Síntese da Conferência



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Transcrição:

Síntese da Conferência Sob o lema Saneamento para Todos, Responsabilidade de Todos realizou-se de 14 a 16 de Maio de 2014, a Conferência Nacional de Saneamento, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, na Cidade de Maputo. Esta Conferência teve a particularidade de ser a primeira de carácter efectivamente multissectorial, isto é, organizada conjuntamente com todos os actores-chave que contribuem para a melhoria do estado de saneamento em Moçambique. A Conferência contou com a presença de cerca de 250 participantes integrando Directores Nacionais, Directores Provinciais, representando as diferentes áreas de saúde, educação, meio ambiente, obras públicas, planificação e finanças; Representantes de Entidades Autónomas do sector de Águas; Presidentes dos Conselhos Municipais, Administradores Distritais, Vereadores dos Conselhos Municipais, Directores dos Serviços Distritais, Líderes Comunitários, sociedade civil, sector privado, parceiros de cooperação e convidados estrangeiros. O objectivo principal da Conferência foi de criar bases para o desenvolvimento de uma agenda nacional para uma melhoria significativa do saneamento e de estabelecer compromissos alargados para dar mais prioridade ao saneamento nas acções de desenvolvimento do país.

A sessão de abertura foi orientada por Sua Excelência o Ministro das Obras Públicas e Habitação, e contou com a participação dos Ministros da Saúde, Coordenação da Acção Ambiental, Administração Estatal e Finanças e do Presidente do Conselho Municipal de Maputo. No seu discurso o Ministro das Obras Públicas enalteceu, que cada um de nós tem o dever de garantir a manutenção de um ambiente saudável, envolverse na educação dos cidadãos sobre o tratamento adequado dos dejectos humanos de modo a criar condições para uma vida sã das populações. Disse ser necessário que todos trabalhemos em conjunto para assegurar que as autoridades locais sejam capazes de cumprir esta responsabilidade, através da sua capacitação. Igualmente, a sessão foi agraciada com a presença de parceiros de cooperação, aos seus níveis altos de tomada de decisão no país. O Representante residente do Banco Africano de Desenvolvimento, em representação dos parceiros de cooperação, reforçou a necessidade de estreita colaboração entre os órgãos governativos locais e as populações dando atenção especial aos grupos vulneráveis, as mulheres e crianças por serem estas camadas que mais pagam o preço individual mais alto pela falta de saneamento. Sublinhou ser fundamental o papel do Governo provincial no desenvolvimento dos programas de saneamento. A Síntese e a Declaração foram adoptadas pelos Directores Nacionais representando os Ministérios de Saúde, Educação, Obras Públicas, Administração Estatal e Coordenação da Acção Ambiental. As principais constatações e recomendações da Conferência são as seguintes:

Situação Actual e Perspectivas para o Futuro Nesta sessão foram passadas em revista as Políticas e Estratégias dos Ministério das Obras Públicas e Habitação, da Saúde, de Planificação e Desenvolvimento, de Educação e para a Coordenação da Acção Ambiental. Estas apresentações foram seguidas de um painel sobre os desafios e perspectivas locais para o desenvolvimento do saneamento, no qual participaram a Província de Sofala, os Municípios das Cidades de Quelimane e Maputo e os Distritos de Matutuíne e Guro. A situação actual mostra que os sectores possuem instrumentos estratégicos mas que não produzem resultados eficazes. A falta de planificação integrada e coordenação multissectorial, por falta de um elemento reitor das acções de saneamento incorporadas em cada um dos sectores foram apontadas como as principais causas. Os sectores perdem de vista a necessidade de priorização e racionalização de recursos existentes, que resultam na falta complementaridade, eficácia e sustentabilidade das acções saneamento, higiene e promoção da saúde pública. O painel sobre os desafios e perspectivas locais para o desenvolvimento do saneamento mostrou uma grande variabilidade do nível de desenvolvimento do saneamento entre os centros urbanos e vilas, e entre estes e as povoações e assentamentos dispersos. Essa variabilidade é atribuída as características da população a servir, a natureza dos desafios e ao dinamismo e compromisso das lideranças locais. A dispersão das famílias, questões culturais, solos arenosos ou alagados e necessidade de

