CADERNOS NEGROS LASCENE PRODUÇÕES ARTÍSTICAS BAHIA 2018
Documentário 80 minutos CADERNOS NEGROS Documentário sobre o QUILOMBHOJE, coletivo cultural paulistano que há mais de 40 anos se dedica a discutir e aprofundar a experiência afrodescendente na literatura brasileira, tendo como principal realização a série editorial, publicada anualmente desde 1978.
PRIMEIROS ENCONTROS Em 1978, em reuniões no extinto bar Mutamba, em São Paulo, um grupo de estudantes negros liderado por Cuti (Luiz Silva), discutia a criação de uma publicação de literatura negra no país. Estava claro para o grupo que a figura do negro na literatura tinha sido marcada pelo viés branco, que os reservava papéis estereotipados e preconceituosos, normalmente como mão-de-obra barata ou objeto sexual. Com o objetivo de ampliar a presença da cultura negra na literatura, desviando do mercado editorial majoritariamente branco, buscavam também incentivar o hábito da leitura e a realização de estudos a respeito da presença da negritude na produção literária brasileira.
LANÇAMENTO Os poetas Oswaldo de Camargo, Paulo Colina, Abelardo Rodrigues, Jamu Minka, Angela Galvão, Célia Aparecida, além de Cuti, arcaram com os custos de produção de mil exemplares do 1. O lançamento ocorreu em novembro de 1978, no I Feconezu - Festival Comunitário Negro Zumbi. O retorno expressivo do público leitor motivou a continuidade da série, que teve edições lançadas anualmente desde então, com a alternância dos gêneros poesia (anos pares) e contos (anos ímpares).
HOMENAGEADA O nome escolhido para a série fazia referência e reverência aos cadernos escritos por Carolina Maria de Jesus, escritora negra falecida um ano antes do lançamento da primeira edição do.... Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! Trecho do livro Quarto de despejo, diário de uma favelada (1960)
INSPIRAÇÃO Entre as inspirações para a criação do estava o então jornal JORNEGRO, que tinha no seu corpo editorial o jornalista Odacir de Mattos. Ele produziu junto com Narciso Kalili uma reportagem decisiva para a demolição do mito da democracia racial no Brasil. Revista Realidade,1967.
CONTEXTO HISTÓRICO A efervescência política e cultural vivida pelo Brasil, em pleno processo de redemocratização, assim como as mudanças sociopolíticas globais do período, entre elas, a descolonização de países africanos, contribuíram para a atmosfera que rodeou a criação da série.
O ANO DE 1978 Fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) Partido Panteras Negras (1966-1982) Eleições Gerais 90 anos da Lei Áurea Ano Internacional Anti-Apartheid (ONU)
QUILOMBHOJE O grupo QUILOMBHOJE se constituiu como coletivo e selo editorial que assina a série em 1982, ano da publicação da quinta edição do livro. Os poetas Clóvis Maciel, Cuti, Cunha, Márcio Barbosa, Esmeralda Ribeiro, Francisco Mesquita, Jamu Minka, José Alberto, Miriam Alves, Oubi Inaê Kibuko, Tietra e Regina Helena integravam o corpo da iniciativa. Embora tenha passado por diversas alterações em sua formação, o QUILOMBHOJE permanece ativo e promovendo outras ações, como saraus de poesia e publicações de outros livros de ensaios, peças de teatro, romances, contos e poesias.
4 DÉCADAS DE HISTÓRIA O documentário pretende abordar em 80 minutos de narrativa audiovisual a rica história da publicação homônima e de seu coletivo criador, o QUILOMBHOJE, que há mais de 40 anos estão à frente da luta pela inserção da diversidade no contexto da literatura brasileira. A iniciativa é reconhecida pela crítica, por sua inovação estética e de conteúdo, e pelo público, que o conceitua, ainda, como um dos principais propulsores do orgulho e da autoestima dos leitores e escritores afrodescendentes.
NARRATIVA A obra será desenvolvida a partir de dois eixos: o primeiro baseado no tempo presente, com o registro dos encontros do coletivo QUILOMBHOJE para a publicação de mais um volume da série ; e o segundo histórico, através da visitação dos volumes antigos por seus autores e organizadores, de sonoras de pesquisadores e críticos literários e de imagens de arquivo (fotos, vídeos e jornais). A linguagem será participativa com quebras performáticas constituídas a partir de trechos lidos por seus autores (ou por uma dupla de atores) e ilustrados com imagens poéticas.
PERSONAGENS Integrantes e ex-integrantes do QUILOMBHOJE, como os escritores Cuti, Márcio Barbosa, Esmeralda Ribeiro, Conceição Evaristo, Mirian Alves e Oubi Inaê Kibuko, além de estudiosos, como Muniz Sodré, Ney Lopes e João José Reis, e críticos literários.
ORÇAMENTO A obra está orçada em 460 mil reais para financiamento via Fundo Setorial do Audiovisual, com proponente do eixo Rio-São Paulo ou CONNE. No caso de investimento direto pelo canal, o orçamento será reduzido em 25% (345 mil), sem prejuízo da produção.
PRODUTORA A Lascene é um núcleo de pesquisa, difusão e produção de audiovisual com empresas no Rio de Janeiro e em Salvador. No portfólio, apresenta obras licenciadas pelos canais GNT, CinebrasilTV, Prime Box Brazil, Fashion TV e TVT, além de serviços prestados para empresas como Adidas, Getty Image, Banco Daycoval, Transpetro, Canal Curta! e Nissan. É idealizadora do projeto Mulheres de Luta, que tem como objetivo a promoção do protagonismo feminino através do audiovisual. Mais informações em: www.lascene.com.br