1 UTILIZAÇÃO DA LAMA ABRASIVA DO MÁRMORE PARA CALAGEM, CORREÇAO DE ACIDEZ DO SOLO E ADIÇÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES ROSÁRIO, Douglas Lima do 1 LEAL, Juliana Motta 2 AZEVEDO, Otoniel Aquino de 3 INTRODUÇÃO Quando se fala em resíduos de rochas ornamentais, mármore e granito, automaticamente se pensa em prejuízos causados por estes ao meio ambiente. Todavia, este mesmo material residual, depois de receber tratamento devido, pode contribuir com melhorias no solo para plantio, na construção civil e na vida de muitas pessoas que retiram de tais práticas o seu sustento. Tem-se a informação da média de produção de resíduo de mármore entre 5 e 6 toneladas ao dia somente em nosso Estado. Este resíduo, conhecido por lama abrasiva, será utilizado na melhoraria da qualidade do solo para plantio, com o objetivo de aumentar a rentabilidade de produtores rurais e reduzir o impacto causado ao meio ambiente pelo descarte indevido deste matérial. MATERIAL E MÉTODOS Será utilizado como área para plantio e análise dos resultados através do cultivo das espécies em vasos ornamentais de plástico de aproximadamente 20 1 Graduando do Curso de Química do Centro Universitário são Camilo-ES, douglasl.rosario@gmail.com; 2 Graduanda do Curso de Química do Centro Universitário são Camilo-ES, juneoqeav@hotmail.com; 3 Professor orientador do colegiado de Química do Centro Universitário São Camilo. Cachoeiro de Itapemirim ES, agosto de 2013.
2 litros, por no máximo 64 dias, assim como lama abrasiva de mármore, sementes de feijão, milho e capim branquearão. Após a coletagem da lama abrasiva na empresa de mármore, ela passará por secagem e análises qualitativas e quantitativas do teor de calcário e outros componentes. O solo que receber a correção de ph e adição de nutrientes, também passará por uma análise qualitativa e quantitativa, a fim de saber a quantidade de material tratado a ser utilizado. Assim que obtivermos os resultados da análise do solo, iremos moldar a lama abrasiva tratada, para que ela possa atender as necessidades deste. DESENVOLVIMENTO Dentre os fatores ambientais do solo, os ligados à acidez (ph, saturação por bases, acidez potencial e solubilidade de nutrientes) são os que mais interferem na produtividade agrícola, especialmente nas regiões tropicais (SANCHES; SALINAS, 1983). De acordo com Malavolta (2006), a baixa fertilidade encontrada nos solos ácidos está associada, em grande parte, à pobreza em bases trocáveis e ao excesso de alumínio e manganês. Além disso, o uso constante de fertilizantes que acidificam o solo agrava o problema, se um programa bem planejado de calagem não for implementado. Origem da acidez do solo Os solos podem ser naturalmente ácidos devido à pobreza em bases do material de origem, ou a processos de formação que favorecem a remoção de elementos básicos como K, Ca, Mg, Na, etc. Alem disso, os solos podem ter sua acidez aumentada por cultivos e adubações que levam a tal processo. Há duas maneiras principais que provocam a acidificação do solo. A primeira ocorre naturalmente pela dissociação do gás carbono: CO 2 + H 2 O H + + HCO 3-. O H + transfere-se então para a fase sólida do solo e libera um cátion trocável, que será lixiviado com o bicarbonato. Esse fenômeno é favorecido por valores de ph elevado, tornado-se menos importante em ph baixos, sendo inexpressivo a ph de 5,2. A segunda causa da acidificação é ocasionada por alguns fertilizantes
3 (sobretudo os amoniacais e a ureia) que durante a sua transformação no solo (pelos microorganismos) resulta H +. + Amoniacal: 2NH 4 + 30 2 2NO 2- + 2H 2 O + 4H + Ureia: CO (NH 2 ) 2 + 2H 2 O (NH 4 ) 2 CO 3 O H + produzindo, como no primeiro caso, libera um cátion trocável para a solução do solo, que será lixiviado com o ânion acompanhante, intensificando a acidificação do solo. Ainda como uma terceira causa importante da acidificação dos solos, a hidrólise de alumínio a qual produz íons de H +. Al 3+ + 3H 2 O Al (OH) 3 + 3H + (LOPES, 1991) Métodos para recomendação de calagem Segundo LOPES, os vários métodos para recomendação de calagem; no Brasil são utilizados principalmente três: Neutralização do alumínio Solução tampão SMP Saturação por bases Benefícios da calagem A calagem adequada é uma das práticas que mais benefícios traz ao agricultor, sendo uma combinação favorável de vários efeitos: Eleva o ph; Fornece Ca e Mg como nutrientes; Diminui ou elimina os efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe; Diminui a fixação de P; Aumenta a disponibilidade do N, P, K Ca, Mg, S e Mo no solo; Aumenta a atividade microbiana e a liberação de nutrientes, tais como N, P, S e B, pela decomposição da matéria orgânica;
