Influência do número de horas de envelhecimento acelerado sobre o vigor de sementes de cenoura.

Documentos relacionados
Efeito do estresse hídrico e térmico na germinação e crescimento de plântulas de cenoura

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DIFERENTES ESTRUTURAS DE SEMENTES DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

Palavras-chave: lentilha; vigor; germinação.

VIGOR DE SEMENTES DE CENOURA DETERMINADO PELO software SVIS. CARROT SEEDS VIGOR DETERMINED BY SVIS software. Apresentação: Pôster

EFEITO DA IDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA NOS RESULTADOS DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO.

Avaliação do vigor de sementes de abobrinha (Cucurbita pepo) pelo teste de tetrazólio.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA CONVENCIONAL COLETADAS EM TRÊS POSIÇÕES DA PLANTA

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO EM MATO GROSSO

AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE MELÃO PELO TESTE DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA 1 VIGOR EVALUATION OF MELON SEEDS BY CONTROLLED DETERIORATION TEST

Programa Analítico de Disciplina FIT331 Produção e Tecnologia de Sementes

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM LOTES DE SEMENTES DE CENOURA ENVOLVENDO TEMPERATURA E TEMPOS DE EXPOSIÇÃO Apresentação: Pôster

Efeito do tamanho e do peso específico na qualidade fisiológica de sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.)

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

Universidade Estadual de Londrina (UEL),Centro de Ciências Agrárias, Cep , Londrina-PR,

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE LENTILHA 1

TÍTULO: PRECOCIDADE DE EMISSÃO RAIZ PRIMÁRIA NA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE MILHO

TESTE DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE PIMENTÃO

DESEMPENHO DE SEMENTES DE ALGODÃO SUBMETIDAS A DIFERENTES TIPOS DE ESTRESSES 1

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 2165

USO DE SOLUÇÃO SATURADA DE SAL NO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE PIMENTA DOCE

EXECUÇÃO DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM PROCEDIMENTO TRADICIONAL E COM USO DE SOLUÇÃO SATURADA DE SAIS EM SEMENTES DE ALGODÃO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

COMPARAÇÃO ENTRE TESTES DE VIGOR PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TOMATE

MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE PEPINO 1

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS PARA REMOÇÃO DA MUCILAGEM DE SEMENTES DE TOMATE (Lycopersicon esculentum, MILL.)

INFLUÊNCIA DA COLORAÇÃO DA EMBALAGEM NA VIABILIDADE DE SEMENTES ORGÂNICAS DE Solanum lycopersicum var. cerasiforme DURANTE O ARMAZENAMENTO

Qualidade fisiológica de sementes de milho crioulo cultivadas no norte de Minas Gerais.

Germinação e vigor de sementes de Moringa oleifera Lam. procedentes de duas áreas distintas

CURVA DE ABSORÇÃO DE ÁGUA EM SEMENTES DE MAMONA.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL

TRATAMENTO FUNGICIDA EM SEMENTE DE MILHO SUPER-DOCE 1

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE ABÓBORA THE ACCELERATED AGING TEST IN SQUASH SEEDS RESUMO

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE QUIABO ACCELERATED AGING TEST IN OKRA SEEDS

Efeitos de substratos compostos com diferentes tipos de solos sobre a germinação e vigor de sementes de jiló

Umedecimento de substratos na germinação de sementes de repolho

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Métodos para o condicionamento fisiológico de sementes de cebola

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN-RS

TESTE DE VIGOR EM SEMENTES DE CEBOLA. Apresentação: Pôster

AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE MELANCIA (Citrullus lunatus Schrad.) PELO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

Avaliação de Tratamentos Utilizados na Superação de Dormência, em Sementes de Quiabo.

EFEITO DO ARMAZENAMENTO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE GENÓTIPOS FEIJÃO E MAMONA SOB CONSÓRCIO

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE BETERRABA 1

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE SORGO PELO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA PROGRAMA PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

TESTES DE VIGOR PARA SEMENTES DE CENOURA VIGOR TESTS FOR CARROT SEEDS

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CENOURA ACCELERATED AGING ON THE PHYSIOLOGICAL QUALITY OF CARROT SEEDS

AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE TRIGO PELO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO TESTE DE VIGOR PARA SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

Pesquisa Agropecuária Tropical ISSN: Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos. Brasil

Quebra de dormência e germinação de sementes de pimenta cumari (capsicum baccatum var praetermissum) João Carlos Athanázio1; Bruno Biazotto Gomes1.

