INSTITUIÇÃO:UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO



Documentos relacionados
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE PÚBLICA DO RIO GRANDE DO NORTE COORDENAÇÃO DE PROMOÇÃO À SAÚDE SUBCOORDENADORIAS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL

Boletim Epidemiológico da Dengue

INFORME TÉCNICO SEMANAL: DENGUE, CHIKUNGUNYA, ZIKA E MICROCEFALIA RELACIONADA À INFECÇÃO PELO VÍRUS ZIKA

INFORME SEMANAL DE DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA

Secretaria de Estado da Saúde

Informe Técnico SARAMPO nº 5 Sarampo no Estado de São Paulo

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Nota MDS Brasília, 02 de maio de 2011.

RETRATOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Guia de perguntas e respostas a respeito do vírus Zika

SITUAÇÃO DOS ODM NOS MUNICÍPIOS

5 Considerações finais

Vigilância epidemiológica da Dengue no município de Natal

DENGUE e DENGUE HEMORRÁGICO

Pernambuco (62), Santa Catarina (01) e Paraíba (02). O genótipo D8 foi identificado em 50 amostras e o D4 em uma amostra.

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

Situação Epidemiológica da Dengue

PUBLICO ESCOLAR QUE VISITA OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE MANAUS DURANTE A SEMANA DO MEIO AMBIENTE

Estudo Exploratório. I. Introdução. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Pesquisa de Mercado. Paula Rebouças

A AIDS NA TERCEIRA IDADE: O CONHECIMENTO DOS IDOSOS DE UMA CASA DE APOIO NO INTERIOR DE MATO GROSSO

Programa de Controle da Dengue/SC

Efeitos das ações educativas do Curso de Qualificação Profissional Formação de Jardineiros na vida dos participantes.

CONTROLE DA DENGUE EM BANDEIRANTES, PARANÁ: IMPORTÂNCIA DA CONTINUIDADE

É uma doença infecciosa febril, causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

AEDES AEGYPTI - O IMPACTO DE UMA ESPÉCIE EXÓTICA INVASORA NA SAÚDE PÚBLICA

AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DENGUE NA REDE MUNICIPAL DE SAÚDE DE DOURADOS/MS Fernanda de Brito Moreira bolsista UEMS 1

Relatório das Tarefas de observação Realizada na Escola Estadual Cônego Osvaldo Lustosa

INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM DOIS SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICA DE MARINGÁ-PR

DIVISÃO DE VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE DIVISÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA PROGRAMA ESTADUAL DE CONTROLE DA DENGUE

PROJETOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO PLANEJAMENTO À AÇÃO.

Perguntas e Respostas sobre Chikungunya CARACTERÍSTICAS

ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NO CONTROLE DE UM SURTO DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE PIRIPIRI-PI

CARACTERIZAÇÃO DO USUÁRIO DO CRAS CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA DE PASSOS: Perfil dos usuários do CRAS Novo Horizonte Passos/MG

RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO

Dengue NS1 Antígeno: Uma Nova Abordagem Diagnóstica

Modos de vida no município de Paraty - Ponta Negra

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Dengue a mais nova endemia "de estimação"?

HANSENÍASE EM IDOSOS NO BRASIL NO ANO DE 2012

TÍTULO: PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS PROFISSIONAIS FORMANDOS DA ÁREA DE NEGÓCIOS DA FACIAP

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

PESQUISA DIA DAS CRIANÇAS - MOSSORÓ

Bairro contra a Dengue

DataSenado. Secretaria de Transparência. Avaliação do programa Ciência sem fronteiras. Perfil dos participantes

1. DENGUE. Gráfico 1 Incidência de casos de dengue por Distrito Sanitário em Goiânia 2015, SE 21. Fonte: IBGE 2000 e SINAN/DVE/DVS/SMS- Goiânia

Escola Bilíngüe. O texto que se segue pretende descrever a escola bilíngüe com base nas

PADRÕES DE QUALIDADE OUTUBRO 2000

O IMPACTO DA DOR CRÔNICA NA VIDA DAS PESSOAS QUE ENVELHECEM

PERFIL DOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO BOM NEGÓCIO PARANÁ NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

T.I na Notificação - A importância do SCAM no controle de notificações de agravos

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL COMO FERRAMENTA PARA DO PLANEJAMENTO DE CARREIRA

Avaliação da oportunidade do sistema de vigilância de doenças de notificação compulsória no Brasil no período de

Balanço social: diversidade, participação e segurança do trabalho

Prefeitura Municipal de Gavião-BA PODER EXECUTIVO

Índice 3. Introdução 4. O que é Aedes aegypti? 5. Como o mosquito chegou até nós 6. Casos de dengue em Campinas 7. O que é o Chikungunya? 8.

