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Transcrição:

Jantar

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Jantar Boa noite senhores! Meu nome é Sandoval e serei o garçom desta mesa e atender-vos-ei durante toda essa agradável noite. Nosso restaurante está recebendo um chef convidado muitíssimo especial, que tomou a liberdade de criar um cardápio especial para nossos clientes dessa noite. Reconhecido chef de renome internacional, Ode Andrade trouxe iguarias internacionais e mesclou com elementos tradicionais da nossa culinária regional. Ode desenvolveu pratos para verdadeiros banquetes. Banquetes de índios, se é que vocês me entendem! Sabores exóticos com pitadas de temperos regionais e acompanhados de mais variados e deliciosos drinks. Tenho várias sugestões, dependendo do gosto e do paladar de cada um. Vou trazer-lhes o cardápio e um bom vinho chileno para deixá-los mais a vontade e animados com nossos pratos. Qualquer dúvida é só me chamar. Até breve!

Jantar

Jantar Rem Koolhaas / Zé Celso Martinez Corrêa / Gilles Deleuze / Hélio Oiticica

KUNSTHAL In this ambiguous, or mutually complementary character, the Kunsthal is like the city. While the plan as a whole is clearly structured, inside it a range of experiences are strung together without causal relationship to one another, and both of these aspects represent an accurate portrait of the Kunsthal. in Kenchiku Bunka 579

O arquiteto Rem Koolhaas permeia grande parte dessa documentação. Como fonte de metodologia, como suporte gráfico, como organização textual, como referência conceitual, como agente de intervenção... mas também como personagem. Personagem que recebe tratamento VIP. Koolhaas é uma entidade tão peculiar no meio arquitetônico e urbano que merece atenção especial. Esta atenção será tamanha que dedicarei uma letra inteira para explicitar sua biografia. Nas páginas a seguir estarão datas, locais e fatos que acompanharam a vida do ser humano Rem Koolhaas, pois acredito que muito das idéias e conceitos elaborados pelo arquiteto estão intimamente relacionados com sua trajetória, elementos e obstáculos presentes no percurso do pensador, pois como bom pós-estruturalista, ele tem a capacidade de atravessar, desviar e absorver vários elementos do seu cotidiano, vulgares ou eruditos. E se não servir para qualquer outra coisa, pelo menos conheceremos um pouco mais da vida do arquiteto holandês obcecado por Nova York e pela grande escala. Ficha Técnica. Nome: Rem Koolhaas. Idade atual (2008): 64 anos. Peso atual: Leve, em comparação com seu discurso. Altura atual: No topo do Star System mundial. Profissão: Arquiteto, Crítico de Arquitetura, Escritor, Provocador Social, Sociólogo, Professor de Arquitetura, Urbanista, Editor de Revista, Piadista e, algumas vezes, Celebridade Pop.

Pré-História. 1944-1968. Remment Lucas Koolhaas nasceu em 17 de novembro de 1944, em Rotterdam, Holanda, apenas quatro anos depois que o principal porto marítimo da cidade foi destruído por bombardeios Alemães, durante a Segunda Guerra Mundial. Seu pai, Anton Koolhaas (1912-1992), um conhecido escritor holandês e crítico de cinema, viajou para a Indonésia quando Rem tinha apenas oito anos (1952), para tomar o posto de diretor de um recémformado instituto de cultura em Jacarta. Naquele momento, a Indonésia havia acabado de se tornar independente dos Holandeses, que dominaram a região desde o século XVII. Koolhaas viveu o auge da infância (1952-1956; dos 8 aos 12 anos) em Jacarta, com seu pai e seus dois irmãos mais novos. Nesse período, o jovem Rem desenvolveu um interessante fascínio pela Ásia, registrado por ele próprio, de forma bastante peculiar: ASIA - I realize more and more that the Asian experience work/travel/research is for me also a return to a youth spent away from the indoctrinations, the history, the heaviness of Europe. An experience that transformed me I think I was modernized by Indonesia is now amplified through a deepening involvement with a part of the world which undergoes radical transformation and modernization. (pg. 24 Kenchiku Bunka vol.50 nº 579 jan.1995) ÁSIA Eu compreendo cada vez mais que a experiência Asiática trabalhos/viagens/pesquisas é também para mim um retorno à juventude vivida distante da doutrinação, da História, do peso da Europa. Uma experiência que me transformou acho que fui modernizado pela Indonésia é agora ampliada através de um

