Pesquisa de Índice de Aprovação de Governos Executivos



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Transcrição:

Rio de Janeiro, 8 de Maio de 2012 Pesquisa de Índice de Aprovação de Governos Executivos I INTRODUÇÃO. O Conselho Federal de Estatística - CONFE dentro de suas atribuições e objetivando contribuir para melhoria da qualidade das pesquisas políticas no País dá prosseguimento à programação da série de comentários técnicos sobre algumas pesquisas políticas produzidas pelos grandes Institutos do País e divulgadas pela mídia. Este documento é o segundo da série sendo que o primeiro datado de 19/03/2012 versou sobre a pesquisa de Boca de Urna, neste texto discutiremos questões envolvidas na pesquisa do Índice de Aprovação (IA) de governos executivos. Lembramos que esta iniciativa é resultante do desdobramento de questões apresentadas em carta enviada pelo Confe ao TSE em 26/02/2011 encaminhando sugestões para aperfeiçoamento das Instruções Normativas que regem o registro das pesquisas políticas no País. Com estes comentários técnicos o Confe procura também colaborar com os Conselhos Regionais de Estatística Conre no sentido de monitorar as pesquisas que são importantes vetores de informação na formação da opinião pública nacional. Reproduzimos a seguir o trecho da referida carta na parte que trata do tema IA e que foi incluída na sugestão ao TSE como Questão III, dentre outras apresentadas (ver site www.confe.org.br). Questão III: Pesquisa de Índice de Aprovação dos Governos Executivos. Preliminares III: O Índice de Aprovação dos Governos é notoriamente uma pesquisa política que não é disciplinada pelo TSE. Como o registro não é obrigatório, este tipo de pesquisa não tem merecido o devido controle por parte da sociedade civil. Sugestão III: Considerando que nossos comentários permitem concluir a superficialidade da pesquisa do tipo CNI-Ibope, o CONFE sugere que a pesquisa do Índice de Aprovação seja considerada uma pesquisa política em qualquer época e, portanto seja incluída nas Instruções Normativas do TSE. Propomos ainda que o Índice de Aprovação para divulgação pública deva refletir somente o resultado da pergunta dicotômica: O Sr(a) aprova ou desaprova o governo executivo.x.?. Aprova ( ) Desaprova ( ). Evitando que as respostas dos entrevistados passem pelos níveis de aprovação: péssimo; ruim; regular; bom e ótimo, sofrendo posterior agregação e que esta seja a primeira pergunta formulada ao entrevistado. Na sugestão acima ficou claro a fragilidade dos resultados divulgados na pesquisa Avaliação do Governo e Expectativa em Relação ao Novo Governo realizada no período de 4 a 7 de dezembro de 2010, após realização do 2º turno que apontou 80% de aprovação para o governo Lula. 1

