três infecções mais comuns e temidas em pessoas com FC. Aquisição da Pseudomonas aeruginosa



Documentos relacionados
PANDEMIA DE GRIPE. Informação importante para si e para a sua família

Gripe pandémica. Factos que deve conhecer acerca da gripe pandémica

INFORMAÇÃO IMPORTANTE SOBRE A GRIPE SUÍNA

Estudo PARTNER. Foi convidado a participar neste estudo porque tem uma relação em que é o parceiro VIH positivo.

Monitorização da Qualidade em Serviços de Saúde

A GRIPE SAZONAL Porque deve ser vacinado

INSTRUÇÕES DE UTILIZAÇÃO


PREVENÇÃO DA GRIPE A(H1N1)V

Os Atletas e os Medicamentos Perguntas e Respostas

Será que é influenza (gripe)? Quem tem sintomas de febre repentina, tosse e dor de garganta. Guia de consulta e Cuidado. (Tradução Provisória)

Código: CHCB.PI..EST.01 Edição: 1 Revisão: 0 Páginas:1 de Objectivo. 2. Aplicação

Avaliação de Risco e Pontos de Controlo Críticos (ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS de CONTROLO CRÍTICOS - HACCP)

Perguntas e Respostas sobre o vírus A(H7N9)* Questions and answers about the vírus A(H7N9)

Referenciais da Qualidade

Mulheres grávidas ou a amamentar*

Informações Básicas sobre o Novo Tipo de Influenza

DISCUSSÕES UE/EUA RELATIVAS AO ACORDO SOBRE EQUIVALÊNCIA VETERINÁRIA

Conclusões CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES. O Ambiente Interior e a Saúde dos Ocupantes de Edifícios de Habitação. 217

Norma de Orientação Farmacêutica Higienização das mãos Hygiènization des mains Hygienization of the hands

Conhecendo o vírus v. Vírus da Imunodeficiência Humana VIH

BIOSSEGURANÇA NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA

Até 10 horas. Não, é um meio pouco propício para ser contagiado.

Jornal Oficial da União Europeia

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR

PNEUMONIAS COMUNITÁRIAS

Como lidar com a perda...

FICHA DE SEGURANÇA: ZOTAL LABORATÓRIOS ZOTAL, S. L. UNIVETE, S. A Camas (Sevilla) Tel: Espanha Fax:

Escolher um programa de cuidados infantis

PRECAUÇÕES E ISOLAMENTOS. (Falhas na adesão ás práticas de prevenção)

GRIPE DAS AVES. Informação e Recomendações. Elaborado por: Castro Correia Director Clínico. 14 de Setembro de 2005

USAR OS ANTIBIÓTICOS DE FORMA RESPONSÁVEL

Gripe H1N1 ou Influenza A

PORTFÓLIO INTRODUÇÃO. A União Zoófila é uma Associação de utilidade pública administrativa, sem fins lucrativos, regendo-se pelos seus estatutos.

Posição da SPEA sobre a Energia Eólica em Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Assunto: Condições de contrato de transporte aéreo

Medidas de Controle de Infecção Hospitalar

Um sistema bem dimensionado permite poupar, em média, 70% a 80% da energia necessária para o aquecimento de água que usamos em casa.

Perguntas Mais Frequentes Sobre

O QUE É AIDS?... 2 TESTAGEM... 3 PRINCIPAIS SINTOMAS DA AIDS... 4 SAIBA COMO SE PEGA AIDS... 5 Assim Pega... 5 Assim não pega... 5 Outras formas de

Ministério da Administração do Território

MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES GUIA DE ORGANIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DOS ESTÁGIOS

O SMMP oferece aos seus associados uma apólice de Internamento Hospitalar, com as seguintes características:

Informação e Recomendações para Escolas. Segundo a Direcção-Geral de Saúde Ano lectivo 2009/2010

RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO ROTEIRO DE RESPOSTA AO ÉBOLA

Rastreio de CPE Informação para o Doente

Resolução da Assembleia da República n.º 64/98 Convenção n.º 162 da Organização Internacional do Trabalho, sobre a segurança na utilização do amianto.

