PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Documentos relacionados
SEGUNDA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 8785/2004 CLASSE II COMARCA DE SINOP APELANTE: BRASIL TELECOM S. A.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. São Paulo, 19 de janeiro de Elói Estevão Troly Relator Assinatura Eletrônica

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Privado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

DE SOUZA PIRES COELHO DA MOTA

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARIA LAURA TAVARES (Presidente sem voto), NOGUEIRA DIEFENTHALER E MARCELO BERTHE.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores HERALDO DE OLIVEIRA (Presidente), JACOB VALENTE E TASSO DUARTE DE MELO.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 37ª Câmara de Direito Privado

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Reexame Necessário nº

ACÓRDÃO I iniii mil mil um um um um um mi nu

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores EROS PICELI (Presidente sem voto), ARANTES THEODORO E PEDRO BACCARAT.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Câmara Cível A C Ó R D Ã O

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

APELAÇÃO CÍVEL Nº SOROCABA. APELANTES e reciprocamente APELADOS:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO. 33ª Câmara de Direito Privado TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Apelação nº

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

EMENTA. 1. Aplica-se o CDC aos casos de responsabilidade civil do transportador aéreo.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ERBETTA FILHO (Presidente) e RAUL DE FELICE. São Paulo, 20 de abril de 2017.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Tietê, em que é apelante SÔNIA DOS SANTOS

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores EDSON LUIZ DE QUEIROZ (Presidente) e COSTA NETTO. São Paulo, 18 de janeiro de 2019.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

ACÓRDÃO. São Paulo, 12 de abril de Salles Rossi Relator Assinatura Eletrônica

Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

1 - A inscrição indevida do nome do autor em cadastro de inadimplentes configura dano moral in re

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

São Paulo, 13 de dezembro de 2017.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MAGALHÃES COELHO (Presidente) e COIMBRA SCHMIDT.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente sem voto), FERNANDA GOMES CAMACHO E A.C.MATHIAS COLTRO.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores JAMES SIANO (Presidente sem voto), ERICKSON GAVAZZA MARQUES E J.L. MÔNACO DA SILVA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 22ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Cotia, em que é apelante VIAÇÃO MIRACATIBA

ACÓRDÃO 1 MM lllll 111HIIIH lllll MU IIIIIIII

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

Nesses termos, pede deferimento. Local e data. Advogado... OAB...

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 1ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ (Presidente) e TORRES DE CARVALHO.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Barueri, em que é apelante LARA DA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 31ª Câmara de Direito Privado ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SOUZA LOPES (Presidente sem voto), AFONSO BRÁZ E PAULO PASTORE FILHO.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente) e ARTUR MARQUES. São Paulo, 14 de agosto de 2017.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARY GRÜN (Presidente) e LUIZ ANTONIO COSTA. São Paulo, 24 de julho de 2018.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores DIMAS RUBENS FONSECA (Presidente) e CESAR LUIZ DE ALMEIDA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Superior Tribunal de Justiça

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS (Presidente) e NEVES AMORIM.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores COSTA NETTO (Presidente) e ALEXANDRE LAZZARINI.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. 31ª Câmara Extraordinária de Direito Privado ACÓRDÃO

ACÓRDÃO , da Comarca de Barueri, em que é apelante PROXIMO GAMES

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ERBETTA FILHO (Presidente) e RAUL DE FELICE. São Paulo, 4 de maio de 2017.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS Gabinete do Des. LAFAYETTE CARNEIRO VIEIRA JUNIOR Primeira Câmara Cível

Relatório. Estado do Paraná

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Superior Tribunal de Justiça

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GOMES VARJÃO (Presidente) e ANTONIO TADEU OTTONI.