II PROBLEMAS QUE ENVOLVEM A PESQUISA DO ÍNDICE DE APROVAÇÃO (a) É surpreendente que num ano eleitoral como 2012 sejam divulgadas pesquisas tipo IA sem o registro no TSE, como ocorreu com duas pesquisas recentes. Considerar que pesquisa de Avaliação de Governo não seja considerada pesquisa política é ingenuidade que deixa a opinião pública estupefata. (b) A pesquisa IA da forma como tem sido realizada é uma informação de valor técnica muito duvidosa, isto porque os questionários aplicados costumam ser muito extensos, incluindo vários aspectos da ação do executivo e com perguntas complexas para a maioria dos entrevistados que é de baixa renda e baixo nível de instrução. Assim, os Institutos assustam, confundem e extenuam os entrevistados com extensos questionários e em consequência a qualidade das respostas fica prejudicada. O número de respostas incluída na categoria Não sabe/ Não respondeu costuma ser alta e inviabiliza a confiabilidade da análise. (c) Para complicar, os relatórios exibem um malabarismo numérico onde as informações não permitem conclusões confiáveis. O comentário (a) pode ser confirmado pela ausência de registro no TSE da última pesquisa de IA promovida pela CNI-Ibope e pelo Datafolha e divulgada pela mídia em Abril/2012, já os comentários (b) e (c) podem ser atestados na carta do CONFE ao TSE no item análise da pesquisa Avaliação do Governo e Expectativa em Relação ao Novo Governo em Dezembro de 2010 promovida pela CNI-Ibope. III ANÁLISE DA PESQUISA DO INSTITUTO DATAFOLHA INDICE DE APROVAÇÃO DO GOVERNO LULA (26/10/2010). A pesquisa IA do Datafolha registro nº 37.404/2010 divulgada em 26/10/2010 contratada pelo Jornal Folha de São Paulo e Rede Globo apontou Índice de Aprovação de 83% para o Governo Lula e o site do Instituto informava que; A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório que entrevistou 4.066 eleitores em 246 municípios em todos os Estados, cujo universo da pesquisa é composto pelos eleitores com 16 anos ou mais do país e com margem de erro máxima 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi de 83% e de acordo com o levantamento, 96% dos entrevistados que disseram votar na candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, consideram a gestão de Lula como ótima ou boa. Entre os eleitores de José Serra (PSDB) esse percentual cai para 67%. Neste texto se reconstruirá novo valor para IA com base nos dados apresentadas pelo Datafolha que declarou que o Governo Lula era aprovado por 96% dos eleitores da candidata Dilma e por 67% dos eleitores do candidato do José Serra. Tais valores combinados com os dados do 2º Turno da eleição em 31/10/2010 apurado pelo TSE em Fevereiro de 2011(última revisão) vão permitir uma nova avaliação do IA naquele momento. A seguir o quadro resumo do resultado final: 2

Quadro1 - Eleição 2010 Resultado TSE (Fev. 2011) Dilma 55.752.529 41,05 Serra 43.711.388 32,19 Branco/Nulo 7.142.297 5,26 Abstenção 29.197.152 21,50 O valor do IA das pesquisas por amostragem é calculado pela razão A/T (%), onde A significa o n o de aprovações e T é n o de entrevistados que optaram por responder uma das categorias, isto é, todos os entrevistados da amostra excluídos aqueles que optaram por respostas Não sei/não Respondeu. Os votos Branco/Nulo do Quadro1 devem ficar fora da razão A/T que vamos construir, assim como o seu correspondente Não sei/não Respondeu não foi utilizado na estimativa do IA na pesquisa. Todavia, merece discussão o tratamento que se deve dar a Abstenção registrada no Quadro1 e que representa porcentual relevante de 21,5% dos eleitores. Como incorporar o item Abstenção na construção do novo índice? Logicamente a Abstenção inclui eleitores que votariam Branco/Nulo e esta parcela do item deve ser desprezada na avaliação do índice. Mas inclui também eleitores dos candidatos Dilma e José Serra que provavelmente declarariam opinião na avaliação do governo e que devem ser incorporados ao novo índice, pois no caso amostral o entrevistado que respondeu inequivocamente o questionário e não compareceu a eleição foi incluído no cálculo do IA do Datafolha e gerou as porcentagens condicionadas 96% e 67% que iremos utilizar na estimativa do novo índice. Para incorporar a Abstenção no novo índice de forma consistente e comparável com a avaliação amostral precisamos saber quantos votos Branco/Nulo estariam incluídos na categoria Abstenção e quantos votos receberia cada um dos candidatos se todos os eleitores tivessem comparecido a eleição. Quadro Virtual_1 Dilma 55.752.529 41,05 Serra 43.711.388 32,19 Branco/Nulo* 9.098.506 6,70 (D+S)_Virtual* 27.240.943 20,06 O Quadro Virtual_1 é resultado da seguinte proposição: 6,7% é o porcentual da participação de Branco/Nulo no total de votantes Quadro1 (TSE) e admitindo igual porcentual incluídos na Abstenção temos: 0,067 x 29.197.152=1.956.209 que somados ao valor original 7.142.297 resulta no valor estimado de Branco/Nulo* = 9.098.506. A diferença (1-0,067) x 29. 197.152 = 27.240.943 será notada (D+S)_Virtual* e inclui a quantidade de votos válidos teóricos dados aos candidatos, o asterisco é usado para enfatizar valor estimado. 3

