Por isso, é com grande satisfação que a equipe Emagis traz a público essa entrevista. Confira!



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Transcrição:

Prestes a completar 30 anos de idade e 04 anos de magistratura federal, um dos juízes federais mais novos do Brasil, o Prof. Flávio Marcelo Sérvio Borges nos fala sobre a sua vitoriosa trajetória no mundo dos concursos públicos, bem como sobre sua experiência no exercício de diferentes cargos nas várias carreiras jurídicas que integrou. Com a bagagem de quem foi aprovado em 1º lugar no XXII Concurso para Procurador da República e em 4ª lugar no XI Concurso para Juiz Federal da 1ª Região, além de ter no currículo aprovações nos concursos de Procurador Federal (aliás, aqui foram duas aprovações, conforme ele mesmo explicou na entrevista), de Procurador da Fazenda Nacional, de Advogado da União, dentre outros, o Prof. Flávio dividiu sua história com a equipe Emagis () e nos brindou com a entrevista abaixo, onde vários assuntos foram abordados de maneira bastante informal e descontraída. Temas como método de estudo, número de horas diárias exigidas, bibliografia a ser seguida, as táticas a serem adotadas na preparação para os diversos cargos, o nervosismo da prova oral, as diferenças entre ser um Procurador da República e um Juiz Federal, compõem o amplo repertório da entrevista e certamente serão valioso estímulo àqueles que se preparam para os mais diversos concursos públicos. Por isso, é com grande satisfação que a equipe Emagis traz a público essa entrevista. Confira! Emagis. O Sr. poderia nos relatar a sua trajetória nos concursos públicos? Prof. Flávio Borges. Comecei cedo prestando concurso público. Ainda estava na faculdade quando decidi que ia seguir uma carreira pública. Então principiei seguindo a regra geral, que é a da realização dos concursos de Tribunais, para Técnico Judiciário e Analista Judiciário. São concursos difíceis, sobretudo pela concorrência, que tem ficado cada vez maior. E já nessas provas é possível estabelecer um método de estudo, perceber uma uniformidade de estilo de questões, enfim, programar-se para a chance de aprovação crescer. Uma vez aprovado, então, para Técnico Judiciário e Analista Judiciário, ambos os cargos do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, surgiram os concursos para a Advocacia Pública Federal. Comecei fazendo o de Procurador Federal, organizado pelo CESPE. Consegui ser aprovado, mas para minha frustração não tomei posse: estava no 9º (nono) período da faculdade, e simplesmente não houve como realizar uma antecipação de formatura. Fiquei como Técnico Judiciário (ainda não havia sido chamado para Analista). Tudo isso se passou em 2002/2003, quando logo em sequência surgiram outros concursos da Advocacia Pública. Novo certame de Procurador Federal, o concurso para Advogado da União (CESPE) e o concurso para Procurador da Fazenda Nacional (ESAF). Tive a felicidade de passar nos três; e nesse caso, dada a proximidade iminente de conclusão da faculdade, pude tomar posse, que ocorreu, por razões geográficas/familiares, no cargo de Procurador Federal. Não se pode negar que isso deu uma tranquilidade para realizar o concurso que realmente desejava, o de Juiz Federal, aprovação que veio em 2005, assim como o de Procurador da República, para o qual fui aprovado em 2006. 1

Emagis. Então o Sr. atingiu aprovação em concursos elaborados por instituições diversas, além de se reportarem a cargos que exigem habilidades ao menos aparentemente diversas. Como o Sr. resumiria o seu método de estudo? Prof. Flávio Borges. De fato foram instituições diferentes e cargos distintos. Mas o nosso direito é um só; é, em sua boa parte, direito federal, base de todo concurso. Claro que há peculiaridades de prova para prova, de instituição para instituição. Contudo, é possível estabelecer sim um método minimamente uniforme, que permita estudar as disciplinas de modo proveitoso para vários concursos. Algo que sempre fiz, e que reputo essencial, é o hábito de responder questões, treinar em cima de exercícios, inclusive de concursos pretéritos. E assim eu realizava mesmo antes da publicação do edital. Parte do dia, ou pelo menos da semana, eu reservava para respondê-las; isso dá segurança ao candidato, que sabe o que vai