UMA ANÁLISE SOBRE A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS PELOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO DE PRESIDENTE PRUDENTE

NOTA TÉCNICA Nº 001 DIVE/SES/2014

A INCIDÊNCIA DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE ITABUNA EM 2009

PARECER COREN-SP 013/2014 CT PRCI n /2013 Tickets nº , , , e

ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR DA INDÚSTRIA - SESI/SC

O PIPE I LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Ser humano e saúde / vida e ambiente. Voltadas para procedimentos e atitudes. Voltadas para os conteúdos

Mapa do Encarceramento: os jovens do Brasil

Programa Ambiental: 1º Ciclo de Palestras Uso sustentável dos recursos naturais

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

Levantamento sobre a incidência de dengue e seu controle no município de. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde CCBS

AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL LEVANTAMENTO DAS MEDIDAS REALIZADAS

12 DE JUNHO, DIA DE COMBATE A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID DE GEOGRAFIA

MODELAGEM MATEMÁTICA: PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO 1

Arbovírus: arthropod-born virus 400 vírus isolados 100 patógenos humanos. Febres indiferenciadas Encefalites Febres hemorrágicas

Editoria: Cidades Manaus Hoje

NOTA TECNICA SAÚDE-N Título: CNM alerta municípios em áreas de risco do mosquito Aedes aegypti

Estatística à Distância: uma experiência

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA RELATÓRIO FINAL DE AUTO-AVALIAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEISDA CPA DA FACULDADE ARAGUAIA

Informe Técnico: Vigilância das Meningites no Estado de Santa Catarina

Informe Técnico Sarampo nº 9 - ALERTA SARAMPO. Novos casos confirmados de sarampo (Genótipo D4), residentes no Estado de São Paulo.

TÍTULO:A NECESSIDADE DE CONSCIENTIZAÇÃO NA LUTA CONTRA A DENGUE.

Pesquisa. A participação dos pais na Educação de seus filhos

Epidemiologia de Desastres. Organización n Panamericana de la Salud Organización n Mundial de la Salud

PLANO MUNICIPAL DE COMBATE A DENGUE

O professor que ensina matemática no 5º ano do Ensino Fundamental e a organização do ensino

NOTA TÉCNICA MICROCEFALIA RELACIONADA AO ZIKA VIRUS

BOLSA FAMÍLIA Relatório-SÍNTESE. 53

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2013 Nome: PARTE 1 BIOESTATÍSTICA, BIOÉTICA E METODOLOGIA

Prefeitura Municipal de Santos

TRABALHANDO, O LIXO COM OS ALUNOS DO 7 ANO DA ESCOLA ESTADUAL AMÉRICO MARTINS ATRAVÉS DE CARTILHAS EDUCATIVAS

Sumário Executivo. Pesquisa Quantitativa de Avaliação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PETI

E Entrevistador E18 Entrevistado 18 Sexo Masculino Idade 29anos Área de Formação Técnico Superior de Serviço Social

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

ESTATUTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO

ADMINISTRAÇÃO I. Família Pai, mãe, filhos. Criar condições para a perpetuação da espécie

JOGO DE BARALHO DOS BIOMAS BRASILEIROS, UMA JOGADA FACILITADORA DA APRENDIZAGEM DOS DISCENTES NA BIOGEOGRAFIA.

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO ENSINO SUPERIOR: um estudo sobre o perfil dos estudantes usuários dos programas de assistência estudantil da UAG/UFRPE

CHAMADA PÚBLICA SIMPLIFICADA Nº02/2012 SELEÇÃO DE CANDIDATOS PARA O PROJETO PRONERA/INCRA/UECE

3 Metodologia 3.1. Tipo de pesquisa

A INFLUÊNCIA DOCENTE NA (RE)CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICADO DE LUGAR POR ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FEIRA DE SANTANA-BA 1

Transcrição:

TÍTULO:AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DA DENGUE NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO ATRAVÉS DA CONFIRMAÇÃO SOROLÓGICA AUTORES: Cavalcanti, A. C.; Oliveira A. C. S. de; Pires, E. C. ; Lima, L. S. A. de ; Alves, L. D. R. B.; Alves, M. F. G. M. S.; ²Vasconcelos, S. D. INSTITUIÇÃO:UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO Departamento de Biologia Área de Zoologia A dengue é uma doença viral, caracterizada por um quadro clássico de síndrome febril. Origina-se de uma arbovirose de suma importância para o homem e um grave problema de Saúde Pública em áreas urbanas, periurbanas e rurais, nas zonas tropicais e subtropicais do mundo. Este trabalho teve como objetivo verificar o grau de conhecimento da necessidade de exame sorológico para confirmação de casos de dengue. A pesquisa foi realizada no Campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco, no mês de abril de 2002 e constou da aplicação de um questionário à comunidade universitária. Foram realizadas 230 entrevistas a alunos, professores e funcionários. As variáveis utilizadas para a coleta de dados foram Sexo, Idade, Tipos de Dengue (Clássica ou Hemorrágica) e Confirmação Sorológica. Os resultados demonstraram a incidência maior em indivíduos do sexo feminino (54%), na faixa etária compreendida entre 20 e 30 anos (59%), acometidos do tipo clássico de dengue (98%), dos quais, menos da metade (35%) confirmou a doença através de exames sorológicos. Isto indica o comportamento ainda negligente das pessoas que, apesar de tantas campanhas veiculadas na mídia, não valorizam a notificação e a confirmação sorológica. Os resultados ressaltam a necessidade de programas de extensão mantidos pelas universidades, com o objetivo de informar a comunidade sobre a necessidade da realização de testes sorológicos para confirmação de casos da dengue e seu tratamento correto. Sugere-se a continuidade da pesquisa utilizando como público-alvo comunidades circunvizinhas, visando uma ação educativa e preventiva. PALAVRAS-CHAVE Dengue, Dengue-Sorologia, Arbovirose. ÁREA TEMÁTICA VI Saúde: Novas Endemias e Epidemias e-mail annacs@terra.com.br INTRODUÇÃO 1

A dengue é uma doença viral que se caracteriza por um quadro clássico de síndrome febril (Farace, 2002), de infecção aguda com erupção, dores severas e adenopatias múltiplas. Atualmente a dengue é a mais importante arbovirose do homem, mostrando ser um grave problema de saúde pública em áreas urbanas, periurbanas e rurais, nas zonas tropicais e subtropicais do mundo (Marcondes, 2001). Clinicamente esta doença pode evoluir para duas formas diferentes: a dengue clássica (DC) considerada benigna e a febre da dengue hemorrágica (FDH), que pode ser fatal (ibid). Conforme a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2001), o agente etiológico da dengue é um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do Gênero Flavivirus, da Família Flaviviridae, do qual já se conhecem quatro sorotipos (1, 2, 3, 4), tendo como principal vetor o mosquito do gênero Aedes aegypti. De acordo com Pontes e Ruffino-Netto (1994), a infecção causada pelo vírus da dengue assegura imunização completa, pelo resto da vida, contra aquele sorotipo e promove proteção cruzada, durante aproximadamente doze semanas, contra os outros sorotipos. Geograficamente Aedes aegypti predomina em áreas tropicais e subtropicais, entre os paralelos de 45 N e 35 S (Marcondes, 2001), não sendo bem adaptado para grandes altitudes (Lucena, 1997). É um mosquito cosmopolita e sua disseminação sempre acompanha o homem, como também de forma passiva via aérea ou terrestre (Marcondes, 2001). Possivelmente o Aedes aegypti é de origem africana, região da Etiópia e acredita-se que foi introduzido na América no período da colonização através de embarcações provenientes daquele continente (Pontes e Ruffino-Netto, 1994). Segundo Vianna (2002), a transmissão dos arbovírus para o homem e animais domésticos pode ser feita em dois contextos diferentes: Ciclo silvestre, quando a contaminação do homem e dos animais domésticos ocorre ao entrarem em contato nas áreas enzoóticas ou quando ocorre uma extensão da atividade viral destas áreas para lugares próximos habitados pelo homem; Ciclo de transmissão urbana, quando o hoespedeiro é infectado em outro local de circulação do vírus, podendo iniciar um ciclo urbano (em vilas ou cidades), envolvendo o vetor doméstico com capacidade de transferir estes vírus para pessoas ou animais domésticos ou sinantrópicos. Campos (1995) afirma que a transmissão é feita pela picada do mosquito-fêmea infectado, estabelecendo os elos epidemiológicos envolvidos na transmissão da doença, assim resumidos: mosquito infectado homem susceptível homem infectado mosquito infectado. A falta de uma política séria e o descaso com que é tratada a Saúde Pública, revela que o país vive hoje uma grande epidemia de dengue e está trazendo danos letais para a população. 2

