DESCRIÇÃO DO PESCADO NA BAIXADA MARANHENSE São Bento/MA



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Transcrição:

DESCRIÇÃO DO PESCADO NA BAIXADA MARANHENSE São Bento/MA Resumo: Diego Carvalho Viana¹ Amilton Cesar dos Santos² Rennan Lopes Olio³ Luís Miguel Lobo 4 Carlos Eduardo Malavasi Bruno 5 Douglas de Jesus Soares 6 Devido à importância dos peixes na alimentação humana e manutenção dos ecossistemas, o objetivo deste estudo foi: identificar, caracterizar e classificar de acordo com a nomenclatura cientifica e sua morfologia externa, as espécies de peixes capturados nos campos de São Bento, localizados na microrregião da Baixada Maranhense. Todas as espécies de peixes coletados foram fixadas em formaldeído a 10%. Neste estudo, foram identificadas 11 famílias, sendo que pertencentes a Família Characidae foram identificadas as espécies Astyanax bimaculatus, Colossoma macropomus, Metynnis lippincottianus, Pygocentrus nattareri e Charax gibbosus; da família Curimatidae, foi identificada a espécie Steindachnerina bimaculata; da família Erythrinidae, foram identificadas as espécies Hoplerythrinus unitaeniatus e Hoplias malabaricus; da família Prochilodontidae, foi identificada a espécies Prochilodus lacustre. Pertencente a família Megalopidae, foi encontrada a espécie Megalops atlanticus; da família Gymnotidae foi encontrada a espécie Gymnotus carap; da família Cichlidae foram encontradas as espécies Crenicichla mezesi, Heros severus e Tilápia rendali; da família Auchenipteridae foi encontrada a espécie Trachelyopterus galeatus; Pertencente à família Calillichthyidae foi encontrada a espécie Megalechis thoracata; da família Heptapteridae foi encontrada a espécie Pimelodella cristata. Pela família Loricaridae foram encontradas as espécies Hypostomus plecostomus e Loricaria cataphractae; e, enfim, pela família Synbranchidae foram encontradas as espécies Synbranchus marmoratus e S. sp. Nos campos de São Bento foi encontrada uma ampla variedade de espécies de peixes, sendo que, das 21 espécies encontradas, a Prochilodus lacustre, a Hypostomus plecostomus, a Loricaria cataphractae, a Colossoma macropomus e a Tilápia rendali não são nativas dessa região. Palavras chave: Alimentação, Peixes, São Bento. 1 Médico Veterinário, mestre em Ciência Animal pela Universidade Estadual do Maranhão e atualmente doutorando em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP). E-mail: diego_carvalho_@hotmail.com; 2 Biólogo, mestre em Ciências e atualmente Doutorando em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP); 3 Mestrando em Ciências pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo; 4 Mestrando em Ciências pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo; 5 Doutorando em Anatomia Animal pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo; 6 Professor de Biologia da rede Estadual do Maranhão.

Abstract: Due to the importance of fish in human food and ecosystem maintenance, the aim of this study was to identify, characterize and classify according to the scientific nomenclature and its external morphology, the species of captured fish in the fields of São Bento, located in the Baixada Maranhense microregion. All species of fish collected were fixed in 10% formaldehyde. In this study, 11 families were identified, of which: Astyanax bimaculatus, Colossoma macropomus, Metynnis lippincottianus, Pygocentrus nattareri and Charax gibbosus belonging to Characidae family; Steindachnerina bimaculata belonging to Curimatidae family; Hoplerythrinus unitaeniatus and Hoplias malabaricus belonging to Erythrinidae family; Prochilodus lacustre belonging to Prochilodontidae family; Megalops atlanticus belongs to Megalopidae family; Gymnotus carap belonging to Gymnotidae; Crenicichla mezesi, Heros severus and Tilápia rendali belonging to Cichlidae family; Trachelyopterus galeatus belonging to Auchenipteridae family; Megalechis thoracata belongs to Calillichthyidae family; Pimelodella cristata belonging to Heptapteridae family; Hypostomus plecostomus and Loricaria cataphractae belonging to Loricaridae family; and, finally, Synbranchus marmoratus and S. sp belonging to Synbranchidae family. In the fields of São Bento was found a wide variety of species of fishes, and, from 21 species, Prochilodus lacustre, Hypostomus plecostomus, Loricaria cataphractae, Colossoma macropomus and Tilápia rendali are not native to this region. Keywords: Feed, Fish, São Bento.