PARECER COREN-SP 042/2014 CT PRCI nº 5441/2014 Tickets nºs , e

ESTUDO STERN: Aspectos Económicos das Alterações Climáticas

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Jefferson Aparecido Dias *

O presente anúncio no sítio web do TED:

Guia Prático do Certificado Energético da Habitação

CONFIRA DICAS PARA ENFRENTAR O ALTO ÍNDICE ULTRAVIOLETA

Resistência de Bactérias a Antibióticos Catarina Pimenta, Patrícia Rosendo Departamento de Biologia, Colégio Valsassina

1 Introdução. 2 Exemplo de aplicação

PROJETO. Saúde, um direito Cívico

Dossier Informativo. Osteoporose. Epidemia silenciosa que afecta pessoas em Portugal

POLÍTICA DE CONTROLO DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS COM RESISTÊNCIA À METICILINA (MRSA) NA UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DE MATOSINHOS, EPE (ULSM)

1. (PT) - Jornal de Notícias, 01/08/2014, Viaturas médicas mais disponíveis para acidentes 1

Informação e Recomendações para Escolas. Segundo a Direcção-Geral de Saúde Ano lectivo 2009/2010

Gripe A. Dr. Basil Ribeiro. Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo. Faculdade de Medicina de Coimbra Medicina Interna e Medicina Desportiva

NOTA TÉCNICA N o 014/2012

Stalking e Convenção de Istambul. Rita Braga da Cruz Porto Dezembro de 2014

Hipertensão Arterial no idoso

DOMÓTICA, VIDEOPORTEIRO E SISTEMAS DE SEGURANÇA

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

MITOS X VERDADES SOBRE A DENGUE

A forma como trabalhamos tem mudado drasticamente durante os últimos anos.

DIRECTRIZES PARA A ADAPTAÇÃO DO GUIA SOBRE AS MARCAS AO UTILIZADOR

"UMA BOCA SAUDÁVEL NA IDADE ADULTA DEPENDE DOS CUIDADOS QUE FOREM MANTIDOS DESDE O BERÇO".O que é a Odontopediatria?

Bairro. Normas Orientadoras BAIRRO. Co-financiamento

Quinta Edição/2015 Quinta Região de Polícia Militar - Quarta Companhia Independente

Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso

Corro o risco de contrair Hepatite B?

NOTIFICAÇÃO URGENTE DE SEGURANÇA (Recolha do Mercado)

SISTEMA DE PRODUÇÃO DISCRETA

ANEXO 5 - Guia para o preenchimento do Questionário sobre património cultural imaterial

PAINEL DE ADMINISTRADOR

Empresas Responsáveis Questionário de Sensibilização

Seminário Energia e Cidadania 23 de Abril de 2009 Auditório CIUL

Divisão de Assuntos Sociais

COMPRAR GATO POR LEBRE

Teste seus conhecimentos: Caça-Palavras

Osteoporose. Trabalho realizado por: Laís Bittencourt de Moraes*

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR. Este folheto contém informações importantes para si. Leia-o atentamente.

Desenvolvimento Sustentável para controlo da população humana.

Filosofia de trabalho e missões

DEPRESSÃO. Tristeza vs Depressão «Será que estou deprimido?» «Depressão?! O que é?»

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS PARECER DA COMISSÃO

Produtos - Saúde Pública / Raticidas / Klerat

Modelo de Texto de Bula. betametasona (como 17-valerato)... 1mg (0,1% p/p) veículo: (carbopol, álcool isopropílico e água purificada q.s.p)...

ANEXO I RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa

ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA 3º E.M.

Modem e rede local. Manual do utilizador

Selo Europeu para as Iniciativas Inovadoras na Área do Ensino/Aprendizagem das Línguas

DECLARAÇÃO AMBIENTAL

INQUÉRITO - PROJECTO DE TUTORIA A ESTUDANTES ERAMUS OUT

Transcrição:

