NOTA INFORMATIVA. 3. Como se constata, as modificações introduzidas reconduzem-se aos seguintes aspectos:
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- Maria Luiza Batista Ribeiro
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1 NOTA INFORMATIVA Face às notícias que tem vindo a ser publicadas na imprensa, relacionadas com alegadas dificuldades na obtenção da isenção de Imposto sobre Veículos (ISV) pelas pessoas portadores de deficiência, informa-se o seguinte: 1. O Código do Imposto sobre Veículos, aprovado pela Lei n.º 22-A/ 2007, de 29 de Junho, procedeu a uma reformulação do regime fiscal automóvel existente em matéria de Imposto Automóvel (IA), tendo procedido à sua substituição por um novo imposto, denominado Imposto sobre Veículos (ISV). No âmbito da referida reformulação, foi feita uma avaliação dos pressupostos e condições existentes em matéria de reconhecimento de isenções na regularização de veículos. 2. No caso específico das pessoas com deficiência, foram consideradas e acolhidas muitas das objecções que vinham sendo feitas ao IA, designadamente em matéria de acesso à isenção e da utilização dos veículos isentos. O quadro síntese que se apresenta no final, identifica detalhadamente as alterações efectuadas. 3. Como se constata, as modificações introduzidas reconduzem-se aos seguintes aspectos: a) Foi alterada a qualificação do beneficiário, para pessoa com deficiência, eliminando-se o estigma social que se encontra associado à palavra «deficiente», de alguém considerado incapaz, correspondendo, assim, à nova terminologia que dimana do tratamento internacional desta questão. Nesta óptica, redefiniuse igualmente o conceito de «pessoa com deficiência motora» tendo-se substituído a expressão «por motivo de lesão, deformidade ou enfermidade, congénitas ou adquiridas,» pela expressão «por motivo de alterações na estrutura e funções do corpo, congénitas ou adquiridas, tenha uma limitação funcional de carácter permanente», tendo-se adoptado uma linguagem aberta, tecnicamente mais adequada e actual, ao invés da mera referência às situações de incapacidade.
2 b) Quando a pessoa com deficiência reúne todas as condições para beneficiar da isenção, com excepção da carta de condução, sendo tal falta devida exclusivamente à circunstância de inexistir veículo adaptado ao tipo de deficiência em que possa efectuar a aprendizagem e exame de condução, a isenção do imposto passou a poder ser concedida para o veículo a adquirir, na condição de que seja prestada garantia do imposto sobre veículos e do imposto sobre o valor acrescentado, devendo o interessado, no prazo de um ano, provar a obtenção da mesma. c) Às pessoas com deficiência que se movam exclusivamente apoiadas em cadeira de rodas, especificamente referidas no novo regime, beneficiam de um alargamento das condições de utilização do veículo por terceiro. Com efeito, enquanto na anterior legislação uma pessoa que se deslocasse em cadeira de rodas necessitava de ter um mínimo de incapacidade de 90%, para que lhe fosse autorizada a condução por terceiros, nos termos da nova legislação é suficiente uma incapacidade igual ou superior a 60%. d) Aliás, é no domínio da utilização do automóvel que se registam as maiores alterações, ampliando-se de forma muito significativa a possibilidade de uso do veículo isento. Uma das alterações é a possibilidade, quer do cônjuge do cidadão com deficiência, que viva em economia comum, quer de quem com ele viva em união de facto, poderem conduzir o veículo, independentemente de qualquer autorização. Até ao momento, essa possibilidade estava vedada, o que implicava na generalidade dos casos que o casal tivesse que ter dois automóveis, com o consequente dispêndio financeiro, uma vez que o membro do casal sem deficiência não podia utilizar o veículo. Outra alteração tem a ver com o facto de os cidadãos com deficiência igual ou superior a 80% poderem também beneficiar da condução por terceiros. Até ao momento, ainda que no veículo fossem transportados ascendentes ou descendentes em primeiro grau ou terceiros, tinha de ser o próprio cidadão com deficiência a providenciar pela condução do veículo, quando no próprio veículo poderiam deslocar-se pessoas que o poderiam fazer em condições muito mais satisfatórias e seguras. Com efeito, esta faculdade estava apenas