NOTA CIENTÍFICA ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE BERINJELA 1

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA A AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE ABOBRINHA 1

em função da umidade e rotação de colheita

Germinação de sementes e desenvolvimento inicial de plântulas de pepino em diferentes tipos de substratos.

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE RÚCULA (Eruca sativa L.) 1

PRÉ-HIDRATAÇÃO EM SEMENTES DE ALGODÃO E EFICIÊNCIA DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

Envelhecimento acelerado como teste de vigor para sementes de milho e soja

EFEITO DO TIPO DE SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE AMENDOIM (Arachis hypogaea L.)

Germinação e Vigor de Sementes de Milho Armazenadas nas Condições Ambientais do Sul do Tocantins

Influência da Adubação Orgânica e com NPK, em Solo de Resíduo de Mineração, na Germinação de Sementes de Amendoim.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA

EFEITO ALELOPÁTICO DE EXTRATO DE VINAGREIRA (Hibiscus sabdariffa) NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE QUIABO (ABELMOSCHUS ESCULENTUS) Apresentação: Pôster

ANÁLISE DOS DANOS MECÂNICOS E QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODÃO DURANTE O ARMAZENAMENTO

Influência da Temperatura na Qualidade Fisiológica de Sementes de Sorgo

Revista Ceres ISSN: X Universidade Federal de Viçosa Brasil

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA PELO TESTE DE RAIOS X.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE RÚCULA 1

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

REVISTA CAATINGA ISSN X UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO (UFERSA) Pro-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Revista Ciência Agronômica ISSN: Universidade Federal do Ceará Brasil

Germinação de sementes de imbiruçú em diferentes condições de luz.

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE LOTES COMERCIAS DE SEMENTES DE ABOBRINHA (Cucurbita pepo L).

Maturação Fisiológica E Dormência Em Sementes De Sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth.)

Germinação de Sementes de Cebola em Ambiente Enriquecido com Dióxido de Carbono

DETERMINAÇÃO DE ÍNDICES DE QUALIDADE NA SELEÇÃO DE LOTES DE SEMENTES DE ALGODOEIRO * RESUMO

Revista Caatinga ISSN: X Universidade Federal Rural do Semi-Árido Brasil

LEVANTAMENTO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE AZEVÉM PRODUZIDAS FORA DO SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO

Qualidade Fisiológica de Sementes de Cultivares de Soja de Diferentes Grupos de Maturação

Apresentação: Pôster

Germinação de Sementes de Milho, com Diferentes Níveis de Vigor, em Resposta à Diferentes Temperaturas

ESTUDO COMPARATIVO DE POPULAÇÕES SEGREGANTES DE DIFERENTES CRUZAMENTOS EM SOJA A COMPARISON OF SEGREGANT POPULATIONS FROM DIFFERENT SOYBEAN CROSSES

MÉTODOS ALTERNATIVOS DO TESTE DE FRIO PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE MILHO 1

Portanto, objetivou-se com este trabalho avaliar o comportamento germinativo de sementes de couve-de-folha mediante diferentes substratos.

Efeito do Bioestimulante na Qualidade Fisiológica de Sementes Colhidas em Diferentes Épocas

AVALIAÇÃO DO VIGOR EM SEMENTES DE AMENDOIM

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE AVEIA PRETA 1

Efeito da secagem na qualidade fisiológica de sementes de pinhão-manso

Germinação de sementes de Lycopersicum esculentum submetidas a diferentes temperaturas

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE TRIGO 1

Germinação de sementes de cenoura sob diferentes temperaturas

COMPORTAMENTO GERMINATIVO DE SEMENTES DE PIMENTA DE CHEIRO COM O USO DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO

EFEITO DO ACONDICIONAMENTO E DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE BRÓCOLIS (Brassica oleracea L. var. italica Plenk)

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE CUBIU (solanum sessiliflorum Dunal) 1

RELAÇÃO ENTRE O TAMANHO E A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE SOJA (Glycine max (L.) Merrill)

Transcrição:

Influência do número de horas de envelhecimento acelerado sobre o vigor de sementes de cenoura. 1 João Carlos Athanázio 1 ; Audiléia Rocha de Oliveira 1 ; Rui Alberto Barros Jr 1. 1 Universidade Estadual de Londrina Centro de Ciências Agrárias Departamento de Agronomia - Cx. Postal 6001, 86001-970, Londrina-PR. E-mail: jcatha@uel.br RESUMO O objetivo do presente trabalho foi verificar a influência do número de horas de envelhecimento acelerado sobre o vigor de sementes de cenoura em condições de laboratório. O experimento foi conduzido no laboratório de fitotecnia do Departamento de Agronomia no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Londrina. Sementes dos cultivares Kuronan, Brasília e da população UEL (selecionada e produzida na UEL nos anos de 2000, 2001 e 2002) foram submetidos ao envelhecimento acelerado, pelo método do gerbox, desenvolvido por McDONALD & PHANEENDRANATH (1978) e adotado pela AOSA (1983). As sementes foram expostas à temperatura de 42 C, durante períodos de 00h (testemunha), 12h (T1), 24h (T2), 36h (T3), 48h (T4), 60h (T5), 72h (T6) e 84h (T7), e a seguir colocadas para germinar em gerbox. O teste e a avaliação do vigor foram feitos através do índice de velocidade de germinação e primeira contagem de germinação. Podese concluir que o número de horas de envelhecimento acelerado exerce influência sobre o vigor de sementes de cenoura em laboratório, sendo T2, T3 e T4 os que influenciaram mais positivamente, proporcionando os melhores índices de vigor para as sementes avaliadas. Palavras-chave: Daucus carota L., velocidade de germinação, primeira contagem. A cenoura (Daucus carota L.) é uma planta originária do Afeganistão. Foi levada para a Europa pelos árabes e chegou às Américas trazida pelos europeus, nas primeiras viagens de Cristóvão Colombo. Seu produto comercial é uma raiz pivotante, tuberosa, lisa e sem ramificações. Entre as hortaliças cujas partes comestíveis são as raízes, é a de maior valor econômico, destacando-se pelo alto valor nutritivo, sendo uma das principais fontes de betacaroteno, que é o precursor da pró-vitamina A (MALUF et al, 1999). A propagação de cenoura é feita de forma sexuada, com semeadura direta em canteiros, sendo que a faixa de temperatura ideal para a germinação das suas sementes está entre 8 e 30 C (FILGUEIRA, 2000). A semeadura é feita em filetes contínuos nos canteiros, sendo necessário um desbaste posterior, para se garantir um estande adequado ao desenvolvimento das plantas. O teste padrão de germinação em laboratório geralmente superestima o potencial fisiológico de lotes de sementes, sendo, portanto, cada vez maior a necessidade de aprimoramento dos testes destinados à avaliação do vigor de sementes, principalmente, quanto à obtenção de informações consistentes, e de preferência, em períodos relativamente curtos (TORRES, 2002).

