalho. O Decreto n.º 3.048, de 6/5/1999, aprova o Regulamento de Benefícios da Previdência Social, o qual revogou o Decreto n.º 2.172/97, mas manteve o conceito de acidentes do trabalho da Lei n.º 8.213/91, a qual dá nova redação ao Regulamento ao Plano de Benefícios da Previdência Social que assegura ao empregado benefícios como: auxílio-acidente, auxílio-doença e aposentadoria e aos seus dependentes o recebimento de pensão no caso de morte. Todo esse processo teve como propósito assegurar a proteção e saúde física e mental do trabalhador a partir das transformações ocorridas com a Revolução Industrial, através da implantação de leis e normas que visam garantir os direitos dos trabalhadores em caso de acidentes de trabalho, assim como condições materiais e espaço físico adequados ao bom desempenho das atividades profissionais dos trabalhadores. É fundamental ressaltar a importância das conquistas alcançadas pela classe trabalhadora no que se refere a sua saúde e proteção ao longo de todos esses anos e a regulamentação de seus direitos enquanto trabalhador e cidadão (PEREIRA,2001). Segundo o Ministério da Previdência Social, o número de mortes relacionadas ao trabalho diminuiu 11,4 % de 2009 para 2008. Enquanto que em 2008 foram registrados 2.817 mortes em vários setores de atividades, o último ano contabilizou 2.496 óbitos (Quadro 1). Quadro 1. Número de Acidentes e Doenças do Trabalho no Brasil, de 1970 a 2009. Ano Quantidade de Acidentes do Trabalho Total de Trabalhadores Com CAT Registrada Sem CAT Acidentes Típico Trajeto Doença Registrada Óbitos Média dos anos 70 12.428.828 1.535.843 36.497 3.227 1.575.566 3.604 Média dos anos 80 21.077.804 1.053.909 59.937 4.220 1.118.071 4.672 Média dos anos 90 23.648.341 414.886 35.618 19.706 470.210 3.925 Média dos anos 00 32.970.507 369.870 63.476 23.814 180.413 511.283 2.805 Total 33.745.075 1.955.275 509.667 541.238 36.751.305 150.060 Média Geral 22.531.370 843.627 48.882 12.742 180.413 918.783 3.752 Fonte: Revista Proteção, 2011.

21 3.3 HISTÓRICO DE BIOSSEGURANÇA Em 1941, Meyer e Eddie publicaram uma pesquisa de 74 casos de brucelose associados a laboratório, ocorrido nos Estados Unidos, e concluíram que a manipulação de culturas ou espécies ou ainda a inalação da poeira contendo a bactéria Brucella é eminentemente perigosa para os trabalhadores de um laboratório. Inúmeros casos foram atribuídos a falta de cuidados ou a uma técnica de manuseio ruim de materiais infecciosos (FUNASA, 2001). Em 1949, Sulkin e Pike, publicaram a primeira de uma série de pesquisas sobre infecções associadas a laboratório. Eles constataram 222 infecções virais, sendo 21 delas fatais. Em pelo menos um terço dos casos, a provável fonte de infecção estava associada ao manuseio de animais e tecidos infectados. Acidentes conhecidos foram registrados em 27(12%) dos casos relatados (FUNASA, 2001). Em 1951, Sulkin e Pike, publicaram a segunda de uma série de pesquisas baseada em um questionário enviado a 5.000 laboratóios. Somente um terço dos 1.342 casos citados foram relatados na literatura. A Brucelose era a infecção mais frequentemente encontrada nos relatóios e juntamente com a tuberculose, a tularemia, o tifo, e a infecção bacterianas e 31% das infecções causadas por outros agentes. O índice total de mortalidade era de 3%. Somente 16% de todas as infecções relatadas estavam associadas a um acidente documentado. A maioria destes estavam relacionados ao uso de pipetas, seringas e agulhas (FUNASA, 2001). Em 1967, Hanson e colaboradores relataram 428 casos patentes de infecções de arbovírus associados a laboratório. Em alguns casos, a capacidade de um dado arbovírus de produzir uma doença humana foi primeiramente confirmada como o resultado de uma infecção não intencional da equipe laboratorial. No caso, os aerossóis infecciosos eram considerados a fonte mais comum de infecção (FUNASA, 2001). Em 1974, Skinholj publicou os resultados de uma pesquisa que mostrava que o corpo de funcionários dos laboratórios clínicos dinamarqueses apresentava uma relatada incidência de hepatite (2,3 casos ao ano por 1.000 funcionários) sete vezes maior que a população em geral (FUNASA, 2001). Na revisão de 1979, Pike chegou a conclusão que o conhecimento, as técnicas e o equipamento para a prevenção das infecções laboratoriais já estão disponíveis. Nos Estados Unidos, porém, nenhum código de prática, padrões, diretrizes ou outras publicações proporcionaram descrições detalhadas das técnicas, equipamento e outras considerações ou