Consideremos as seguintes suposições que determinam valores extremos para o novo índice e geram um intervalo de possibilidades: 1 O (D+S)_Virtual é formado exclusivamente por eleitores da Dilma; neste caso o cálculo de IA é: IA* = 0,96 x 61,11 + 0,67 x 32,19 = 80,2% 2 O (D+S)_Virtual é formado exclusivamente por eleitores do Serra; neste caso o cálculo de IA é: IA* = 0,96 x 41,05 + 0,67 x 52,25 = 74,4% Logo o intervalo de possibilidades seria: 74,4% < IA* < 80,2%. Avançando na abertura da Abstenção vamos supor que a composição interna de votos dos candidatos siga a mesma distribuição dos votos válidos do Quadro1 (TSE), isto é, 56% para Dilma e 44% para Serra o que daria o seguinte desmembramento para o item (D+S)_Virtual: 0,56 x 27240943 = 15254928 para Dilma; que somados no Quadro1 dará 71.007.457 0,44 x 27240943 = 11986015 para Serra; que somados no Quadro1 dará 55.697.403 Então, na presunção de não Abstenção tem-se o quadro abaixo que incorpora os novos valores, com asterisco (exceção do Total) para diferenciar dos valores oficiais do TSE. Quadro Virtual_2 Dilma* 71.007.457 52,29 Serra* 55.697.403 41,01 Branco/Nulo* 9.098.506 6,70 Calculando IA* no quadro Virtual_2: IA* = 0,96 x 52,29 + 0,67 x 41, 01 = 77,7% e como o tamanho da amostra da pesquisa do Datafolha era n= 4.066 eleitores, então o intervalo de confiança de 95% para a estimativa é igual a 77,0% < IA* < 78,4 % e com chance de 99% o IA* é inferior a 78,5%. Portanto, usando os dados da própria pesquisa pode-se afirmar que com altíssima probabilidade a estimativa de 83% na Aprovação do Governo Lula divulgada pelo Datafolha estava sobre estimada. IV CONCLUSÕES. Diferentemente das pesquisas eleitorais que fazem a singela pergunta em qual candidato vai votar? a pesquisa do índice de aprovação envolve processo de avaliação bastante complexo por parte do entrevistado. Responder a questão se considera o governo Péssimo, Ruim, Regular, Bom, ou Ótimo é um grande desafio e possui alto grau de dificuldade mesmo para aqueles entrevistados com bom nível de instrução, que infelizmente não corresponde à maioria da amostra. Para grande maioria dos entrevistados a resposta da avaliação do governo provavelmente está correlacionada à questão da situação pessoal se: piorou, ficou igual ou melhorou. Tal fato talvez explique os altos valores das probabilidades condicionais 96% e 67%, por exemplo, os eleitores do candidato José Serra (67%) que consideravam o Governo Lula Bom ou Ótimo parece ser uma cifra muito alta. 4

Contrastando com as pesquisas eleitorais que podem ser confrontadas com os resultados das urnas no dia da eleição, as pesquisas de índice de aprovação não possui referência externa que possa servir de aferição do índice. Portanto, a sociedade civil fica inteiramente a mercê da informação divulgada pelos Institutos e o valor do índice não pode ser contestado a não ser por inconsistência interna como fizemos nesta análise ou quando confrontada com valores entre Institutos, mas as datas defasadas dificultam estas comparações. Então a discussão da pesquisa acaba se restringindo as questões técnicas dentro de grupo de especialistas, dando a impressão que se trata de elucubrações acadêmicas. Destacamos ainda a data 26/10/2010 na qual a pesquisa do Datafolha foi divulgada pela mídia de todo País, isto é, 5 (cinco) dias antes do 2º Turno da Eleição (31/10/2010) se transmitiu uma informação sujeita a incertezas, não exatamente as declaradas pelo instituto (2% de margem com 95% de confiança) e com alto poder de influenciar o resultado da Eleição. Mesmo que a certeza declarada estivesse correta, seria um risco injustificável autorizar a divulgação deste tipo de estatística em ano eleitoral, ainda mais em vésperas de pleito como foi o caso Datafolha (registro TSE nº 37.404/2010). Atenciosamente, LUIZ CARLOS DA ROCHA Conselheiro do CONFE 5