ter pela frente. Se era a vez do concurso de Procurador Federal e Advogado da União, eu também costumava baixava as provas do CESPE; não só as da advocacia pública, mas várias outras, porque o que importa é o estilo dessa instituição, que deve ser apreendido. Esse hábito, aliás, me ajudou a detectar as minhas deficiências, e que assuntos e disciplinas eu precisava reforçar. Gostava quando errava as questões das provas que treinava, porque reputava melhor para o aprendizado errar a acertar. Com o erro, eu pesquisava o tema, eliminando as dúvidas. Já o acerto pode ser ocasional, e camuflar eventual deficiência em um dado assunto. Não se pode perder de perspectiva, também, que hoje a jurisprudência parece ter entrado definitivamente na vida de quem quer fazer concurso. Então eu possuía e possuo o hábito, quase religioso, diria, de ler os informativos de jurisprudência. Mas ia além, porque selecionava alguns acórdãos para ler o inteiro teor, o que reputo extremamente importante: primeiro porque passa ao candidato uma linguagem técnico-jurídica de escrita que vai servir e muito nas provas discursivas; depois porque força o raciocínio, de vez que o estudo abstrato do direito é um estudo de memorização, ao passo que aplicar o direito concretamente pressupõe fazer incidir uma norma em um fato, e o nome disso é raciocinar, algo que deve ser treinado (muitos sabem o direito abstrato, mas não conseguem aplicá-lo, o que revela deficiência); por fim, porque o inteiro teor dos votos contém bem mais informações do que o resumo do informativo, e isso vai dar conteúdo ao candidato. Bom, não se pode negligenciar a doutrina, evidentemente útil e importante. Mas nela não existe uma obrigação matemática de ler livros de capa a capa. Alguns realmente devem ser assim; outros, não, bastando a leitura de certos capítulos, ou mesmo de um. Como identificar isso? Pela natureza do livro, pelo objetivo do candidato com um certo tema, se é para esclarecer uma dada dúvida pontual ou ter uma visão geral da matéria, e assim vai. O importante, para encerrar, é o candidato saber dosar isso tudo, encontrar o equilíbrio: responder a questões, consultar o inteiro teor da jurisprudência e ler a doutrina. Sem exageros em qualquer um, mas fazendo com que cada uma dessas atividades complemente as demais. A prática leva a que se encontre a dose certa. Emagis. E a 2ª fase? As provas dissertativas? Prof. Flávio Borges. Veja, esse método que menciono serve para todas as fases. Quando digo que respondia a questões, não me refiro apenas às provas objetivas, mas também às dissertativas, incluindo as sentenças, quando chegou o momento de enfrentar o concurso de juiz. Esse equilíbrio que menciono é necessário em todas as fases do concurso. Emagis. Como o Sr. enxerga, então, o método utilizado pelo Emagis e como ele pode contribuir? Prof. Flávio Borges. Em poucas palavras: foi o método que eu utilizei. Diria mais: é o método de que me vali, só que aprimorado. Porque o Emagis, para além de simplesmente comentar questões de concursos passados, cria questões novas, inteligentes, bastante atuais à luz dos mais relevantes temas tratados na doutrina e na jurisprudência, sobretudo a dos Tribunais Superiores. Por isso é que se mostra tão eficaz. Se deu certo comigo, pode dar com os outros. Não há segredos. Não nego que 2

todos somos diferentes, que temos preferências etc. Alguns preferem aulas, para outros a leitura é suficiente. Os autores de preferência de cada qual também podem ser diversos. Mas isso, pelo menos em linhas gerais, não importa, porque o método do Emagis é complemento. Quando digo que respondia a exercícios, apesar de considerar isso a parte fundamental do meu estudo, apenas conseguia fazê-lo porque havia um mínimo de estudo concomitante. Veja, eu digo concomitante: não precisa exaurir o edital lendo tudo para só então começar a responder as provas. E quanto a isso acredito que o método do Emagis pode contribuir muito para os concursandos se aprimorarem e enfrentarem as provas que desejarem. Imagine um candidato que se limitou a fazer certas leituras, inclusive de jurisprudência, mas não conhece a prova em si, o modo como os temas são cobrados, que não tem o hábito de escrever. Agora imagine um outro que além de tudo isso responde provas, objetivas e