1. INTRODUÇÃO O litoral maranhense responde por 8,7% da costa brasileira é o segundo maior em extensão em todo o Brasil. São 640 km de litoral, perdendo apenas para o litoral baiano, que tem 932 km. Essa riqueza aquática é de valor inestimável, as variedades de peixes diferenciados como o tubarão quati Isogomphodon oxyrhynchus (Müller e Henle, 1839), o miguelito Exodon paradoxus (Müller & Troschel, 1844), o baiacu Colomesus asellus (Müller & Troschel, 1849) e o peixe prego Gobiesox barbatulus (Starks, 1913), torna esse litoral um dos mais diversificado do Brasil, sendo muito apreciados os peixes da família Aridae (bagres) e Sciaenidae (pescadas). Já os peixes de água doce apesar de não abundante em ômegas, mas em contrapartida são ótimas fontes de partículas igualmente importantes como o eicosapentaenóico e o docosaexaenóico que participam do desenvolvimento do cérebro e da retina nas crianças e nos adultos, elas renovam os tecidos, ajudam a combater inflamações e a proteger o sistema cardiovascular. São bastante encontrados em rios do Estado Maranhense. Outra vantagem deste tipo de pescado, é que eles são facilmente digeridos, a textura é suave e sua carne se desfaz rapidamente durante a digestão. No mar as espécies precisam ter uma parede celular firme para garantir o equilíbrio das concentrações de sal e água no corpo. E nos rios isso não é necessário. Muitas espécies de peixes, como tambaqui e tilápia, são criadas em açudes artesanais como fonte de renda, onde os piscicultores garantem ser uma atividade econômica rentável. Outras espécies, como os salmões, alem do valor econômico têm um grande valor cultural, de forma que muitos rios onde esses peixes se desenvolvem têm barragens com passagens para eles (chamadas em inglês "fish ladders" ou "escadas para peixes"), que lhes permitem passar para a montante da barragem (IBGE- MA, 2010). O município de São Bento-MA está localizado na microrregião da Baixada Maranhense, dentro da Macrorregião Norte do Estado, apresentando as seguintes coordenadas geográficas: 2 41 de Latitude S, 44 49 de Longitude W / -2.683, -44.817 e possui uma área territorial de 459Km², distante 300 quilômetros de São Luis. O acesso a este município pode ser via terrestre e por meio da travessia de Ferry Boat até o povoado de Cujupe (Alcântara), depois o de Três Marias, seguindo na MA 014, sentido oposto da Cidade de Pinheiro. A economia do município, na área da agricultura, que é basicamente de subsistência, está ligada com a produção de arroz, milho, feijão, mandioca e extração da amêndoa de babaçu. Sua pecuária é constituída da criação de bovino, bufalino, suíno, caprino. São Bento detém um comércio variado, servindo as cidades mais próximas. Como indústrias pode-se destacar as cerâmicas na produção de telhas e tijolos, alem da produção de queijo e redes. Outra atividade bastante expressiva é a pesca artesanal praticada nos