envolvimento mais profundo com uma parte do mundo que se moderniza e sofre radicais transformações. JAKARTA (in the 50 s) Triple whiteness of colonial city white people, dressed in white, in white architecture invaded by millions who never inhabit it as intended, make mockery of all rules and systems. First symptoms of American modernity: neon, billboards, cinemas, cars, music, suburbs. Kampongs fill all the seams, instead of the European city collection of privacies and separations Kampong is a system where everyone is aware of the presence of everyone else, always Architecture is at best temporary: nature always ready to take back, retaliate In Europe city is slow, methodical construction: here slow, methodical deconstruction. That makes everything 100% more exciting. (pg. 73 Kenchiku Bunka vol.50 nº 579 jan.1995) Capa do jornal Haagse Post - Anos 80. JACARTA (nos anos 50) Brancura tripa de uma cidade colonial pessoas brancas, vestidas de branco, em arquitetura branca invadida por milhões que nunca a habitaram como se pretendia, zombando de todas as regras e sistemas. Primeiro sintoma de modernidade americana: luzes néon, outdoors, cinemas, carros, música, subúrbio. Kampongs 1 preenchem todas as junções, em vez da cidade européia coleção de privacidades e separações Kampong é um sistema onde todos estão conscientes da presença de todos os outros, sempre... Arquitetura é, no máximo, temporária: a natureza está sempre pronta para retomar, retaliar... Na Europa, a cidade é construção lenta e metódica: aqui, a cidade é desconstrução lenta e metódica. Isso torna tudo 100% mais excitante. 1 Uma espécie de cabana, bangalô. Habitação típica da Indonésia The 1,2,3 Film Group (Esquerda para a direita): Kees Meyerring, Rem Koolhaas, Frans Bromet, Rene Daalder e Jan de Bont

Após retornar para a Holanda, já na juventude e em Amsterdã, Koolhaas adotou o jornalismo como carreira, escrevendo críticas de cinema para o jornal diário da cidade de Da Haag (A Haia) chamado Haagse Post, na seção Pessoas, Animais e Coisas. Com isso começou a ter intenso contato com estudantes de cinema, e até mesmo freqüentar a faculdade de Cinema de Delft como passatempo. Desse contato surgiu a oportunidade de escrever roteiros para cinema e, em 1965, com o grupo 1,2,3 Film Group composto por Kees Meyerring, Frans Bromet, Rene Daalder, Jan de Bont e Rem Koolhaas escreveu o roteiro de De Blanke Slavin (The White Slave,ou A Escrava Branca), produzido e dirigido pelo colega Rene Daalder e lançado em 1969. Um dia, enquanto conversava com alguns estudantes de arquitetura da Universidade de Delft, se deu conta de que era a arquitetura o que realmente queria ter como carreira. Essa idéia não parece tão isolada, já que o avô materno de Koolhaas era arquiteto. Com essa decisão, Rem arrumou as malas e, em 1968, mudou-se para Londres. Rem Koolhaas na AA School - 1971. Pourquoi avoir choisi Londres et l Architectural Association School? RK: Il fallait 9 ans em Hollande pour obtenir son diplome et j avais envie d apprendre l anglais: aller à Londres paraissait une solution logique et séduisante. Changer de lieu de résidence est pour moi, depuis mon enfance, une routine et je suis parti, sans préméditation comme toujours, prenant le bateau avec des valises très Lourdes, comme un émigrant. (pg. 02 L Architecture d Aujourd hui n 238 Abril de 1985) Porque você escolheu a AA School de Londres? RK: Na Holanda era necessário 9 anos para obter o diploma e eu tinha gana de aprender inglês: ir a Londres parecia uma solução lógica e sedutora. Mudar de residência é, desde minha infância, uma rotina, e parti sem premeditar, como sempre, enchendo o barco com malas muito pesadas, assim como um imigrante.

(Des)Formação. 1968-1972. Já em Londres, Koolhaas, com 24 anos, começa os estudos de arquitetura na Architectural Association AA. Lá fica logo conhecido pelas idéias e discursos não convencionais. Idéias que resultaram em dois significativos projetos: o primeiro um trabalho analítico sobre o muro de Berlim em 1971 não publicado e outro, em 1972, chamado Exodus or the Voluntary Prisoners of Architecture. Este projeto foi realizado em parceria com seu professor e amigo, Elia Zenghelis, para um concurso realizado pela revista italiana Casabella, The City as a Significant Environment, onde recebeu o primeiro prêmio e foi publicado em 1973, no número 378 da mesma revista. Com esse reconhecimento, Koolhaas apresenta Exodus como trabalho de conclusão de curso na AA. Once a city was divided into two parts. Of course, one part became the good half, the other the bad half. The inhabitants of the bad half began to flock to the good part of the divided city, finally swelling into an urban Exodus. But after all actions to interrupt the undesirable migration had failed, the authorities of the bad part made desperate and savage use of Architecture; they built a wall around the good part of the city, making it completely inaccessible for their subjects. (pg. 42 Casabella 378 1973) Em algum momento, a cidade foi dividida em duas partes. É claro, uma parte se tornou o lado bom, e a outra, o lado ruim. Os habitantes do lado ruim começaram a rumar para o lado bom da cidade dividida, finalmente inchando em um Êxodo urbano. Mas depois de todas as ações para interromper a migração indesejada terem falhado, as autoridades do

