Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado



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Transcrição:

Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado Andréa Pereira de Souza Gestora da Formação Permanente na Secretaria Municipal de Educação do município de Mogi das Cruzes. Cintia Maria Ambrosio de Oliveira Arouca Coordenadora da área de Ciências Naturais na Secretaria Municipal de Educação do município de Mogi das Cruzes. Relato de experiência Resumo Problema: Ausência de uma organização curricular e do ensino do currículo. Objetivo geral: Promover a organização curricular e o ensino do currículo para uma educação integral do indivíduo reconhecendo e valorizando a pluralidade cultural e realidades particulares dos diferentes educandos de Mogi das Cruzes. Objetivo específico: Elaborar a organização curricular e o ensino do currículo a partir de uma concepção filosófica consensual. Fornecer orientações para o desenvolvimento do trabalho do professor, buscando alcançar a formação integral do cidadão. Metodologia: O processo de estruturação curricular e de ensino do currículo no município decorreu de ações de construção coletiva de documentos norteadores. Inicialmente, destacamos as Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância publicadas em 2007. Após o lançamento desse documento, o passo seguinte foi promover reuniões constituídas por profissionais do Sistema Municipal de Ensino para a elaboração das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica. De 2008 a 2010, documentos foram construído de maneira consensual, seguidos de formação destinada às equipes escolares, visando à implementação curricular. Resultados obtidos: A construção coletiva das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica motivou a equipe escolar a estudos e reflexões sobre questões

referentes à seleção e dimensionamento dos conteúdos, práticas pedagógicas, condições em que se processam o trabalho escolar e formas de avaliação. Por ter sido construído por profissionais da própria rede de ensino, o documento teve uma boa aceitação por parte dos educadores o que tem demonstrado alguns reflexos em sua prática. Palavras-chave: organização curricular, ensino do currículo, construção consensuada. Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado O município de Mogi das Cruzes, localizado na região denominada Grande São Paulo, conta com um Sistema Municipal de Ensino que atende aproximadamente 38000 alunos distribuídos entre Educação Infantil (faixa etária entre 0 a 5 anos), Ensino Fundamental I (faixa etária entre 6 a 10 anos e Educação de Jovens e Adultos - EJA) e Ensino Fundamental II (faixa etária entre 11 a 14 anos) com 1500 profissionais da educação em cargos concursados. Desde janeiro de 2001, este sistema de ensino passa por diversas mudanças, e ações estruturadoras. Como parte dessas ações de estruturação, em 2007, foram publicadas as Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância (MOGI DAS CRUZES, 2007), fruto de um trabalho integrado realizado por profissionais do Sistema Municipal de Ensino, assessorados por empresa de consultoria. O trabalhou realizado com base no consenso, reuniu uma equipe de aproximadamente 20 profissionais da educação que representavam seus pares. As Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância traz em seu corpo a concepção filosófica do sistema municipal abordando 22 diretrizes a serem incorporadas e praticadas pelo docente e demais educadores. Complementando esse trabalho, as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica foram elaboradas para fornecer subsídio aos professores, propondo orientações a serem seguidas durante o processo de ensino e de aprendizagem. Para a elaboração desse documento curricular foram feitas várias reuniões constituídas exclusivamente por profissionais do Sistema Municipal de Ensino. Nessas reuniões optou-se por um formato de organização por área de conhecimento com o intuito de se ter uma visão completa do currículo desde o Berçário (0 anos) até a 8ª série/9º ano (14 anos) propondo o aprofundamento de conhecimentos pautados nos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Ficou acertado também que os documentos norteadores seriam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997 e BRASIL, 1998a) e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998 b). O passo seguinte foi dividir o grande grupo de discussões em grupos menores separados por área do conhecimento para a realização de estudos preliminares. As primeiras Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica, produzidas em agosto de 2008, foram as de Língua Portuguesa, tendo em sua comissão organizadora 16 representantes da rede. Para o lançamento do

