UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA PROCESSO SELETIVO 2016 - PPGG RESULTADO DA RECONSIDERAÇÃO DA PROVA ESCRITA LINHA DE PESQUISA A: CIDADE E CAMPO: ESPAÇO E TRABALHO Resposta ao recurso do candidato Nº. 04 contra o Resultado da Prova Escrita, realizada para Seleção de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geografia. PARECER: O candidato Nº. 04 encaminhou requerimento à Secretaria do PPGG/UFPB, dentro do prazo estabelecido no Edital, em que solicita à Comissão Avaliadora a revisão de sua prova escrita. Em seu requerimento, o candidato esboça sua justificativa em que apresenta suas razões de ordem teórico-metodológicas para ser classificado nessa etapa. A Comissão acata o direito que tem o candidato em ter acesso aos procedimentos avaliativos da prova escrita. A Comissão se reuniu para estabelecer os parâmetros de pontuação de acordo com as normas estabelecidas no Edital. Sendo assim, a prova escrita possui um caráter eliminatório e classificatório, conforme consta no Edital da Seleção de Mestrado do PPGG Nº 01/2015. Neste sentido, foram usados, como critérios e pontuação para avaliação da prova escrita, os seguintes quesitos: a) utilização das normas da língua portuguesa (0,5); b) coerência textual (1,0); c) coerência teórica-conceitual (1,5) e; d) demonstração da capacidade de aprofundamento do conhecimento (2,0). Após as leituras da prova escrita do candidato, consideramos o seguinte: 1) Questão geral:
No quesito utilização das normas da língua portuguesa foram identificados alguns problemas de linguagem, como pontuação, ortografia e concordância. No entanto foram discretos. Assim, a comissão não teve dúvidas em lançar meio (0,5) ponto para esse quesito; No quesito coerência textual, a comissão entendeu que o candidato apresentou uma boa estrutura textual de característica dissertativa, apresentando uma pequena introdução e desenvolvimento. Construiu os parágrafos coerentes e fazendo correlação entre eles. No entanto, o candidato não fez suas considerações conclusivas o que prejudica a estrutura textual. Assim, a Comissão atribuiu oito décimos (0,8) de pontos para esse quesito; No quesito coerência teórica-conceitual, a comissão entende que a construção teórico-conceitual apresentada é relevante, por traçar os recortes paradigmáticos da história do pensamento geográfico, ao expor a passagem do pensamento clássico, teorético, crítico e humanístico. É coerente afirmar que o conceito de espaço não foi o principal na clássica, mas que foi utilizado em Ratzel e Hartshorne. No entanto, a exposição conceitual de espaço em Hartshorne não é suficiente. Existem outros aspectos que poderiam ter sido explorados sobre a concepção hartshorniana de espaço, sobretudo a de espaço enquanto receptáculo, das inter relações entre os fenômenos e das heterogeneidades. A concepção de espaço na corrente teorética é mais densa do que simples espaço como homogêneo e palco da sociedade. A questão fica vaga e abre-se a outras, por exemplo: o que é homogêneo nessa corrente? O que é sociedade para os teoréticos? Na geografia crítica é importante que se destaque que o espaço não é apenas lócus da reprodução do econômico ou do modo de produção. É necessário um mergulho ainda maior em autores que vão para além dessa concepção. Assim, mesmo com a coerência conceitual apresentada, relativamente pertinente, o candidato não se esforça em explorar ainda mais o potencial teórico-metodológico em cada corrente. A última corrente destacada pelo candidato é a geografia humanista e cultural. O candidato coloca como sendo sinônimas. No entanto, a história da ciência geográfica mostra nuanças de convergências ao longo do tempo do pensamento humanista e a da culturalista. Assim, autores como Claval, Rosendahl, Corrêa não foram destacados nesse debate. Assim a comissão atribui oito décimo (0,8) de ponto nesse quesito;
No quesito demonstração da capacidade de aprofundamento do conhecimento, a Comissão entende que o candidato discorre sobre a relevante abordagem epistemológica, destacando a vertente clássica, teorética, crítica e humanista/cultural. O conceito de espaço pode ser destacado nessas e em outras correntes. O esboço teórico do candidato na corrente clássica é pertinente a partir do momento em que ressalta o espaço como sendo vital ao homem, destacando a concepção ratzeliana. No entanto, não abordou a concepção lablachiana que também é fundamental. Ou seja, a do espaço visto a partir do gênero de vida. Seria interessante evidenciar o debate hartshorniano sobre região e heterogeneidades, na construção da análise espacial. Na corrente teorética há uma riqueza teórica, técnica e metodológica sobre as diferentes