22 recomendações para um maior esfera de ação das atividades laboratoriais conduzidas com uma variedade de agentes infecciosos exóticos e nativos. O folheto Classificação dos Agentes Etiológicos Baseando-se no Grau de Risco serviu como uma referência geral para várias atividades laboratoriais que utilizam agentes infecciosos. Neste folheto, o conceito sobre a classificação dos agentes infecciosos e das atividades laboratoriais em quatro níveis ou classes, serviu como um formato básico para as edições anteriores do Biossegurança em Laboratórios Biomédicos e Microbiológicos (BLBM) (FUNASA, 2001). No final dos anos 80 havia uma grande preocupação com o lixo médico-hospitalar, levou a publicação do Ato de Rastreamento de Lixo Hospitalar de 1988. Os princípios estabelecidos nos volumes anteriores do BLBM para o manuseio de dejetos potencialmente infecciosos como um risco ocupacional foi reforçado pela Pesquisa do Conselho Nacional intitulada Biossegurança em Laboratórios: Práticas Prudentes para o Manuseio e Remoção de Materiais Infecciosos. Nos anos 90, verificamos que a definição de biossegurança sofre mudanças significativas. Em seminário realizado no Instituto Pasteur em Paris (INSERM, 1991), observamos a inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante, em programas de biossegurança (FUNASA, 2001). 3.4 IMPORTANCIA DO ESTUDO EM FABRICAS DE ALIMENTOS A alimentação é uma das atividades mais importantes do ser humano, tanto por razões biológicas óbvias, quanto pelas questões sociais e culturais que envolvem o comer. Assim, o ato de se alimentar engloba vários aspectos que vão desde a produção dos alimentos até a sua transformação em refeições e disponibilização às pessoas (PROENÇA, 2005). Para cada indivíduo, o comer e a comida têm um significado especial, dependendo da sua história alimentar desde a infância, dos sabores que tem vivenciado, das formas e dos locais de consumo. Cada ser humano constrói, ao longo da sua vida, uma identidade própria com relação ao ato de se alimentar (PROENÇA, 2005). A partir da Revolução Agrícola, a relação do homem com o alimento a ser consumido sofreu diversas transformações e, ao passo em que as sociedades tornavam-se mais complexas, mais complexas tornava-se esta relação; desembocando na chamada Época Moderna com o surgimento das Indústrias Alimentícias que, selecionavam, preparavam e

23 comercializavam os produtos extraídos da Natureza. Este traço de seletividade e diversidade sempre acompanhou o desenvolvimento da indústria da alimentação, e não obstante podemos encontrá-lo em nossa contemporaneidade nas mais variadas indústrias mundiais. Portanto, o ramo da alimentação apresenta-se bastante diversificado, tanto em termos de produtos oferecidos quanto da própria infraestrutura industrial (PADOVANI, 2009). O ramo da alimentação apresenta-se bastante diversificado, tanto em termos de produtos oferecidos quanto da própria infraestrutura industrial. A Indústria de Alimentos Brasileira representa um dos ícones neste segmento corporativo mundial. No Brasil, a título de exemplo, temos a congregação de grandes empresas multinacionais e nacionais no ramo da alimentação (como a Sadia, Perdigão, Coca-Cola, AMBEV, Garoto, Parmalat e as empresas do Grupo Unilever e do Grupo Santista) até pequenas empresas gerenciadas e movimentadas por familiares; com produção do tipo artesanal e distribuição restrita no mercado (PADOVANI, 2009). Fruto desta nova política de produtividade, competitividade e diversidade, os trabalhadores do ramo da alimentação acabaram sofrendo os impactos destas novas regras e processos produtivos em suas atividades e ambientes ocupacionais. Dentre os acidentes de trabalho que merecem análise especial na Indústria Alimentícia, podemos citar os provocados por máquinas e equipamentos. O Brasil, depois de ocupar durante a década de 70 o título de campeão mundial em acidentes de trabalho, continua com base nos dados da Organização Internacional do Trabalho OIT, posicionado entre os dez piores do plano mundial (PADOVANI, 2009). A população que consome o produto produzido pela fábrica também esta sujeito a sofrer riscos, como por exemplo, a ingestão de um alimento contaminado. Segundo Lino (apud WIRTANEN et al., 2008), a contaminação pode ser definida como qualquer ocorrência inaceitável de origem biológica (microorganismos deterioradores e patogênicos, vírus, parasitas); química (pesticidas, metais pesados, antibióticos) e física (fragmentos de metal, vidro, pedra, lascas). Como os microrganismos existem em todos os lugares (exemplo: equipamentos, matérias-primas, embalagem), e importante compreender que a área de processamento e seus equipamentos que estão limpos não necessariamente estão livres de microrganismos. Os microrganismos residuais são considerados contaminantes (LINO apud HAYES, 2008). Conhecendo-se também as fontes de contaminação, podem-se estabelecer prioridades de atuação e também medidas corretivas e preventivas (LINO apud SILVA JUNIOR, 2008).

