ANÁLISES DAS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ALUNOS AO RELACIONAR OS FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS COM SEU COTIDIANO Wallison Fernando Bernardino da Silva (UFPB/CCA Bolsista Subprojeto Química PIBID/CAPES) Jaqueline dos Santos Fidelis (UFPB/CCA Bolsista Subprojeto Química PIBID/CAPES) Sabrina Leonarda Fideles Chaves (UFPB/CCA Bolsista Subprojeto Química PIBID/CAPES) Maria Betania Hermenegildo dos Santos (UFPB/CCA Professora/Coordenadora Subprojeto Química PIBID/CAPES) RESUMO A prática pedagógica de aproximação do cotidiano do aluno ao tema relacionado à Química introduz a expectativa de ativar o pensamento autônomo do discente para que possa compreender de maneira prazerosa os conteúdos teóricos. Conforme enfatizam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o ensino da química deve estar voltado à formação humana, um meio para interpretar o mundo e interagir com a realidade, dando visibilidade aos materiais, sua transformação e sua constituição. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é identificar as principias dificuldades dos alunos ao relacionar os fenômenos físicos e químicos com seu cotidiano. O levantamento dos dados foi realizado com base no questionário aplicado a 41 alunos de duas turmas de 1º ano do ensino médio, em uma escola estadual da cidade de Areia PB. Com a análise dos resultados verificou-se que mais de 90% dos alunos não conseguiram identificar que o processo da combustão da gasolina era um fenômeno químico e quando indagados sobre o conceito de fenômenos físicos, 64% responderam de maneira errônea, quando lhe foi solicitado que indicassem, dentre cinco fenômeno aquele que era químico; apenas 17% acertaram; percebe-se, ante este resultado, que os alunos não são capazes de diferenciar os fenômenos físicos e químicos encontrados no seu cotidiano; assim, torna-se necessário que os educadores desenvolvam atividades capazes de mobilizar a aprendizagem e a produção do próprio saber pelos discentes, despertando-lhes, a curiosidade e o interesse. Palavras-chave: Ensino, Aprendizagem, Fenômenos físicos e químicos.
1 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos o ensino de química tornou-se alvo de várias pesquisas, devido às dificuldades apresentadas pelos alunos em aprender Química, em que muitos deles não conseguem entender a importância desta disciplina, não sabem o motivo pelo qual a estudam, visto que nem sempre seu conteúdo é transmitido de maneira que os discentes possam associá-lo ao seu dia a dia (PAZ et al., 2010). Para Miranda; Costa (2007); Machado (2012) a maioria das escolas tem deixando de lado a construção do conhecimento científico dos alunos, observando-se a desvinculação entre o conhecimento químico e o cotidiano, os professores ainda insistem em métodos que dão ênfase em modelos, regras pré-estabelecidas e conceitos já formados nos quais os alunos são incentivados a fixar, metodologicamente, a matéria, sem ter conhecimento de onde poderá fazer uso de tal aprendizagem. Esta prática tem influenciado negativamente na aprendizagem dos alunos uma vez que não conseguem perceber a relação entre aquilo que estuda na sala de aula, a natureza e sua própria vida. Capistrano et al. (2012) entendem que a melhoria no ensino de química passa pelo fornecimento de ferramentas adequadas no propósito de resgatar o interesse do educando pela escola e pela produção de conhecimento; para isto, torna oportuno buscar novas metodologias. De acordo com Brasil (2006) as novas metodologias devem privilegiar a contextualização e a interdisciplinaridade como eixos centrais organizadores das dinâmicas interativas no ensino de Química, que envolva os alunos em um processo ativo de construção de seu próprio conhecimento e de reflexão, que possa contribuir para a tomada de decisões, colocando em pauta, na sala de aula, conhecimentos socialmente relevantes que façam sentido e possam ser integrados à vida do aluno, utilizando, em um primeiro momento, sua própria vivência, a tradição cultural, a mídia e a vida escolar. Para Wartha; Silva; Ribas (2013) a contextualização é vista como estratégia de ensino, a qual possibilita que o docente compare o assunto ministrado com a realidade dos discentes. Segundo Santos et al. (2013) O incentivo para estudar e aprender química pode ser obtido com a elaboração de um material didático que seja potencialmente significativo,
