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Transcrição:

Monsanto Monsanto é uma das 17 freguesias do concelho de Idanha-a-Nova. Tem uma área de cerca de 18 hectares e situa-se a nordeste do território concelhio - o cabeço de Monsanto - que interrompe abruptamente na campina e que, no seu ponto mais elevado, atinge 758 metros. Monsanto dista cerca de 25 Km de Idanha-a-Nova, sede do concelho. O acesso a esta localidade faz-se pela Estrada Nacional 239 e pela Estrada Municipal 567. Trata-se de um local muito antigo, com registo de presença humana desde o Paleolítico. Vestígios arqueológicos dão conta de um castro lusitano e de villae e termas romanas no denominado campo de S. Lourenço, no sopé do monte. Em 1174 Monsanto recebeu foral do monarca, o qual foi confirmado por D. Sancho I, em 1190, que, ao mesmo tempo, a mandou repovoar e reedificar a fortaleza desmantelada nas lutas contra Leão; mais tarde, em 1217, D. Afonso II confirmou novamente o primeiro foral. A Ordem do Templo mandou reedificar a fortaleza e as muralhas em 1293. Em meados do séc. XVII D. Luis de Haro, ministro de Filipe IV, tentou o cerco a Monsanto, sem sucesso. Maistarde, no início do século XVIII, o Duque de Berwick põe também cerco a Monsanto. Já no século XIX, o imponente castelo medieval de Monsanto foi parcialmente destruído pela explosão acidental do paiol de munições, restando actualmente apenas duas torres, para além das belíssimas ruínas da Capela de S. Miguel. Programa de Intervenção A preservação de Monsanto visa recuperar para a povoação a dimensão original que teve até há algumas dezenas de anos e cujas particularidades são suficientemente atractivas para a dinamização turística e cultural.

Castelo Rodrigo Castelo Rodrigo situa-se sobre uma alta e isolada colina, na cota 770m a 820m. Localiza-se nos vastos territórios de Riba Côa, a 10 Km da margem direita do rio Côa, próximo da Ribeira de Aguiar, 3 Km a sul de Figueira de Castelo Rodrigo e a 12,5 Km da raia espanhola. Encontra-se na confluência da Estrada Nacional 332, vinda de Almeida, e da estrada Nacional 221, vinda de Pinhel. Os vestígios mais antigos da presença do homem no território são achados do Paleolítico. A cultura megalítica e a cultura castreja reflectem-se na sua toponímia. O domínio romano apresenta muitos vestígios na região. Existem lápides epigrafadas e dezassete estações arqueológicas no concelho, na sua maioria restos de villae romanas. A passagem dos muçulmanos ficou marcada por vestígios ainda existentes na cisterna e nalgumas casas no interior do Castelo. As primeiras referências escritas datam da época da Reconquista e mostram a importância que tinha para os reis de Leão o repovoamento deste território: foi- lhe atribuído o título de vila e foi elevada a concelho por Afonso IX de Leão. As doações feitas aos frades Salamantinos, fundadores da Ordem de S. Julião do Pereiro, e aos primeiros frades de Santa Maria de Aguiar, oriundos de Zamora, revelam uma idêntica preocupação com a reorganização e povoamento desta área, de que o convento de Santa Maria de Aguiar é, hoje, importante testemunho. Castelo Rodrigo, povoação fortificada desde a mais remota antiguidade, foi integrada definitivamente no território português a 12 de Setembro de 1297, pelo tratado de Alcanizes; D. Dinis, que confirma o seu Foral em Trancoso, em 1296, mandou repovoar e reconstruir o Castelo. Sendo palco de constantes guerras, D. Fernando mandou novamente reparar as suas muralhas. Durante a crise de 1383-85 de novo a Vila se despovoou e caiu em ruínas. D. Manuel mandou, novamente, que fosse repovoada, bem como restaurado o Castelo, tendo-lhe dado Foral Novo em 25 de Junho de 1508. Os dois primeiros reis da Dinastia dos Filipes instituíram o condado e o marquesado de Castelo Rodrigo fez erigir,

