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Transcrição:

Dados Básicos Fonte: 1.0390.08.021173-8/002(1) Tipo: Acórdão TJMG Data de Julgamento: 03/02/2011 Data de Aprovação Data não disponível Data de Publicação:29/03/2011 Estado: Minas Gerais Cidade: Machado Relator: Albergaria Costa Legislação Legislação: Art. 16, 8º da Lei nº 4.771/65. Ementa EMBARGOS INFRINGENTES. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AVERBAÇÃO DE RESERVA LEGAL. PROPRIEDADE RURAL. INEXISTÊNCIA DE FLORESTAS OU VEGETAÇÃO NATIVA. DESOBRIGATORIEDADE. Havendo o art. 16 do Código Florestal considerado a possibilidade de exploração de florestas e outras formas de vegetação nativas de propriedade rural privada, fazendo, para tanto, a exigência de delimitação de reserva legal, fica evidente que a obrigação de averbação desta reserva legal, prevista no 8º, pressupõe a existência de floresta ou outra forma de vegetação nativa a ser desmatada, porquanto hipótese tratada no caput. Recurso conhecido e acolhido. Íntegra Número do processo: 1.0390.08.021173-8/002(1) Numeração Única: 0211738-80.2008.8.13.0390 Relator: ALBERGARIA COSTA

Relator do Acórdão: ALBERGARIA COSTA Data do Julgamento: 03/02/2011 Data da Publicação: 29/03/2011 Inteiro Teor: EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AVERBAÇÃO DE RESERVA LEGAL. PROPRIEDADE RURAL. INEXISTÊNCIA DE FLORESTAS OU VEGETAÇÃO NATIVA. DESOBRIGATORIEDADE. Havendo o art. 16 do Código Florestal considerado a possibilidade de exploração de florestas e outras formas de vegetação nativas de propriedade rural privada, fazendo, para tanto, a exigência de delimitação de reserva legal, fica evidente que a obrigação de averbação desta reserva legal, prevista no 8º, pressupõe a existência de floresta ou outra forma de vegetação nativa a ser desmatada, porquanto hipótese tratada no caput. Recurso conhecido e acolhido. EMBARGOS INFRINGENTES CÍVEL N 1.0390.08.021173-8/002- COMARCA DE MACHADO - EMBARGANTE(S): OFICIAL CART REG IMÓVEIS MACHADO - EMBARGADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - RELATORA: EXMª. SRª. DESª. ALBERGARIA COSTA ACÓRDÃO Vistos etc., acorda, em Turma, a 3ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador KILDARE CARVALHO, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, EM ACOLHER OS EMBARGOS, VENCIDOS O REVISOR E O PRIMEIRO VOGAL. Belo Horizonte, 03 de fevereiro de 2011. DESª. ALBERGARIA COSTA - Relatora NOTAS TAQUIGRÁFICAS

Proferiu sustentação oral, pelo Ministério Público, o Dr. Giovanini Mansur Solha Pantuzzo e, pelo Embargante, o Dr. Edgard Moreira da Silva. A SRª. DESª. ALBERGARIA COSTA: Trata-se de embargos infringentes interpostos pela Oficiala do Cartório de Registro de Imóveis de Machado contra o acórdão de fls. 249/276 que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso de apelação e julgou procedente a ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, para condenar a recorrente à obrigação de não registrar os atos de transmissão, desmembramento ou retificação de área, sem a necessária averbação da reserva legal. Em suas razões recursais, a embargante pediu a prevalência do voto vencido, defendendo que a exigência de averbação da reserva legal, contida no 8.º, do artigo 16, do Código Florestal, pressupõe a existência de áreas florestais na propriedade rural. Contrarrazões ofertadas a fls.287/293. É o relatório. Conheço do recurso, uma vez que presentes os pressupostos de admissibilidade. O núcleo da controvérsia consiste na verificação da necessidade de averbação de reserva legal em imóveis que não possuem área florestal. Nos termos do art. 1º, 2º, III, do Código Florestal em vigor, com as modificações trazidas pela Medida Provisória n.º 2.166, de 24.08.2001, reserva legal é a "área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas".