lado ruim fizeram uso desesperado e selvagem da Arquitetura; construíram um muro ao redor da parte boa da cidade, tornando-a completamente inacessível aos seus elementos. It proposes the creation of a strip that runs east-west through the centre of London, protected from the existing city by two walls along the perimeter. Inside, the zone is subdivided in a series of identical squares, each with their own programme/scenario ranging from celebration of total privacy to intensely communal facilities. Together, these stories intend to wake up the sleepwalking Metropolis London from its slumber and to insert in its inarticulate organism a zone where the debased ideal of the Metropolis is restored to a sparkling intensity that would tempt the inhabitants of the subconscious London to escape into the strip in an impulsive exodus and to become the Voluntary Prisoners. (pg. 328 Architectural Design vol. 47 nº 5 1977) O projeto propõe a criação de uma faixa que corta, de leste a oeste, o centro de Londres, protegido da cidade existente por dois muros ao longo de todo o perímetro. Dentro, o espaço é dividido em uma série de quadrados idênticos, cada qual com seu próprio programa/cenário variando da celebração total da privacidade a intensas instalações coletivas. Juntas, estas estórias pretendem despertar a Metrópole sonâmbula Londres de seu sono e inserir em seu organismo enferrujado uma zona onde o ideal de Metrópole é restabelecido em uma intensidade radiante. Uma intensidade que poderia provocar os habitantes de Londres a fugir para dentro da faixa em um êxodo impulsivo e tornarem-se os Prisioneiros Voluntários.

Após ser reconhecido por este projeto, Koolhaas foi contemplado com uma bolsa de estudos chamada Harkness Fellowship. Esta bolsa é administrada pelo Commonweath Fund, uma fundação filantrópica criada 1918 por Anna e Edward Harkness, e é concedida a acadêmicos e artistas de fora dos Estados Unidos para estudar no país por dois anos. Com isso Koolhaas, o nômade, arruma mais uma vez as malas e parte, aos 28 anos, para Nova York. Pré-delírio. 1972-1978. Em território Americano, Koolhaas inicia seus estudos na Cornell University (1972-1973), tendo como tutor o arquiteto Oswald Mathias Ungers (1926-2007). Ali nasce e se fortalece o fascínio de Koolhaas por Manhattan. A cidade se mostra atraente e cada vez mais inspiradora. A explosão de arranha-céus, a ocupação particular das quadras ortogonais e a cultura da cidade fazem com que Koolhaas vivencie profundamente tudo o que estava estudando e teorizando. Nova York era o terreno fértil por excelência para todas as experiências que ele imaginasse propor. Em 1973 é convidado, como Visiting Fellow (1973-1979), a participar do grupo de pesquisadores liderado por Peter Eisenman na IAUS NY Institute for Architecture and Urban Studies of New York. Koolhaas utiliza todos os recursos possíveis que o grupo lhe oferece. É nesse período que ele começa a dar aulas em várias universidades Columbia University, UCLA, AA School, Delft University. Todos esses elementos agregaram valores que mais tarde ele transformaria em discurso e em arquitetura. O resultado de todo esse banquete de culturas e vivências se torna explícito em diversos projetos teóricos lançados, quase como morteiros, para e sobre a metrópole Manhattan. City of the Captive Globe, 1972. Egg of Columbus Centre, 1973.

