MORBIMORTALIDADE DOS FERIMEnTOS PEnETRAnTES TORACOABDOMInAIS ASSOCIADOS AO TRAUMA DIAFRAGMÁTICO E DO TRATO DIGESTÓRIO

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16 ABCD Arq Bras Cir Dig 8;21(1):16- Artigo original MORBIMORTALIDADE DOS FERIMEnTOS PEnETRAnTES TORACOABDOMInAIS ASSOCIADOS AO TRAUMA DIAFRAGMÁTICO E DO TRATO DIGESTÓRIO Morbimortality of penetrating thoracoabdominal injuries associated to diaphragmatic and digestive tract trauma Olival Cirilo Lucena da fonseca-neto, Hermes WILLER, Antônio Lopes de MIRANDA ABCDDV/583 Fonseca-Neto OCL, Willer H, Miranda AL. Morbimortalidade dos ferimentos penetrantes toracoabdominais associados ao trauma diafragmático e do trato digestório. ABCD Arq Bras Cir Dig 8;21(1):16- RESUMO - Racional A importância das lesões toracoabdominais resulta no incremento dos traumas originados por lesões penetrantes, acidentes automobilísticos e contusões nos dias atuais. A lesão diafragmática é incomum, mas é entidade clínica com potencial risco de vida e com alta incidência de lesões associadas. Objetivo Comparar a lavagem pleural por toracotomia e a drenagem pleural simples nos pacientes vítimas de ferimentos toracoabominais com lesão diafragmática associada à injúria do trato gastrointestinal. Métodos Estudo realizado em pacientes admitidos entre abril de 4 e setembro de 6. Todos eram acima de 13 anos e vítimas de ferimento penetrante toracoabdominal associado à lesão diafragmática e do trato digestório. Os pacientes foram divididos em dois grupos segundo o tratamento cirúrgico da contaminação pleural pelas secreções gastrobileoentéricas: lavagem torácica por toracotomia e drenagem torácica. Resultados Noventa e dois pacientes foram selecionados sendo quatro do sexo feminino. A idade média foi 26,6 anos. Quanto à origem do ferimento, as agressões por arma de fogo superaram os de arma branca (73 x 19). O Escore de Trauma Revisado (RTS) variou de 7,28 a 7,55. Lavagem torácica por toracotomia ocorreu em 13 pacientes. Quarenta e seis pacientes (%) sofreram lesão no hemidiafragma direito, 37 (,21%) no hemidiafragma esquerdo e nove pacientes tiveram injúria diafragmática bilateral (9,78%). Atelectasia, derrame pleural e mediastinite ocorreram com mais freqüência no grupo sem lavagem torácica. Insuficiência respiratória, encarceramento pulmonar e empiema pleural foi mais freqüente no grupo de lavagem pleural com toracotomia. O único óbito ocorreu no grupo sem lavagem torácica. Conclusão Os pacientes com lavagem pleural através da toracotomia ântero-lateral evoluíram com maior morbidade, quando comparados com aqueles que realizaram apenas drenagem torácica sob selo d água. DESCRITORES Trauma toracoabdominal. Trauma diafragmático. Cirurgia de urgência. Trato digestório. Complicações pós-operatórias InTRODUÇÃO Em todo mundo as constantes mudanças econômicas e sociais aumentaram exponencialmente as causas externas de agressão ao homem. Em 2, nos EUA, os óbitos relacionados a trauma foram em número total 1.537, representando a 5ª causa de óbito. No Brasil os dados são parecidos, porém a população é menor 2,3. O termo trauma toracoabdominal é bastante amplo e pode abranger uma série de situações diversas, desde simples contusão osteomuscular da parede torácica até lesões incompatíveis com a vida 4. Nos ferimentos penetrantes as cavidades torácica e abdominal podem conter órgãos lesados 5,6,7. O comprometimento hemodinâmico e a insuficiência respiratória é habitualmente devido à injúrias associadas 8. A maioria das Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Geral e do Trauma do hospital da Restauração SUS Recife, PE, Brasil Endereço para correspondência: Olival Cirilo Lucena Fonseca neto - E-mail: olivalneto@globo.com lesões torácicas penetrantes pode ser tratada sem abordagem cirúrgica. Entretanto, se houver hipersensibilidade abdominal ou instabilidade hemodinâmica, a laparotomia deve ser realizada. Trauma penetrante de diafragma está associado em 75% com lesões de órgãos abdominais. Quando a lesão frênica tem origem no trauma fechado o acometimento de órgãos abdominais chega a %. Nos últimos anos, reconhecem-se cada vez mais os problemas associados aos acúmulos pleurais não-drenados nos pacientes traumatizados vítimas de ferimento toracoabdominal sendo necessário maiores esclarecimentos sobre a melhor via de acesso para, abordagem efetiva, simples e com menor morbidade 9,,11. Assim, este artigo tem por objetivo comparar a lavagem pleural por toracotomia e a drenagem pleural simples nos pacientes vítimas de ferimentos toracoabominais com lesão diafragmática associada à injúria do trato gastrointestinal.