Prevenção de Infecção Cruzada na Fibrose Cística: Informação sobre iniciativas relativamente simples que melhoraram o prognóstico de pessoas com FC na Dinamarca Por Claus Moser, Médico Doutor e Niels Høiby, Médico A maioria dos pacientes adultos com fibrose cística (FC) sofre de infecção pulmonar bacteriológica crónica. Os agentes patogénicos mais comuns mundialmente na FC são: Pseudomonas aeruginosa (P. aeruginosa), seguida por Staphylococcus aureus (S. aureus), complexo Burkholderia cepacia (B. cepacia), Achromobacter xylosoxidans (A. xylosoxidans), Stenotrophomonas maltophilia (S. maltophilia) micobatéria não-tuberculosa (MNT) A prevalência desta bactéria (ou o número de pessoas infectadas) varia bastante mundialmente de centro para centro de FC. Uma vez estabelecida a infecção crónica, esta raramente pode ser erradicada dos pulmões de pacientes com FC dada a capacidade da bactéria de formar microcolónias protegidas denominadas biofilmes. Algumas das bactérias poderão ficar muito viscosas (mucóides), o que dificultará ainda mais o seu tratamento. O modo de crescimento biofilme, juntamente com a propensão para ficar mucóide, protege a bactéria do sistema imunitário do paciente com FC e dos antibióticos dados ao paciente para tratar a infecção. Para além disto, é agora geral considerar que a resposta inflamatória decorrente em relação às infecções pulmonares crónicas é responsável pelos danos causados ao tecido pulmonar e à perda de funções pulmonares observados nos pacientes com FC. Se os pacientes com FC pudessem escapar à infecção pulmonar crónica ou pelo menos atrasar o estabelecimento da infecção crónica a maior quantidade de tempo possível, isto faria aumentar drasticamente a sua esperança de vida O maior contribuidor para a esperança de vida prolongada durante os últimos anos e para a melhoria dos prognósticos sobre FC tem sido a melhoria do tratamento de infecções pulmonares crónicas. Outras iniciativas, tais como o tratamento célere de diabetes, fisioterapia e tratamento com DNase (Pulmozyme), também ajudam na obtenção de maior qualidade de vida para os pacientes com FC. Se os pacientes com FC pudessem escapar à infecção pulmonar crónica ou pelo menos atrasar o estabelecimento da infecção crónica a maior quantidade de tempo possível, isto faria aumentar drasticamente a sua esperança de vida. Este artigo descreve como iniciativas relativamente simples implementadas na Dinamarca melhoraram o prognóstico de pacientes com FC. Modo de aquisição da infecção Para evitar a infecção pulmonar, deve ser considerado o modo de aquisição da infecção. Dado que esta varia de acordo com o organismo presente, iremos descrever o modo de aquisição das

três infecções mais comuns e temidas em pessoas com FC. Aquisição da Pseudomonas aeruginosa Normalmente, a P. aeruginosa pode ser adquirida tanto pelo meio ambiente como por pacientes infectados. Na natureza, a P. aeruginosa encontra-se presente na água doce e solo contaminados por humanos e animais. Outras origens ambientais são as piscinas e jacuzzis com tratamento inadequado de cloro. Foram reconhecidas mais fontes potenciais de P. aeruginosa em unidades de cuidados intensivos, dentistas, bancas de cozinha, brinquedos e sabonetes para mãos nas alas hospitalares de FC. Uma explicação possível para a presença relativamente alta de P. aeruginosa nas alas de FC é a de que a P. aeruginosa na especturação pode sobreviver até 8 dias em superfícies secas. Por isso, os locais hospitalares e o meio ambiente circundante dos pacientes com FC devem ser considerados como contaminados até serem devidamente limpos, isto se os pacientes infectados cronicamente estiveram presentes. A prova mais importante de infecção cruzada é a redução drástica da incidência de Pseudomonas aeruginosa, resultado da segregação entre pacientes cronicamente infectados e não infectados Dr. Niels Høiby A infecção cruzada com P. aeruginosa a partir de outros pacientes é considerada provável devido ao facto de que os irmãos normalmente comportam a mesma estirpe e a transmissão de estirpes específicas durante eventos sociais, como os campos de verão ou Inverno, de pacientes infectados cronicamente para pacientes previamente não infectados. O alastrar epidémico de estirpes resistentes a antibióticos, a relação entre o aumento do número de pacientes infectados cronicamente e o tempo passado no centro de FC também apontam para a infecção cruzada entre pacientes. A prova mais importante de infecção cruzada é a redução drástica da incidência de P. aeruginosa, resultado da segregação entre pacientes cronicamente infectados e não infectados. Embora não seja o tema principal deste artigo, é necessário referir que o tratamento imediato agressivo após o isolamento da P. aeruginosa tem reduzido significativamente os números de pacientes cronicamente infectados com FC, levando à diminuição da transmissão da P. aeruginosa. Aquisição da Staphylococcus aureus Ao contrário da P. aeruginosa, uma quantidade relativamente alta de 10 a 30% dos portadores saudáveis de S. aureus pode ser observada e considera-se que a fonte de transmissão mais importante para pacientes com FC é constituída por portadores saudáveis ou pacientes sem FC, embora tenha sido registada a transmissão entre pacientes com FC de S. aureus resistente à meticilina. Pensa-se que o modo de transmissão mais comum é o contacto manual. Na época