Ocorre que a averbação da reserva legal se justifica a partir do momento em que houver a pretensão, pelo proprietário ou possuidor de propriedade rural, de exploração ou supressão de floresta ou outra forma de vegetação nativa. Para isso, o interessado deverá proceder, previamente, à averbação no Cartório de Registro de Imóveis, após processo de aprovação pelo órgão ambiental estadual, municipal ou outra instituição devidamente habilitada, o qual fixará a localização e os limites desta área especial. Com efeito, se a averbação da reserva legal pressupõe a existência de florestas ou alguma vegetação nativa que se pretende explorar/suprimir, conclui-se que ela não será obrigatória para toda e qualquer propriedade rural, mas tão-somente naquela em que se verificar a existência de florestas ou vegetação nativa que se pretenda explorar. Isso porque a Medida Provisória n.º 2.166, que alterou o Código Florestal, teve por objetivo fomentar a preservação ambiental da propriedade rural privada, em conjunto com o desenvolvimento agrícola. Nesse sentido, a norma impôs limitações administrativas ao uso indiscriminado das propriedades não sujeitas ao regime de utilização limitada e não consideradas de preservação permanente, estabelecendo que, existindo pretensão do proprietário ou possuidor de um imóvel rural em explorar sua propriedade suprimindo vegetação nativa ou florestas preexistentes, faz-se necessária a prévia averbação da reserva legal junto à matrícula do imóvel no Cartório Competente. A possibilidade de supressão de florestas e outras formas de vegetação em propriedades particulares são previstas pelo artigo 16, que ressalta a necessidade da manutenção de reserva legal, bem como de sua averbação na matrícula do imóvel, de modo que seus limites e confrontações serão públicos e poderão ser conhecidos pelos futuros adquirentes, além de serem oponíveis erga omnes. Vale a transcrição do mencionado dispositivo legal:

"Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (...) 2º A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (...) 4º A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: I - o plano de bacia hidrográfica; II - o plano diretor municipal; III - o zoneamento ecológico-econômico; IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e

V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. (...) 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. 9º A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicando-se, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos." (destaques apostos) A lei deve ser interpretada sistematicamente, de modo que os incisos e parágrafos deverão ser considerados em conformidade com a hipótese prevista no caput do enunciado normativo. E se o caput do artigo 16 do Código Florestal, acima transcrito, considera a possibilidade de exploração de florestas e outras formas de vegetação nativas, fazendo, para tanto, a exigência de delimitação de reserva legal, fica evidente que a obrigação de averbação, inserida no 8º, pressupõe a existência de matas com tais características, bem como a atividade de exploração.

Neste sentido já decidiu a Corte Superior deste Tribunal de Justiça, nos autos do mandado de segurança n.º 1.0000.02.279477-4/000: "RESERVA LEGAL - INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 16 DO CÓDIGO FLORESTAL - CONDICIONAMENTO DE ATOS NOTARIAIS À EXIGÊNCIA PRÉVIA DE AVERBAÇÃO DA RESERVA - FALTA DE AMPARO LEGAL - DIREITO LÍQUIDO E CERTO DE PROPRIEDADE - GARANTIA CONSTITUCIONAL - SEGURANÇA CONCEDIDA. A interpretação sistemática do artigo 16 do Código Florestal nos conduz ao entedimento de que a reserva legal não deve atingir toda e qualquer propriedade rural, mas apenas aquelas que contêm área de florestas. Logo, tem-se que o condicionamento dos atos notariais necessários ao pleno exercício do direito de propriedade previsto no artigo 5º, XXII, da Constituição Federal, à prévia averbação da reserva legal, somente está autorizado quando existir floresta no imóvel, o que não é o caso dos autos, pelo que se impõe a concessão da segurança requerida." Dessa forma, não é possível acolher a pretensão formulada na ação civil pública, eis que a obrigação de não registrar os atos de transmissão, desmembramento e retificação de área, sem a averbação da reserva legal, não pode ser imposta à recorrente, relativamente a toda e qualquer propriedade rural. Isso posto, ACOLHO OS EMBARGOS INFRINGENTES para resgatar o voto minoritário, que negou provimento ao recurso de apelação. Custas na forma da Lei. É como voto. O SR. DES. ELIAS CAMILO: Inacolho os embargos infringentes, fiel ao posicionamento que assumi quando do julgamento do Recurso de Apelação, e o faço com base nas razões de decidir constantes do voto proferido naquela oportunidade.

O SR. DES. KILDARE CARVALHO: Rejeito os Embargos, de acordo com o voto que proferi quando do julgamento da Apelação. O SR. DES. SILAS VIEIRA: De acordo com a Relatora. O SR. DES. DÍDIMO INOCÊNCIO DE PAULA: Acompanho a douta Relatora. SÚMULA: ACOLHERAM OS EMBARGOS, VENCIDOS O REVISOR E O PRIMEIRO VOGAL.