campos alagados que cercam a cidade, e nos últimos anos, a criação de peixes (tambaqui e tilápia) em tanques artesanais, vem contribuindo na economia da cidade (ATLAS DO MARANHÃO, 2002). Seus limites são ao Norte, o município de Palmerândia; Leste, Cajapió; ao Sul, São Vicente de Férrer; e, a Oeste, o município de Pinheiro. São Bento tem território pouco acidentado, com apenas pequenos morros, entre os quais o de São Carlos na divisa entre os municípios de Pinheiro e Peri-Mirim. Possui população estimada em 40.736 habitantes de acordo com o censo do IBGE-MA de 2010. A economia do município, segundo a secretaria Municipal de Agricultura, é basicamente de subsistência, com produção de arroz, milho, feijão, mandioca e extração da amêndoa de babaçu. Sua pecuária é constituída da criação de bovino, bufalino, suíno, caprino, entre outras atividades. Por ser referência na região, São Bento detém um comércio variado, servindo as cidades mais próximas. Outra atividade bastante expressiva é a pesca artesanal praticada nos campos alagados que cercam a cidade, e nos últimos anos, a criação de peixes (tambaqui e tilápia) em tanques artesanais, os quais contribuem com a economia da cidade (PEREIRA et al., 2007). Devido à importância dos peixes na alimentação humana e manutenção dos ecossistemas, o objetivo deste estudo foi identificar as espécies de peixes capturados nos campos de São Bento, classificando-as de acordo com a nomenclatura cientifica e sua morfologia externa. 2. MATERIAL E MÉTODO O trabalho de campo foi realizado no período de agosto a novembro de 2009, com idas ao campo para coletas dos exemplares. Foram estabelecidos três pontos de coletas: Terceira Porta D água, Porto Grande e feira municipal de São Bento. Os pescadores utilizaram tarrafa, caniço, rede e tapagem como métodos de captura nesta época do ano, pelo fato do nível de água nos campos estar ainda elevado. Todos os peixes coletados foram fotografados de vários ângulos para escolha da melhor foto empregada na identificação e caracterização da espécie. Após a coleta os peixes foram etiquetados e fixados em formol a 10% e depois conservados em álcool 70%. As espécies foram identificadas com base em literatura especializada através de chaves taxonômicas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a apresentação das espécies de peixes encontrados, utilizou-se uma lista e quadro, onde estão identificados o nome científico, o nome popular e o autor que classificou a espécie. O quadro está apresentado em ordem alfabética pelos nomes como são conhecidos na cidade de São Bento (Quadro 1). De acordo com a lista de nomenclatura dos peixe comerciais nos campos de São Bento cerca de 19 espécies de peixes, distribuídas em 6 ordens e 11 famílias, listadas a seguir. NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO AUTOR ACARÁ Heros severus (Heckel, 1840) BAGRINHO Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766) BODÓ Hypostomus plecostamus (Linnaeus, 1758) CAMURIM Centropomus sp (Bloch, 1795) CASCUDO Hoplostenum littorale (Hancock, 1828) CURIMATÁ Prochilodus lacustris (Steindachner, 1907) JANDIÁ Pimelodella cristata (Müller & Troschel, 1848) JEJÚ Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) MUÇUM DO RIO Synbranchus sp (Bloch, 1795) MUÇUM PRETO Synbranchus marmoratus (Bloch, 1795) PACU Mylossoma sp (Cuvier, 1818) PIABA Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) PIABA CORCUNDA OU PIABA DE GATO Chorax gibbosus (Linnaeus, 1758) PIAU BUCHO PODRE Steindachnerina bimaculata (Steindachner, 1876) PIRANHA Pygocentrus nattereri (Kner, 1860) PIRAPEMA Megalops atlanticus (Valenciennes, 1847) SARAPÓ Gymnotus carapo (Linnaeus, 1758) TAMBAQUÍ Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) TILÁPIA Tilápia rendali (Boulenger, 1896) TRAIRA Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) VIOLA Loricaria sp (Linnaeus, 1758) QUADRO 1: Peixes encontrados na cidade de São Bento/MA

Classe ACTINOPTERYGII Ordem Characiformes Família Characidae Astyanax bimaculatus Colossoma macropomus Metynnis lippincottianus Pygocentrus nattareri Charax gibbosus Curimatidae Steindachnerina cf. bimaculata Erythrinidae Hoplerythrinus unitaeniatus Hoplias malabaricus Prochilodontidae Prochilodus lacustri Elopiformes Megalopidae Megalops atlanticus Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus carapo Perciformes Siluriformes Cichlidae Crenicichla mezesi Heros severus Tilápia rendali Auchenipteridae Trachelyopterus galeatus Calillichthyidae Megalechis thoracata Heptapteridae Pimelodella cristata Loricaridae Hypostomus cf. plecostomus Loricaria cataphracta

Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus marmoratus Synbranchus sp Segundo Andrade (2009), sobre a caracterização do pescado do médio rio Tocantins - Imperatriz / MA as espécies desembarcadas durante o período estudado e de maior importância no mercado do município são: curimbatás (Prochilodus migricans), branquinha (Psectrogaster amazonica), piau (Leporinus sp), jaraqui (Semaprochilodus brama), tucunaré (Cichla sp), mampará (Hypophthalmus marginatus), mandi moela (Pimelodina flavipinnis), mandi cabeça de ferro (Pimelodus blochii), surubim(pseudoplatystoma fasciatum), sardinha (Triportheus albus) e Avoador (Hemiodopsis argentus). Entre essas duas regiões não há uma similaridade entre as espécies comercializadas, o clima, temperatura e habitat são fatores determinantes para a sobrevivência e adaptação das espécies (Figura 1).

Dentre as espécies não nativas, a Curimatá é muito apreciada, apesar de ser um peixe de difícil captura, quando capturado geralmente é consumido pela família do pescador. O bodó é um peixe adaptado nos campos de São Bento oriundo do Baixo Mearim onde é conhecido por Acari, e como o mesmo se parece com o bodó, houve essa troca de nomes. O peixe ainda não é muito apreciado na mesa dos Sambentoenses, seu valor comercial é baixo, mas a sua captura é bastante expressiva. O peixe viola, segundo relatos, sua passagem ocorreu pelo quase extinto Rio da Velha Barbara quando então era um afluente do rio Gurupí nos anos 70. A sua produção hoje é alta, no entanto é um peixe difícil de desenrolar da tarrafa ou da rede de pesca e que a venda é baixa devido ao sabor ainda não muito apreciado. O tambaqui foi introduzido, juntamente com a tilápia, durante o mandato da prefeita Maria Benedita Dias entre os anos de 1996 / 97 se tornando parte do cardápio e da economia da população. Segundo relatos de pescadores já foram pescados tambaqui de 11, 13, e 15 kg nos campos de São Bento. No ano de 2006, a região nordeste foi a maior produtora de pescado do Brasil (30,69% da produção total), seguida pelas regiões norte, sul, sudeste e centro-oeste (24,35%; 23,79%; 16,96% e 4,21% da produção total, respectivamente). A maior produção por parte da região nordeste é explicada pelo seu desempenho no setor extrativista marinho e continental do País (OESTRENSKY; BOEGER; CHAMMAS, 2008). 4. CONCLUSÃO Dos peixes descritos neste trabalho, notamos que das 21 espécies, cinco não são nativas dos campos de São Bento, são elas: Prochilodus lacustris, Hypostomus plecostomus, Loricaria cataphractae, Colossoma macropomus e Tilápia rendali e que essas novas adaptações podem desencadeia consequências para setor econômico, cultural e culinário, sem esquecer o desequilíbrio ambiental. REFERÊNCIAS ANDRADE, J.S.; REIS, K.A.; LOPES, J.M.; SILVA, W.A. Caracterização do pescado do Médio rio Tocantins - Imperatriz/MA. Revista Inovação, n. 09, p. 43-45, 2009. ATLAS DO MARANHÃO. Laboratório de geoprocessamento UEMA. São Luís: GEPLAN, p. 44, 2002.

IBGE. Censo Demográfico 2010 - Resultados do universo. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 Dez. 2010. OSTRENSKY, A.; BOEGER, W. A.; CHAMMAS, M. A. Potencial para o desenvolvimento da aquicultura no Brasil. In: Aquicultura no Brasil: o desafio é crescer. Brasília: FAO, 2008. 276 p. PEREIRA, L. A.; SOUSA, A. L.; CUTRIM, M. V. J.; MOREIRA, E. G. Características ecológicas do habitat de Kinosternon scorpioides scorpioides Linnaeus, 1766 (Reptila, Chelonia, Kinosternidae) no Município De São Bento Baixada Maranhense (MARANHÃO, BRASIL). Boletim do laboratório de hidrobiologia, v. 20, p. 9-14, 2007.