A importância do exame sorológico reside no fato de que através dele é possível identificar o número de indivíduos acometidos pela doença, determinar estatisticamente o tipo de dengue verificado e controlar a disseminação, em áreas próximas, dos casos confirmados. OBJETIVOS Geral Avaliar a incidência de Dengue no Campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco, confirmada através de sorologia. Específicos Confrontar o número de indivíduos entrevistados com sexo e com idade; Notificar o número de casos de Dengue Clássica e de Dengue Hemorrágica dentro da comunidade universitária; Confrontar o número de indivíduos entrevistados com aqueles que fizeram confirmação sorológica. METODOLOGIA O trabalho foi desenvolvido dentro da comunidade universitária da Universidade Federal Rural de Pernambuco, bairro de Dois Irmãos, Recife, PE, em abril de 2002, como parte integrante da disciplina Metodologia e Redação Científica, do curso de especialização em Zoologia, ministrada pelo Professor Doutor Simão Dias Vasconcelos. De acordo com informações da Pró-Reitoria de Planejamento, a comunidade universitária, em 2002, é constituída por 386 Docentes, 6.713 Discentes e 810 Técnico Administrativo, perfazendo um total de 9.029 pessoas. Esta pesquisa foi realizada baseando-se em um questionário com as seguintes variáveis: sexo, idade, tipo de dengue (Clássica ou Hemorrágica) e confirmação sorológica. Os indivíduos foram questionados na biblioteca, no restaurante, em salas de aula, no corredor e no prédio central, no entanto somente os que afirmaram já ter desenvolvido a doença foram entrevistados. Os dados obtidos com o questionário foram avaliados através de cálculo dos valores percentuais de cada variável em questão. RESULTADOS E DISCUSSÃO As pessoas entrevistadas na comunidade científica que afirmaram ter contraído dengue totalizaram 230. Dentre estas, as mulheres apresentaram maior incidência, alcançando oito pontos percentuais a mais do que os homens, conforme está demonstrado no Gráfico 1. Contudo, verifica-se que a diferença percentual entre homens e mulheres que tiveram a doença é bastante 3

pequena, não fornecendo evidências claras de que a Dengue seja mais frequente entre as pessoas de sexo feminino. Presoto (1996) demonstrou em seu trabalho realizado em Barra das Garças, MT, que a maior prevalência da dengue ocorre entre indivíduos do sexo masculino, com faixa etária acima de 40 anos. A população desta localidade difere das características do estudo realizado no Campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco. 46% Fem. 54% Masc. Gráfico 1 - Percentual de Pessoas do sexo Masculino e Feminino que tiveram Dengue Dentro do contexto universitário, a faixa etária mínima para ingresso na faculdade é de 16 anos. Apesar disso, a maior parte das pessoas entrevistadas que havia contraído dengue, estava na faixa de 20 a 30 anos, com 59%, como se pode verificar no Gráfico 2. Esses dados, no entanto, não se mostraram muito significativos, uma vez que normalmente é essa a faixa etária de uma comunidade universitária, o que sugere uma expansão da pesquisa. Gráfico 2 - Percentual de Pessoas por Faixa Etária que tiveram Dengue 4

No universo dos entrevistados que confirmaram através de exames sorológicos a presença de dengue, apenas 2% foram acometidos da forma mais grave que é a Febre da Dengue Hemorrágica (FDH), enquanto que a grande maioria (98%) foi acometida apenas da Dengue Clássica, de acordo com o Gráfico 3. Apesar da Dengue Hemorrágica ser a mais grave, a maior incidência é ainda a da Dengue Clássica. Gráfico 3 -Percentual de Pessoas que tiveram Dengue Clássica e Dengue Hemorrágica A confirmação sorológica foi feita por apenas 35% dos entrevistados (Gráfico 4). Esperava-se que, por ser realizada num ambiente universitário, a frequência de notificações e confirmação sorológica fosse maior, justificada pelo melhor acesso da comunidade à informação, fato que não ocorreu. Gráfico 4 - Percentual de pessoas que fizeram o exame sorológico 5