dissertativas, e tem essas provas corrigidas, com comentários gerais e específicos. Não é preciso lá muita reflexão para concluir que esse segundo candidato, pelo menos de regra, vai levar vantagem. Concurso é concorrência; você tem que ser melhor que seu concorrente; e esse segundo candidato do exemplo tem tudo para ser melhor que os demais, porque se preparou de forma mais completa. Emagis. O Sr. vislumbra diferença entre a sua época de concurso e a que vivemos hoje? Prof. Flávio Borges. Sobre essa evolução, mudança, contaram-me um episódio que achei muito interessante. Algumas coisas precisam ser ditas, porque o passado, muitas vezes, não parece tão claro assim para quem não o viveu. E só fui me dar conta disso depois que um Juiz Federal, um tanto mais antigo que eu na carreira, disse-me que na época dele - que nem é tão distante assim, de vez que boa parte dos concursos que ele prestou o foram na década de 1990 -, quando ele precisava de um inteiro teor de um voto, do STF por exemplo, ele pedia pelo correio, e o Tribunal o enviava da mesma forma. Olha só o trabalho: solicitar inteiro teor por correio físico! De minha parte, já comecei com a internet funcionando. O que vejo agora é que as ferramentas cresceram, são mais velozes, ofertam mais opções. Essa possibilidade de estudar, de ter acesso a correções de questões e informações específicas sem precisa sair de casa é fantástica. E mais que isso: esse acesso pode ser por um telefone celular, pelo IPad. O Emagis faz parte disso. Tudo, porém, tem que ser bem utilizado, porque as bancas já se deram conta do fenômeno, de modo que as provas também vão acompanhar a evolução. Mas em tema de concorrência, de necessidade de preparação, de concentração, penso não existir, na essência, diferença entre a minha época de concurso e a atual. Emagis. Como o Sr. vê a ajuda que o mundo virtual pode dar a quem presta concurso? Prof. Flávio Borges. Primeira coisa: não adianta negar essa realidade; ela existe e está consolidada; apenas as ferramentas é que vão crescer. E a contribuição que esse mundo virtual pode dar é altamente relevante, porque permite um estudo cada vez mais sistematizado dos institutos, em um tempo menor. O profissional do direito tem que saber trabalhar com os institutos; as bancas dos concursos, por exemplo, vão avaliar isso dos candidatos. E como vão! Então a internet ajuda muito nisso: há informativos condensados por assuntos, é possível fazer pesquisa de direito comparado, montam-se tabelas com os entendimentos diferentes dos tribunais, e por aí vai. Emagis. Obviamente o Sr. conheceu várias pessoas que realizaram concurso público. É possível apontar alguma característica uniforme nelas? Existe um método de estudo universal? Prof. Flávio Borges. A característica uniforme é que quem passou é porque queria muito passar. Os que passaram não fizeram concurso simplesmente por fazer. Queriam muito aquilo; se prepararam, conversaram, ouviram as experiências anteriores, e seguiram o método que reputavam o mais adequado à própria personalidade. Por isso não há método universal. Alguns possuem menos tempo que outros, trabalham mais, já constituíram família. Não há negar que isso influencia sim na 3

condução do estudo e eu bem vivi isso, porque sempre levei lado a lado trabalho e estudo. Então, sem precisar repetir que é preciso dedicação, o candidato tem que buscar encontrar, dentro dessas limitações, o seu método de estudo, as suas leituras preferidas. E realizar o complemento, que é a resolução das provas. Ora, essa resolução de provas anteriores é que vai ajudar o candidato a se situar melhor, a perceber que o caminho está certo, ou que precisa de alguma forma de uma modificação. Acredito que o Emagis pode ajudar nesse processo, porque além de veicular provas, as corrige, lança as respostas, promove uma atividade que permite um treino sucessivo da redação, com ampla veiculação de informação. É o complemento necessário pela moderna via da internet. Emagis. E a prova oral? É mesmo o bicho-papão dos candidatos? Prof. Flávio Borges. Não é bem assim. Quem chega em uma prova oral é porque está preparado. E é natural todos ficarem um pouco tensos. A questão é controlar a tensão, portar-se bem diante da banca examinadora. Assim como as outras fases, a prova oral também