TRIBUNAL SUPREMO ACÓRDÃO NA CÂMARA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL SUPREMO, ACORDAM, EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO:

Documentos relacionados
REPÚBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL SUPREMO Câmara do Cível, Administrativo, Fiscal e Aduaneiro ACÓRDÃO

ACÓRDÃO NA CÂMARA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL POPULAR SUPREMO, ACORDAM EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO:

ACORDAM, EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO, NA 1ª SECÇÃO DA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL SUPREMO.

REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTITUCIONAL ACÓRDÃO N. 532/2019. Em nome do Povo, acordam, em Conferência, no Plenário do Tribunal

[ ], Advogado, com domicilio profissional [ ], em[ ], portador da cédula profissional [ ];

TRIBUNAL SUPREMO. Câmara do Cível e Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

ECLI:PT:TRE:2017: TBPTM.B.E1.D2

TRIBUNAL SUPREMO. Câmara do Cível e Administrativo

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

FORMALIDADE AVISO DE RECEPÇÃO ASSINATURA DO AVISO POR PESSOA DIVERSA DO DESTINATÁRIO

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL ACÓRDÃO N. 116/2010. Acordam em Conferência, no plenário do Tribunal Constitucional:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV 2015/2016 Mestrado Forense / Turma B (Rui Pinto) EXAME FINAL ( ) - Duração 2 h 30 m

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Processo de arbitragem. Sentença

ACÓRDÃO NA CÂMARA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL SUPREMO, ACORDAM, EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO:

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. 1. A sentença recorrida absolveu da instância, por litispendência, arts. 288/1e., 493/2, 494i.

ACÓRDÃO NA CÂMARA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL POPULAR SUPREMO, EM NOME DO POVO, ACORDAM:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão nº 2/2011-3ª Secção. (Processo n.º 1-RO-E/2010)

ECLI:PT:TRE:2009: YIPRT.E1.AA

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL. ACÓRDÃO N. o 115/2010. (Recurso do Acórdão N 104/2009 ) Acordam, em nome do Povo, no Plenário do Tribunal Constitucional

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)

CORRECÇÃO DIREITO E PROCESSO CIVIL ESTÁGIO 2011/2012 JULHO DE 2012

Tribunal de Contas. Acórdão 4/2008 (vd. Acórdão 2/06 3ª S de 30 de Janeiro) Sumário

ACÓRDÃO N.º 20/2016- PL-3.ª SECÇÃO 4ROM-SRA/2016 (P. n.º 1/2014-M-SRATC)

TRIBUNAL SUPREMO. Câmara do Cível e Administrativo NA CÂMARA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL SUPREMO, ACORDAM, EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

RECURSO ORDINÁRIO N.º 06-ROM-SRM/2011. (Processo n.º 01/11 Secção Regional da Madeira) ACÓRDÃO Nº 02/2012-3ª SECÇÃO I RELATÓRIO

Ação Anulatória do Débito Fiscal

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

TRIBUNAL SUPREMO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO AMAZONAS Gabinete da Desa. Maria das Graças Pessôa Figueiredo

Direito Processual Civil II - Turma A

Assunto: Revisão e confirmação da sentença do exterior. Interesse processual.

CONTRADIÇÃO ENTRE OS FUNDAMENTOS E A DECISÃO INUTILIDADE SUPERVENIENTE DA LIDE RESPONSABILIDADE CUSTAS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo I-RELATÓRIO

ECLI:PT:TRL:2012: YIPRT.L1.6.8A

Data do documento 21 de fevereiro de 2019

Regulamento das Cus stas Processuais A Conta de Custas no Regulamento das Custas Processuais

ECLI:PT:TRC:2017: TBCTB.B.C1.DF

Tribunal Central Administrativo Sul

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Tribunal de Contas. Recurso ordinário n.º 5-RO-JRF/2013. Acórdão n.º 21/ ª Secção - PL

TRIBUNAL SUPREMO Câmara do Cível, Administrativo, Fiscal e Aduaneiro. ACÓRDÃO (Reclamação)