ABCD Arq Bras Cir Dig 8;21(1):16-17 MÉTODOS Durante o período de abril de 4 a setembro de 6, 92 pacientes vítimas de ferimento penetrante toracoabdominal foram admitidos e operados na emergência do Hospital da Restauração, acompanhados prospectivamente. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do mesmo hospital. Todas as vítimas selecionadas, além da lesão penetrante em ambas as cavidades (tórax e abdômen), tiveram lesão diafragmática associada à contaminação biliar ou gastroentérica, com potencial comprometimento da cavidade torácica. No momento da admissão, na sala de emergência, todos os pacientes foram atendidos e reanimados conforme os princípios do Suporte Avançado à Vida no Trauma (ATLS). As seguintes informações foram analisadas dos prontuários e mapas médicos de cada paciente: dados demográficos, tipo de arma utilizada na agressão, tempo entre a lesão e o ato cirúrgico, sintomas e exames físicos, achados e condutas intra-operatórias, lesões associadas, evolução clínica, morbidade e mortalidade. O Escore de Trauma Revisado (RTS) foi determinado e as feridas diafragmáticas foram graduadas conforme a Escala de Injúria Orgânica da Associação Americana para a Cirurgia do Trauma (AAST). Todos os pacientes com potencial contaminação biliar ou gastroentérica na cavidade pleural proveniente do estômago, cólon, intestino delgado, pâncreas, vesícula ou canais biliares foram incluídos. As feridas das três últimas vísceras foram consideradas, mesmo que seus conteúdos sejam normalmente estéreis, por causa do risco de digestão de tecido pulmonar por suco pancreático alcalino com lipase, e a dissolução de surfactante por bile podendo levar à necrose do pulmão e empiema. Todos foram submetidos à laparotomia exploradora depois da inserção da drenagem torácica do lado atingido, quando identificada alguma anormalidade torácica ainda no pré-operatório. Lacerações nas vísceras abdominais ocas foram imediatamente clampeadas e suturadas para evitar contaminação maior. Os pacientes que, na interpretação do cirurgião, não tiveram contaminação grosseira entre as cavidades abdominal e torácica, foram conduzidos apenas com drenagem torácica, após frenorrafia, reparo e limpeza das injúrias abdominais. Nos demais casos de grandes contaminações, os pacientes foram submetidos à toracotomia ântero-lateral ipsilateral a injúria diafragmática para limpeza torácica, depois de concluída a laparotomia. Todos os fios utilizados no reparo diafragmático foram de monofilamento não-absorvível. Foram divididos em dois grupos: pacientes com contaminação entre as cavidades torácica e abdominal que necessitaram de toracotomia ântero-lateral para lavagem torácica (CL), e as outras vítimas onde a injúria torácica foi somente conduzida com drenagem em selo d água (SL). Os pacientes foram acompanhados no período pós-operatório até a alta hospitalar com vistas ao aparecimento de complicações sépticas na cavidade torácica e levantamento da morbi-mortalidade de ambos os grupos. RESULTADOS Dentre os 92 pacientes estudados, quatro (4,34%) eram do sexo feminino e 88 (95,56%) do masculino. A idade média foi de 26,61 anos, variando de 14 a 71 anos. A faixa etária mais acometida foi de 21 a anos. Comparando-se os grupos em estudo (SL x CL), encontrou-se idade média sem lavagem torácica de 26,53 anos em homens e 35,66 anos nas mulheres, enquanto no grupo com limpeza torácica por toracotomia ântero-lateral foi de 25,33 anos para homens e 22 para mulheres. Quanto ao tipo de arma utilizada, ocorreram 73 agressões por arma de fogo (62 SL x 11 CL) e 19 ferimentos por arma branca (17 SL x 2 CL). O único paciente com ferimento contuso toracoabdominal foi excluído do estudo, pois faleceu nas 72h devido à gravidade das lesões associadas. O Escore de Trauma Revisado (ETR) foi determinado para cada grupo. Nos