documento aos docentes, diretores de escolas e coordenadores pedagógicos participaram de uma formação. Posteriormente promoveram estudos com suas respectivas equipes de professores utilizando o material escrito e o CD interativo. Em fevereiro de 2009 foi realizado um encontro de formação continuada, em horário de serviço, envolvendo todos os educadores com atividades que incluíam palestras e oficinas enfocando os eixos: leitura, oralidade e escrita. Em julho de 2009 foram lançadas as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica Matemática, num evento que foi organizado em um ciclo de palestras com profissionais renomados na área da Educação Matemática que trataram de assuntos baseados em quatro eixos presentes no currículo: números e operações; espaço e forma; grandezas e medidas; tratamento da informação. Na ocasião foram distribuídas versões do documento na forma de material escrito e CD interativo, sendo realizada a socialização nas escolas das experiências vivenciadas. Para que esse encontro acontecesse 10 profissionais da educação se reuniram para a escrita do documento representando os demais funcionários. Em 2010, foram lançadas as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica Ciências Naturais e Sociais no mesmo formato que as demais, com 13 representantes da rede participando da comissão. Essas matrizes atendem a concepção trazida na resolução nº 04 de julho de 2010. Fortalecidas em três eixos: transformações política, cultural, social e econômica, evolução dos seres vivos e universo e relação sociedade e natureza, as matrizes curriculares foram apresentadas à rede por meio de uma formação continuada externa que contemplou assuntos importantes como nutrição, a africanidade, questões indígenas entre outros. No encontro foi entregue aos profissionais a versão impressa e interativa do documento. Em 2013 estão sendo construídas as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica Arte em quatro linguagens: artes visuais, teatro, música e dança; em três eixos: ler, contextualizar e fazer obra de arte. As Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica visa à organização curricular do sistema Municipal de Educação de Mogi das Cruzes, orientando o trabalho do docente sem engessá-lo. Paralelo a esse processo ocorre, sempre um ano posterior a publicação de cada Matriz, a construção das Unidades Didáticas, material que traz sugestões de atividades em cada área de conhecimento aguçando a competência estética do docente. Em 2011 foram entregues as Unidades Didáticas de Língua Portuguesa e matemática; em 2012, as Unidades Didáticas de Ciências Naturais e Sociais a fim de atender as Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância, implementar as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica, fornecer algumas orientações e propostas de atividades a serem utilizadas pelo professor em suas aulas. Algumas dessas atividades já são conhecidas pelo professor, pois essa publicação não visa apresentar sugestões inéditas, mas sim mostrar como o ensino e a aprendizagem podem ser promovidos sob a ótica dos documentos curriculares municipais. Por meio das Unidades Didáticas de Ciências Naturais e Sociais pretendeu-se também explorar os diferentes espaços da escola e do município, baseando-se nos princípios da Escola Cidadã, Educação Cidadã e da Cidade Educadora, resultando na construção da unidade coletiva e divulgar formas de utilização de alguns recursos como o Laboratório Prático de Ciências e o Diário do Cientista.

Nesta publicação buscou-se incluir aspectos da concepção adotada pelo município para o ensino e a aprendizagem dessa área do conhecimento: a construção do conhecimento pelo aluno percebendo seu papel na vida social e o desenvolvimento gradativo de competências que estimulem a capacidade de reconhecer e questionar os processos naturais, tecnológicos e históricos da ciência. Durante a elaboração desse material pedagógico houve preocupação em: garantir a construção da autonomia por meio da leitura e compreensão da sua realidade, permitindo aos alunos o desenvolvimento para uma educação cidadã; possibilitar as relações interpessoais e com a natureza, oportunizando o aprendizado; priorizar atividades de pesquisa, de experimentação e de exploração a fim de compreender e relacionar os conhecimentos empíricos e conceitos científicos. A Unidade Didática de Ciências Naturais e Sociais propõe implicitamente, ao desenvolver as atividades descritas, um estudo e um entendimento sobre conceitos necessários para o desenvolvimento de uma educação integral: cidade educadora, educação cidadã e escola cidadã. Para explicar esses conceitos, utilizou-se como referencial teórico os livros Educação Integral no Brasil: inovações em processo (2009a) e Fórum Mundial de Educação: pro-posições para um outro mundo possível (2009b), ambos de Moacir Gadotti, publicados pela Editora e Livraria Instituto Paulo Freire: CIDADE EDUCADORA constitui-se num espaço cultural de aprendizagem permanente com uma intencionalidade educadora, ou seja, além de exercer suas funções tradicionais (econômica, social, política e de prestação de serviço) também exerce uma nova função: a promoção e o desenvolvimento do protagonismo de todos crianças, jovens, adultos, idosos visando à formação para e pela cidadania, oportunizando que todos usufruam das mesmas oportunidades de formação, desenvolvimento pessoal e de entretenimento que a cidade oferece. EDUCAÇÃO CIDADÃ acontece quando a escola se transforma num novo território de construção da cidadania, pois deixa de ser um lugar abstrato para se inserir definitivamente na vida da cidade e ganhar, com isso, nova vida. Considera as ruas, as praças, as árvores, os cinemas, as igrejas...integrando-se nesse novo espaço cultural da cidade. ESCOLA CIDADÃ escola que dialoga com a cidade, espaço participativo. A escola cidadã compreende-se como espaço apropriado pela população como parte da apropriação da cidade a que pertence. Essa apropriação se dá por meio de mecanismos criados pela própria escola como o Colegiado escolar, plenárias pedagógicas e outros, levando para dentro da escola os interesses e necessidades da população. A ideia do Diário do Cientista é uma importante ferramenta que deve ser utilizada a partir da educação infantil respeitando as especificidades de cada nível. De acordo com vários especialistas, aprimorar a competência dos alunos nas diferentes modalidades de registro deveria ser uma preocupação constante de todo professor, sobretudo daqueles que trabalham com as crianças das séries iniciais, ainda pouco familiarizadas com o método científico. O registro realizado no Diário do Cientista desenvolve as habilidades de comunicar, selecionar e organizar desde hipóteses elementares até os conceitos mais complexos facilitando a consolidação do conhecimento. Toda atividade de registro deve ocorrer num contexto de investigação, em que uma situação-problema seja apresentada aos estudantes, possibilitando a relação das próprias ideias com os conhecimentos científicos e do cotidiano com a resolução da problemática.