ACÓRDÃO. NA CÂMARA DO CíVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL SUPREMO, ACORDAM EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO:

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. RECURSO DE APELAÇÃO Artigos ao do Código de Processo Civil Recurso de Apelação Aula n.37

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de

Tribunal de Contas R.O. N.º 1-RO-E/2011. (P. n.º 5 793/2000- DVIC.1) ACÓRDÃO Nº 5/2012-3ª Secção

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. PETIÇÃO INICIAL CÍVEL Artigo 319 do Código de Processo Civil

ECLI:PT:TRG:2017: T8VNF.B.G1.61

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RECURSO DE APELAÇÃO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I Introdução:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

COMISSÃO NACIONAL DE ESTÁGIO E FORMAÇÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ECLI:PT:TRE:2015: TBENT.E1

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PN ; Ag: TC P. Varzim, 4º J ( Acordam no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, de

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RGF)

ECLI:PT:TRE:2006:

Descritores doença profissional; requerimento; junta médica; incapacidade; caixa nacional de pensões;

.dos,, filhas menores dos precedentes, todos com residência na Recurso interposto no Tribunal Judicial da Comarca desta vila

APELAÇÃO CÍVEL Nº , DA 9ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DE CUSTAS APOIO JUDICIÁRIO.

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

NA CÂMARA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL POPULAR SUPREMO, ACORDAM EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO:

ECLI:PT:TRL:2013: TVLSB.L1.1

estrada municipal; insc. mat. art (VP Aguiar).

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Privado

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores DIMAS RUBENS FONSECA (Presidente) e CESAR LUIZ DE ALMEIDA.

Deliberação nº 1 /CC/2018. de 14 de Setembro. Relatório

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

ECLI:PT:TRL:2011: TBFUN.L1.7

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

Prática Processual Civil I 30 de Janeiro de 2009

Processo n.º 493/2016 Data do acórdão:

PORTAGEM COIMA NOTIFICAÇÃO ADMINISTRADOR DA INSOLVENCIA

Comarca do Porto Porto - Inst. Central - 1ª Secção de Execução - J3 CONCLUSÃO Questão prévia: Valor da causa:

Transcrição:

ACÓRDÃO PROC. N.º 968/2005 NA CÂMARA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL SUPREMO, ACORDAM, EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO: 1 - RELATÓRIO DOMINGOS CORREIA, natural da Huíla e residente na cidade de Benguela, introduziu na Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Benguela contra ÁLVARO FERNANDES SANTA MARTA e ANTÓNIO AMARAL DE OLIVEIRA, residentes em Benguela, onde podem ser localizados através da Direcção Provincial do Ministério da Indústria, onde trabalha o segundo réu, a presente Acção de Indemnização, com processo Ordinário, com o fundamento nos factos arrolados na petição inicial (de fls. 2 a 3v) que aqui se dão por inteiramente reproduzidos, os quais se resumem no seguinte: Que, a 31 de Dezembro de 1998, após sucessórios e constantes insistências dos R.R., o A. concedeu-lhes um empréstimo no valor de USD 2.500,00 para serem reembolsados, no dia 5 de Fevereiro de 1999, acrescidos de um juro no valor de 50% do capital, tendo para o efeito hipotecado a viatura de marca Toyota Hiace com a matrícula ABS-35-l9, sua propriedade. Que, até à propositura da acção, no Tribunal Judicial da Província de Benguela, os R.R. não tinham saldado a dívida, apesar de várias cobranças já feitas, quer verbalmente quer por escrito.