Transcrição:

Registro: 2015.0000499442 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032, da Comarca de Araçatuba, em que é apelante/apelado CATIA CILENE DE ALMEIDA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado/apelante PRISCILA BREVE CANOLA ROCHA (JUSTIÇA GRATUITA). ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 14ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento aos recursos. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores JAMES SIANO (Presidente) e EDSON LUIZ DE QUEIROZ. São Paulo, 17 de julho de 2015. José Aparício Coelho Prado Neto Relator Assinatura Eletrônica

APELAÇÃO COM REVISÃO Nº 0013837-17.2009.8.26.0032 APELANTES/APELADAS: CATIA CILENE DE ALMEIDA e PRISCILA BREVE CANOLA ROCHA JUIZ: ANTONIO DE OLIVEIRA ANGRISANI FILHO VOTO Nº 5.298 APELAÇÃO Ação de Responsabilidade Civil Alegação de criação de perfil falso, no Orkut, com conteúdo ofensivo, a macular a sua honra e gerar o direito ao recebimento de indenização por danos morais Sentença de procedência, que condenou a ré ao pagamento de R$ 30.000,00 Inconformismo das partes Ré que pretende a desconsideração da prova produzida e autora que pugna pela majoração da verba indenizatória Prova técnica que comprovou que o perfil falso foi criado a partir do computador de propriedade da ré Ré que não se desincumbiu do ônus de provar que o computador foi utilizado por terceiros, no dia e período apontados pela prova técnica Danos morais devidos e fixados em patamar razoável, que não merece alteração Recursos desprovidos. Vistos. Trata-se de Apelação interposta contra sentença proferida pelo MM. Juiz da 3ª Vara Cível da Comarca de Araçatuba, em Ação de Responsabilidade Civil proposta por PRISCILA BREVE CANOLA ROCHA contra CATIA CILENE DE ALMEIDA, que julgou procedente a ação, condenando a ré a pagar à autora R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a título de danos morais, bem como ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 20% (vinte por cento) do valor da condenação, com as ressalvas do art. 12 da Lei nº 1.060/50. Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 2

Os Embargos de Declaração opostos pela ré foram acolhidos, para constar o deferimento da assistência judiciária gratuita àquela. Apela a ré, alegando, basicamente, que os documentos que embasaram a procedência da ação não podem ser utilizados como prova, pois o documento digital deve vir acompanhado de sua respectiva comprovação digital, uma vez que podem ser facilmente modificados, não tendo sido comprovada a veracidade dos documentos apresentados pela autora, que em ofício da Telefonica não há associação do IP da ré com a data de criação do perfil falso, o que demonstra a sua inocência, pois não há possibilidade se criar um perfil no Orkut antes de criar uma conta no Google, que não restou comprovado o motivo apontado pelo julgador, no sentido de que a ré mantinha um relacionamento amoroso com o ex-marido da autora, que o fato de usar o computador por cinco horas ininterruptas não indica a criação do perfil falso, objeto da demanda, que não é cabível a indenização pleiteada e, caso seja mantida, deverá ser reduzida para valor não superior a cinco salários mínimos, com a improcedência da ação. A autora apresentou Recurso Adesivo requerendo, em síntese, a majoração da indenização por danos morais para R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), no mínimo. Recursos tempestivos, isentos de preparo e contrarrazoados. É o breve relatório do necessário. Os recursos não comportam provimento. Merece ser mantida, por seus próprios fundamentos, a r. sentença apelada de lavra do MM. Juiz ANTONIO DE OLIVEIRA ANGRISANI FILHO, que bem analisou a questão submetida à sua apreciação, permanecendo consistente Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 3

