BENEDITO NUNES EM 1973 E 1989: DOIS MOMENTOS SIGNIFICATIVOS DE LEITURA DA OBRA DE CLARICE LISPECTOR

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Transcrição:

BENEDITO NUNES EM 1973 E 1989: DOIS MOMENTOS SIGNIFICATIVOS DE LEITURA DA OBRA DE CLARICE LISPECTOR Maria de Fatima do Nascimento (UFPA) RESUMO: Benedito Nunes (1929-2011), um dos mais respeitados críticos literários brasileiros da segunda metade do século XX, desempenha papel destacado para poetas, prosadores e diversos estudiosos da arte da palavra, bem como de outros códigos estéticos. É de sua lavra um dos mais importantes trabalhos acerca da produção literária de Clarice Lispector. O aludido crítico, por mais de vinte anos, publica vários artigos em jornais brasileiros, analisando narrativas, poemas e historiografia literária. Tais textos estampados em jornais vêm a lume posteriormente sob a forma de livros. Em se tratando da obra literária de Clarice Lispector, o analista de Belém do Pará publica quatro livros voltados para a mencionada autora, a saber: O mundo de Clarice Lispector (ensaios) (1966), O dorso do tigre (1969), Leitura de Clarice Lispector (1973) e O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector (1989). Sendo assim, o objetivo do presente trabalho consiste numa reflexão a respeito das leituras realizadas por Benedito Nunes em dois momentos significativos, 1973 e 1989, os quais culminaram na publicação dos dois últimos livros do intelectual paraense sobre a obra clariciana. Palavras-chave: Benedito Nunes. Clarice Lispector. Crítica Literária. Romance do Século XX. Este trabalho é fruto do Projeto de Pesquisa: Benedito Nunes em 1973 e 1989: dois momentos de leitura da obra de Clarice Lispector, iniciado na Universidade Federal do Pará (UFPA), em janeiro de 2015, sobre dois livros de Benedito Nunes, Leitura de Clarice Lispector e O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector, publicados respectivamente em 1973 e 1989, com estudos sobre a produção clariciana. Os capítulos desses livros mostram, a partir de suas citações, as leituras que Benedito Nunes está empreendendo nas décadas de 1970 e 1980, período em que, no Brasil, as principais análises de textos literários têm por princípio metodológico os autores formalistas e estruturalistas. Benedito Nunes, embora sendo leitor de autores como Roland Barthes, Júlia Kristeva e Tzvetan Todorov, citados por ele, suas análises da obra da ficcionista brasileira contemplam muito mais os autores cristãos e os filósofos que abordaram a experiência humana, tendo por foco a existência, a 1

consciência e a questão da linguagem, enquanto dados importantes na vida dos seres fictícios claricianos e na vida real. O livro Leitura de Clarice Lispector sedimenta a carreira crítica de Benedito Nunes, pois, no momento de seu lançamento, ele já é conhecido como um dos principais estudiosos do Brasil da literata brasileira. Isto porque ele já havia publicado O dorso do tigre (1969), obra que tem papel fundamental em sua carreira, constituindo um verdadeiro divisor de águas, visto que se trata do livro que projeta o ensaísta brasileiro nacionalmente. O dorso do tigre vem a lume pela Editora Perspectiva da cidade de São Paulo, integrando a Coleção Debates, que dispõe de circulação nacional, além de contar, em seu corpo editorial, na época, com muitos docentes da Universidade de São Paulo (USP), a maior Instituição de Ensino Superior (IES) da América Latina. Entre esses docentes, incluem-se Décio de Almeida Prado e Antonio Candido, um dos maiores críticos literários brasileiros, ambos responsáveis pela inserção de O dorso do tigre nos meios universitários públicos do Estado de São Paulo e, consequentemente, pela divulgação do nome de Benedito Nunes, que passa a ser conhecido pelo Brasil afora. Segue a mesma trilha Leitura de Clarice Lispector, pois tal livro é dado ao público, na cidade de São Paulo, pelas Edições Quíron, integrando a Coleção Escritores de Hoje, que dispunha também de circulação nacional, além de dispor da direção de uma docente da Universidade de São Paulo, Nelly Novaes Coelho, a qual, como estudiosa de Literatura, tem facilidade para divulgar o livro em foco entre seus alunos, bem assim para indicá-lo como bibliografia aos estudiosos de Clarice Lispector, contribuindo para a divulgação nacional bem sucedida da produção de Benedito Nunes. Leitura de Clarice Lispector está dividido em duas partes e composto por doze capítulos de pouca extensão, havendo seis em cada parte. A primeira, intitulada Do romance ao conto, contém os seguintes capítulos: A narrativa monocêntrica, A cidade sitiada: uma alegoria, A maçã no escuro ou o drama da linguagem, O itinerário místico de G.H., Do monólogo ao diálogo e A forma do conto. 2

