PORTAL COMUNITÁRIO: UMA EXPERIÊNCIA DE JORNALISMO DEMOCRÁTICO E PARTICIPATIVO

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Transcrição:

8. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÁREA TEMÁTICA: COMUNICAÇÃO PORTAL COMUNITÁRIO: UMA EXPERIÊNCIA DE JORNALISMO DEMOCRÁTICO E PARTICIPATIVO CARDOSO, Juliana 1 RESUMO Este trabalho pretende demonstrar como funciona o projeto de extensão Portal Comunitário, no que diz respeito a interação e participação da sociedade civil. O Portal Comunitário é um projeto de extensão e um jornal-laboratório on-line do curso de Jornalismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (disponível em http://www.portalcomunitario.jor.br), que possui atualização diária e materializa uma proposta de jornalismo comunitário na web. Em funcionamento desde agosto de 2008, o projeto conta com a parceria de mais de 50 entidades, entre associações de moradores, movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores e outras organizações populares da cidade de Ponta Grossa. A participação e a interação se dão basicamente através do contato dos alunos e com representantes de mais de cinqüenta entidades envolvidas com o Portal. Uma das atividades é cobertura de pautas, consideradas alternativas quando comparadas com a mídia institucional. Com base em autores da área da comunicação, a proposta do resumo é descrever a interação e participação das entidades envolvidas como modo de fortalecer a democracia e a cidadania. Através de um trabalho interdisciplinar do curso de jornalismo, entre as disciplinas de Webjornalismo, Comunicação Comunitária e Telejornalismo, a proposta do Portal Comunitário é usar a mídia como espaço de articulação e visibilidade da sociedade civil organizada. PALAVRAS CHAVE interação, participação, movimentos sociais, Portal Comunitário 1 Acadêmica do curso de Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e bolsista do projeto Portal Comunitário, julibordincardoso@hotmail.com

8. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 Introdução O Portal Comunitário é um projeto de extensão e um jornal-laboratório on-line do curso de Jornalismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (disponível em http://www.portalcomunitario.jor.br), que possui atualização diária e materializa uma proposta de jornalismo comunitário na web. Em funcionamento desde agosto de 2008, o projeto conta com a parceria de mais de 50 entidades, entre associações de moradores, movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores e outras organizações populares da cidade de Ponta Grossa. Através do trabalho promovido na universidade, estudantes e professores procuram interagir e se aproximar dos movimentos sociais, interagindo com grupos que se situam de forma periférica em relação à mídia local. A realidade que se procura mostrar através das matérias produzidas pelo Portal Comunitário visa, primeiramente, acabar com a ideia de que nada se produz dentro dos grupos minoritários, e que eles não têm força cultural. É através dessa troca de experiências entre alunos, professores e entidades que o Portal acontece. A busca pela participação ativa dos grupos e movimentos sociais reafirma a necessidade de construir a democracia a partir da sociedade civil. Segundo Jose Bernardo Toro e Nísia Maria Duarte Werneck (2004), a participação, dentro de um contexto de mobilização social, que é o que o Portal Comunitário busca com a relação universidade-comunidade, é um objetivo a ser alcançado e um meio para alcançar outros objetivos. Como colocados por eles, o que se percebe no trabalho do Portal é que a participação cresce em profundidade e abrangência ao longo do processo. A partir do ponto de vista dos autores acima citados, a participação passa a ser um valor democrático, pois envolve tanto os alunos e professores quanto os próprios setores participantes. Essa participação se fundamenta principalmente através da interação que se dá de inúmeras formas. Baseando-se nas teorias de John B. Thompson (1998) sobre as três etapas da interação social, percebe-se que a troca de informações dentro do projeto se dá basicamente através de dois tipos descritos por ele. A primeira é a interação face a face, quando a equipe responsável por cada entidade vai até o local e busca pautas e informações relevantes para esse setor público. E até mesmo quando a própria entidade entra em contato com a sua equipe, contanto sobre os problemas e oferecendo assuntos a serem debatidos e pautados. Depois da produção jornalística, a interação se dá de uma outra forma, também descrita por Thompson, que é a quase interação mediada, na qual o autor insere os meios de comunicação. Essa interação ocorre quando o público interessado, no caso as organizações, acessa o site do Portal, vendo expostas ali suas notícias, denúncias e afins. É pertinente colocar em questão, que essa quase interação mediada ultrapassa os limites da universidade, das entidades e da própria cidade, atingindo todos aqueles que acessam o site do Portal Comunitário, de modo a tornar a produção desses movimentos sociais conhecida por diversas pessoas. Essa interação proporciona uma maior participação tanto dos alunos como dos setores da comunidade dentro do site. Analisamos essa participação do ponto de vista de Cicília Maria Krohling Peruzzo, que descreve os tipos de participação entre a comunicação e os movimentos populares. No Portal, o que acontece é uma participação por co-gestão. Ou seja, uma co-participação ativa na produção das notícias. Existe uma partilha do poder, mas com limitações. As organizações participam oferecendo pautas, porém as decisões centrais são de responsabilidade do grupo que faz parte do projeto. Peruzzo diz que falar em co-gestão é assumir democracia, o que requer tomar a sério as relações dialéticas com o poder (1998, p. 83). Por isso, o Portal Comunitário acredita na ideia de poder compartilhado, pois mesmo que a participação seja direta, ela se dá pela interação universidade-comunidade. O que também nos mostra que essa participação-poder orienta todo o trabalho, fazendo com que todos se sintam incluídos nos processos de produção. E é aí que aparece mais uma vez a função democrática e pedagógica do Portal: fazer com que as notícias não sejam apenas sobre o público, mas também para ele e feitas com a participação dele. Objetivos O Portal Comunitário, como projeto de extensão, pretende fazer a ligação entre comunidade e universidade, oferecendo à sociedade civil organizada da cidade de Ponta Grossa a oportunidade de expor seus problemas, muitas vezes esquecidos pela mídia local, além de promover o aprendizado dos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo e os que participam do projeto de extensão. Entende-se que, para muitos meios de comunicação, a ideia de uma comunicação comunitária é esquecida, ou às vezes estereotipada como aquela produção ruim, sem recursos e qualidade. O projeto Portal Comunitário visa desmistificar esta perspectiva e produzir conhecimento tanto aos alunos quanto aos sujeitos envolvidos no trabalho comunitário, reconhecendo uma maneira

8. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 diferenciada de produção jornalística baseada na comunicação comunitária, em que os temas e interesses das comunidades têm valor de notícia, diferente do que ocorre em uma empresa tradicional. Promovendo a interação e a participação, através da co-gestão do site, o projeto busca aumentar assim a credibilidade do site e dos meios de comunicação, no que diz respeito aos movimentos socais. Mostra, portanto, a realidade do povo ponta grossensse, em seus bairros e entidades. Outro objetivo do Portal é fazer com que a participação, a troca de experiências e informações deixe de ser apenas uma estratégia de trabalho e passe a ser a essência do projeto. Para isso exalta-se a participação de todos, buscando, como observam Toro e Werneck, um desenvolvimento social. Assim, através de debates e enfrentamentos oferecidos pelo próprio projeto, são oferecidas articulações e soluções para os problemas enfrentados por cada organização. Essa interação, como tem caráter dialógico, faz com que a aproximação e a credibilidade do Portal cresça dentro da própria organização. Um dos desafios também é fazer esse jornalismo comunitário na web, que ainda é hoje um meio distante das comunidades, principalmente das mais carentes. E fazer com que essas notícias cheguem, sejam lidas por quem mais interessa, que são os movimentos sociais. Para isso existe o trabalho do grupo de Relações com a Comunidade, do projeto de extensão, que entra em contato com cada comunidade que possui noticias postadas no site, para que esse saiba que o material já esta on-line e que é possível acessá-lo. Metodologia Através de um trabalho interdisciplinar do curso de jornalismo, entre as disciplinas de Webjornalismo, Comunicação Comunitária e Telejornalismo, a proposta do Portal Comunitário é usar a mídia como espaço de articulação e visibilidade da sociedade civil organizada. A produção de conteúdo se dá basicamente através da troca de informações entre as organizações participantes e os alunos do 3 ano do curso. Um dos principais aspectos da produção jornalística do Portal Comunitário é a participação e a interação entre alunos, professores e as organizações. Cada equipe de três alunos fica responsável por uma associação de moradores, um sindicato e uma entidade ou organização não governamental. A produção de matérias procura acompanhar a dinâmica das comunidades e a atualidade do jornalismo. Neste sentido, cada equipe produz uma matéria semanal e uma reportagem multimídia mensal e, após o segundo semestre, também matérias televisivas. O grupo responsável busca interagir com os movimentos sociais que cobre, freqüentando reuniões, festas, ouvindo os problemas, questionando, criando assim um vínculo que propicia uma maior troca de informações, bem como a conexão entre alunos e as entidades, facilitando o trabalho e a convivência. É por meio desse trabalho que o Portal Comunitário acredita ser democrático e participativo, trazendo para a realidade desses jovens alunos a importância de se ir até o acontecimento, fazendo assim um jornalismo de qualidade e credibilidade. Porém, há ainda uma questão a ser trabalhada com mais afinco pelo projeto. Percebe-se, principalmente por parte das associações de moradores mais carentes, a dificuldade no acesso à internet. Devido a esse problema, o Portal Comunitário visa oferecer às entidades oficinas de capacitação para o uso da internet, em que, de uma maneira simples, é possível oferecer algum conhecimento sobre a internet e como esse meio pode auxiliar cada setor, seja através de e-mails, blogs e outros. Acredita-se que, através dessas oficinas, o trabalho e o reconhecimento do Portal serão maiores ainda, pois com o conhecimento as entidades podem acessar o site e verificar, criticar ou elogiar as matérias, aumentando também a interação e participação. Resultados O Portal Comunitário, de agosto de 2008 a dezembro de 2009, publicou 1.456 páginas com textos jornalísticos (notícias, reportagens, editoriais, crônicas, notas de divulgação de eventos) relacionados com a vida, necessidades e interesses dos movimentos sociais participantes. Também foram postadas 1.891 fotos, além de gráficos, cartazes, banners. Foram publicados 24 vídeos, 10 áudios, 11 slideshows e quatro galerias de fotos. Estes dados demonstram que o trabalho feito por alunos e professores, juntamente com as entidades, na perspectiva da comunicação comunitária, se fortalece a cada dia, através da participação e da interação. O Portal Comunitário, além de publicar todas as matérias sobre os setores sociais, posta no site também agendas culturais, dos eventos de cada entidade, e serviços (oferta de empregos,

8. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 horários de ônibus, contatos de órgãos públicos, etc), possibilitando assim o acesso a informações de interesse público, que promovem e incentivam a interação. Outro ponto importante do Portal é a realização de reuniões, com o objetivo de conhecer e ouvir o que cada grupo participante tem a dizer ao longo da realização do projeto. Retomando as idéias de interação descritas por Thompson, um exemplo mais profundo da interação face a face, descrita por Thompson, ocorreu no dia 19 de março de 2010. O Portal Comunitário promoveu uma Noite de Integração Comunitária, (Figura 1) com a participação de 24 entidades envolvidas no projeto. A troca de experiências entre cada representante das organizações e as interações propostas fez com que a reunião fosse de grande valia. Cada um expôs seus problemas e dúvidas, além das conquistas de cada entidade, facilitando o contato com as demais e proporcionando uma ajuda mútua. Então a interação face a face passa a ser feita no processo de diálogo e interação proporcionado por cada representante. Figura 1 Noite de Integração Comunitária Noite de Integração Comunitária aproxima alunos das entidades, discutindo a importância do Portal O auxilio mútuo propicia a busca por novos recursos na melhoria de cada organização. Cada setor, ao expor suas criticas e elogios, fez com que ficasse claro que existe uma credibilidade em relação ao Portal Comunitário. Outro ponto importante percebido durante essa reunião era em que áreas o projeto deveria atuar mais e melhor, buscando assim facilitar o trabalho e o ideal de comunicação comunitária. Algo que se consegue constatar dessa credibilidade do Portal nos movimentos sociais é a maneira como cada comunidade ou entidade se vê dentro do site. Para as entidades, o Portal Comunitário passa a colocar em pauta, na cidade de Ponta Grossa, assuntos que muitas vezes não são de interesse dos grandes veículos, mas que para cada morador ou sindicalizado se torna importante devido à proximidade que têm com o assunto. Cada entidade falou sobre a importância do Portal (Figura 2), como meio de expandir conhecimento e informações. A proposta do Portal Comunitário consiste, neste sentido, em inserir os movimentos e entidades sociais na mídia. Sabe-se que, quem convive diariamente com os jornais comerciais, muitas vezes não percebe ou se acostuma a ver como é tratada uma comunidade ou entidade nas noticias ali contidas, criando estereótipos que prejudicam o trabalho desses setores. No Portal Comunitário, os grupos sociais são as fontes principais, que relatam suas dificuldades e acontecimentos; é daí que surge, por parte das entidades de Ponta Grossa, a credibilidade em relação ao trabalho realizado por meio do projeto de extensão.

8. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5 Figura 2 Cada entidades expôs seus pontos de vista Representantes de cada entidade falaram sobre a importância da relação com o Portal Comunitário Conclusões A criação de meios que estabelecem a ligação entre comunicação e comunidade é muito importante, pois coloca em pauta a necessidade de se dar voz aos movimentos periféricos. O Portal Comunitário trabalha o produto jornalístico através da co-gestão do seu site, por acreditar que a interação e a participação tanto dos jornalistas como das comunidades é imprescindível para a produção de um material comprometido com as demandas sociais. Somente por meio da troca de informações e experiências é possível produzir um jornalismo verdadeiramente comunitário, trazendo para a mídia os problemas das entidades. O Portal nada mais é do que um mediador entre os movimentos sociais e os cidadãos de Ponta Grossa, chegando ainda a um público mais amplo, por se tratar de um meio on-line. Ao expor as dificuldades enfrentadas por determinado setor da sociedade civil, busca-se facilitar a resolução dessas questões, pois somente quando os problemas são conhecidos é que eles podem ser solucionados. É neste sentido que se pode conceber o Portal como uma experiência de jornalismo democrático e participativo, com possibilidades de mudanças concretas na realidade social. O projeto busca fazer com que os grupos e entidades sociais, que costumam ser esquecidos pela mídia local, passem a ser ouvidos. Nesta perspectiva, os indivíduos não se apresentem apenas como leitores, mas como sujeitos capazes de discutir e intervir na sociedade, através do jornalismo comunitário.

8. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 6 Referencias PERUZZO, Cicília Krohling. Comunicação nos movimentos populares: a participação na construção da cidadania. 3 edição. Petrópolis: Vozes, 2004. THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 5 edição. Petrópolis : Vozes, 2002. TORO, Jose Bernardo e WERNECK, Nísia Maria Duarte Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação. 1 edição. Belo Horizonte: Autentica, 2004.