ante o cotejo das razões ofertadas pelos apelantes em seus recursos. Portanto, considerando que o artigo 252 do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça, nos recursos faculta ao relator limitar-se a ratificar os fundamentos da decisão recorrida, quando, suficientemente motivada, houver de mantê-la, norma que tem sido prestigiada não só por julgados deste Tribunal (Apelação Cível nº 0102667.26-2007.8.26.0000, 9ª Câmara de Direito Privado, Relator VIVIANI NICOLAU, j. 07.06.2011; Agravo de Instrumento nº 0003886.27.2011.8.26.0000, 8ª Câmara de Direito Privado, Relator CAETANO LAGRASTA, J. 23.03.2011), como também do Colendo Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 662.272-RS, 2ª Turma, Relator JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. 04.09.2007; REsp nº 641.963-ES, 2ª Turma, Relator CASTRO MEIRA, j. 21.11.2005), assim passo a proceder, ratificando os seguintes fundamentos da decisão monocrática: Alega a autora que a ré criou uma conta no site de relacionamento denominado Orkut, em seu nome, sem seu conhecimento, com dizeres e conteúdos ofensivos, atingindo sua honra e de sua família, chegando a ser tomada em sua comunidade por prostituta. A ré, por sua vez, nega ter sido a criadora do perfil falso, sustentando que não tinha tempo nem interesse para isso. Conforme se infere do quadro probatório nos autos, a ação é procedente. As testemunhas da autora confirmaram a permanência do perfil falso na Internet com conteúdo ofensivo à reputação da autora, bem como os constrangimentos e sofrimentos por quais passou, contudo, não souberam dizer sobre autoria desse perfil falso (fls. 149, 151, 153). Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 4

As testemunhas da ré, de fls. 191/192, limitaram-se a dizer que, na época dos fatos, a ré trabalhava e fazia pós-graduação, razão pela qual, acreditam, não tinha tempo para criar perfis falsos na Internet e sequer possuía conhecimentos técnicos para tanto. Porém, a prova testemunhal trazida pela ré não possui valor probatório o bastante para se sobrepor a prova técnica trazida aos autos. De acordo com os documentos juntados aos autos, a Google Brasil Internet Ltda (fls. 18) informa que o perfil falso foi registrado pelo e-mail 1.massae@yahoo.com.br,protocolo de internet IP nº 201.95.27.129 (utilizado no momento de criação da conta Google, em 30/10/2007, às 02:12 hs). A Telefônica, as fls. 23, informa que o protocolo de Internet IP nº 201.95.27.129 pertence à ré Cátia e estava conectado na internet no dia 30/10/2007, às 02:12:12 hs, permanecendo conectado por 5 horas, 10 minutos e 5 segundos, conforme demonstrado as fls. 26. Se não bastasse a comprovação de que o perfil falso fora criado no computador da ré em horário que se encontrava conectado na Internet, demonstrado nos autos que ambas se conheciam e alimentavam animosidade uma pela outra, justificado pelo fato da ré manter, à época dos fatos, um relacionamento amoroso com o ex-marido da autora e ter sido, de certa forma, o motivo da separação. Consta, ainda, que durante o relacionamento mantido com a ré, o namorado da ré e ex-marido da autora a procurou para tentar reatar o casamento, o que despertou a ira da ré. A ré, por sua vez, não conseguiu demonstrar que seu computador fora utilizado por terceiro mal intencionado, por 5 horas, 10 minutos e 5 segundos, no dia 30/10/2007, iniciando às 02:12:12 hs; nem demonstrou invasão de seu Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 5

computador ou utilização remota por qualque hacker. Tampouco demonstrou que no horário do registro do perfil falso não se encontrava em casa. (...) O sistema geral que instrui a responsabilidade civil no nosso ordenamento jurídico é o da responsabilidade subjetiva (art. 186 do Código Civil), que se funda na teoria da culpa, ou seja, para que haja dever de indenizar é necessária a existência do dano, onde se inclui o moral, além do nexo de causalidade entre o fato e o dano, e a culpa lato senso (dolo, imprudência, negligência ou imperícia) do agente. Na hipótese dos autos, o contexto probatório se apresentou mais que suficiente para configurar, com a necessária segurança e imparcialidade, a culpabilidade da parte ré pelo evento danoso, o que justifica a indenização por danos morais. Evidente, assim, que os danos morais gerados à parte autora são patentes, porque não se desconhece que a veiculação de dizeres e conteúdos ofensivos, como no caso em que atingiu a autora e sua família, traz grandes transtornos e prejuízos, especialmente junto à comunidade e grupos de amigos, dispensando até mesmo provas, por ser público e notório, merecendo a reparação quanto ao dano moral havido, de conformidade com o artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, c.c. artigo 186 do Código Civil. (...) Quanto ao valor da indenização, deve ser fixado por arbitramento, e, neste ponto, embora não exista critério objetivo para a fixação, é Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 6

