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Transcrição:

Química Orgânica Isomeria Jackson Alves Parte III

Enantiômeros e Moléculas Quirais Só ocorrem cujas moléculas são quirais Molécula quiral é aquela que não é idêntica à sua imagem num espelho. Quiral provém do grego cheir = mão. espelho As mãos esquerda e direita não se superpõem.

A quiralidade de muitos compostos não é óbvia em muitos casos, mas se evidencia quando aplicamos o teste da superposição do corpo e da sua imagem especular. Os corpos (e as moléculas) que se superpõem à respectiva imagem especular são corpos aquirais. As meias, em geral, são aquirais, enquanto as luvas são quirais. Problema: Classifique cada um dos seguintes corpos como sendo quiral ou aquiral: a) Uma chave de parafuso b) Um bastão de beisebol c) Um tênis d) Um sapato e) Um automóvel

Demonstração da quiralidade Butan-2ol hidrogênio metil etil hidroxila

Outros exemplos Não são sobreponíveis).

Outros exemplos Clorodiflúormetano (é aquiral, pois suas formas, objeto-imagem, são sobreponíveis).

ISOMERIA ESPACIAL ÓPTICA Atividade óptica Ocorre em compostos com atividades ópticas diferentes a) opticamente inativo b) Gira o plano de luz para direita (dextrógiro) - d c) Gira o plano de luz para esquerda (levógiro) - l

A atividade óptica de um composto está relacionada diretamente com a assimetria de suas moléculas. Molécula assimétrica é a que nunca se consegue dividir de modo que os dois lados resultantes dessa divisão fiquem iguais. Essa assimetria molecular pode ser expressa de dois modos: presença de carbono assimétrico e assimetria molecular propriamente dita (sem carbono assimétrico).

Isomeria Óptica com Carbono Assimétrico Carbono Assimétrico (carbono quiral) possui 4 ligantes diferentes entre si.

Ác. 2-hidroxi-propanóico Todo composto que possui apenas um C assimétrico terá dois isômeros opticamente ativos, um (d) e outro (l) Ác. 2-hidroxi-propanóico dextrógiro Ác. 2-hidroxi-propanóico levógiro Esses isômeros desviam a luz polarizada em sentidos opostos. Por isso, são chamados antípodas ópticos, enantimorfos ou enantiômeros.

Mistura Racêmica (Racemato) Obs 1 : A mistura racêmica é opticamente inativa Obs 2 : A partir de compostos cujas moléculas possuem somente 1 C assimétrico, tem-se: 2 isômeros ópticos ativos (um d e um l) e uma mistura racêmica. Racemização: Reação que transforma composto oticamente ativo, em solução, na forma racêmica. Na racemização as moléculas quirais são convertidas em intermediário aquiral. Mistura equimolar entre dextrogiro e levogiro.

Moléculas com mais de um Estereocentro * * 2,3-dibromopentano Fórmula de Van t Hoff Isômeros opticamente ativos = 2 n Isômeros racêmicos = 2 n-1 n = nº de C assimétricos 2 d 2 l (MR) Isômeros opticamente ativos 1 e 3 são diastereômeros (uma não é imagem especular da outra)

Compostos Meso 2,3-dibromobutano * * Não se superpõem D quando gira de 180º pode ser superposta em C Se superpõem (não são quirais, embora tenham carbonos quirais, por isso, são compostos meso. São compostos meso por serem aquirais e opticamente inativos

Isômeros opticamente ativos = 2 n Isômeros racêmicos = 2 n-1 n = nº de C assimétricos Ác. Tartárico Isômeros opticamente ativos = 2 2 = 4 Isômeros racêmico/inativo = 2 2-1 = 2 1 = 2 n = nº de C assimétricos

Portanto o Ác. Tartárico apresenta 4 isômeros ópticos - Ác. Tartárico dextrógiro (ativo) - Ác. Tartárico levógiro (ativo) - 1 mistura racêmica - Ác. mesotartárico (inativo)

Obs 3 : Cada carbono desvia a luz polarizada de um um ângulo α para a direita. O desvio final será à direita e o composto será dextrógiro. + α + α = +2α Obs 4 : Cada carbono desvia a luz polarizada de um um ângulo α para a direita. O desvio final será à esquerda e o composto será levógiro. - α - α = -2α Obs 5 : Um dos carbonos desvia a luz de um ângulo α para a direita e outro carbono desvia a luz polarizada de um ângulo α para a esquerda. O desvio final será nulo e o composto, opticamente inativo por compensação interna (dentro da molécula). + α - α = 0 Obs 6 : A esse isômero inativo por compensação interna damos o nome de meso.

Sistema R-S de Cahn-Ingold-Prelog Os substituintes são classificados pelo número atômico de acordo com um conjunto de regras criadas por R. S. Cahn, Sir Christopher Ingold e Vladimir Prelog. Ex: H 3 C CH 2 CH(OH) CH 3 1. Identifique os substituintes do centro de quiralidade e classifique-os por ordem de precedência decrescente, pelo (número atômico), partindo-se do ponto de ligação ao centro de quiralidade. 2. Oriente a molécula para que o átomo ou o grupo de menor precedência aponte para a direção oposta à sua. 3. Desenhe os três substituintes de maior precedência da maneira como eles aparecem para você quando a molécula é orientada para que o grupo de menor precedência aponte na direção oposta à sua.

4. Se a ordem de precedência decrescente dos três substituintes de classificação mais alta aparece no sentido horário, a configuração absoluta é R (do latim rectus, direito, correto ). Se a ordem de precedência decrescente aparecer no sentido antihorário, a configuração absoluta é S (do latim sinister, esquerdo ). H está na direção oposta a nossa vista Em ordem de precedência decrescente, os quatro substituintes ligados ao centro de quiralidade do butan-2ol são: HO > H 3 C CH 2 > H 3 C > H A ordem de precedência decrescente é anti-horária. A configuração no centro de quiralidade é S.

ISOMERIA ÓPTICA SEM CARBONO ASSIMÉTRICO Casos mais comuns: compostos alênicos e compostos cíclicos Compostos alênicos (alcadienos acumulados) Essas moléculas são assimétricas e não superponíveis, como imagens ao espelho, logo, teremos os isômeros dextrógiro, levógiro e o racêmico.

Compostos Cíclicos Verificar se os dois trajetos. Trajetos iguais: carbono não é quiral. Trajetos diferentes: carbono é quiral.

Compostos Cíclicos

Referências Bibliográficas AllINGER, N. L.; CAVA, M. P.; JOONGH, D. C.; JOHNSON, C. R.; LEBEL, N. A.; STEVENS, C. L. Química Orgânica, 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara dois,1978. CAREY, Francis. A. Química Orgânica, Vol. 1. Tradução de Kátia A. R; Jane de M. M; Telma R. M. 7ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. GIRARD, James. Princípios de Química Ambiental. Tradução de Marcos José de Oliveira. Rio de Janeiro: LTC, 2013. McMURRY, J. Química Orgânica, 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997. SOLOMONS, T. W. G. Química Orgânica, 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. VOGEL, A. I. Química Orgânica: Análise Orgânica Qualitativa, 3. ed. Rio de Janeiro: Ao livro técnico S.A., 1978.