pacientes conduzidos apenas com drenagem torácica, sem limpeza da cavidade pleural (grupo SL), a média do ETR foi 11,25. Por sua vez, os pacientes submetidos à toracotomia para lavagem torácica obtiveram,84 do escore em questão. O número e o grau da lesão diafragmática estão demonstrados na Tabela 1. A maioria dos pacientes teve uma lesão no diafragma grau III em ambos os grupos estudados. TABELA 1 - Distribuiçao absoluta e percentual dos pacientes de acordo com a escala de lesões diafragmáticas da Associação Americana de Cirurgia do Trauma nos grupos de estudo Grau Definição n de pacientes n de pacientes - SL 1 - CL 2 I Contusão 2 (2,53%) (%) II Laceração < 2 cm 36 (45,56%) 2 (15,38%) III Laceração 2- cm 38 (48,1%) 9 (69,23%) IV Laceração > cm com < 25 cm de perda tecidual 3 (3,79%) 2 (15,38%) V Laceração > 25 cm de perda tecidual (%) (%) SL: Grupo conduzido apenas com drenagem torácica, sem lavagem pleural CL: Grupo submetido ã lavagem torácica por toracotomia ântero-lateral Quarenta e seis pacientes (%) sofreram lesão no hemidiafragma direito, outros 37 (,21%) no hemidiafragma esquerdo e nove (9,78%) tiveram injúria diafragmática bilateral (Gráfico 1). SL CTAL TOTAL DIRE ITO 53,76 ESQUERDO 36,7 61,53,21 BILATERAL,12 7,69 9,78 GRÁFICO 1 Incidências das lesões de acordo com o lado da injúria diafragmática

18 Morbimortalidade dos ferimentos penetrantes toracoabdominais associados ao trauma diafragmático e do trato digestório A contaminação gastroentérica e biliar na cavidade pleural foi causada com maior freqüência por lesões das vias biliares (56,75%) no grupo sem lavagem torácica, e por injúrias gástricas e biliares (44,44% cada) no grupo submetido à toracotomia. A disposição dos órgãos lesados em cada grupo está exposta no Gráfico 2 e 3. 25% % 15% % 5% % 19% 15,38% 15,19% 15,38% 2,53% % 23% 11,% 7,% 6,32% 15,38% 5% SL CL 2,53% 1,27% % % ATELECTASIA PNEUMONIA DERRAME PLEURAL INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA ENCARCERAMENTO PULMONAR EMPIEMA PLEURAL MEDIATINITE ÓBITO VIAS BILIAR ES ESTÔMAGO IN TESTIN O GROSSO IN TESTIN O PÂNCREAS DUODENO DELGADO O tempo médio de internamento foi avaliado em cada grupo de estudo e também estratificado pelo tipo de arma utilizada. Encontrou-se média de 13,48 dias nos pacientes conduzidos somente com drenagem(sl). Avaliou-se o tempo médio de antibioticoterapia, em dias, nos grupos de estudo sendo maior nos pacientes submetidos à toracotomia para limpeza cavitária (14,38 dias), quando comparados aos conduzidos apenas com drenagem torácica (9,63 dias). O tempo de permanência do dreno torácico em selo d água nos grupos foi pouco superior no CL (,38 dias) versus 8,93 no SL. As complicações apareceram em maior número no grupo SL, havendo predominância da atelectasia em ambos os grupos (Gráfico 4). DISCUSSÃO Distribuiçao absoluta Percentual lesados GRÁFICO 2 - Distribuição absoluta e percentual dos órgãos abdominais lesados grupo SL VIAS BILIAR ES ESTÔMAGO IN TESTIN O GROSSO IN TESTIN O PÂNCREAS DUODENO DELGADO Distribuiçao absoluta Percentual lesados GRÁFICO 3 - Distribuição absoluta e percentual dos órgãos abdominais lesados grupo CL As lesões diafragmáticas são incomuns. A incidência delas não é estimada na literatura. Em uma revisão, as lesões diafragmáticas ocorreram com média de 3% de todas as lesões abdominais penetrantes. Outros pesquisadores GRÁFICO 4 Complicações torácicas chegaram a incidência calculada de,8% de lesões diafragmáticas no trauma abdominal fechado 13. No período deste estudo, obteve-se apenas um caso de lesão diafragmática por trauma contuso, que, pela intensidade do trauma, foi a óbito antes de 72h, e, portanto, excluído. As lesões penetrantes permanecem a causa mais comum de lesões diafragmáticas com proporção para as lesões fechadas de 2:1 14, sendo que os dados deste trabalho