prévia ao uso de antibióticos, a maior parte dos pacientes com FC morreu antes dos 10 anos de idade e a maioria dos pacientes sucumbia devido a infecções pulmonares com S. aureus. Exames microbiológicos regulares, seguidos de um tratamento agressivo com antibióticos podem reduzir possivelmente a prevalência de pacientes de FC com infecção pulmonar crónica S. aureus para menos de 10%. Para além disso, o risco de aquisição de S. aureus resistente à meticilina no centro de FC é reduzido desta forma. Uma razão importante parece ser a infecção cruzada e temos vários registos de alastramento entre pacientes com FC, incluindo através de contacto social fora dos centros de FC Aquisição do complexo Burkholderia cepacia O complexo B. cepacia consiste em diferentes genomovares, dos quais alguns podem por vezes levar a infecções pulmonares crónicas em pacientes com FC. Os mais comuns são B. cenocepacia e B. multivorans mas também foram reconhecidos como agentes patogénicos o B. cepacia, B. vietnamensis e B. gladioli. O complexo B. cepacia é responsável por padrões clínicos de infecções pulmonares diferentes, sendo o mais sério o síndrome B. cepacia. O complexo B. cepacia é uma parte comum da microflora no solo e pode actuar como um agente patogénico de planta. Para além disso, o complexo B. cepacia foi isolado a partir de lojas de comida, snack bars e estufas, podendo ser mais comum em zonas rurais do que ambientes urbanos. Embora a prevalência total do complexo B. cepacia em centros de FC seja relativamente baixa, alguns centros têm maior prevalência (por ex., os registos mostram que mais de 31% dos pacientes com FC em Toronto foram diagnosticados com o complexo B. cepacia) 2. Uma razão importante parece ser a infecção cruzada e temos vários registos de alastramento entre pacientes com FC, incluindo através de contacto social fora dos centros de FC. Um episódio famoso foi registado no Reino Unido entre 1990-92, durante o qual os pacientes incluídos no índex foram infectados com a estirpe do complexo B. cepacia no Canadá durante um campo de verão e espalharam-na posteriormente enquanto frequentavam aulas semanais de exercício físico. Investigações intensivas identificaram rotas de transmissão por contacto directo entre pacientes infectados e não-infectados, bem como através de equipamento contaminado, sendo uma observação importante a de que nos centros de FC que não praticam a segregação estes pacientes tiveram uma transmissão contínua do complexo B. cepacia. Controlo de infecção cruzada por intervenção A intervenção por agrupamento de pacientes com FC e a melhoria das precauções de higiene foram medidas implementadas na Dinamarca em 1981 de modo a evitar a transmissão de agentes patogénicos de pacientes infectados com FC para os não-infectados por contacto físico ou tosse a curta distância 2. O agrupamento consiste em dividir os pacientes em subgrupos separados de acordo com o seu estatuto de infecção, juntamente com a segregação geográfica de pacientes (em alas ou quartos diferentes) e/ou segregação por horário (dias diferentes).