KOOLHAAS, Rem Hotel Sphinx, 1975. Welfare Island, 1975-76. Welfare Palace Hotel, 1976-77. The Story of the Pool, 1977. Do delírio ao extra-largo. 1978-1995. Um fato que não ocorreu nesse período, mas que direciona todo o desenrolar desta fase é a fundação, juntamente com Elia Zenghelis (seu professor na AA) e esposa Zoe e sua então esposa Madelon Vriesendorp, do escritório Office for Metropolitan Architecture OMA em 1975. Com o escritório montado, Koolhaas muda-se definitivamente para Rotterdam. Depois de anos de pesquisa e coleta de dados, ele publica em 1978, pela editora da universidade de Oxford, o seu livro seminal DELIRIUS NEW YORK: A RETROACTIVE MANIFESTO FOR MANHATTAN. Com uma teoria bem explicitada e uma equipe disposta a arriscar, Koolhaas e o OMA deram início a uma série de projetos para clientes principalmente a municipalidade de Rotterdam e também para apresentações em concursos internacionais. E é graças a essas duas possibilidades de experimentação que o OMA tem a liberdade de realizar estudos e apresentar propostas de acordo com os temas abordados por Koolhaas em seus textos críticos. Nesse mesmo período surge a necessidade de estender um braço do escritório. O OMA lança seu braço teórico, a Fundação Grozstadt, que logo trocaria de nome e se torna o espelho do próprio escritório prático, o AMO. Tendo estas duas vertentes em um único escritório, inicia-se uma política de condensação e absorção de elementos externos à equipe inicial. Vários colaboradores e parceiros começam a fazer

parte do cotidiano da elaboração e discussão dos projetos do OMA. É com essa explosão de trocas e experiências que surgem diversos projetos amplamente recheados de conceitos e novas diretrizes arquitetônicas. 1978 Concurso para a Extensão do Parlamento Holandês Rem Koolhaas, Zaha Hadid, Elia Zenghelis, Richard Perlmutter, Ron Steiner, Ilia Veneris. 1979 Concurso para a Residência do Primeiro Ministro da República da Irlanda Rem Koolhaas, Elia Zenghelis, Stefano de Martino, Alan Forster, Ron Steiner, Davis Belfield, Everest Consultants 1980 Projeto da Prisão-Panóptico em Arnheim Rem Koolhaas, Stefano de Martino 1980 Concurso para Habitação Social da Friedrichstrasse em Berlim Rem Koolhaas, Stefano de Martino, Herman de Kovel, Richard Perlmutter, Batsheva Ronen, Ricardo Simonini, Alex Wall 1982 Concurso do Parc de La Villette Rem Koolhaas, Elia Zenghelis, Kees Christiaanse, Stefano de Martino, Ruurd Roorda, Ron Steiner, Alex Wall, Jan Voorberg, Michel Corajoud, Chiel van der Stelt, Hans Werleman 1984 Teatro Nacional de Dança em Rotterdam Rem Koolhaas, Jan Voorberg, Stefano de Martino, Willem-Jan Neutelings, Arjan Karssenberg, Jeroen Thomas, Frank Roodbeen, Jaap van Heest, Ron Steiner 1986 Estudo para renovação urbana Bijlmermeer em Amsterdam Rem Koolhaas, Art Zaayer, Xaveer de Geyter, Mike Guyer, Ives Brunier 1987 Concurso para a Kunsthalle em Rotterdam

Rem Koolhaas, Fuminori Hoshino, Tony Adam, Issac Batenburg, Leo van Immerzeel, Jo Schippers, Marc Peeters, Ron Steiner, Alexa Hartig, Caspar Smeets, Jim Njoo, Edu Arroyo Muñoz, Cecil Balmond 1989 Estação Marítima em Zeebrugge Rem Koolhaas, Xaveer de Geyter, Jaap van Heest, Erik van Daele, Ramon Klein, Wim Kloosterboer, Maartje Lammers, Luc Reuse, Ron Steiner, Yushi Uehara, Cecil Balmond 1990 Hotel em Agradir Rem Koolhaas, Winy Maas, Yushi Uehara, Xaveer de Geyter, Ron Steiner, Ray Maggiore, Vince Scirano, Elizabeth Alford, Cecil Balmond 1991 Villa Dall Ava em Paris Rem Koolhaas, Xaveer de Geyter, Jeroen Thomas, Loïc Richalet, Ives Brunier, Petra Blaisse, Marc Mimram 1991/1994 Euralille e Congrexpo Rem Koolhaas, Jan-Willem van Kuilenburg, Ray Maggiore, Mark Schendel, Yushi Uehara, Ron Vitte, Rients Dijkstra, Cecil Balmond Momento de êxtase. 1995-2008. Não seguirei a partir desse momento, já que a autopublicidade e a mídia especializada se encarregaram de apresentar os projetos e os textos do OMA e do AMO. Justifico apenas a escolha da data de início dessa fase: em Janeiro de 1995, Koolhaas publicou, em parceria com o designer gráfico Bruce Mau, o seu segundo livro: S, M, L, XL. Assim como o primeiro livro, este denso e pesado literalmente volume traz profundos pensamentos, críticas e propostas de intervenção, apropriação ou mesmo reflexão da sociedade contemporânea sobre as metrópoles mundiais.