3 reservada para pessoas portadores de multideficiência profunda, visual igual a 95%, e motora igual ou superior a 90%. d) A avaliação da deficiência e a sua certificação continuam a ser da exclusiva competência das juntas médicas, nomeadas pela Direcção Geral de Saúde, a quem cabe qualificar se o cidadão com deficiência tem elevada dificuldade na locomoção na via pública ou no acesso ou utilização dos transportes públicos, ou, no caso de pessoa com multideficiência profunda, se a mesma é acentuada, prosseguindo a actividade que era exigida pela anterior legislação, de declarar, de forma detalhada, que a deficiência dificultava comprovadamente a locomoção na via pública ou o acesso ou utilização dos transportes públicos; e) Foi alargado o raio de 30 km para 60 Km da residência do proprietário, em que as pessoas com deficiência podem ver conduzidos os veículos por terceiros sem que, eles próprios, tenham de se deslocar nos veículos. Na verdade, em muitos casos, os terceiros conduziam as pessoas com deficiência a determinados locais e não podiam regressar com o veículo sem que tivessem de o trazer de regresso, sob pena de correr o risco de cometer uma contra-ordenação. Se, nalguma circunstância, houver necessidade de percorrer uma distância maior (v.g. férias ou tratamentos médicos da pessoa com deficiência, reparações do veículo, etc), passa a estar legalmente previsto um procedimento especial (emissão de uma guia) que viabiliza essa necessidade. f) Foi prevista a possibilidade da pessoa com deficiência poder vir a substituir o veículo antes dos cinco anos mediante o pagamento do correspondente montante residual do imposto, quando o veículo se venha a revelar inadequado às suas necessidades, devido ao agravamento comprovado da sua incapacidade e se verifique não ser possível proceder à necessária adaptação. Com efeito, sucedia com frequência que o veículo deixava de proporcionar conforto na condução em resultado agravamento da deficiência e não era possível proceder à sua substituição, dado que a lei anterior era peremptória na fixação do prazo dos cinco anos.
4 g) Atenta a matriz ambiental da reforma do imposto, o legislador teve a preocupação de combinar de forma equilibrada as exigências ambientais com as necessidades das pessoas com deficiência, tendo estabelecido que os veículos a isentar não devem possuir níveis de emissão superiores a 160 g/km. Importa, no entanto, referir que este nível praticamente não representa qualquer limitação nas escolhas dos cidadãos com deficiência, pois, em especial nos veículos a gasóleo, continuam a ter acesso a veículos de gama elevada e até mesmo luxuosos. Para além disso, este limite de emissões não é aplicável aos veículos especialmente adaptados ao transporte de pessoas com deficiência que se movam apoiados em cadeira de rodas (para os quais não é obrigatório respeitar qualquer limite nas emissões de CO2), nem aos veículos em que por imposição da declaração de incapacidade, o veículo a adquirir deva possuir mudanças automáticas (caso em que o nível máximo de emissões é aumentado para 180 g/km). h) Em termos relativos, houve um efectivo acréscimo do montante da isenção, dado que tendo havido um abaixamento médio do ISV de cerca de 10%, o legislador manteve o montante máximo da isenção no nível que anteriormente estava fixado, de 6500 euros, o que permite que se pague menos imposto nas aquisições de veículos de maior cilindrada, diminuindo o esforço dos beneficiários. Quanto ao IVA manteve-se a isenção nos moldes em que estavam consagrados, isto é sem quaisquer limites financeiros. i) A alínea e) do n.º 1 do artigo 5.º do revogado Imposto Municipal sobre Veículos (IMV), que preceituava a isenção para «Os deficientes cujo grau de invalidez seja igual ou superior a 60% nos termos do n.º 3 deste artigo», que tinha subjacente condições relacionadas com a cilindrada máxima dos veículos, desapareceu tendo sido generalizada a isenção a todos os veículos, independentemente da cilindrada e das emissões de dióxido de carbono, pelo que houve uma ampliação substancial da extensão da isenção.
5 4. Em conclusão, como fica demonstrado, o quadro geral das isenções na aquisição de automóveis reconhecidas às pessoas com deficiência foi, de facto, ampliado, protegendo-se, do ponto de vista fiscal, as necessidades das pessoas com deficiência que objectivamente tem dificuldades de locomoção na via pública ou no acesso e utilização dos transportes públicos convencionais.