4 Melhora as propriedades físicas do solo, proporciona melhor aeração, circulação de água, favorecendo o desenvolvimento das raízes das plantas; Aumenta a produtividade das culturas como resultado de um ou mais dos efeitos anteriormente citados. (ALCARDE, 2005) Macro e Micronutrientes A planta necessita de alguns elementos essenciais para sua sobrevivência, são eles: Nitrogenio, Carbono, Fosforo, Magnesio, Calcio, Enxofre, Mazoto, Ferro, Maganes, Zinco, Boro, Cobre, Molibdênio e Cobre. Eles são 2 classes; Macronutrientes Nitrogenio, Fosforo, Magnesio, Calcio, Enxofre e Mazoto. Micronutrientez Ferro, Maganes, Zinco, Boro, Cobre, Molibdênio e Cobre. RESULTADOS E DISCUSSÃO O calcário não substitui o adubo, nem o adubo substitui o calcário. São produtos complementares que aumentam a produção. Com sua função de reduzir a acidez do solo o calcário potencializa os efeitos dos fertilizantes e é fonte de macronutriente cálcio e magnésio, que em nossa amostras apresenta um valor de 49,669% e 20,975 respectivamente, sendo último constitui o centro da cadeia de clorofila, pigmento das células vegetais, responsável por fixação de energia luminosa em química. Foram propostos diversos experimentos com diferentes culturas em solos com correção e sem correção de acidez, os resultados podem ser observados nas tabelas abaixo. Tabela 1: Resultado obtido com a adição do corretivo na cultura do Milho. CASA DE VEGETAÇÃO COLHEITA 64 DIAS Raiz (g) Aérea (g) Total (g) MILHO Sem corretivo 48,6 101,0 148,5 Com corretivo 232,5 169,5 402,0 Aumento (%) 379,4% 63,0% 163,6%
5 UTILIZADOS 2 VASOS - APLICAÇÃO EQUIVALENTE 2,1 TONELADAS/ha DE CORRETIVO CALCÁRIO DOLOMITICO Tabela 2: Resultado obtido com a adição do corretivo na cultura do feijão. CASA DE VEGETAÇÃO COLHEITA 64 DIAS FEIJÃO Raiz (g) Aérea (g) Total (g) Sem corretivo 88,8 78,8 167,6 Com corretivo 205,5 195,5 401,0 Aumento (%) 131,4% 148,1% 139,3% UTILIZADOS 2 VASOS - APLICAÇÃO EQUIVALENTE 2,1 TONELADAS/ha DE CORRETIVO CALCÁRIO DOLOMITICO Tabela 3: Resultado da quantidade de vagem obtida com a adição de corretivo à cultura do feijão. CASA DE VEGETAÇÃO COLHEITA 63 DIAS Vagens (nº) Peso (g) FEIJÃO Sem corretivo 4,0 8,5 Com corretivo 16,0 41,0 Aumento (%) 300,0% 382,4% Tabela 4: Resultado obtido com a adição de corretivo na cultura de Capim Braquearão. CASA DE VEGETAÇÃO COLHEITA 64 DIAS Raiz (g) Aérea (g) Total (g) Sem calcário 288,0 69,5 357,5 CAPIM BRAQUIARÃO Com calcário 615,5 206,5 822,0 Aumento (%) 113,7% 197,1% 129,9% UTILIZADOS 2 VASOS - APLICAÇÃO EQUIVALENTE 2,1 TONELADAS/ha DE CORRETIVO CALCÁRIO DOLOMITICO
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos a partir deste trabalho que a calagem, correção da acidez do solo e adição de macro e micronutrientes contribui para um cultivo de maior qualidade possibilitando resultados satisfatórios na produção agrícola das lavouras em geral, tendo como exemplo o plantio de café e de capim para pastagem de bovinos. O calcário obtido através do corte do mármore, chamado de lama abrasiva, pode se torna uma alternativa sustentável para as empresas de beneficiamento de mármore, pois substitui o calcário que utilizado para correção de solo, por apresentar características parecidas e ser de menor custo para o pequeno e médio produtor rural. A correção com calcário é garantia de melhor produtividade, maior rentabilidade e de uma colheita satisfatória. Ela corrige a acidez que atrapalha o rendimento das lavouras, aumentando sua produção, segundo pesquisa realizada pela MOCAL Moageira de Minérios Cachoeiro S.A e INCAPER Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural. REFERÊNCIAS SOUZA, José Gonçalves de. Curso de especialização em análise ambiental. Minas Gerais: UFJF, 2007. LOPES, Alfredo Sheid; SILVA, Marcelos de Carvalho; GUILHERME, Luiz Roberto Guimarães. Acidez do Solo e Calagem, Boletim Técnico nº 01. São Paulo: ANDA, 1991. 17 p.