ordenamento territorial, são desafios ao desenvolvimento do saneamento mais comuns nos diferentes assentamentos. Notou-se que muitas das escolas do país não dispõem de instalações sanitárias funcionais, com abastecimento de água e condições de higiene. Realçou-se a importância da escola na educação contínua das gerações vindouras sobre a importância do saneamento e das boas práticas de higiene, como importante factor de sustentabilidade dos esforços que a sociedade vem despendendo presentemente nestes domínios Em termos de perspectivas para o futuro esta sessão sugeriu que deveria ser criado um quadro institucional que promova o fortalecimento contínuo do papel dos órgãos e instituições locais (governos provinciais, distritais e municípios) na implementação dos programas de saneamento e higiene, por atribuição de mais competências, recursos financeiros, técnicos e humanos. Outrossim, o fortalecimento dos órgãos locais deve ser feito em paralelo com o estabelecimento de uma única coordenação central intersectorial e com fortes capacidades de orientação metodológica e de monitoria. Organização do Serviço Público de Saneamento Em relação ao tópico sobre Organização do Serviço Público de Saneamento, os principais pontos de convergência foram: (i) a necessidade de conceber o saneamento como compreendendo a recolha, transporte, tratamento e deposição seguras dos dejectos humanos no ambiente, complementada com a gestão de resíduos sólidos (desde a

recolha até deposição) e a drenagem das águas pluviais e residuais; (ii) a necessidade da sociedade moçambicana dirigir os seus esforços prioritariamente para a eliminação do fecalismo a céu aberto; à garantia de acesso a serviços efectivos de gestão das latrinas urbanas e os seus conteúdos; e a garantia do acesso universal ao saneamento seguro e higiene ainda nesta geração. No caso particular das cidades e vilas, para além da definição genérica dos serviços de saneamento, os participantes reconheceram a sequência da cadeia de serviços de saneamento como compreendendo a contenção, esvaziamento, transporte, tratamento e disposição ou reutilização. Havendo duas formas de alcançar esta cadeia (i) através de rede de esgotos (sistema centralizado); (ii) através da gestão de lamas fecais através de sistemas localizados (descentralizado). Os desafios das cidades para desenvolverem o saneamento incluem: (i) falta de dados sobre as migrações sazonais e o êxodo rural que obrigam a constantes esforços de redimensionamento; (ii) a ocupação desordenada da terra; (iii) falta de serviços dos elementos da cadeia de saneamento (esvaziamento, transporte e tratamento de lamas fecais). As perspectivas propostas para melhoria dos serviços são: (i) coordenar a expansão dos serviços de saneamento com as directrizes de ordenamento territorial, adequando os serviços às condições e dinâmicas de desenvolvimento dos diferentes bairros; (ii) dirigir os esforços para cada vez mais efectiva integração dos serviços de saneamento, com o abastecimento de água, a gestão dos resíduos sólidos, e a drenagem de águas pluviais; (iii) promover a provisão de serviços de saneamento,

geridos segundo os melhores padrões de eficiência e transparência, e, nas grandes cidades, caminhar para serviços autónomos ou serviços com a participação do sector privado, ambos com regulação independente; e (iv) promover a reutilização das lamas tratadas para recuperar uma parte dos custos do serviço. Nas aldeias e assentamentos dispersos foi reconhecido que é responsabilidade pública a promoção do saneamento e higiene, fomento dos mercados e monitoria dos processos, resultados e impactos. Foi proposta a necessidade de desenvolvimento de programas multissectorial integrados de saneamento com estratégias claras de envolvimento das lideranças comunitárias/pessoas influentes na comunidade e capacitação das comunidades, responsabilização clara e metas específicas e mensuráveis para cada distrito/posto administrativo/localidade. Isto pode ser parte do pacote de avaliação de desempenho dos Governos Locais (Administradores Distritais, Governadores provinciais). Nesta actividade particular realçou-se a necessidade de melhorar e reforçar de forma continua as capacidades dos agentes de mobilização/consciencialização das comunidades com vista a se assegurar resultados de saneamento sustentáveis e continua demanda das comunidades pelos serviços de saneamento. A implementação destes programas deve ser acompanhada por metodologias claras, alocação de recursos e monitoria a ser providenciados pelos níveis provincial e central.