6 QUADRO SÍNTESE DAS ALTERAÇÕES EM SEDE DE TRIBUTAÇÃO AUTOMÓVEL COM IMPACTO EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA SITUAÇÃO ANTERIOR SITUAÇÃO ACTUAL (Imposto Automóvel + Imposto Municipal sobre Veículos) (Imposto sobre Veículos + Imposto Único de Circulação) Era utilizada indiscriminadamente a palavra «deficiente» para caracterizar o beneficiário da isenção Não abrangido Passou a ser utilizada de forma generalizada a expressão pessoa com deficiência, em termos que afastam o estigma social que se encontra associado à palavra "deficiente" e à "incapacidade". O elenco das pessoas com deficiência que podem usufruir da isenção passou a incluir as «pessoas com deficiência que se movam exclusivamente apoiadas em cadeira de rodas» As deficiências tinham de ser motivadas por lesão, deformidade ou enfermidade As deficiências podem ter resultado de alterações na estrutura e funções do corpo, tendo sido adoptada uma linguagem aberta, tecnicamente mais adequada e actual. Não era possível Cônjuge da pessoa com deficiência não podia conduzir o veículo do beneficiário da isenção Pessoas que se deslocassem em cadeira de rodas só podiam ser conduzidos por terceiros se o grau da sua incapacidade fosse igual ou superior a 90%. Uma pessoa com deficiência que reune todas as condições para usufruir do benefício, com excepção da carta de condução, pode fazer a aprendizagem e o exame de condução num veículo próprio a que é reconhecida a isenção, na condição de provar que obteve a carta de condução no prazo de um ano. O cônjuge da pessoa com deficiência, que com ela viva em economia comum, bem como o unido de facto, podem conduzir o veículo que usufruiu da isenção, independentemente de qualquer autorização. (Na situação anterior, por regra, o casal ou unido de facto tinham de ter dois automóveis) A condução por terceiros é permitida em relação a pessoas com deficiência que se movam exclusivamente apoiadas em cadeira de rodas com grau de incapacidade igual ou superior a 60% Apenas pessoas portadores de multideficiência profunda, visual igual a 95% e motora igual ou superior a 90% podiam ser conduzidos por terceiros no veículo objecto de isenção Para além destas, também as pessoas com deficiência motora igual ou superior a 80% podem também beneficiar da condução por terceiros. A possibilidade de condução do veículo objecto de isenção por terceiros sem que o portador da deficiência fosse um dos ocupantes limitava-se a deslocações que não excedessem um raio de 30 km da residência do beneficiário. O raio de deslocações sem a presença da pessoa portadora de deficiência foi alargado para 60 km (considerando distâncias mais prováveis de estabelecimentos de ensino; centros hospitalares e de tratamentos médicos, residência de familiares, etc) Não era possível Admite-se, em casos excepcionais devidamente fundamentados, deslocações por distância superior à acima referida sem a presença da pessoa portadora de férias A avaliação da deficiência era efectuada pelas juntas médicas nomeadas pelo Ministério da Saúde que deviam declarar de forma detalhada que a deficiência dificultava comprovadamente a locomoção na via pública ou o acesso ou utilização dos transportes públicos. A avaliação da deficiência é efectuada pelas Juntas Médicas nomeadas pelo Ministério da Saúde que qualificam se a pessoa com deficiência tem elevada dificuldade de locomoção na via pública ou no acesso, ou utilização dos transportes públicos ou, no caso de pessoa com multideficiência profunda, se a mesma é acentuada. O veículo que se revelasse inadequado às necessidades do beneficiário antes do decorrido o prazo de 5 anos não podia ser substituído por outro veículo com isenção. Apenas se admitia um veículo com isenção por cada 5 anos, salvo situações excepcionais de perda. (A alienação do veículo isento antes dos 5 anos implicava o pagamento do correspondente montante residual do imposto) Foi prevista a possibilidade do cidadão com deficiência poder vir a substituir o veículo antes dos cinco anos por um outro veículo também com isenção (a alienação do anterior veículo antes dos 5 anos continua a implicar o pagamento do correspondente montante residual do imposto) Não existiam limites desta natureza Os veículos a isentar não devem possuir níveis de emissão superior a 160 g/km. Não há limites para veículos adaptados ao transporte de pessoas com deficiência que se movam apoiadas em cadeiras de rodas. No caso de veículos com mudanças automáticas o nível de emissões é de 180 g/km. A isenção de IA era limitada a euros O valor máximo da isenção mantém-se nos euros, mas a redução média do ISV em cerca de 10% face ao anterior IA pode representar uma diminuição do esforço dos beneficiários nas aquisições de veículos de maior cilindrada. A isenção prevista no anterior Imposto Municipal sobre Veículos ("selo do carro") para pessoas com deficiência estava limitada a veículos com determinidada cilindrada No novo Imposto Único de Circulação foi generalizada a isenção a todos os veículos da propriedade de pessas com deficiência de grau igual ou supeior a 60% independentemente da cilindrada e das emissões de dióxido de carbono (CO2). Fonte: Ministério das Finanças e da Administração Pública / DGAIEC, Setembro de 2007
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