Que, os juros acordados de comum acordo são mensais, daí que, até à presente data, os R.R. devem ao A. a quantia de 10.500,00 USD, pela qual devem ser condenados, o que requer que o Tribunal faça, bem como o pagamento ao Advogado signatário da quantia USD 3.000,00 de honorários. O A. fixou à acção o valor de 15.000,00 Kwanzas, juntou 2 documentos, duplicados legais e procuração forense. Os R.R. foram citados e apresentaram a sua contestação, a fls. 14 a 15, tendo contestado por excepção e por impugnação. Por excepção, os R.R. alegaram que a acção proposta era imprópria, pois ela devia emergir de um facto provocado na esfera jurídica de alguém de que resulta um dano patrimonial ou moral e concluíram pela ineptidão da petição inicial e pela sua absolvição. Por impugnação, os R.R. confessaram ter feito um empréstimo na quantia de 2.500,00 USD ao A. O A. apresentou a sua réplica, (a fls.16 a 17) e terminou, como na petição inicial, pela procedência da acção e pela condenação dos R.R. no pedido e no pagamento dos honorários de Advogado. Na tentativa de conciliação a que se refere a acta, (a fls. 29 e verso), apenas estiveram presentes o A., Domingos Correia, acompanhado do seu mandatário e o R. Álvaro Fernandes Santa Marta, registando-se a ausência do Advogado dos RR. e o R. António Amaral de Oliveira, daí que não foi possível às partes chegarem a um acordo. No dia 2 de Julho de 2002, a fls.48 e verso, foi realizada uma audiência preparatória no decurso da qual se registou ter sido feito o pagamento de 2.200,00 USD da dívida por parte dos RR que também manifestaram a vontade do pagamento da parte em falta.

Ainda nessa mesma audiência preparatória foi acordado o prazo de seis meses para a publicação da sentença, com vista a entrarem num acordo sobre o pagamento da dívida. Em 30 de Setembro de 2003, foi proferida a douta sentença, a fls. 61 a 63, que julgando procedente porque provada a presente acção condenou os RR em restituírem ao A. a quantia de 2.500,00 USD. O A. não se conformou com o teor da decisão ora proferida daí a razão do presente recurso interposto pelo requerimento de a fls. 68 e recebido por douto despacho, a fls. 69, como de apelação, a subir nos próprios autos, com efeito suspensivo. O apelante apresentou as suas alegações, a fls. 97 a 100, que aqui se dão por inteiramente reproduzidas e concluiu pelo provimento do recurso e pela consequente revogação da sentença recorrida e a condenação dos R.R. ao pagamento da quantia de USD 10.500,00, referente à dívida e aos juros, USD 3.000,00 referentes aos honorários do Advogado e a multa por litigância de má-fé, além das custas e procuradoria condigna. Os apelados contra-alegaram, a fls. 122, e concluíram pela improcedência do recurso e pela confirmação da decisão recorrida. Os autos foram com vista ao Digno Magistrado do Ministério Público que nada requereu. Mostram-se colhidos os vistos legais e por isso cumpre apreciar e decidir. 2 - IRREGULARIDADES PROCESSUAIS Os autos apresentam algumas irregularidades processuais que podem conduzir à sua nulidade, dada a sua gravidade e são: 1 - Relativamente aos documentos, a fls. 31,37,41,49,51,52,54,55 a

60, foi violado o princípio do contraditório, previsto no artigo 3º do C.P.C., porquanto os mesmos não foram submetidos à apreciação da contra-parte. 2 - Na contestação apresentada pelos RR., fls. 14 a 15, estes alegaram a ineptidão da petição inicial prevista no artigo 193º do C.P.C., e sendo esta nulidade do conhecimento oficioso, nos termos do artigo 202º do mesmo diploma legal, o Meritíssimo Juiz deixou de, sobre ela, se pronunciar, conforme se constata da sentença ora recorrida, daí a sua nulidade nos termos e por força do artigo 668º nº 1 alínea d) primeira parte, conjugado com o artigo 660º nº 2 e 201º e 202º do mesmo diploma legal pois, em boa verdade, deixou de resolver uma questão que lhe foi colocada por uma das partes e, por isso, procedendo o presente recurso, a sentença recorrida deve ser revogada. 3 - Por outro lado, chama-se a especial atenção do mandatário do A. pela forma pouco abonatória como, por diversas vezes, se dirige para o Meritíssimo Juiz, como que de seu empregado se tratasse, pois não é a forma mais correcta que os mandatários das partes devem utilizar quando se dirigem aos magistrados judiciais ou do Ministério Público ou mesmo quando se dirigem aos seus colegas de profissão, nos termos do artigo 73º do Decreto nº 28/96, de 13 de Setembro. 4 - Assim, deve pois o presente recurso proceder porque provado e em consequência revogar-se a sentença recorrida, nos termos do artigo 668º, alínea d) conjugado com o artigo 660º números 1 e 2 e 202º todos do C.P.C. As outras questões alegadas ficam prejudicadas pela resposta dada à primeira questão, nos termos do artigo 660º, nº 2, do mesmo diploma legal. 5 - No entanto, os autos apresentam os elementos de prova que permitem conhecer nesta Instância o objecto da apelação, nos

