A CIDADE ROMANA 1 A Cidade na História, de Lewis Munford. A História da Cidade, de Leonardo Benevolo
As pedras fundamentais da cidade romana eram retiradas principalmente de duas outras culturas, a Etrusca e a Helênica. Dos Etruscos vieram as partes religiosas e supersticiosas dos desenvolvimento romano. A acrópole da cidade etrusca, como no Egeu, era sempre situada em uma colina: era ali que os augúrios sagrados se faziam, antes que uma cidade pudesse ser fundada. Os romanos, que realizavam ritos etruscos ao funda novas cidades, não começavam simplesmente com um augure para se certificar do favor dos deuses, mas o traçado dos contornos da cidade era feito por um sacerdote que guiava a charrua. Diferente da cidade grega, onde a muralha era muitas vezes algo em que se pensava depois, a cidade romana começava por essa muralha; a a cidade, em parte por motivos religiosos, em parte por considerações utilitárias, tornava a forma de um retângulo, estabelecendo o modelo padrão para o acampamento de dormida que mais tarde o legionário romana cavava para si mesmo. Dessa definição religiosa da cidade brotou, possivelmente, outra característica, o pomerium, um cinturão sagrado dentro e fora da muralha, onde nenhum edifício poderia ser situado. A vantagem militar dessa prática, para os defensores da cidade pode ter dado mais força a sansão religiosa.
Augure romano e o frango sagrado
Avançando na discussão, a transição da Grécia para Roma é MAIS UMA CONTINUIDADE DO QUE UMA RUPTURA Tendo em vista que os princípios urbanos foram mantidos É a mesma distinção que havia entre Atenas e as colônias da Magna Grécia são também encontradas entre Roma e as cidades do império. Os dois pólos de regularidade e irregularidade mais uma vez, convivendo SINCRONICAMENTE Dos legados remanescentes do Império Romano, a criação e administração de um vasto império composto por uma rede urbana HIERARQUIZADA Além disso, o princípio ordenador das colônias e a maneira como a estruturação de cidades foi sendo estabelecida LANÇOU AS BASES PARA UMA CIVILIZAÇÃO URBANA progressivamente incorporada à vida cotidiana da Europa Ocidental.
Localização das Legiões Romanas em 80 a.c.
E dessa herança, a despeito do declínio durante o medievo, resultaram locações que serviram de SUPORTE para a retomada urbana na baixa Idade Média Quanto aos princípios urbanizadores, a urbanização romana considerava quase sempre a adoção de RETÍCULAS EM XADREZ FACILITAVA A IMPLANTAÇÃO DO ASSENTAMENTO (Respondia ao caráter militar, bélico e expansionista) As cidades passavam a significar: PONTOS AVANÇADOS DE CONQUISTA DE TERRITÓRIOS CONSOLIDAÇÃO DO POVOAMENTO IMPOSIÇÃO LATINA É estratégia de GARANTIA DE POSSE por meio da CONSOLIDAÇÃO DE UMA SOCIEDADE URBANA
A cidade romana era orientada no sentido de harmonizar com a ordem cósmica. A marca típica que a distinguia das cidades helenísticas do mesmo caráter geral era o traçado, sempre muito rígido, de suas ruas principais, o CARDO, que corria de norte para sul, e o DECUMANOS, que corria de leste para oeste O principal decumanus era chamado de DECUMANUS MAXIMUS, que normalmente estava conectado à Porta Pretória (no acampamento militar era a mais próxima ao inimigo) e à Porta Decumana (aquela mais afastada do inimigo) No centro, o Decumano encontrava-se, perpendicularmente, com o CARDO MAXIMUS, que era normalmente a rua principal. O Fórum encontrava-se na maior parte das vezes próximo a esse encontro. Era no Cardo Maximus que localizavam-se as lojas e os ambulantes sendo, portanto, o centro da vida econômica das cidades romanas.