24 3.5 RISCO EM UM LABORATORIO DE ANALISE DE ALIMENTOS Laboratórios de microbiologia são, com frequência, ambientes singulares de trabalho que podem expor as pessoas próximas a eles ou que neles trabalham a riscos de doenças infecciosas identificáveis. A NR 9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. O risco é a medida da probabilidade e consequência de ocorrer um evento perigoso. Pode ser definida como uma possibilidade de dano, prejuízo ou perda. O risco no ambiente de um laboratório esta relacionado ao seu nível de biossegurança (NB). O laboratório analisado possui NB-2. As práticas microbiológicas padrões baseadas na NB -2 (FUNASA, 2001) são: 1. O acesso ao laboratório deverá ser limitado ou restrito de acordo com a definição do diretor do laboratório quando estiver sendo realizado experimento. 2. As pessoas devem lavar as mãos após a manipulação de materiais viáveis, após a remoção das luvas e antes de saírem do laboratório. 3. É proibido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato e aplicar cosméticos nas áreas de trabalho. Os alimentos deverão ser guardados fora das áreas de trabalho em armários ou geladeiras específicas para este fim. 4. É proibida a pipetagem com a boca; devem ser utilizados dispositivos mecânicos. 5. Devem ser instituídas normas para o manuseio de agulhas. 6. Todos os procedimentos devem ser realizados cuidadosamente a fim de minimizar a criação de borrifos ou aerossóis. 7. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas com desinfetantes que sejam eficazes contra os agentes manipulados, ao final do trabalho ou no final do dia e após qualquer vazamento ou borrifada de material viável.

25 8. Todas as culturas, colônias e outros resíduos deverão ser descontaminados antes de serem descartados através de um método de descontaminação aprovado como, por exemplo, esterilização por calor úmido (autoclave). Os materiais que forem ser descontaminados fora do próprio laboratório deverão ser colocados em recipientes inquebráveis, à prova de vazamentos e hermeticamente fechados para serem transportados ao local desejado. 9. Deve ser providenciado um programa rotineiro de controle contra insetos e roedores. Quanto aos equipamentos de segurança, têm-se as barreiras primárias e secundárias. Dentre as barreiras primárias temos as cabines de segurança biológica, EPI, EPC e recipientes adequados. No laboratório estudado há uma capela de fluxo laminar que é uma cabine de segurança biológica e esta localizada na sala de inoculação, sua função é conter aerossóis infecciosos produzidos por processos microbiológicos diversos. As barreiras secundárias protegem o laboratorista e para a comunidade. As instalações laboratoriais secundárias necessárias (FUNASA, 2001) são: 1. É exigido um sistema de portas com trancas em dependências que abrigarem agentes restritos. 2. Considere a construção de novos laboratórios longe de área públicas. 3. Cada laboratório deverá conter uma pia para a lavagem das mãos. Recomendamos a construção de pias que funcionem automaticamente ou que sejam acionadas com o pé ou com o joelho. 4. O laboratório deverá ser projetado de modo a permitir fácil limpeza e descontaminação. Carpetes e tapetes não são apropriados para laboratório. 5. As bancadas deverão ser impermeáveis à água e resistentes ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis e solventes químicos utilizados na descontaminação das superfícies de trabalho e do equipamento. 6. Os móveis do laboratório devem suportar cargas e usos previstos com espaçamento suficiente entre as bancadas, cabines e equipamentos para permitir acesso fácil para limpeza. As cadeiras e outros móveis utilizados no trabalho laboratorial devem ser cobertos com um material que não seja tecido e que possa ser facilmente descontaminado. 7. Cabines de segurança biológica devem ser instaladas, de forma que a variação da entrada e saída de ar da sala, não provoque alteração nos padrões de contenção de seu funcionamento. As cabines de segurança biológica devem estar localizadas longe de portas,