mostraram maior incidência com as armas de fogo em relação à branca (79,3% x,7%). Boulanger et al. 15 compararam a incidência de lesões associadas nos casos de ruptura diafragmática direita e esquerda e citaram incidência de % de lesões intraabdominais associadas. Encontraram ainda incidência de 93% de lesões hepáticas nas rupturas do diafragma direito, em comparação com 24% do esquerdo. Lesões intra-abdominais associadas foram relatadas em 122 de 163 pacientes (75%) que apresentavam lesões penetrantes no diafragma 16. Em uma série de 165 pacientes com lesões diafragmáticas, onde 154 eram devidas à lesões penetrantes, foi relatada média de duas lesões associadas em pacientes com ferimento por arma branca e três por arma de fogo 17. Esta série mostrou incidência de % de lesões gástricas, 12% a 18% de lesões pulmonares, colônicas, esplênicas e renais. No estudo em questão, encontrou-se 55% de lesões do fígado e vias biliares, 24% gástricas, 2.3% duodenal, 3.8% no intestino delgado e no pâncreas, e.8% de lesões associadas com intestino grosso Em extensa revisão foram analisadas 32 séries de casos de lesões diafragmáticas na literatura com o intuito de determinar a incidência de lesões em relação ao lado 18. Entre esses pacientes, 1.187 (75%) apresentavam lesões esquerdas e 363 (23%) direitas. Trinta e nove (2%) tinham lesões bilaterais. Lesão em ambos os lados é relativamente incomum. Ela foi primeiramente relatada por Manlove e Baronofsky em 1995 19. Nesta casuística, encontrou-se no número total de casos, % de injúria ao hemidiafragma direito,.21% no esquerdo e 9.78% bilaterais. Nos casos nos quais parece haver contaminação cruzada maciça entre as cavidades pleural e peritoneal, alguns autores recomendam rotineiramente a execução de toracotomia ântero-lateral com intuito de visualizar completamente a cavidade hemitorácica ipsilateral e evacuar todo o material contaminante. Isto é seguido por lavagem copiosa com solução salina estéril e a colocação de dois

ABCD Arq Bras Cir Dig 8;21(1):16-19 tubos torácicos, um dos quais curvo e colocado no seio costofrênico,21,22. Nos casos nos quais foi contaminada a cavidade pericárdica, ela deve ser copiosamente lavada através da laceração e drenada separadamente sem extensão da incisão laparotômica para esternotomia mediana, evitando-se osteomielite esternal. Entretanto, sabe-se que a limpeza da cavidade pleural por via transdiafragmática (ampliando a lesão existente) já foi realizada e concluiuse que a eficácia desse acesso cirúrgico tem resultado comparado à simples drenagem de tórax e à toracotomia tradicional 13. Na revisão de 33 séries da literatura, a menor mortalidade foi relatada por Manson et al. 24 (nenhum óbito em 35 pacientes) e a maior por Boulanger et al. 15 (41% em 8 pacientes). A mortalidade das séries que relataram predominantemente lesões diafragmáticas fechadas tendiam a ser maiores. Na série aqui apresentada de 92 casos, encontrouse mortalidade geral de 2,17% (2,52% no grupo SL x % no grupo CL). Mas, essa baixa incidência talvez derive do pequeno número de casos e do fato de terem-se excluídos os pacientes mais graves que morreram nas primeiras 72h. A morbidade causada nas lesões diafragmáticas pode ser subdividida naquelas diretamente relacionadas à lesão ou à operação direcionada para correção da injúria, e aquelas relacionadas ao trauma subjacente e às lesões associadas 15. A morbidade causada nos primeiros casos inclui a deiscência da linha de sutura e falha na correção do diafragma; paralisia hemidiafragmática secundária à lesões iatrogênicas aos nervos frênicos, insuficiência respiratória, empiema e abscessos subfrênicos, que são geralmente manifestados no período da lesão aguda 16,17,18. Alguns estudos relataram incidência de 68% de atelectasia e colapso lobar que exigiu broncoscopia, 23% de