2 De acordo com HAMPTON & COOLBEAR (1998), os testes de vigor são cada vez mais relevantes para muitas espécies de hortaliças, viabilizando a prática da agricultura de precisão, a eliminação do desbaste e a obtenção de maturação uniforme. Assim, o emprego de eficientes métodos de avaliação de vigor, em complemento às informações fornecidas pelo teste de germinação na avaliação do potencial fisiológico de sementes de hortaliças é fundamental em programas de controle de qualidade. A velocidade de germinação é um dos conceitos mais antigos de vigor de sementes (AOSA, 1983). A base deste método é o princípio de que os lotes que apresentam maior velocidade de germinação das sementes são os mais vigorosos, ou seja, que há relação direta entre a velocidade e o vigor das sementes. A velocidade de germinação das sementes pode ser calculada pelo IVG (índice de velocidade de germinação) proposto por MAGUIRE, em 1962. Este índice, apesar de ter sido o mais empregado para avaliar a velocidade de germinação, nem sempre consegue mensurar diferenças existentes entre lotes ou amostras, podendo assim, serem obtidos valores semelhantes para lotes com comportamentos distintos quanto ao vigor das sementes (BROWN & MAYER, 1986), citado por NAKAGAWA (1999). No teste padrão de germinação são realizadas duas contagens, uma inicial e outra final, sendo que na primeira são retiradas as plântulas germinadas (BRASIL, 1992). O teste de primeira contagem de sementes baseia-se no princípio de que as amostras que apresentam maior percentagem de plântulas germinadas na primeira contagem são as mais vigorosas. Indiretamente, com a primeira contagem está sendo feita uma avaliação de velocidade de germinação, pois sendo maior a percentagem de plântulas germinadas na primeira contagem, significa que as sementes desta amostra são mais vigorosas que as das demais (NAKAGAWA, 1999). Este teste pode, muitas vezes, expressar melhor as diferenças de velocidade de germinação entre os lotes do que os índices de velocidade de germinação, como comentado por BROWM & MAYER (1986), citado por NAKAGAWA (1999). Além disso, trata-se de um teste mais simples. De acordo com VIEIRA & CARVALHO (1994), o teste de envelhecimento acelerado tem como base o aumento significativo da taxa de deterioração das sementes, através de sua exposição a níveis muito adversos de temperatura e umidade relativa, apontada como os fatores ambientais mais relacionados à deterioração. Assim, considera-se que amostras com baixo vigor apresentam maior queda de sua viabilidade quando expostas a essa situação e as sementes mais vigorosas, geralmente, mantêm sua capacidade de produzir plântulas normais e apresentam germinação mais elevada após serem submetidas ao teste.

3 O objetivo deste experimento foi verificar a influência do número de horas de envelhecimento acelerado sobre o vigor de sementes de cenoura (Daucus carota L.) em condições de laboratório. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Fitotecnia do Departamento de Agronomia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina. Sementes de cenoura dos cultivares Kuronan, Brasília e da população Londrina (selecionada e produzida na UEL nos anos de 2000, 2001 e 2002) foram submetidos ao envelhecimento acelerado em gerbox, método desenvolvido por McDONALD & PHANEENDRANATH (1978) e adotado pela AOSA (1983), conforme a descrição de VIEIRA (1994). Essas sementes foram expostas à temperatura de 42 C durante os períodos de 00h (Testemunha), 12h (T1), 24h (T2), 36h (T3), 48h (T4), 60h (T5), 72h (T6) e 84h (T7), e a seguir elas foram colocadas para germinar em gerbox. O cultivar Kuronan empregado foi o da marca comercial Sementes Feltrin Ltda, lote nº 128155, com 80% de germinação, 98% de pureza, prazo de validade até agosto de 2000, e tratamento com 0,15% de Captan 75. O cultivar Brasília utilizado foi da marca comercial Islã Sementes Ltda, lote nº 15735, com 77% de germinação, 99% de pureza, prazo de validade até agosto de 2006, sem tratamento de semente. Os testes de vigor das plântulas foram realizados pela metodologia descrita por VIEIRA & CARVALHO (1994). A avaliação do vigor em condições de laboratório foi feita considerando o valor da primeira contagem de sementes germinadas e o índice de velocidade de germinação, recomendado por CARVALHO (2000). Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e a comparação entre as médias dos tratamentos foi realizada pelo teste de TUKEY a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos da análise de índice de velocidade de germinação e primeira contagem de plântulas de sementes de cenoura submetidas ao envelhecimento acelerado estão apresentados na Tabela 1 e 2, respectivamente.