em 1590, um magnífico palácio residencial no interior da antiga alcáçova. A 10 de Dezembro de 1640 a população de Castelo Rodrigo, revoltada contra o fidalgo, pôs fogo ao palácio do traidor. Após as Guerras da Restauração Castelo Rodrigo foi perdendo a sua importância e, a 25 de Junho de 1836, por Carta Régia de D. Maria II, a sede de concelho passou para a povoação de Figueira de Castelo Rodrigo. Almeida O Concelho de Almeida é constituído por 29 freguesias e apresenta uma riqueza histórico/ patrimonial assinalável, consolidada na existência de três centros históricos: as aldeias medievais de Castelo de Mendo e Castelo Bom e o núcleo histórico da vila de Almeida. O concelho é servido pela Linha da Beira Alta e pelo IP5. Este itinerário tem dois nós de acesso ao concelho, um através da Estrada Nacional 324 e outro em Vilar Formoso. Almeida está associada a períodos agitados da história de Portugal, de guerras e escaramuças em tentativas de soberania sobre o território. Um passado militar que hoje se reflecte sobre suas as robustas alvenarias de granito- fortalezas abaluartadas. Crê-se que a sua fixação humana tenha acontecido durante o domínio romano, em Enxido de Sarça, a cerca de 1 Km a norte da localização actual, onde têm sido encontrados vestígios abundantes. Durante a reconquista cristã, em 1039, Um século depois D. Sancho I, reconquistou-a e reconstruiu e ampliou as suas muralhas. Em 1296, D. Dinis mandou reconstruir o castelo e as muralhas. De imediato cercada pelos leoneses, que não conseguiram vencer, só pelo Tratado de Alcanizes, em 1297, Almeida e as terras em volta passaram para a jurisdição portuguesa. Durante o reinado dos Filipes de Espanha as fortalezas da fronteira foram caindo em ruínas por decisão política de não permitir a sua separação. Foi logo após 1640, com a Restauração da Independência, que começaram as obras de fortificação moderna, tal como chegou até aos nossos dias, de traçado abaluartado.

Durante a guerra de Restauração Almeida foi considerada a verdadeira chave de segurança da Província da Beira, nunca tendo sido tomada. Em 1736, com D. João V, foi traçada e iniciada a construção da Praça Forte de Almeida que se considerava a praça militar mais importante do reino. Em 1763 o Conde de Lippe pedia a reconstrução das muralhas. As invasões francesas marcaram Almeida para sempre com a explosão do Castelo, por incúria, na noite de 26 de Agosto de 1810. Iniciaram-se novamente obras de restauro das muralhas que se arrastaram por mais de 13 anos. Em 1844, os revoltosos de Torres Novas, danificaram bastante as muralhas. A sua reconstrução deu-se a partir de 1853. A revalorização do ambiente militar do passado no imaginário colectivo é determinante para a captação de fluxos turísticos que consolidem um centro comercial desenvolvido, pólo de atracção das populações envolventes, portuguesas e espanholas. Castelo Mendo implantada, a 756m de altitude. A aldeia domina uma paisagem agreste e recortada, de vales cavados, o que lhe confere uma ambiência de certa forma rude e agressiva. A leste e a sul circunda-a o rio Côa. A aldeia tem como principal eixo viário de acesso a Estrada Nacional 16, sendo também servida pela Linha da Beira Alta (Vilar Formoso). Pela sua localização em zona fronteira, a evolução histórica de Castelo de Mendo está profundamente ligada à vocação militar de defesa e consolidação do território nacional. A estrutura urbana do aglomerado data dos primeiros tempos da Monarquia. Por ali passavam também as vias romanas de ligação a Almeida e à Guarda. Com as invasões dos bárbaros e, mais tarde, dos muçulmanos, Castelo Mendo caiu em ruínas. E assim D. Sancho I a terá encontrado, tendo ordenado a reedificação do seu castelo. D. Sancho II mandou reforçar e ampliar muralhas, concedendo-lhe novo foral em 1239. D. Dinis, em 1285, remodelou o Castelo e ampliou de novo a cerca das muralhas. D. Fernando manda de novo restaurar as muralhas, já no último quartel do séc. XIV. Esta fortificação desempenhou um papel de assinalada importância durante a época medieval e também no séc. XIX. Situada na ala sudoeste do concelho da Almeida, do qual dista 19 Km, a aldeia medieval de Castelo Mendo encontra-se