derrame pleural, 18% de pneumonia e 14% de complicações sépticas decorrentes de ruptura diafragmática fechada,. No corrente estudo, identificaram-se as seguintes incidências de complicações gerais, predominantemente infecciosas: atelectasia (19% no SL x 15.3% no CL), pneumonia (15.1% no SL x 15.3% no CL), derrame pleural (2.5% no SL x % no grupo CL), insuficiência respiratória (11.4% no SL x 23% no CL), encarceramento pulmonar (6.3% no SL x 7.7% no CL), empiema pleural no hemitórax cujo diafragma foi lesado (5% no SL x 15,3% no CL) e mediastinite (1.2% no SL x % no CL). Evidenciou-se ainda que, no grupo SL, 3.8% dos pacientes submeteram-se no pós-operatório à toracotomia ântero-lateral para limpeza da cavidade pleural, motivados pelo quadro clínico séptico e alterações torácicas clínico-radiográficas compatíveis com foco infeccioso pleural. Já no grupo CL, houve incidência de 7,7% de re-operação torácica para nova limpeza pleural pelos mesmos motivos descritos. COnCLUSÃO A lavagem pleural através da toracotomia ânterolateral nos pacientes vítimas de ferimentos penetrantes toracoabdominais com lesão diafragmática e do trato digestório evoluíram com maior morbidade, quando comparados com os que realizaram apenas drenagem torácica sob selo d água. Fonseca-Neto OCL, Willer H, Miranda AL. Morbimortality of penetrating thoracoabdominal injuries associated to diaphragmatic and digestive tract trauma. ABCD Arq Bras Cir Dig 8;21(1):16- ABSTRACT - Background Diaphragmatic injury in trauma is uncommon, but it is a clinical entity with lifethreatening condition and high incidence of associated injuries. Aim - To demonstrate the effectiveness of thoracic washing through thoracotomy or thoracic drainage alone in wounds with diaphragmatic injury associated to gastrointestinal perforations. Methods - Prospective study in patients admitted in the trauma unit of the Restauração Hospital (Recife PE, Brasil) between April /4 and September/6. All the patients were adult (> 13 years) and victims of penetrating wounds associated with digestive and diaphragmatic injuries. The patients were divided in two groups according to surgical treatment: thoracic washing through thoracotomy and simple thoracic drainage. Results Ninety-two patients were selected. The medium age was 26,6 years. There were 73 gunshot injuries and 19 stabs. The Revised Trauma Score (RTS) varied from 7,28 to 7,55. Thoracic washing was used in 13 patients. Forty-six patients (%) suffered injuries in right hemidiaphragm; 37 (.21%) in left and 9 bilateral (9.78%). Pulmonary atelectasis, pleural effusion and mediastinal infection were more frequent in the drainage group. Respiratory insufficiency, pulmonary imprisonment and pleural empiema were more frequent in washing group. Conclusions Higher morbidity occurred with thoracic washing patients when compared to the ones submitted to simple drainage procedure. headings Diaphragmatic trauma. Emergency surgery. Digestive system. Postoperative complications. REFERÊnCIAS 1. Advanced Trauma Life Support Student Manual. American College of Surgeons. Disponível em: http: www.facs.org trauma atls changes. 2. Mattox KL, Feliciano DV, Moore EE. (ed) Trauma. 4ª ed. New York: MacGraw- Hill,. 3. Steinman M, Steinman E, Poggetti RS, Birolini D. Condutas em cirurgia de urgência. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 3. 4. Kawahara N, Aester C, Fontes B. Videolaparoscopia no trauma toracoabdominal. In: Poggetti R, Fontes B, Birolini D. 1ª ed. Cirurgia do Trauma. São Paulo: Roca; 7. Cap. 27, 257-263. 5. Kawahara N, Zantut LF, Fontes B, et al. Laparoscopic treatment of gastric and diaphragmatic injury produced by thoracoabdominal stab wound. J Trauma 1998; 45 (3):613-614. 6. Saad Jr R, Rodrigues FCM, Rasslan S, Rahal F. 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