termos do artigo 715º do C.P.C. e por isso, por economia processual, iremos fazer isso, começando pela análise da nulidade de ineptidão da petição inicial alegada. 3 - NULIDADE DA INEPTIDÃO DA PETIÇÃO INICIAL Na sua contestação, a fls. 14 a 15 dos autos, os R.R. alegaram ineptidão da petição inicial, resultante da contradição entre o pedido e a causa de pedir, nos termos do nº 2, alínea b) do artigo 193º do C.P.C. e, em consequência, requereram o seu indeferimento, nos termos da alínea a) do artigo 474º do C.P.C. e a sua absolvição da Instância, nos termos do artigo 288º alínea e) nº 1, todos do mesmo diploma legal. Em boa verdade, os R.R. não têm razão daí que a alegada nulidade não procede, nem mesmo podia proceder. Com efeito, conforme resulta da leitura dos autos, os R.R., no dia 31 de Dezembro de 1998, contraíram um empréstimo ao A. para lhe ser pago no dia 5 de Fevereiro de 1999, acrescido de 50% sobre o capital, ao mês. Ora, decorrido esse prazo, sem que a obrigação tivesse sido cumprida, apesar de várias interpelações, o A. achou-se no direito de pedir a tutela jurídica do Órgão Competente para ver o empréstimo ressarcido, daí resultou a petição inicial, a fls. 2 a 3v, que em nosso entender não apresenta qualquer irregularidade que possa dar lugar à contradição entre a causa de pedir e o pedido, conforme os R.R. alegaram, na contestação já referida, pois segundo o afirma o professor José Alberto dos Reis, na página 381 dos seus Comentários ao C.P.C., II volume, "na verdade a causa de pedir deve estar para com o pedido na mesma relação lógica em que na sentença, os fundamentos hão de estar para com a decisão. O pedido tem, como a decisão, o valor e o significado de uma conclusão; a causa de pedir, do mesmo modo que os fundamentos de facto da sentença é a base, o ponto de apoio, uma das

premissas em que assenta a conclusão". Não há, pois, na P.I., a alegada contradição entre o pedido e a causa de pedir e por isso os autos devem seguir a sua tramitação posterior até ao fim, com a descrição dos factos. 4 - OS FACTOS Os factos descritos nos presentes autos resumem-se, no essencial, no seguinte. No dia 31 de Dezembro de 1998, os RR. Álvaro Fernandes Santa Marta e António Amaral de Oliveira, nos autos identificados, contraíram um empréstimo no valor do equivalente a USD 2.500,00 ao A. Domingos Correia, igualmente nos autos identificado, com juros acordados em 50% do capital mensalmente e ainda com a promessa de o seu pagamento ter lugar até ao dia 5 de Fevereiro de 1999. Para garantia da dívida, os R.R. hipotecaram a viatura de marca ABS-35-19. Após uma inspecção àquela viatura, constatouse que a mesma tinha sido sabotada, deliberadamente, pelos R.R. O prazo de 30 dias que tinha sido fixado para o pagamento da dívida e dos respectivos juros foi ultrapassado, apesar de várias interpelações feitas pelo A., conforme o teor da carta de a fls. 6 e 6 verso. Os R.R. reconhecem a dívida e os respectivos juros. 5 APRECIANDO No dia 31 de Dezembro de 1998, os R.R. contraíram o empréstimo do equivalente a USD 2.500,00 ao A. e assumiram o compromisso de procederem ao seu retorno ou ao seu pagamento, dentro do prazo de 30 dias, i.e. a 5/02/99, com o juro do equivalente a 50% ao mês. O contrato não foi cumprido dentro do prazo estipulado pelas partes, daí a razão da carta dirigida aos RR., a 17 de Fevereiro de 2000, interpelando-os ao pagamento da dívida.