26 janelas que possam ser abertas, áreas laboratoriais muito cheias e que possuam outros equipamentos potencialmente dilaceradores, de forma que sejam mantidos os parâmetros de fluxo de ar nestas cabines de segurança biológica. 8. Um lava olhos deve estar disponível. 9. A iluminação deverá ser adequada para todas as atividades, evitando reflexos e luzes fortes e ofuscantes que possam impedir a visão. 10. Não existem exigências em relação à ventilação. Porém, o planejamento de novas instalações deve considerar sistemas mecânicos de ventilação que proporcione um fluxo interno de ar sem que haja uma recirculação para os espaços fora do laboratório. Caso o laboratório possua janelas que se abram para o exterior, essas deverão possuir telas para insetos. 3.5.1 Prática e Técnica Laboratorial O termo contenção é usado para descrever os métodos de segurança utilizados na manipulação de materiais infecciosos em um meio laboratorial onde estão sendo manejados ou mantidos. O objetivo da contenção é o de reduzir ou eliminar a exposição da equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente em geral aos agentes potencialmente perigosos (FUNASA, 2001). O elemento de contenção mais importante é a adesão rígida às práticas e técnicas microbiológicos padrões. As pessoas que trabalham com agentes infecciosos ou com materiais potencialmente contaminados devem se conscientizar sobre os riscos potenciais, e devem ser treinadas e estarem aptas a exercerem as técnicas e práticas necessárias para o manuseio seguro destes materiais. Cabe ao diretor ou a pessoa responsável pelo laboratório, a responsabilidade também pelo fornecimento ou pela elaboração de um treinamento adequado para o corpo de funcionários (FUNASA, 2001). Cada laboratório deverá desenvolver ou adotar um manual de biossegurança ou de operações que identifique os riscos que serão ou que poderão ser encontrados e que especifique também as práticas e procedimentos específicos para minimizar ou eliminar as exposições a estes perigos. Os funcionários devem receber informações sobre os riscos especiais e devem ler e seguir todas as práticas e procedimentos solicitados (FUNASA, 2001). Um cientista treinado e com grande conhecimento das técnicas laboratoriais apropriadas, dos procedimentos de segurança e dos perigos associados ao manuseio de

27 agentes infecciosos deve ser o responsável pela condução do trabalho envolvendo quaisquer agentes ou materiais infecciosos (FUNASA, 2001). Quando as práticas laboratoriais padrões não forem suficientes para controlar os perigos associados a um agente ou a um procedimento laboratorial em particular, medidas adicionais poderão ser necessárias. O diretor do laboratório será o responsável pela seleção das práticas adicionais de segurança que devem estar relacionadas aos riscos associados aos agentes ou aos procedimentos. A equipe, as práticas de segurança e as técnicas laboratoriais deverão ser complementadas com um projeto apropriado das instalações e das características da arquitetura, do equipamento de segurança e das práticas de gerenciamento (FUNASA, 2001). 3.5.2 Equipamento de Segurança O equipamento de segurança inclui as cabines de segurança biológica (CSB), recipientes adequados e outros controles da engenharia de segurança projetados para remover ou minimizar exposições aos materiais biológicos perigosos. A cabine de segurança biológica (CSB) é o dispositivo principal utilizado para proporcionar a contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos provocados por inúmeros procedimentos microbiológicos (FUNASA, 2001). O equipamento de segurança também pode incluir itens para a proteção pessoal como luvas, aventais, gorros, proteção para sapatos, botas, respiradores, escudo ou protetor facial, máscaras faciais ou óculos de proteção (FUNASA, 2001). O planejamento e a construção das instalações contribuem para a proteção da equipe do laboratório, proporcionando uma barreira de proteção para as pessoas que se encontram fora do laboratório e para as pessoas ou animais da comunidade contra agentes infecciosos que podem ser liberados acidentalmente pelo laboratório. A gerência do laboratório deve ser a responsável por instalações que estejam de acordo com o funcionamento do mesmo e com o nível de biossegurança recomendado para os agentes que forem ali manipulados (FUNASA, 2001). As barreiras secundárias recomendadas dependerão do risco de transmissão dos agentes específicos. Por exemplo, o risco das exposições para grande parte dos trabalhos laboratoriais em dependências de um Nível de Biossegurança 1 e 2 será o contato direto com