2 integrando o conhecimento prévio do aluno [ ] e a nova informação passada pelo professor. Carvalho; Batista; Ribeiro (2008) relatam que o desinteresse do aluno ocorre pelo fato da maioria das escolas públicas e/ou privadas não possuir, ou não utilizar laboratórios, nos quais seriam realizadas as atividades experimentais e não utilizarem as bibliotecas em que estão grandes obras literárias que serviriam como base para pesquisas da disciplina e não fazerem uso de recursos multimídia e métodos interativos de aprendizagem. Segundo Lima et al. (2007) a prática de métodos experimentais demonstrativos faz o aluno se envolver com mais atenção nos comportamentos e propriedades de substâncias químicas. Essas práticas também têm grande importância em relação ao caráter investigativo no estudo dos fenômenos físicos e químicos. Conforme os PCNs, a integração dos diferentes conhecimentos pode criar as condições necessárias para uma aprendizagem motivadora na medida em que ofereça maior liberdade aos professores e alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente relacionados aos assuntos ou problemas que dizem respeito à vida da comunidade. Desta forma, o objetivo deste estudo é fazer uma análise sobre as dificuldades encontradas pelos alunos ao relacionar os fenômenos físicos e químicos com seu cotidiano. 2 METODOLOGIA A pesquisa foi desenvolvida em uma escola da rede estadual de ensino situada no município de Areia, PB. Segundo o IBGE (2010) a população estimada do município de Areia é de 23.829 habitantes. A cidade se situa na microrregião do Brejo paraibano com área 269 Km 2, conhecida por suas riquezas culturais. A pesquisa foi executada com 41 alunos de duas turmas da 1ª série do ensino médio; para a coleta de dados utilizou-se, como método de análises, um questionário padronizado, contendo nove questões subjetivas e cotidianizadas. Com a aplicação do questionário, fez-se a análise dos resultados, por meio da tabulação deste no Excel, representando-os por meio de gráfico.
3 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O diagnóstico das dificuldades encontradas pelos 41 alunos do 1º ano do ensino médio em uma pública da cidade de Areia PB, relacionando os fenômenos físicos e químicos com seu cotidiano, foi levantado por meio das informações obtidas na aplicação de um questionário, as quais foram agrupadas de acordo com o percentual de resposta para cada pergunta e estão relacionadas a seguir, na forma de gráfico. A Figura 1 apresenta o percentual de erro e acerto quando os alunos foram questionados sobre: O que assegura que a combustão da gasolina é um processo químico? O resultado visualizado na Figura 1 torna-se preocupante já que 90% dos alunos não conseguiram identificar o que assegura que a combustão da gasolina é um processo químico. Resultados similares foram encontrados em estudos realizados por Rosa, Schnetzler (1998); Silva; Abreu; Del Pino (2013), cujos discentes apresentaram dificuldades de aprendizagem de conceitos fundamentais para a compreensão de processos químicos. Clementina (2011) revela que um dos principais problemas relacionados ao ensino da Química é o elevado grau de abstração necessário para entender os fenômenos observados, causados por escassez de atividades para aguçar a curiosidade do aluno. Machado (2000) afirma que os professores de química têm o importante papel de possibilitar, aos discentes, meios com os quais o conhecimento químico seja falado e pensado sobre o mundo, dando visibilidade aos materiais, sua transformação e sua constituição. Na Figura 2 observam-se os dados referentes ao questionamento sobre o conceito de fenômenos físicos. Ao analisar esta Figura nota-se que mais de 60% dos discentes não foram capazes de responder, de maneira correta, o conceito de fenômeno físico. Este resultado pode estar associado à deficiência encontrada pelo docente, no que se refere à prática pedagógica, devido à ausência da atividade prática. De acordo com Basso (1994), a partir da perspectiva sócio-histórica, ressalta-se que o significado da prática pedagógica é importante para a compreensão da realidade do ensino escolar, razão pela qual se considera, consideramos a formação inicial responsável por incentivar a relação entre teoria e prática docente.
