OS DESAFIOS DO ENSINO A DISTÂNCIA NAS UNIVERSIDADES Paula Campos de Oliveira Francislaynne Lages Dias Isabela Alves Calaes Resumo Com o avanço da tecnologia e com a normalização de suas técnicas, o Ensino a Distância é cada vez mais procurado por aqueles que não podem frequentar faculdades presenciais. Segundo o Censo da Educação Superior de 2010, um sétimo dos graduandos brasileiros estuda nessa modalidade. Por meio de dados sobre esse tipo de ensino e de opiniões de especialistas no assunto, este artigo tem o objetivo de levar a público uma discussão sobre as melhorias ainda necessárias nessa modalidade de ensino. Palavras-chave: Universidades. Ensino a Distância. Tecnologia. 1. Introdução Este artigo tem a finalidade de mostrar e discutir as falhas existentes no Ensino a Distância (EAD), de modo a propor melhorias para esse tipo de educação. A Educação a Distância, apesar de vir tendo uma maior aceitação pública nos últimos tempos, ainda é vista com preconceito, devido ao desconhecimento e à desconfiança que muitos têm em relação a esse recente método educacional. Houve muitas melhoras, por causa do avanço tecnológico e das metodologias de ensino. Muitas universidades de grande porte adotam cursos a distância, que são cada vez mais procurados por pessoas que não podem frequentar aulas presenciais. A escolha desse tema foi devida à crescente popularidade do Ensino a Distância no Brasil, que ainda possui muito o que melhorar no que tange a sua aplicação e a sua metodologia. Ao longo do artigo terão dados e discussões sobre o assunto, que é de interesse para todos os que se preocupam com a educação.
2. O crescimento do Ensino a Distância no Brasil Figura 1 Crescimento da educação a distância no Brasil ao longo dos anos 2000 Segundo dados de 2009 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 55% dos estudantes graduaram-se por EAD, enquanto 45% graduaram-se por meio da educação presencial. O Censo da Educação Superior de 2010 afirma que 14,6% dos estudantes fazem educação a distância 1, ou seja, cerca de 1 a cada 7 estudantes cursam essa modalidade. Essa maior procura se deve a diversos fatores, como: redução de custos, falta de possibilidade de comparecer a aulas presenciais, avanço tecnológico em relação ao ensino, maior aceitação pública do EAD e também à normalização de suas técnicas por parte do Ministério da Educação (MEC). No total, são 930 mil alunos, sendo que 80,5% são de instituições particulares. Entretanto, o diretor de educação a distância da Capes, João Carlos Teatini, afirmou em entrevista ao site UOL: As matrículas no setor privado deram um salto muito grande entre 2004 e 2008, com um crescimento exagerado. A partir de 2009, quando o MEC começou a fiscalizar esses cursos, o número de alunos de EAD nas particulares caiu. Essa afirmação mostra um mal muito comum que atinge o Ensino a Distância muitas universidades particulares com o intuito de lucrar excessivamente abriram cursos não presenciais de baixa qualidade, o que contribuiu com a concepção que muitas pessoas têm de que o EAD não pode oferecer um bom ensino.
3. O senso comum em relação ao Ensino a Distância O Ensino a Distância é visto por muitos especialistas como uma forma de democratização do ensino: Não se trata de substituir o ensino tradicional, mas de atingir um número maior de alunos e, abstraindo noções como tempo e espaço, levar a universidade a lugares aonde não chegaria na forma presencial afirma Sônia Benites, pró-reitora de Ensino da Universidade Estadual de Maringá (UEM) ao Jornal da UEM. E acrescenta: É inegável que haja uma preocupação social embutida na questão, na medida em que a universidade chega, por meio da EAD, a rincões sem acesso à educação superior. Entretanto, ainda há muito preconceito com esse tipo de educação. Um levantamento de 2009 da Associação Brasileira de Estudantes de Ensino a Distância (ABE-EAD) aponta que mais de 18 mil alunos que fazem cursos a distância sofreram preconceito ao procurar estágios. Como um exemplo, o Conselho Federal de Serviço Social não aprova a modalidade. A presidente da entidade, Ivanete Boschetti, disse ao site UOL que isso é culpa da estrutura da educação a distância, que prioriza a "quantidade em vez da qualidade da formação. Uma pesquisa feita pela Educação Temática Digital, publicação da Universidade Estadual de Campinas, mostrou afirmações comuns em relação ao EaD, como: Eficiente, mas muitas pessoas ficam descompromissadas", "Interessante, mas requer bastante interesse do aluno", "Requer muita responsabilidade", "Picareta, mas depende do aluno", "Bons, dependendo do aluno". De fato, por muito tempo vários cursos a distância foram criados sem ter a qualidade necessária, mas as fiscalizações do MEC e a melhoria dos métodos de ensino acabaram por aperfeiçoar o ensino a distância segundo resultado do Enade de 2010, os alunos de EAD foram melhores do que os de presenciais, contrariando o senso comum. Apesar dos bons resultados recentemente apresentados, o Ensino a Distância ainda possui desafios a resolver. 