O estatuto ser infeccioso é baseado em provas bacteriológicas e na possibilidade do paciente ser infectado intermitentemente (o agente patogénico é erradicado em controlos posteriores e o paciente não desenvolve uma resposta de imunidade) ou cronicamente (o agente patogénico está actualmente a ser isolado durante um período de 6 meses e/ou o paciente não desenvolve uma resposta de imunidade). Ver os pacientes frequentemente permite uma detecção rápida da infecção, dando a oportunidade de tratamento agressivo inicial, reduzindo desta forma o risco de transmissão do agente patogénico. A segregação por grupos (com pacientes que tenham a mesma espécie bacteriológica) inibe a transmissão da bactéria por contacto físico ou tosse a pessoas não afectadas. De facto, o tempo médio desde o primeiro isolamento de P. aeruginosa até ao surgimento da infecção pulmonar P. aeruginosa aumentou de 1 a 3 anos depois da implementação do agrupamento de pacientes de FC na Dinamarca. Os pacientes de FC no centro de FC em Copenhaga na Dinamarca são segregados de acordo com a identificação das seguintes bactérias a partir das vias respiratórias inferiores do pacientes: 1) ausência de P. aeruginosa, 2) infecção intermitente de P. aeruginosa 3) infecção crónica de P. aeruginosa com estirpe sensível aos antibióticos, 4) infecção crónica com estirpes resistentes a medicamentos de P. aeruginosa e 5) infecção intermitente ou crónica com organismos pertencentes ao complexo B. cepacia (cada paciente com o complexo B. cepacia forma um grupo único). O número ideal de alas é de cinco, mas isso não é possível na maioria dos hospitais. Os pacientes no grupo 2 podem ser hospitalizados com pacientes do grupo 1 mas em quartos diferentes, dado que os pacientes colonizados intermitentemente possuem um número reduzido de bactérias e muitas vezes não produzem expectoração. Os grupos 1) e 2) também podem ser vistos em regime ambulatório nos mesmo dias, visto que o grupo 2) ou se encontra livre de P. aeruginosa na última amostra de expectoração recolhida 4 semanas antes ou em tratamento anti-p. aeruginosa. Os grupos 3) ou 4) são vistos em dias separados e todos os quartos clínicos são limpos com desinfectantes de hipoclorito todas as manhãs. Pacientes com o complexo B. cepacia são vistos em quartos separados, sendo estes limpos depois de cada paciente. Para além disso, o pessoal hospitalar deve desinfectar as mãos com clorexidina-etanol e mudar a roupas dos pacientes que pertençam a grupos diferentes, bem como entre cada paciente com o complexo B. cepacia. A seguir ao teste de função pulmonar, o conector em forma de cotovelo, a boquilha e o protector de nariz devem ser mudados depois de cada paciente e esterilizados com etanol. É aconselhado manter campos e eventos sociais separados para os primeiros quatro grupos, onde cada paciente com o complexo B. cepacia é considerado único, o que deve levar a evitar o contacto com qualquer outro paciente com FC. Se um paciente cronicamente infectado (grupo 3) ou 4)) se livrar da bactéria, tal como indicado em resultados negativos de culturas, e se a resposta aos anticorpos normalizar, nesse caso poderão frequentar os campos se se mentiverem os resultados negativos de cultura durante 6 meses.

Para além das precauções universais gerais visando a prevenção da infecção cruzada, o agrupamento provou ser eficiente na prevenção de infecção cruzada com o complexo B. cepacia e a P. aeruginosa. Consultar os pacientes em dias diferentes e desinfectar a clínica exaustivamente entre os grupos permite o agrupamento em regime ambulatório; os pacientes agrupados que são admitidos no hospital podem ser vistos em alas separadas. Claus Moser, Médico Clínico, Doutor, é especialista em Microbiologia Clínica. Trabalhou com o Professor Høiby durante mais de dez anos. Os seus interesses na área da investigação incluem as infecções crónicas especialmente as infecções pulmonares crónicas de Pseudomonas aeruginosa em pacientes com FC, infecção do tracto urinário em pacientes com lesões na espinal medula e a importância de respostas imunitárias durante infecções crónicas. Niels Høiby, Médico Clínico, é o Presidente do Departamento de Microbiologia Clínica na Universidade de Copenhaga, Dinamarca. É o Presidente da Conferência Europeia da Sociedade de Fibrose Cística 2006, tendo sido recentemente galardoado com o Prémio Richard C. Talamo para a Distinção na Prática Clínica. Nota do Editor O Dr. Moser e o Dr. Høiby tratam pacientes segundo padrões de cuidado médico superiores na Dinamarca. Agradecemos a informação detalhada que proporcionaram sobre microbiologia, modos de infecção e Medidas de Controlo de Infecção. É importante compreender que existem Medidas de Controlo de Infecção bem definidas, tais como as definidas pela CDC U.S. American Centers for Disease Control and Prevention (Centros Americanos para o Controlo e Prevenção de Doenças). Este artigo é um produto de consideração longa e cuidadosa por parte de peritos internacionais em FC e agradecemos o esforço que o Dr. Moser e o Dr. Høiby efectuaram para escrever este artigo. Referências 1. Conferência sobre o Consenso em relação a Recomendações para o Controlo de Infecções 2. Cystic Fibrosis and Bronchiectasis; Editor in Chief, Joseph P. Lynch, III, M.D.; Guest Editor, Bruce K. Rubin, M.D. Patient cohorting and infection control. Christian Koch, Birgitte Frederiksen, Niels Høiby. Seminars in Respiratory and Critical Care Medicine, 24 (6):703-715. 2003. 3. Johansen HK, Kovesi TA, Koch C, Corey M, Høiby N, Levison H. Pseudomonas aeruginosa and Burkholderia cepacia infection in cystic fibrosis patients treated in Toronto and Copenhagen. Pediatric Pulmonology, 26: 89-96. 1998. Artigo traduzido por: Nuno Marques Contacto: iikae@yahoo.com