78 Estudo sobre maratonas

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Transcrição:

78 Estudo sobre maratonas Estivemos na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto onde está a ser desenvolvida uma investigação sobre os efeitos fisiológicos provocados pela participação de atletas amadores em maratonas.

Saúde Texto: Miguel Rego Fotografia: Nuno Silva e Pinto DÁ O TEU CONTRIBUTO A Faculdade de Desporto da universidade do Porto está a desenvolver uma investigação sobre os efeitos fisiológicos provocados pela participação de atletas amadores em maratonas de btt. se queres fazer testes normalmente apenas acessíveis a atletas de elite, aproveita esta oportunidade. O BTT tem vindo a ganhar imensos adeptos ao longo dos últimos 15 anos. Todos os anos existem mais maratonas e com um número cada vez maior de participantes. Também por isso, é cada vez maior o número de estudos científicos que apontam para as grandes vantagens da utilização da bicicleta, e por essa via, da prática regular de exercício físico na diminuição das doenças cardiovasculares, associadas a estilos de vida mais sedentários, hábitos alimentares desequilibrados e à obesidade. As recomendações internacionais, nomeadamente as do American College of Sports Medicine, apontam para a necessidade de se fazer, pelo menos, 30 minutos de atividade física diária com intensidade moderada, para obtermos vantagens para a nossa saúde. Por isso, a utilização da bicicleta é apelativa, e a travessia de campos e trilhos, de outra forma inacessíveis, promove igualmente a evasão e o contato com a natureza, o que se transforma para muitos numa válvula de escape para um quotidiano cansativo. Os últimos 10 anos têm assistindo a um crescimento pat ticularmente exponencial no número de praticantes de BTT, e muito desta evolução se deve à proliferação de eventos de massas, como a Maratona de Portalegre, e a organização de passeios e maratonas abertas a todos. Embora este movimento tenha democratizado a participação de milhares de atletas amadores, o que também tem feito crescer a indústria e o comércio de bicicletas e seus acessórios, coloca, do ponto de vista da proteção e promoção da saúde um desafio.

Durante o teste de VO2 máximo, é necessário pedalar até ao limite para se aferir a capacidade respiratória do atleta. 0 repórter da BIKE teve de suar as estopinhas, tendo de pedalar sempre em crescente potência até as pernas não darem mais... Mas poderão estes esforços afetar negativamente os atletas? Saber até que ponto a participação nestes eventos desportivos, cuja intensidade e impacto sobre o sistema cardiovascular e estruturas músculo-esqueléticas pode ser muito grande, é uma das lacunas da bibliografia científica atual. A performance física e os efeitos agudos da participação em eventos desportivos de BTT está sumariamente descrito para atletas de elite. Mas desconhece-se de atletas amadores e recreativos. a realidade É aliás a partir destes estudos que é possível colocar a pergunta que está na base desta investigação. Qual a resposta do ponto de vista da intensidade do esforço e adaptação do seu sistema cardiovascular, em atletas amadores e recreativos, quando participam em passeios e maratonas de BTT? Até que ponto podem estes episódios agudos de alta intensidade e de longa duração afetar negativamente o sistema cardiovascular e músculo-esquelético destes atletas? Dado que a participação nestes eventos não implica, com carácter de obrigatoriedade, a realização de um exame médicodesportivo poderão alguns indivíduos estar a ultrapassar um limiar físico que induza danos irreversíveis no seu músculo cardíaco. Não nos podemos esquecer, até porque este não pode parar para descansar depois da participação numa maratona. Em indivíduos que praticam a modalidade com regularidade, mas que não o fazem em termos competitivos, quais são os seus padrões de treino, quais são os seus hábitos alimentares habituais, quais são as estratégias alimentares e de hidratação que seguem antes, durante e após passeios e maratonas de BTT? Até que ponto é que conseguem adaptar, de forma equilibrada, e ajustada ao esforço a alimentação e hidratação durante maratonas mais longas, por forma a reduzir a instalação precoce de fadiga e de desidratação?

Saúde Procurar as respostas Dado que esta modalidade é cada vez mais atrativa para indivíduos que desejam retomara atividade desportiva, após anos de inatividade, com médias de idade superiores a 35 anos, é importante caracterizar melhor este fenómeno para que haja a possibilidade de fazer um aconselhamento sobre treino, gestão do esforço e estratégias alimentares e de hidratação adequadas. Foi a partir destas questões que se decidiu avançar com uma investigação que visa caracterizar melhor este fenómeno e encontrar respostas para as questões formuladas. O investigador principal deste estudo é Miguel Angelo Rego, Nutricionista - Mestre em Saúde Pública e entusiasta de BTT, estudante de Doutoramento em Atividade Física e Saúde na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e tem como orientadores o Professor Doutor João Carlos Ribeiro, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, e o Professor Doutor Pedro Moreira, da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto. O Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer já selecionou vários atletas amadores e está atualmente a realizar estudos para caracterizar a sua composição corporal, o seu consumo máximo de oxigénio e a força máxima dos membros inferiores. Durante os próximos meses irão ser aplicados vários questionários para avaliar hábitos alimentares e utilização de suplementos alimentares. Os investigadores do CIAFEL irão depois sair para o campo para caracterizarem condições reais o esforço a que se submetem durante a participação numa maratona. Nos trabalhos de campo, acompanhando os atletas em maratonas, irá ser feito o registo da intensidade do esforço debitado durante todo o percurso, uma vez que estes irão levar consigo um cardiofrequencímetroeumgps. Num trabalho distinto, um grupo de atletas escolhidos efetuará o percurso da Maratona de Valongo, simulando uma maratona, utilizando um Vitaljacket, uma t-shirt desenvolvida pela Universidade de Aveiro que permite fazer um eletrocardiograma dos atletas. Será também feita uma análise do consumo de VO2 com a utilização de um aparelho portátil. Este estudo será aplicado a seis atletas, para caracterizar o consumo dos diferentes substratos energéticos ao longo do percurso, o que dará uma ideia mais clara sobre a adequação da estratégia de alimentação e hidratação. Já em setembro, na Douro Bike Race, estão a ser planeados estudos acerca dos efeitos a nível muscular (dano muscular, stress oxidativo) numa prova com múltiplas etapas e a capacidade de recuperação. O CIAFEL continua a receber atletas amadores para colaborar neste estudo, por isso se queres avaliar a tua forma consulta o site miguelrego.com/l&de inscreve-te.