Linhares romano, pequena tribuna sobrelevada, com um banco ao redor e uma mesa onde se tomavam decisões comunitárias ou se faziam julgamentos. É uma construção original e única: o granito, tão característico da região, é aqui integralmente utilizado. Linhares localiza-se a cerca de 810 metros de altitude, numa das faldas da Serra da Estrela, no concelho de Celorico da Beira, acerca de 4 Km da Estrada Nacional 17 que liga Coimbra à Guarda. A origem da povoação remonta a 580-500 a.c. e terá sido fundada pelos Túrdulos. Entre o séc. III a.c. e a ocupação romana foi habitada pelos Lusitanos. Quando os Romanos conquistaram a Península Ibérica Linhares continuou habitada e passou a ser atravessada por uma importante estrada romana que ligava Emerda a Braccara Augusta (Braga). Restos de estrada romana são ainda bem visíveis na calçada tão peculiar que existe no meio de nada, pedras grandes bem polidas, memória de um passado muito distante. Existe também a ruína de um fórum Com a progressiva chegada dos Bárbaros à Península, Linhares foi marco de cristianização, tendo-se tornado, com os Visigodos, sede da Diocese. Com a invasão muçulmana, que ocorreu após anos de existência pacífica destas comunidades, tudo se alterou. Viveu-se um clima de insegurança, com as povoações a voltarem-se sobre si mesmas, tendo a agricultura como única fonte de subsistência. As informações sobre Linhares nessa época contradizem-se: ora a dão como destruída e arruinada no séc. VIII, ora apresentam o castelo como tendo origem numa fortificação moura. Há inúmeras lendas que relacionam Linhares com a presença moura, tal como histórias de mouras encantadas que permaneceram no imaginário das suas gentes. Uma das lendas mais citadas respeita à vitória dos habitantes de Linhares sobre as hostes do chefe muçulmano Zuzar que ocupava o castelo de Azuzara, próximo de Mangualde. Este facto terá sido comemorado até ao séc. XVII numa romagem a uma capela onde existiu o Castelo de Azurara e de onde se avistava Linhares.

Em 1169, D. Afonso Henriques conquistou definitivamente Linhares aos mouros, integrando-a numa linha defensiva da região, da qual faziam parte Trancoso e Celorico da Beira; em Setembro desse mesmo ano concedeu-lhe foral. O primeiro senhor de Linhares foi o próprio rei: os moradores do concelho não teriam outro senhor a não ser o rei ou seu filho. No entanto, o período de instabilidade prosseguiu e, segundo a tradição, no reinado de D. Sancho II, em 1198, a Beira foi invadida por castelhanos e leoneses que se apoderaram de Celorico. O seu alcaide Gonçalo Mendes, pediu então auxílio ao seu irmão Rodrigo Mendes, alcaide de Linhares, ambos filhos do Alcaide de Castelo Mendo, D. Mendo Mendes. Conta a tradição que este combate se realizou numa noite de Lua Nova, que iluminou os combatentes, e que estes, combatendo com bravura, derrotaram o inimigo. Ainda hoje as bandeiras de Linhares da Beira e Celorico da Beira ostentam um crescente e cinco estrelas. Linhares foi doado a D. Isabel, filha bastarda de D. Fernando, que se casou com D. Afonso, filho bastardo de D. Henrique II de Castela. A sucessão ao trono dividira Portugal, e o alcaide de Linhares, apesar da oposição de toda a população entregou o castelo ao rei de Castela. Linhares conheceu, a partir daquela época e durante cerca de dois séculos, um período de grande prosperidade e desenvolvimento económico. D. João I, já aclamado rei nas Cortes de Coimbra, fez a doação destas terras a Martin Vasques da Cunha, pela recompensa dos serviços prestados. Em 17 de Abril de 1411 foi criada a casa senhorial do Infante D. Henrique, duque de Viseu e senhor Covilhã, a qual abrangia grande parte da comarca da Beira. Num total de 125 terras, 97 eram henriquinas.d. Manuel deu Foral Novo a Linhares em 1510. A época de prosperidade e desenvolvimento económico que se iniciara com a expansão atingiu o seu apogeu. Terá existido em Linhares uma colónia de judeus, tendo em conta os nomes que constam dos processos da Inquisição, como naturais da região. Dadas as características prováveis das habitações que serviam para comércio e residência, a judiaria situar-se-ia próxima do adro da Igreja, na parte superior da povoação, por aí se realizar uma feira. As habitações têm sinais característicos: cruzes apostas nos ombrais das portas, datas com referência à construção das casas, símbolos e outras inscrições. Esta simbologia encontra-se um pouco por toda a povoação. D. João III elevou Linhares a condado, tendo sido o primeiro Conde D. António de Noronha. Existiam duas paróquias na povoação que crescia e se desenvolvia: a da Nossa Senhora da Assunção, anteriormente de Santa Maria, que foi crescendo ao gosto das sucessivas épocas; e a de Santo Isidoro, que também sofreu transformações e onde, em 1576, foi instituída a Misericórdia, que teve o seu hospital na Albergaria.