TABELA 1. Índice de velocidade de germinação de sementes de cenoura, submetidas ao envelhecimento acelerado por diferentes períodos. Londrina, 2003. Períodos (h) Cultivares UEL 2000 UEL 2001 UEL 2002 KURONAN BRASÍLIA testemunha 08,04 ab 03,60 cd 05,14 bc 05,83 bc 09,60 a 12 05,47 bc 05,97 bc 10,49 a 11,40 a 11,27 a 24 12,95 a 12,38 a 10,52 a 08,42 ab 07,28 ab 36 09,10 ab 10,22 ab 09,42 ab 07,68 ab 09,88 a 48 11,01 a 12,10 a 10,75 a 10,23 ab 10,21 a 60 04,90 bc 07,13 bc 05,29 bc 02,53 c 03,81 bc 72 01,50 c 03,44 cd 05,01 bc 01,82 c 02,84 bc 84 01,86 c 00,51 d 00,92 c 01,97 c 01,61 c CV%=33,02 TABELA 2. Primeira contagem de sementes germinadas de cenoura submetidas ao envelhecimento acelerado por diferentes períodos. Londrina, 2003. Cultivares Períodos (h) UEL 2000 UEL 2001 UEL 2002 KURONAN BRASÍLIA testemunha 17,25 b 00,00 d 01,25 bc 24,50 bcd 26,25 abc 12 04,50 b 09,75 cd 27,50 a 45,75 a 41,75 a 24 46,75 a 52,75 a 25,25 a 10,25 cd 14,50 bc 36 20,75 b 35,75 ab 21,25 ab 26,50 abc 33,75 ab 48 41,25 a 46,75 a 33,25 a 42,00 ab 39,50 a 60 12,75 b 24,75 bc 16,00 abc 10,25 cd 14,50 bc 72 04,25 b 10,25 cd 17,25 abc 04,50 d 11,00 c 84 06,00 b 01,50 d 00,00 c 05,75 d 06,00 c CV% = 45,32 4 Para a população UEL-2000 e UEL-2001, conforme mostra a Tabela 1, os períodos que resultaram nos melhores índices de velocidade de germinação (IVG) foram 24h, 36h e 48h, sendo que para a população UEL-2000 não houve diferenças significativas destes períodos em relação à testemunha (00h). Para a população UEL-2002 e para os cultivares Kuronan e Brasília, os melhores IVG s foram observados nos períodos de 12h, 24h, 36h e 48h, sendo que para o cultivar Brasília não houve diferença significativa entre estes e a testemunha. Os piores IVG s foram observados nas sementes submetidas aos períodos de 72h e 84h. A Tabela 2 mostra que, no teste de primeira contagem de sementes, os períodos de 24h e 48h foram os que apresentaram plântulas com maior vigor para as populações UEL- 2000 e UEL-2001, diferindo estatisticamente de todos os outros períodos. Para a população UEL-2002, os períodos 12h, 24h e 48h foram os que levaram as sementes a apresentarem o maior vigor dentre todos os períodos testados.

5 Para o cultivar Kuronan, o período de 12h foi o que levou as sementes a apresentarem o melhor vigor em relação aos outros períodos. Os tempos de 12h e 48h foram os melhores em relação ao vigor das sementes do cultivar Brasília, porém não diferiram estatisticamente da testemunha. Comparando o IVG com o teste de primeira contagem de sementes, pode-se observar que os resultados entre os dois testes foram semelhantes. O envelhecimento acelerado influenciou o vigor de sementes de cenoura, sendo que os períodos de 24h, 36h e 48h foram os que originaram plântulas mais vigorosas em quase todos cultivares e populações testadas, de acordo com ambos testes realizados. As sementes de cenoura foram mais afetadas nos períodos de 60h a 84h de envelhecimento, apresentando queda nos seus índices de vigor, com exceção do período de 60 h para a população UEL-2001. LITERATURA CITADA ASSOCIATION OF OFFICIAL SEED ANALYSTIS (AOSA), ed. Seed vigor testing handbook. S.L.p.1983. 88p (Handbook on Seed Testing, 32). BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília. Coordenação de Laboratório Vegetal CLAV. Departamento Nacional de Defesa Vegetal, 1992. 365p. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p. FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Fernando Antonio Reis Filgueira Viçosa : UFV, 2000. HAMPTON, J.G; COOLBEAR, P. Potential versus actual seed performance can vigour testing provide an answer? See Science and Technology, v. 18, n. 2, p. 215-228, 1998. MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Sci., v. 2, p. 176-7. 1962. MALUF, W.R.;VASCONCELOS, R.T.; FORTEZA, R.E. Recomendações gerais para a cultura da cenoura. Boletim Técnico de Hortaliças N o 32. 1ª. ed./julho 1999. Disponível em: http://www2.ufla.br/~wrmaluf/bth032/bth032.html. Acesso em 20 set. 2003. NACAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desenvolvimento das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. cap. 2, p. 1-24. TORRES, S. B. Métodos para avaliação do potencial fisiológico de sementes de melão. 2002. 120 f. Tese. (Doutorado em Ciências Agrárias), ESALQ, USP, Piracicaba. VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N.M. Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994,

164p. 6