28 os agentes ou as exposições inadvertidas através de um meio de trabalho contaminado. As barreiras secundárias nestes laboratórios podem incluir o isolamento da área de trabalho ao acesso público, disponibilidade de uma dependência para descontaminação (por exemplo, uma autoclave) e dependências para lavagem das mãos (FUNASA, 2001). Quando o risco de contaminação através da exposição aos aerossóis infecciosos estiver presente, níveis mais elevados de contenção primária e barreiras de proteção secundárias poderão ser necessários para evitar que agentes infecciosos escapem para o meio ambiente. Estas características do projeto incluem sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar unidirecionado, sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou remoção do ar liberado, zonas de acesso controlado, câmaras pressurizadas como entradas de laboratório, separados ou módulos para isolamento do laboratório (FUNASA, 2001). 3.5.3 Descarte de resíduos contaminados O descarte correto dos materiais contaminados não pode afetar diretamente a qualidade dos ensaios. Devem existir procedimentos para minimizar a possibilidade de contaminação dos materiais ou do ambiente de ensaio. Contudo, esta é uma questão de boas práticas de laboratório e deve obedecer aos regulamentos ambientais ou de saúde e segurança nacionais e internacionais (ANVISA, 2006). Todos os resíduos do laboratório deverão ser descontaminados antes de serem descartados através de um método de descontaminação aprovado como, por exemplo, esterilização por calor úmido (autoclave). Os materiais que forem ser descontaminados fora do próprio laboratório deverão ser colocados em recipientes inquebráveis, à prova de vazamentos e hermeticamente fechados para serem transportados ao local desejado (ANVISA, 2004). Os materiais para a descontaminação na autoclave devem ser colocados em recipientes ou sacos plásticos apropriados e autocláveis. Um sistema de separação e identificação do material infeccioso e seus respectivos recipientes são recomendados (ANVISA, 2004): Não contaminado (não infeccioso): resíduo que pode ser reciclado, reutilizado ou descartado como lixo doméstico.

29 Contaminado perfurocortante (infeccioso): resíduos como agulhas, seringas, lancetas e outros assemelhados devem ser descartados em recipientes estanques, rígidos, com tampa, e identificados com símbolo e expressão de resíduo infectante. Contaminado para descontaminação e reutilização: recipientes, preferencialmente plásticos, com desinfetantes preparados diariamente, devem ser colocados em todas as áreas de trabalho. O material a ser reutilizado ou reciclado deve permanecer em contato com o desinfetante o tempo que for necessário, segundo as instruções do fabricante do produto. Após a desinfecção, o desinfetante e o material deve ser adequadamente descontaminado na autoclave. Em seguida, o desinfetante deve ser descartado e o material então lavado para a reutilização. Em nenhuma circunstância o material contaminado deve ser submetido a uma pré-lavagem. Contaminado para descarte: resíduo deve ser descontaminado na autoclave em recipientes resistentes a vazamento antes do descarte. Após autoclavagem, este deve ser colocado em recipiente próprio para transporte, também resistente a vazamento e danos físicos, e vedados apropriadamente. Contaminado para incineração: resíduo para descarte na incineração. A incineração de resíduo biológico deve seguir as normas estabelecidas pelas autoridades locais.