O aparecimento dos solares, com características eminentemente barrocas, atesta a prosperidade económica das grandes casa que foram aparecendo nos séc. XVIII e XIX, hoje já assimiladas pelo conjunto e coexistindo com ele em perfeita harmonia. Muitas das actividades eram regidas por conselhos de vizinhos e tinham carácter comunitário, que ainda hoje se mantêm. No séc. XVIII a população diminuiu e a povoação declinou. Durante as Invasões francesas, de 1808 e 1810, Linhares ainda tinha sob a sua alçada seis concelhos. Em 1820 elegeu um deputado para as cortes, seguindo-lhe a sua estagnação e decadência. O concelho foi extinto em 1842, data em que passou a se apenas uma freguesia do Concelho de Celorico da Beira. Sortelha localiza-se na Beira Alta e pertence ao concelho do Sabugal. Situada a 773 metros de altitude, a sudoeste da Serra de S. Cornélio, assenta sobre terrenos graníticos e integra-se na zona do concelho onde se verificam simultaneamente as altitudes mais baixas e as encostas mais declivosas. Dista 12 Km do Sabugal e 14 KM de Belmonte. A ligação a Sortelha faz-se pela estrada que liga Castelo Branco à Guarda. Pela sua localização, Linhares possui condições excepcionais para a prática de parapente, sendo um centro de prática da modalidade desportiva já referenciado nos roteiros internacionais. Sortelha Sortelha é uma aldeia medieval: Pesquisas arqueológicas revelaram inúmeras sepulturas antropomórficas localizadas, sobretudo, em volta da igreja Matriz. A construção das muralhas da povoação

é, por tradição historiográfica, atribuída de D. Sancho I. Estas erguem-se em forma circular, fazendo corpo com enormes penedos. Castelo Novo No termo do antigo concelho de Sortelha conhecem-se vestígios da presença romana, como demonstra a Viam Veterum, desde a Porta Poente até ao chafariz da Azenha. No Brasão de Armas da antiga vila desenha-se um castelo e um anel. Sortija, Sortilia ou Sorteia são designações castelhanas para um jogo antigo de cavaleiros que consistia em enfiar a ponta de uma lança num anel de pedrarias que teria um elevado valor simbólico. D. Sancho II terá mandado fazer a primeira reedificação do castelo, concedendo foral à vila em 1228, que renova em 1238 de modo a defnder-los da linha de fronteira, então definida pelo rio Côa. Em plena Beira Baixa, Castelo Novo localiza-se na meia-encosta leste da serra da Gardunha, a 703 m de altitude, entre duas ribeiras. Acede-se à aldeia através da Estrada Nacional 18. Dista 18 Km do Fundão, e cerca de 35 KM de Castelo Branco. Castelo Novo é servida por um apeadeiro de caminho-de-ferro. O castelo perdeu então gradualmente a sua importância militar, embora tenha recebido obras de beneficiação nos reinados de D. Dinis, D. Fernando e D. Manuel I em 1510, altura da implantação do actual Pelourinho. Em 1640 o castelo foi, de novo, requalificado, devido à Guerra da Restauração. Programa de Intervenção Reforçada a dimensão museológica de Sortelha, factor de atracção turística e cultural, foi reabilitada e revitalizadado sócioeconómicamente de modo a favorecer a fixação da população, através do incremento da oferta turística e da actividades ligadas às artes e ofícios tradicionais, (tapeçaria, escultura e cestaria). Os vestígios arqueológicos conhecidos sugerem uma ocupação humana do território provavelmente desde o Calcolítico, projectando-se num crescendo de testemunhos que se referem às Idades do Bronze e do Ferro e se consolidam na colonização romana.