exige uma preparação específica. O Emagis, então, está criando simulados de prova oral, para auxiliar os alunos também nessa fase do certame. Se o método que acreditamos é o de resolução de questões, temos que pô-lo em prática também na prova oral, com informações sobre postura, comportamento da banca e conteúdo cobrado. Emagis. Há alguma recomendação quanto à quantidade de horas de estudo diário que os candidatos devem empreender? Prof. Flávio Borges. Como não há método universal de estudo, tudo vai depender do número de horas disponíveis que cada um possui. Podem ser 02, 03, 04, 05 ou 06 horas. O que importa é, durante o estudo, seja ele em poucas ou muitas horas, estar concentrado, fazer esse tempo render. Mais importante mesmo é, considerando o passar dos dias e meses, aferir se está havendo evolução. E como? Mais uma vez esse método de simular responder as questões, exatamente como serão encontradas no concurso, é bastante útil. Naturalmente, o candidato se acostuma a enfrentar as provas quando as vai fazendo com certa frequência. Outro ponto: quando se faz um concurso, e não se logra aprovação, são raros os candidatos que pegam novamente a prova e conferem porque erraram certas questões. Não me refiro àquela simples conferência de gabarito; quero dizer o processo de ir atrás das respostas, fazer uma consulta, entender o porquê do erro. Aprender com o erro é muito importante. Isso gera evolução, aprimoramento. No mais, é ter calma, paciência, estabelecer um ritmo progressivo, e sentir que está e(ou) pode haver esse crescimento. Quando se atinge essa segurança, chega um momento em que simplesmente o candidato consegue a aprovação, porque cresceu, e já é capaz de enfrentar todas as etapas do certame. Não se pode esquecer, de resto, que a atividade física, ou alguma outra, sempre seguindo a afinidade de cada um, ajuda na concentração. Não adianta pensar que é só livro e livro, e pronto. É preciso fazer também alguma outra coisa que nos dê prazer, algo que vai ajudar no sono e no nível de absorção do conteúdo lido. Emagis. O Sr. já foi Procurador da República, mas deixou o cargo para ser Juiz Federal, mesmo tendo sido 1º lugar naquele concurso. Qual a diferença da atividade diária nessas carreiras? Prof. Flávio Borges. Há algumas diferenças sim na atividade, mas que muito mais se prendem ao estilo individual de cada um; eu prefiro decidir, julgar; ao proferir uma sentença fico satisfeito em dizer com quem está a razão, afastando eventual ilegalidade, fazendo Justiça. Adaptei-me mais na tarefa de decidir do que na de provocar, investigar. Isso é bem pessoal, contudo. Gostei muito do Ministério Público Federal, fiz bons amigos lá. E no tempo em que lá estive fiquei muito satisfeito com a forma da minha atuação. Quanto a ter sido o primeiro colocado no MPF, isso por si não vai te prender no órgão. Há outros fatores que influenciam. A alegria de ser primeiro, porém, apesar de realmente existir, vem seguida de uma outra coisa, que gera muita responsabilidade: é tradição nos 4

mais variados concursos que o primeiro colocado faça o discurso de posse, falando em nome dos demais. Como eu sabia disso, a proximidade da posse me fez logo preparar esse discurso. Então todos os outros empossandos estavam bem felizes e despreocupados; eu feliz, mas como essa obrigação que, não se pode negar, gera uma certa tensão, dada a quantidade de pessoas presentes no evento, familiares de todos, e algumas autoridades, ministros de Tribunais Superiores, o Procurador- Geral da República etc. E o interessante foi que, por um lapso, o cerimonial não me avisou que eu deveria fazer o discurso. Já deixei preparado porque sabia que seria eu. Então, faltando apenas dois dias para a posse, liguei para a PGR, como quem não sabia de nada, para ver o que diriam. E quando constataram que não haviam me informado, pediram mil desculpas, mas disseram que realmente eu deveria discursar. Fosse algum desavisado, e a tensão seria maior. Lembro-me ainda agora do trecho que iniciei o discurso, que serve a todos nós, que prestamos concursos e que vamos prestar. É uma poesia do Mário Quintana, chamada Utopia, que diz assim: Se as coisas são inatingíveis / Ora, não é motivo para não querê-las / Que tristes os caminhos / Se não fora a mágica presença das estrelas! 5