O Código Civil admite a liberdade contratual, i.e., autoriza, no seu artigo 405º nº 1, que dentro dos limites da lei, as partes têm a faculdade de fixar livremente o conteúdo dos contratos, celebrar os contratos diferentes dos previstos na lei ou incluir as cláusulas que lhes aprouver e acrescenta, no seu artigo 406º, que o contrato deve ser pontualmente cumprido e só pode modificar-se ou extinguir-se por mútuo consentimento dos contraentes. No caso dos autos, nada de contrário se alterou em relação ao contrato livremente contraído pelas partes, daí que o comportamento dos R.R. está enquadrado nas disposições legais acima referidas acrescido das respectivas normas, nos termos dos artigos 804º e 805º do Código Civil. Quanto à taxa de juros, ela está prevista no artigo 559º do C. Civil com a nova redacção dada pela lei nº 3/03. Esta lei não se aplica ao caso, pois, passou a ser aplicável a partir dessa data e os factos se referem aos anos de 1998, data da celebração do contrato, como já se referiu, pois analisando os autos constata-se que o processo deu entrada no Tribunal Judicial da Província de Benguela a 5/03/2000, a fls. 3 a 4 da petição inicial e na contestação, de a fls. 14 a 15, os R.R. confessam a dívida como também a confessam na acta da tentativa de conciliação, a fls. 48 a 49 verso, no decurso da qual ficou assente que os R.R. já pagaram ao A. a quantia de USD 2.200,00, de acordo também com o relatório de fls. 51 e 52 e por isso fica por pagar a quantia de USD 8.300,00, pelos quais vão agora condenados a pagar ao A. Entretanto, apenas mais duas palavras a acrescer ao litígio ora em discussão: a primeira palavra diz respeito ao contrato mútuo a que se refere o artigo 1142º e a segunda questão está relacionada com o artigo 1146º do mesmo diploma legal. Em relação ao artigo 1142º e 1143º do C.C., diremos que aquando do empréstimo contraído entre o A. e os R.R., o empréstimo foi em dólares americanos e não em Kwanzas e por isso não vem a

propósito falar-se, agora, dos referidos artigos. Quanto à taxa de juro calculada em 50% ao mês do capital, diremos que foi vontade das partes em fixar este juro de 50% ao mês. Da leitura dos autos não se verifica neles qualquer disposição a ditar o contrário desta sua vontade. Entretanto, se essa sua vontade é contrária àquilo que está disposto na lei, nomeadamente, artigo 1146º, podemos reduzir os juros a 10% ao ano, pois a lei é de cumprimento obrigatório por parte de todo o cidadão. 6 - DECISÃO Nestes termos e fundamentos, os desta Câmara acordam: a) dar provimento ao recurso e, em consequência, anular a sentença recorrida. b) julgar a acção procedente porque provada e, em consequência, condenar os R.R. no pagamento ao A. da quantia de USD. 2.500,00, acrescida dos respectivos juros de mora, baseados a 10% ao ano, cujo montante se deverá apurar em execução de sentença tendo em atenção o valor de USD 2.200,00 já pagos pelos R.R. Custas a cargo das partes, na proporção de 1/3 pelo Apelante e 2/3 pelos Apelados. Luanda, 6 de Março de 2009. Belchior Samuco Ilegível Ilegível