Os participantes sublinharam ainda que a melhoria dos serviços passa por: (i) criar e desenvolver sistemas comunitários de monitoria e de formação e controlo de qualidade dos animadores responsáveis por acompanhar as medidas de eliminação do fecalismo a céu aberto e iniciativas como Um Líder uma Comunidade LIFECA ; (ii) estabelecer um sistema nacional de avaliação e certificação de comunidades livres de fecalismo a céu aberto; (iii) especificar os padrões mínimos aceitáveis para qualidade de latrinas tradicionais e promover a sua construção e uso pelos agregados familiares e a provisão dos insumos pelos agentes privados e públicos. Papéis, Responsabilidades e Coordenação Institucional Nesta componente reafirmou-se a necessidade desenvolvimento e operacionalização de planos multissectoriais integrados de saneamento e higiene, com responsabilização clara para cada interveniente. Contudo, não basta ter se planos e papeis e responsabilidades claros mas também e acima de tudo, é necessária a liderança no saneamento para melhor responsabilização e prestação de contas. Os participantes realçaram a necessidade de se fazer o planeamento do saneamento e higiene com larga participação das comunidades envolvidas. Para isso os Lideres Comunitários devem ter papel fundamental na mobilização e envolvimento das comunidades neste exercício e na monitoria e acompanhamento. Os Governos Distritais e Municípios são as unidades de implementação dos programas de saneamento e higiene cabendo-lhes a materialização da intersectorialidade e a gestão dos recursos. É também neste nível onde

reside a responsabilidade primária de monitoria incluindo a garantia da qualidade e fiabilidade da informação. As ONGs e o sector privado são parceiros importantes de implementação neste nível. O Governador provincial deve ser campeão de saneamento e higiene no seu território. No Governo provincial devem ficar as competências de gestão do orçamento da província orientado para o saneamento e higiene e alocação aos distritos e municípios segundo critérios que incluem incentivos e competitividade. Competirá também a este nível, fazer a monitoria e avaliação do desempenho dos distritos e municípios. Caberá ao nível central, desenvolver programas e orçamentos integrados de saneamento e higiene que incluam as actividades dos diferentes ministérios que têm responsabilidades nestas áreas. Tal inclui também o desenvolvimento das metodologias de planificação, orçamentação, alocação de recursos, implementação, monitoria e avaliação. Programação e Financiamento do Saneamento Os participantes recomendaram que é necessário integrar as actividades de saneamento e higiene dispersas nos diversos sectores num único programa integrado e coerente com indicadores próprios. Para isso será necessário rever as diferentes políticas e estratégias sectoriais ligadas ao saneamento e higiene de modo a coordenar, articular e alinhar os objectivos e acções. Será conveniente desagregar os indicadores de saneamento dos de abastecimento de água.

Cabe ao Governo central mobilizar recursos e aumentar o nível e a qualidade do investimento no saneamento e higiene, providenciando para que as melhorias incrementais sejam mensuráveis e as prioridades orçamentais estejam vinculadas a programas integrados de saneamento e higiene com claras linhas de responsabilidade entre as diferentes instituições. Os participantes à Conferência recomendaram que: (i) o financiamento dos investimentos e serviços públicos ao nível local deve, sempre que possível, observar mecanismos de incentivo ligados ao bom desempenho e à comparticipação financeira, (ii) os modelos de financiamento de serviços devem assegurar que os agregados familiares mais carenciados tenham acesso pelo menos a uma latrina de qualidade aceitável; (iii) o orçamento central do programa deve apenas cobrir os custos de investimento cabendo a operação e manutenção ser coberta por tarifas e taxas de responsabilidade local. (iv) os investimentos ao nível rural devem incluir as actividades relacionadas com a mobilização comunitária. Para a operacionalização das recomendações desta Conferência, será elaborado um roteiro e uma matriz de responsabilidades. Maputo, ao 16 de Maio de 2014