imperioso que sejam observadas as peculiaridades do caso, de forma a fixa-la de forma razoável e proporcional. No presente caso, verifico que a divulgação de perfil falso da autora, com referências pejorativas e difamatórias, causou-lhe inquestionáveis transtornos psicológicos e grave ofensa à sua honra. Portanto, ponderando as consequências da deletéria divulgação na internet e suas repercussões, bem como os motivos reprováveis que justificaram o ato, entendo por justo fixar a indenização por danos morais em R$ 30.000,00 (trinta mil reais), valor que reputo suficiente para reparar o mal causado, sem causar enriquecimento ilícito, e, ao mesmo tempo, inibir a ré, para que ela se abstenha de práticas similares, bem como compatível com a capacidade econômica da ré, que, segundo as provas dos autos, é enfermeira de profissão, com pósgraduação. (verbis, cfr. fls. 248v/250v) Com efeito, impossível outra conclusão, pois a prova técnica produzida comprovou que o computador utilizado para criação do perfil falso, é de propriedade da ré, bem como o dia e período utilizados para tanto. Destarte, cabia à ré comprovar que não estava utilizando o computador no dia e horários informados, ou que a máquina estaria sendo utilizada por terceiros, ônus do qual não se desincumbiu, limitando-se a alegar que não possuía motivos ou tempo para praticar o ato a ela imputado, o que se mostra irrelevante diante da prova técnica produzida. Com relação ao quantum fixado, também não se mostra cabível a reforma da r. sentença, uma vez que foi fixado valor razoável e dentro dos parâmetros fixados por esta Câmara Extraordinária, não havendo motivos para a sua alteração, seja para majoração ou redução. Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 7

os seguintes julgados: No mesmo diapasão da sentença apelada, colhem-se RESPONSABILIDADE CIVIL DANOS MORAIS Sentença de parcial procedência - APELO DA RÉ - Pretensão à inversão do julgado ou à minoração do quantum indenizatório Inadmissibilidade - Requisitos da responsabilidade civil subjetiva cabalmente demonstrados Danos que se reconhece in re ipsa, por inegável o abalo moral gerado ao autor, que foi ofendido em sua página na rede social Orkut Inteligência do art. 186, do CC Valor da indenização que não comporta diminuição, porquanto atende aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Alteração, de ofício, do termo inicial dos juros moratórios incidentes sobre o valor da indenização - Juros que se contam, na verdade, desde a data do evento danoso, a teor do art. 398, do CC, e da Súmula 54, do STJ. Sentença mantida RECURSO DESPROVIDO, com observação. (0004606-32.2012.8.26.0655 - Apelação / Indenização por Dano Moral - Relator(a): Fábio Podestá; Comarca: Várzea Paulista; Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 28/05/2015) RESPONSABILIDADE CIVIL Danos morais Ação indenizatória fundada na ocorrência de constrangimento e de humilhação decorrente de adulteração do perfil do Orkut da autora, contendo conotação sexual e homossexual Ação julgada Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 8

procedente Reforma parcial da sentença, apenas para reduzir o valor da indenização por danos morais para R$ 25.000,00 Apelo parcialmente provido. (9222232-25.2007.8.26.0000 - Apelação / Responsabilidade Civil - Relator(a): Ramon Mateo Júnior; Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 21/08/2013) Como se percebe, portanto, a outra decisão não se pode chegar senão aquela ofertada pelo MM. Juiz a quo em sua irreprochável sentença. Pelo exposto, nego provimento aos recursos. JOSÉ APARÍCIO COELHO PRADO NETO Relator Apelação nº 0013837-17.2009.8.26.0032 -Voto nº 5298-G 9