4. Os desafios da EaD e propostas de como resolvê-los. Apesar da procura por cursos não presenciais ser alta, é também alto o índice de evasão. Segundo Coelho (2002), algumas das causas para tantas desistências são: falta de interação aluno-professor, falta de domínio técnico no uso do computador, dificuldades em se comunicar por escrito e a falta do agrupamento de pessoas em um espaço físico, que pode fazer com que o aluno não se sinta incluído em um sistema educacional. Luciano Sathler, Pró- Reitor de Educação a Distância da Universidade Metodista de São Paulo, afirma que um dos
maiores erros que se pode cometer nesse tipo de ensino são escolas que querem reproduzir os erros do presencial na modalidade a distância. O principal equívoco é o apostilamento. Disponibilizase uma tonelada de informação via internet e acha que o curso está dado. Se fosse assim, o aluno leria um livro, o que é muito melhor. O sucesso da educação a distância passa prioritariamente pela interação. É muito comum o aluno de curso a distância ter tendência a procrastinar, levando até mesmo a problemas maiores como o plágio. É importante que o professor, apesar de não estar presente fisicamente, exija dos seus alunos maior empenho, para lembrá-los que não é porque estão em um curso presencial que terão falta de esforço. Deve haver mais interação dos alunos com os professores ou com os monitores, para que o estudante se sinta incluído no ensino, não sendo apenas mais um número. Outro ponto importante a se observar é que deve usar de métodos simples mas eficazes para as aulas, pois nem todo mundo possui computadores bons o suficiente para rodar alguns programas mais pesados. O interesse do aluno pela aprendizagem deve ser sempre estimulado, pois no Ensino a Distância a autonomia em relação aos estudos é essencial. 5. Conclusão Pela discussão realizada, conclui-se que o maior desafio do Ensino a Distância é fazer com o que o estudante sinta que realmente está inserido em um sistema educacional. A falta de aulas presenciais causa uma impessoalidade que pode desmotivar o aluno, como o alto índice de evasão em cursos a distância aponta. Por isso é importante que haja mais interação professor-aluno, sempre estimulando o estudante a aperfeiçoar sua aprendizagem. Não se pode apenas colocar um monte de tarefas para os alunos fazerem - o mais importante é despertar neles o interesse de estudar sem ter a presença física de um professor. 6. Referências ALVAREZ, L. Um em cada sete universitários estuda a distância no Brasil. São Paulo, 29 fev. 2012, UOL. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/02/29/um-emcada-sete-universitarios-estuda-a-distancia-programas-governamentais-prometem-ampliarnumero-de-vagas.htm>. Acesso em: 13 dez. 2012.
COELHO, M. L. A Evasão nos Cursos de Formação Continuada de Professores Universitários na Modalidade de Educação a Distância Via Internet. Universidade Federal de Minas Gerais, 2002. Disponível em: <http://www2.abed.org.br/visualizadocumento.asp?documento_id=10>. Acesso em: 02 dez. 2012 CORRÊA,S.C.; DOS SANTOS,L.M.M. Preconceito e educação a distância: atitudes de estudantes universitários sobre os cursos de graduação na modalidade a distância. Educação Temática Digital, Campinas, v.11, n.1, p.273-297, jul./dez. 2009. Disponível em: <http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/etd/article/view/2026/pdf_111>. Data de acesso: 02 dez. 2012. ESTUDO revela preconceito contra educação a distância. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/11/03/ult4528u866.jhtm>. Acesso em: 13 dez. 2012. MARTINI, F. EAD é caminho para democratização do ensino. Disponível em:<http://www.jornal.uem.br/2011/index.php?option=com_content&view=article&id=71:ea d-aminho-para-democratiza-do-ensino&catid=20:jornal-31-abril-de-2006&itemid=2>. Data de acesso: 02 dez. 2012 SATHLER, L. A polêmica sobre a EAD. São Paulo, 22 fev. 2008, Site da FAPESP. Disponível em: <http://www.metodista.br/sala-deimprensa/clipping_digital/noticias/fevereiro/dia-29-de-fevereiro/fapesp-a-polemica-sobre-aead>. Data de acesso: 02 dez. 2012.