concepções sobre espaço e região. Na corrente crítica há também outro debate importante sobre diferentes concepções que vai desde as formações sociais, econômicas e históricas, passando pela concepção de espaço enquanto palco das ações humanas, como produto das relações sociais e de trabalho, como sistema de objetos e ações e outras, tanto de corrente economicista como política, cultural e ideológica. Restou falar dos pensadores e de seus conceitos sobre espaço nos geógrafos pós-modernistas, em que ressaltam as dinâmicas e as transformações contemporâneas de tempo e de espaço nas sociedades pós-modernas. Assim, ficou faltando destacar alguns autores e suas idéias que alimentam o debate teórico-conceitual e metodológico sobre espaço geográfico numa perspectiva epistemológica. A comissão sentiu falta de um diálogo do candidato com os geógrafos, como: Paulo C.C. GOMES; Antonio C. R. de MORAES; Paul CLAVAL; Edward Soja; David HARVEY, Marcelo ESCOLAR; DOREEN MASSEY e; outros. Desse modo a Comissão considera pertinente parte do que foi exposto e apresentado pelo candidato, mas atribui um vírgula dois (1,2) nesse quesito. Para a questão geral, a soma dos pontos obtidos, de acordo com os critérios adotados, perfaz três vírgula três (3,3) pontos. 2) Questão Específica:
No quesito utilização das normas da língua portuguesa, a Comissão entende que foram insignificantes os erros de normas gramaticais da língua portuguesa e, nesse sentido, atribui meio (0,5) ponto; No quesito coerência textual, a Comissão entende que o candidato apresenta uma estrutura dissertativa com breve introdução, desenvolvimento em que ressalta dois aspectos conceituais de escala na geografia (cartográfica e analítica) em dois autores. Destaca um debate interessante sobre escala de análise do urbano em CORRÊA. Aborda considerações sobre análise do urbano numa perspectiva multiescalar em SPÓSITO e HARVEY. Nas idéias conclusivas o candidato faz uma tímida crítica à dicotomização da análise de escala na Geografia. Assim, a Comissão entende que a estrutura dissertativa está coerente. Porém apresenta-se tímida na introdução, na argumentação do desenvolvimento e na conclusão. Nesse sentido atribui oito décimos (0,8) ponto. No quesito coerência teórica-conceitual, o candidato, embora apresente domínio satisfatório das leituras feitas em SPOSITO e HARVEY, esses não são suficientes para o enriquecimento do debate teórico-conceitual do tema proposto. Além do mais, o candidato não apresenta as reflexões teóricas sobre o estudo conceitual de escala em CASTRO, sobre a análise de escala no estudo sobre o urbano em CORRÊA e também não detalha a questão das multiescalas na análise do urbano e das cidades em SPOSITO e HARVEY, ficando seu discurso científico de modo generalístico. Assim a Comissão atribui sete décimos de ponto (0,7); No quesito demonstração da capacidade de aprofundamento do conhecimento, a Comissão considera pertinente a abordagem teórica apresentada pelo candidato. No entanto, cabe ressaltar que, considera insuficiente em termos de discussão teórico, metodológica e de referências apresentadas. É evidente que há relevantes estudos que apontam para o debate sobre cidades pequenas e médias. Estudo sobre a complexidade das atividades urbanas que cria uma diversidade significativa de funcionalidades e que transformam e requalificam a vida urbana nas cidades de pequeno porte é relevante considerar enquanto escala de análise. Nesse sentido destacamos FRESCA, MEDEIROS, SANTOS & SILVEIRA em que discutem as cidades locais e pequenas cidades. Trata-se
de uma abordagem teórico-conceitual e essencial para debate a questão da escala nos estudos urbanos e de cidades. As pesquisas sobre as dinâmicas espaciais em cidades médias resultantes das pesquisas da rede de pesquisadores sobre cidades médias do RECIME, destacando os trabalhos de SPOSITO, RIBEIRO, MAIA e tantos outros. Assim, entende-se que essas são possibilidades de análise de escalas que se coloca como necessária e pertinente. Incentivam-se, nessas modalidades, a construção de novos horizontes na produção de trabalhos dos geógrafos para ir além dos estudos das grandes cidades, metrópoles e megacidades. Além disso, observa-se também a produção científica sobre o modo de vida urbano. Assim, a Comissão atribui um (1,0) ponto no quesito em tela. A soma total da questão específica é de 3,0 (três). A soma geral corresponde a 6,3 (seis vírgula três) pontos. Desse modo, a Comissão decide manter a pontuação atribuída ao candidato de nº 04. João Pessoa- PB, 28 de Outubro de 2015. Comissão Avaliadora: Prof. Dr. Josias de Castro Galvão Profa. Dra. Andréa Leandra Porto Sales Mestrando José Ribamar Gomes de Sousa