30 4 MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho realizado é uma analise preliminar de risco do laboratório de microbiologia II da AFICEL e foi baseada em revisão bibliográfica, coleta de dados e documentos relacionados ao assunto. Esse laboratório realiza um trabalho de análise microbiológica com amêndoa de castanha de caju. Fornece análises microbiológicas dos seguintes microorganismos Enterobacteriaceae, estafilococos, aeróbios mesofilos, Salmonella, coliformes totais e E.coli. Essas análises são realizadas mensalmente e a critério dos desembarques dos lotes de produção. A coleta de dados esta relacionada a imagens obtidas através de uma câmera fotográfica, onde se visualizará os ambientes de trabalho e os materiais que possam trazer algum tipo de risco ao visitante, manipulador e/ou auxiliar do laboratório. A planta baixa será utilizada para investigar melhor o ambiente, atentando para a disposição das portas e bancadas, o layout utilizado para os equipamentos e mobiliário, a construção do mapa de risco. Será aplicado ainda checklist de verificação de atendimento dos requisitos de biossegurança para laboratórios e feita inspeção de campo. O laboratório analisado é o laboratório II de microbiologia da AFICEL (A. FERREIRA IND. COM. E EPORTAÇÃO LTDA), localizada na Rodovia BR 304, Km 30 CEP: 59600-970 Mossoró/RN. A analise preliminar de risco será feita utilizando os requisitos do Sistema Nacional de Acreditação (DICQ) e estão embasados nas Normas ISO-International Organization of Standardization Nacionais e Internacionais aplicadas especificamente para gestão da qualidade de Laboratórios Clínicos (ABNT NBR 14.500 Gestão da Qualidade de Laboratórios Clínicos e ISO 15.189 Medical laboratories Particular requirements for quality and competence); ABNT NBR 14785 Laboratório Clínico Requisitos de Segurança; ABNT NBR 14501 Glossário de Termos para Uso no Laboratório Clinico e no Diagnóstico In Vitro; RDC nº 302, da ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária que dispõe sobre Regulamento Técnico para Funcionamento de Laboratórios Clínicos; Norma Regulamentadora NR-32 Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde (Publicada pela Portaria, MTE nº 485 do Ministério do Trabalho e Emprego), RDC nº 306 da ANVISA Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, bem como, nos requisitos técnicos baseados nas Boas Práticas de Laboratórios Clínicos (BPLC) e na aplicação do mais moderno conhecimento existente na especialidade, na formação e treinamento de pessoal e no exato

31 cumprimento de um sistema de controle interno e externo de qualidade, a fim de permitir a emissão de laudos confiáveis, necessários ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento das patologias humanas. Também será utilizado o manual de biossegurança do laboratório. A metodologia aplicada no trabalho será a análise comparativa utilizada em órgãos como Petrobrás (APR-Análise Preliminar de Riscos) e INMETRO. Para tal será utilizada a construção de quadros para análise comparativa dos dados encontrados com os necessários ao cumprimento da legislação culminando na geração coluna para indicação de ações de adequação ou correção dos pontos desconformes.

32 5 ESTUDO DE CASO A análise preliminar de risco é um estudo que tem como intenção prever possíveis acidentes através de avaliações baseadas em questionamentos e analises criticas. Para isso se devem conhecer as atividades realizadas em cada setor do laboratório, os equipamentos e os riscos existentes (Quadro 2). Quadro 2. Atividade realizada em laboratório. Setor Sala de Patógenos Sala de Preparo de Material Sala de Descarte Sala de Autoclavagem Atividade realizada no laboratório Atividade desenvolvida Fazer a contagem com um contador de colônias. Preparo das soluções e reagentes Descontaminação de Materiais e Soluções 1. Ligar o cabo na corrente elétrica; 2. Abrir a tampa da autoclave e retirar o cesto; 3. Abastecer com água destilada a caldeira até cobrir o descanso do cesto; 4. Colocar o cesto na caldeira; 5. Acondicionar o material a ser esterilizado deixando um espaço de 2,0 cm entre cada um. Equipamento s Bico de bunsen; Placa Petrifilm; Pia; Bancada; Contador de colônias. Balança; Geladeira; Microondas; Bancadas Armários; Reagentes; Vidrarias. Autoclave vertical de vapor quente; Exaustor. Autoclave vertical vapor quente; Exaustor. de Riscos Risco físico, Risco biológico, Risco de acidente. Risco físico, Risco químico, Risco de acidente. Risco físico, Risco de acidente. Risco físico. Cont.

33 Atividade realizada no laboratório Setor Atividade desenvolvida Equipamentos Riscos Descrição do tipo de amostra Computador; analisada, qual analise será Impressora; realizada, anotar informações Telefone; da amostra (código interno da Bancadas. amostra, data de fabricação, lote, solicitante, responsável pela coleta, etc), observar as condições da embalagem, as condições que foram feitas o transporte antes de aceitar a Sala de recepção amostra, higienizar a amostra com gaze em bebida de álcool a 70%, colocar as amostras em ordem sequencial para serem analisadas sobre a bancada as sala de estocagem, encaminhar as amostras para sala de inoculação para serem analisadas, analisar a amostra de acordo com as analises solicitadas. Sala de Lavagem de Material Sala de incubação Fonte: Autoria própria. Lavagem de Material Incubar as placas por 24h. Estufa de secagem; Pia. Incubadora. Cont. Ergonômico. Risco de Acidente. Risco químico. O laboratório está de acordo com o manual da Funasa (2001) e segue as práticas microbiológicas como citadas no mesmo e exposta na revisão de literatura deste trabalho.