4 A partir dos dados destacados na Figura 3 verifica-se que mais de 80% dos estudantes pesquisados não souberam conceituar que a corrosão de uma chapa de aço é um fenômeno químico. Segundo Chagas (2010), os alunos não conseguem, ao terminar o ensino médio, reconhecer, em sua maioria as reações químicas presentes nas diversas situações diárias com que se deparam, pois há forte tendência de generalizarem algumas explicações válidas para mudança de estado (transformação física), ou mesmo confundi-las com aquelas referentes às reações químicas. Farias, Basaglia, Zimmermann (2009) afirmam que a dificuldade dos alunos em compreender conteúdos de química, pode ser superada através da utilização de aulas experimentais, que o auxilia na compreensão dos temas abordados e em suas aplicações no cotidiano já que proporcionam uma relação entre a teoria e a prática. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos resultados obtidos nesta investigação pode-se afirmar que a maioria dos discentes questionados apresentou dificuldades em relacionar os fenômenos físicos e químicos ao seu cotidiano. Partindo desta constatação faz-se necessário que o professor adote metodologia em que a realização de aulas práticas e a contextualização, a utilização de recursos audiovisuais sejam integrantes de suas abordagens didáticas. 5 REFERÊNCIAS BASSO, I. S. As condições subjetivas e objetivas do trabalho docente: um estudo a partir do ensino de história. Tese de doutorado. Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. 1994 BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria da Educação Básica (SEB), Departamento de Políticas do Ensino Médio. Orientações Curriculares do Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB, 2006. CAPISTRANO, K. S. et al. Importância do uso de metodologias modernas para auxiliar o processo ensino aprendizagem da disciplina de Química. In: Congresso Norte
5 Nordeste de Pesquisa e Inovação. Anais eletrônicos... Palmas, 2012. Disponível em propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/view/2345/2286. Acesso em: 20 setembro 2014. CARVALHO, H. W. P; BATISTA, A. P. L; RIBEIRO, C. M. Ensino e aprendizado de química na perspectiva dinâmico interativa. Experiências em Ensino de Ciências. Rio Grande do Sul, 2007. Disponível em http://www.if.ufrgs.br/eenci/artigos/artigo_id45/v2_n3_a2007.pdf. Acesso em: 11 outubro 2014. CHAGAS, J. A. S. das. Obstáculos encontrados no processo de compreensão do conceito de reação química. Tese (Mestrado em Educação). UFPE. Disponível em: <http://www.ufpe.br/cap/images/aplicacao/artigofeiracap%20aercio.pdf>. Acesso em: 6 Outubro 2014. CLEMENTINA, C. M. A importância do ensino da química no cotidiano dos alunos do Colégio Estadual São Carlos Do Ivaí de São Carlos do Ivaí-PR. Monografia. Faculdade Integrada da grande Fortaleza FGF, 2011. FARIAS, C. S.; BASAGLIA,A. M.; ZIMMERMANN, A. A importância das atividades experimentais no Ensino de Química. In: 1º CPEQUI 1º Congresso Paranaense de Educação Em Química. Anais eletrônicos... 2009. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/cpequi/completospagina/18274953820090622.pdf. Acesso em: 09 de Out. 2014 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativa de população. Disponível http://www.ibge.net/home/estatistica>. Acesso em: 10 Setembro 2014. LIMA, S. L. et al. Aspectos Didáticos e Implicações do Uso de Aulas Demonstrativas de Química. In: I Congresso Norte Nordeste de Química. Anais eletrônicos... Natal, 2007. Disponível em http://annq.org/congresso2007/trabalhos_apresentados/t61.pdf. Acesso em 10 setembro 2014. MACHADO, A. H. Pensando e Falando sobre fenômenos químicos. Química Nova na Escola. São Paulo, n. 12, p.38-42, 2000. MIRANDA, D. G. P; COSTA, N. S. Professor de Química: Formação, competências/ habilidades e posturas. 2007. Disponível em: <http://www.ufpa.br/eduquim/formdoc.html > Acesso em: 12 Out. 2014. PAZ, G. H. et al. Dificuldades no ensino médio: aprendizagem de química no ensino médio em algumas escolas públicas da região sudeste de Teresina. Anais eletrônicos... X SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA. Teresina: UESPI, 2010.
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7 ANEXO 100% 90% 80% 60% 40% 20% 0% 10% ACERTOU ERROU Figura 1 O que assegura que a combustão da gasolina é um processo químico? 100% 80% 64% 60% 36% 40% 20% 0% ACERTOU ERROU Figura 2 Dentre as alternativas, marque o conceito de Fenômenos Físicos.
8 100% 83% 80% 60% 40% 17% 20% 0% ACERTOU ERROU Figura 3 - Indique a alternativa que representa um processo químico.