Planta da cidade romana de Timgad
Vista aérea de Timgad - Argélia
Apamea - Síria
Vista do Cardo
Vista do Decumanus Maximus
Planta de um acampamento ou castra militar, na Áustria
Porta Pretória de um acampamento localizado na antiga região romana da Dácia (atualmente Romênia)
Durante os séculos III e II a.c., Roma deixou suas marcas características numa série de novas colônias destinadas a imigrantes romanos. Das doze cidades originais da Toscana e das trinta cidades do Lácio, o Estado Romano, no período de Augusto, tinha semeado mais de 350 cidades na Itália peninsular e outras 80 na Itália setentrional. Essas cidades eram talhadas segundo o novo modelo, modesto em dimensões, simples no traçado: quase o exato oposto da cidade-mãe desordenada e dispersa. Ter estabelecido essas novas cidades foi um feito social mais valioso do que quaisquer benefícios conferidos por Roma a si mesma por seus monopólios escorchantes. O que faltava em tamanho às cidades novas, ganhavam elas em qualidade e, de passagem, em auto-suficiência, pois em tempos normais aquelas cidades poderiam tirar a maior parte dos seus alimentos da região circunvizinha: assim, mantinham o equilíbrio rural-urbano que lugares maiores, por causa do seu próprio crescimento, desfaziam. Em muitas regiões, a colonização foi acompanhada por uma ordem semelhante, ao se planejar a paisagem, traçar as estradas e dividir campos em longos tratos retangulares, que ainda podem ser vistos do ar e são respeitados no uso cotidiano.
Certamente, mesmo que não tenhamos provas escritas, deve ter havido previsão e uma política consciente por trás da fundação dessas novas cidades romanas. Todas as instituições e todas as artes de que Roma se gabava se achavam à disposição em tais lugares. Todo que era desejável na vida urbana existia, exceto a imensidade de Roma, sua variedade, sua concentração, nuns poucos quilômetros quadrados, dos recursos de todo o Império, do Nilo ao Mar do Norte. Enquanto os gregos atendiam principalmente à beleza e à fortificação, aos portos e ao solo fértil ao planejar suas cidades, os romanos eram notáveis pelo calçamento das ruas, pelo suprimento de água e pelos esgotos.
Restos do sistema de esgotamento de uma cidade romana
Em suma, nos grandes feitos de engenharia em que Roma se mostrava suprema, nos aquedutos, nos esgotos subterrâneos, nas vias pavimentadas, a sua aplicação total absurdamente dispersa e ineficiente. Por sua própria grandeza e capacidade, Roma se derrotou e jamais pôde atender as suas próprias necessidades. Parece haver pouca dúvida de que as cidades provincianas menores, eram, nesses departamentos, mais bem administradas, justamente porque não haviam ultrapassado a medida humana. Se faz referência a dois eixos principais, o Decumanus Maximus e o Cardo Maximus, que têm comprimento maior e se cruzam num ponto, considerado o centro ideal da colônia. Os textos antigos consideram a melhor solução quando os dois eixos do arranjo territorial coincidem com os dois eixos da cidade: deste modo, de fato, as estradas rurais que saem das portas da cidade são a continuação das urbanas. Também o campo militar romano é desenhado da mesma maneira; sabe-se que muitos campos se tornaram cidades permanentes, e por outro lado, os colonos enviados nas centuriações são, muitas vezes, veteranos militares. Outras colônias e cidades são, ao contrário, de origem civil, e algumas foram fundadas antes que os romanos estabelecessem as regras para a disposição dos acampamentos. Portanto, as cidades romanas traçadas com um desenho irregular, de origem militar ou civil, devem considerar-se uma aplicação em escala urbana do método geral da centuriação, isto é, um prosseguimento simplificado da prática hipodâmica.
Os traçados retilíneos das estradas principais servem de linhas de referência para a divisão racional do território cultivável (a centuriação) onde este é atribuído aos colonos romanos ou latinos enviados aos territórios de conquista. A centuriação está baseada numa grande de estradas secundárias (os limites). Os limites são ao mesmo tempo fronteiras cadastrais e estradas públicas: realizam assim um imponente sistema de vias secundárias, que não tem precedentes no mundo antigo e que garantem a difusão capilar dos sistema agrário, econômico e administrativo romano.
Vista aérea de Pompeia
Pompeia
Vista da antiga Óstia