A segunda parte, intitulada Da concepção do mundo à escritura, contém os capítulos a seguir: Uma temática da existência, A paixão da existência e da linguagem, O mundo da náusea e o fascínio da coisa, O descortínio silencioso, O estilo de humildade e a escritura e O movimento da escritura. O livro O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector (1989), que permanece mais conhecido no meio universitário, tendo um título mais inspirador e conservando parte do título do livro de 1973, possui quatorze capítulos curtos, sendo os doze primeiros os mesmos da edição de 1973, sem alteração de títulos e de conteúdo, apresentando também a mesma divisão do sumário de Leitura de Clarice Lispector, porém com acréscimo de dois capítulos inéditos, intitulados O improviso ficcional e O jogo da identidade. Cotejando os autores lidos e depois citados por Benedito Nunes em Leitura de Clarice Lispector (1973) e O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector (1989), constata-se que ele lê os seguintes romances de Clarice Lispector e a respeito deles reflete nas décadas de 1970 e 1980 1 : Perto do coração selvagem (1943), O lustre (1945), A cidade sitiada (1949), A maça no escuro (1961), Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969) 2, A paixão segundo G.H (1964), Água viva (1973), A hora da estrela (1977) e Um sopro de vida (1978), bem como sobre os seguintes livros de contos: Laços de família (1960), A legião estrangeira (1964) e Felicidade clandestina (1971). Para analisar as obras supracitadas, Benedito Nunes lê ficcionistas, teóricos e filósofos que se encontram citados em sua produção, via de regra em nota de rodapé, conforme os autores da primeira parte Do romance ao conto do seu livro, a exemplo de: Werner Jaeger (Paideia: los ideales de la cultura grega), Henry Bergson (Durée), Antonio Candido ( No raiar de Clarice Lispector ), Tzvetan Todorov (Les catégories du 1 Existe uma nota de rodapé, no título do capítulo inédito O improviso ficcional (1989, p. 156), do livro O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector, com a afirmação de que: Os capítulos anteriores datam de 1972. Já este e o seguinte foram redigidos entre 1973 e 1982 (N. do Ed.). 2 Tanto em Leitura de Clarice Lispector quanto em O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector, esporadicamente a obra Uma aprendizagem ou livro dos prazeres consta apenas como O livro dos prazeres. Porém, no cômputo geral da sequência das análises de Benedito Nunes, a publicação surge completamente intitulada. 3

récit littéraire), Roland Barthes (Indroduction à l Analyse structurale des récits), bem como ficcionistas como: Franz Kafka (O processo), (O castelo), (América), Martin Walser (Ensayo sobre Franz Kafka), Jorge Luis Borges (Nova antologia pessoal), Eliane Zagury (As palavras e os ecos), São João da Cruz (Obras de San Juan de la Cruz), Afrânio Coutinho (A literatura no Brasil), Aristóteles (Arte poética), Gérard Genette (Frontières du récit), Santo Antonio (Sermão dos peixes), São Francisco (Sermão aos pássaros), Julia Kristeva (Le texte clos, Language), Northrop Frye (Anatomy of Criticism e Theory of modes), Dirce Côrtes Rúdel (Situação atual dos romances brasileiros), Kahta Upanishad (Doutrina védica), Roger Bastide (Les problèmes de la vie mystique), San Juan de la Cruz (Subida del monte Carmelo), Raymond Bernard Blakney, Sermons, em Meister Eckhart; a modern translation), V. Vezzani. Le Mysticisme dans le monde), Obras de Santa Tereza de Jesus, V. Ruysbroeck (O reino dos amantes em Oeuvres choisies), Dionysius Areopagita (The mystical theorlogy, mysticism; a study and na anthology), Emmanuel Aegerrer (Mysticisme oriental sans dieu personel, em Le mysticisme), Schelling, São Paulo (Hebeus, Bíblia), Eckhart (The Sermons), Albin Michel (Troisième Mundaka, toias Upanishads, shri aurobindo), Luis Costa Lima (A mística ao revés de Clarice Lispector, em Por que Literatura), Verlaine (Clair de lune, em Fétes galantes), Lacan (L instance de la lettre dans l inconscient, Écrits), Affonso Romano de Sant Anna (em Vidas secas, de Graciliano Ramos), Hermann Bloch (Remrques à propôs de La Morte de Virgile, Création littéraire et connaissance), Massaud Moisés (Clarice Lispector, ficção e cosmovisão), Todorov, J. Dubois (Rhéthorique génerale), Contesse de Ségur - Sophie Rostopchine (Les Mulheurs de Sophie), Tzvetan Todorov (As estruturas narrativas) e Marcel Aymé. Tem-se ainda os autores lidos para a segunda parte do livro Da Concepção do Mundo à Escritura, tais como: Heidegger (Ser e tempo), Kierkegaard (Post-scriptum aux mieltes philosophiques), Hermann Hesse, Dostoiévski, Wylie Syper (The romantic self, em Loss of the self in moderna literature e art), Hermann Hesse (Le Loup dês 4