A elaboração do LABORATÓRIO PRÁTICO DE CIÊNCIAS surgiu a partir da necessidade de garantir em cada escola um conjunto de materiais importantes para o desenvolvimento de experimentos nas aulas de Ciências Naturais. Os materiais são de uso permanente para possibilitar a realização de diferentes experiências. Estão organizados em número suficiente para contemplar atividades em grupos, pois segundo Bizzo (2009, p. 68): [...] sessões planejadas de trabalho em grupo, ou mesmo exposições orais diante da classe, são situações que permitem aos alunos organizar suas ideias e compará-las aos dos colegas. Como maneira de permitir a implementação desses materiais e sugestões foi realizada em julho de 2012 a Formação das Unidades de Ciências Naturais que atendeu aproximadamente 2500 profissionais da Rede Municipal de Ensino por meio de oficinas em espaços educadores diferenciados do município e palestra. Durante as oficinas também se discutiu o uso do laboratório prático de Ciências e a importância do registro dos alunos no Diário do Cientista. Tal processo tende a enfrentar desafios no tocante a resistência do processo de ensinagem. Concepções antigas não cedem lugar para novas metodologias e estratégias. Assim, após a implantação e implementação da organização curricular, formações in loco são realizadas em cada escola para atendimento da demanda específica de cada contexto. O Sistema Municipal de Educação de Mogi das Cruzes, com esta ação coletiva e consensuada, atendeu desde 2007 mais de 15000 alunos e 2500 profissionais da educação, envolvendo-os num contexto histórico-crítico, que valoriza o conteúdo e a forma tanto do ponto de vista de quem ensina quanto de quem aprende. BIBLIOGRAFIA BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Biruta, 2009. BRASIL, Referencial curricular nacional para a educação infantil. Volume 3: Conhecimento de mundo/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Parâmetros curriculares nacionais. Ciências naturais: Volume 4. Ensino de primeira a quarta séries/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasil: MEC/SEF. 1997. Parâmetros curriculares nacionais. História e Geografia. Volume 5. Ensino de primeira a quarta séries/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasil: MEC/SEF. 1997. Parâmetros curriculares nacionais. Apresentação dos temas transversais e ética: Volume 8. Ensino de primeira a quarta séries/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasil: MEC/SEF. 1997. Parâmetros curriculares nacionais. Meio ambiente: saúde. Volume 9. Ensino de primeira a quarta séries/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasil: MEC/SEF. 1997.

Parâmetros curriculares nacionais. Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Volume 10. Ensino de primeira a quarta séries/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasil: MEC/SEF. 1997. GADOTTI, Moacir, Educação integral no Brasil: inovações em processo. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire. 2009a. MOGI DAS CRUZES, Diretrizes curriculares municipais para a educação da infância. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2007. Matrizes curriculares municipais para a educação básica: 9 anos - Ciências Naturais e Sociais. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2010. Matrizes curriculares municipais para a educação básica: 9 anos - Matemática. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2010. Matrizes curriculares municipais para a educação básica: 9 anos - Língua Portuguesa. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2010. SAVIANI, Dermeval. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, vol 14, nº 40, jan/abr2009. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdf. Último acesso em 21 de março de 2013.