Desta podem ainda encontrar-se troços das suas vias e vestígios de explorações mineiras, para além de múltiplos outros achados. Idanha-A-Velha A existência de Castelo Novo, cuja índole medieval transparece ao primeiro olhar, é comprovada documentalmente no início do séc. XIII, no reinado de D. Sancho I. Em 1290 D. Dinis dá-lhe novo foral tendo mandado novamente repovoar e reconstruir o Castelo. Datam dessa época o Pelourinho e a Casa da Câmara que exibe as armas manuelinas e que tem ainda implantado na sua frontaria um belo chafariz de três bicas, também manuelino. Na primeira metade do séc. XVIII Castelo Novo sofre novo impulso construtivo, possivelmente com o ouro vindo do brasil, como atestam a sua Igreja Matriz (1732) e o Chafariz da Bica. Programa de Intervenção A recuperação dos edifícios e do espaço de Castelo Novo vai no sentido de realçar os vestígios do seu passado histórico. Idanha-a-Velha localiza-se a 15 Km da vila de Idanha-a-Nova, a 12 Km da aldeia de Monsanto e a 31 Km das Termas de Monfortinho, localidade termal que faz fronteira com Espanha. Conhecida pela sua beleza natural e pelos vestígios históricos que encerra, a aldeia de Idanha-a-Velha ocupa uma área de 4,5 hectares. A sua implantação faz com que apareça denominada paisagisticamente fortaleza de Monsanto. Idanha-a-Velha - capital da Cívicas Igaeditanorum da época romana.

Segundo os materiais arqueológicos encontrados, foi fundada na época romana - período de Augusto (séc. I a.c.). A forma actual deriva da forma visigótica Egitania e da árabe Idania. No centro da cidade encontrava-se o forum, certamente uma construção do séc. I. Trata-se de um espaço rectangular definido por um muro a toda a volta, hoje praticamente irreconhecível. corresponder às romanas. Antes se devem atribuir ao período muçulmano, ou mesmo ao período da Reconquista. Em 585 Idanha-aVelha terá ganho um novo impulso económico e políticoadministrativo pelo que indicam os abundantes elementos de construção ricamente decorados. O edifício actualmente designado por Sé Catedral é tradicionalmente atribuído àquele período. Na cabeceira oeste encontra-se o podium do templo, provavelmente dedicado a Vénus. Para sul do forum encontravam-se as termas. As dimensões das estruturas já escavadas sugerem tratarse de um edifício público. Os abundantes elementos de construção romanos, reaproveitados na muralha, indicam a existência de numerosos edifícios. Nos arredores foram encontrados um forno cerâmico e uma barragem que talvez abastecesse de água a cidade. Nos séc. III-IV o perímetro urbano contraiu-se com a construção de uma forte muralha que cercava apenas uma pequena parte daquilo que foi a cidade do Alto Império. As muralhas demonstram terem sido reconstruídas e modificadas ao longo do tempo. As portas actuais não parecem O baptistério datável dos séc. VI-VII, junto à porta sul da Sé, deve ser interpretado como o vestígio da primeira basílica paleocristã. Era o primeiro templo suevo, sobre o qual os bispos visigóticos erigiram a nova catedral que, sucessivamente reconstruída, deu o actual templo. Nesse período a Sé visigótica foi adaptada a mesquita. A Porta Norte deve ser atribuída àquela época, assim como os torreões de planta circular adoçados à muralha. A Ordem dos Templários. efectuou algumas obras militares das quais a mais conhecida é a torre que assenta sobre o podium do templo do forum. Programa de Intervenção A aldeia de Idanha-a-Velha é um local com características para o desenvolvimento de um turismo essencialmente cultural, pela sua condição de museu aberto e vivo em que, na diversidade do seu quadro arquitectónico, ressalta a herança dos mundos romano e visigótico em permanente (re)descoberta arqueológica.