estepe), Dostoiévski (A voz sunbterrânea), Hegel (Fenomenologia do espírito), Sartre (L Être e Le Néant, A L existencetialisme est un humanisme), Antigo Testamento, Xavier Lèon (Vocabulaire de Théologie Biblique), Kafca (A metamorfose), Jorge Luís Borges (Manual de zoologia fantástica), Pierre Fontanier (Les figures du discours, introdution par Gérard Genette), Ernesto Guerra da Cal (Língua e estilo de Eça de Queirós), Gertrude Stein (Lectures in América, em Poetry and Grammar), Charles Morris (Comments on mysticism and its language, em J. Hayakawa), Álvaro Lins (A experiência incompleta: Clarice Lispector, em Os mortos de sobrecasaca), Luís Costa Lima (Clarice Lispector, em Afrânio Coutinho), Octavio Paz (Correntes alternas), Alfredo Bosi (História concisa da literatura brasileira), Jorge Luis Borges (El espejo de los enigmas), Kierkegaard, Gilles Deleuze (Logique du sens), Roland Barthes (Le degrè zero de l écriture), Jean-Paul Sartre (Une nouveau musyque, em Situations), Camus (L étranger), Georges Bataille, Wittgenstein, Jacques Derrida (L écriture et La difference), Mourice Blanchot (L espace literature), W Adorno (Standort dês Erzahlers im zeitgenõssischen Roman, em Noten zur literatur), Hegel (L idée et l ideal, em Esttètique), Heidegger (Einf6ubrung in die Metaphysic), Alin Robe-Grillet) Virginia Woolf (em To the lighthause), Flaubert (Madame Bovary), René Descartes, Jane Austen. Alguns desses autores, tanto teóricos quanto ficcionistas, sobretudo os que discutem o drama, o absurdo da existência, como Sartre e Kakfa, são citados várias vezes em diferentes capítulos dos livros Leitura de Clarice Lispector e O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector, em especial no segundo, haja vista a recorrência do questionamento existencial do romance clariciano A paixão segundo G. H. (1964), questionamento esse disseminado em muitos ensaios de Benedito Nunes. Para a elaboração dos livros Leitura de Clarice Lispector e O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector, respectivamente, nas décadas de 1970 e 1980, Benedito Nunes lê os formalistas e estruturalistas, a exemplo de Roland Barthes, Júlia Kristeva e Gérard Genette, de acordo com a compilação de obras citadas nos dois retromencionados livros. Mas, embora cite semelhantes autores em nota de rodapé, ao analisar a prosa ficcional de Lispector, Benedito Nunes prioriza os textos claricianos por 5

ele lidos, o que confere certa leveza e mais coerência às suas análises dos enredos, das personagens e dos narradores dos romances e contos de Clarice Lispector, sem deixar de trabalhar com teorias filosóficas e teológicas, de forma que o leitor compreende as informações acerca dos livros da ficcionista brasileira, mesmo não conhecendo algumas das teorias utilizadas, porém observando sua pertinência. Por fim, constata-se nesta pesquisa que, após a publicação, em 1969, de O dorso do tigre, que se torna uma clássica bibliografia dos Cursos de Letras nas principais Universidades do Brasil, o Professor de Filosofia Benedito Nunes vai continuar escrevendo sobre diferentes literatos, principalmente Clarice Lispector, chegando a estudar toda a obra literária da escritora brasileira publicada em vida, ao tempo em que dá a lume frequentes produções (livros e diversos artigos em periódicos), além de proferir conferências no Brasil e no exterior. Referências ARISTÓTELES. Arte retórica e arte poética. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1966. BARTHES, Roland et al. Análise estrutural da narrativa. Trad. Maria Zélia Barbosa Pinto. Petrópolis: Vozes, 1976. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2007. CANDIDO, Antônio. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995. COUTINHO. Afrânio. A literatura no Brasil (vol. 5). Rio de Janeiro: Sul Americana S.A, 1970. JAEGER, Werner. Paideia. A formação do homem grego. Trad. Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 1995. LISPECTOR. Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. O lustre. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. A cidade sitiada. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. A maça no escuro. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. A paixão segundo G. H.. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. Água Viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 6

Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. NASCIMENTO, Maria de Fátima. Benedito Nunes e a moderna crítica literária brasileira (1946-1969), v. 1, 2012, 343 p. Teses (Doutorado em Teoria e História Literária) Instituto de Estudos da Linguagem -, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2012. Benedito Nunes e a moderna crítica literária brasileira (1946-1969): Anexos/Acervos, v. 2, 2012, 579 p. Tese (Doutorado em Teoria e História Literária ) Instituto de Estudos da Linguagem -, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2012. Projeto de pesquisa: Benedito Nunes em 1973 e 1989: dois momentos de leitura da obra de Clarice Lispector, 2014. Projeto de Pesquisa: Benedito Nunes: estudo da obra O dorso do tigre, 2012. NUNES, Benedito. O dorso do tigre. São Paulo: Ática, 1969. Uma leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Quíron, 1973. O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Ática, 1989. SCHWARZ, Roberto. A sereia e o desconfiado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. 7