Virgilia (1999) realizando inquérito sorológico pó-epidêmico na zona urbana de São Paulo, coincidentemente nos mostra a necessidade de uma avaliação da incidência, realizada através da comprovação sorológica. De acordo com Strabelli (2002), a suspeita da doença é uma questão clínica, porém a confirmação sorológica deve ser feita, por exame de sangue, para detectar anticorpos contra o vírus. Souza (2002), confirma, acrescentando que a identificação da etiologia de Dengue só é possível através da cultura do vírus em laboratório de referência. Granato (2002) afirma que, em caso de suspeita de Dengue, não é recomendada a realização da sorologia antes do sexto dia após o começo dos sintomas, pois sorologias colhidas antes deste prazo podem originar resultados falso-negativos. Martins (2002), alerta para a correta comunicação aos órgãos de saúde dos casos da doença, o que evidencia a necessidade de uma estatística bem elaborada dos dados obtidos pelas notificações. Conforme o Centro de Informação em Saúde para Viajantes CIVES a comprovação do diagnóstico de Dengue não é útil para o tratamento da doença, porém o exame sorológico do diagnóstico poderá servir para outros fins, como vigilância epidemiológica e estatísticas. No levantamento da incidência de Dengue realizado no Campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco, ficou evidente que a maioria dos entrevistados não se dispõe a fazer a confirmação sorológica, deixando de revelar os dados corretos para as estatísticas e, conseqüentemente, tornando falhos programas de controle que são elaborados baseando-se nestas pesquisas de dados. O resultado da pesquisa comprovou que a dengue clássica é, realmente, a de maior ocorrência, no entanto, é necessário um estudo mais minucioso com relação ao sexo e à faixa etária. Todavia, é da maior importância que os serviços de Saúde Pública reforcem a assistência de qualidade à população, mediante diagnóstico precoce e tratamento adequado dos acometidos pela Dengue. É importante também, que a população aplique métodos preventivos da doença e que confirme, com exame sorológico, todos os casos suspeitos. 6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) Manual de Normas Técnicas Brasília. Abril/2001 CAMPOS, Juarez de Q. Pesquisa de Campo na Administração da Saúde, Ed. Jotacê. São Paulo, 1967. FARACE, M.D. Testes Laboratoriais no Diagnóstico da Dengue: uma experiência recente. Newslab Revista do Laboratório Moderno, V 31.pp.1-4. http://www.newslab.com.br 26/04/2002. GRANATO, C. Dengue: Aspectos Clínicos e Diagnósticos http://jbqweb01.fleury.com.br/mednews/0202/feb020202.htm LUCENA, Regina C.B. de Dengue no Município de Olinda/PE: um Perfil controverso. Monografia(Residência em Medicina Preventiva e Social) Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva/FIOCRUZ. Recife, 1979. MARCONDES. C.B. Entomologia Médica e Veterinária. Ed.Atheneu, São Paulo, (6):59 103p, 2001. MARTINS, L. Dengue: Epidemia Mostra Violência Inesperada. Jornal da Ciência http://www.sbpcnet.or.br - 08/ 03/2002. PONTES, R.J.S. & RUFFINO-NETTO, A. Dengue em localidade urbana da Região Sudeste do Brasil: Aspectos Epidemiológicos. Revista de Saúde Pública, São Paulo, 28:218 27p., 1994. PRESOTO, L. Uma avaliação do perfil do portador de dengue notificado durante o ano de 1996 no Município de Barra das Garças, MT Pesquisa de Campo. Ed. Jotacê, São Paulo, 1996. SOUZA, J.W.M. http://www.geocities.com/hotsprings/1613/dengue.htm STRABELLI, T.M.V. http://www.sosdoutor.com.br/sosinfecção/dengue.htm VIANNA, R.M.S. A Transmissão de Arboviroses e Encefalites. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro http://sbpcnet.org.br - 04/04/2002. VIRGILIA, L.C. Dengue: Inquérito Sorológico pós-epidêmico em Zona Urbana do Estado de São Paulo (Brasil) Revista de Saúde Pública, V33(6): 566 74p., 1999. 7