TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 016.556/2005-5

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Transcrição:

GRUPO II CLASSE Plenário TC 016.556/2005-5 [Apensos: TC 028.304/2006-9, TC 009.011/2007-2, TC 029.456/2006-5, TC 017.627/2007-0] Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - MC Responsáveis: João Henrique de Almeida Sousa (035.809.703-72), ex-presidente; Mauricio Coelho Madureira (214.618.301-25), ex- Diretor de Operações; Marta Maria Coelho (194.881.226-68), Pregoeira; Luiz Carlos Scorsatto (253.557.160-91), prestou apoio técnico; Skymaster Airlines Ltda. (00.966.339/0001-47); Aeropostal Brasil Transporte Aéreo Ltda. (03.765.091/0001-44); e BETA - Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. Advogados: José Ribeiro Braga, OAB/DF, 8874; Manoel J. Siqueira Silva, OAB/DF 8873; Júnia de Abreu Guimarães Souto, OAB/DF 10778; Cyntia Póvoa de Aragão, OAB/DF 22298; Rodrigo Madeira Nazário, OAB/DF 12931; Tathiane Vieira Viggiano Fernandes, OAB/DF 27154; Flávio Di Pilla, OAB/DF 1544; Maria Isabel de Souza Lima, OAB/DF 15990; Marcelo Luiz Ávila de Bessa, OAB/DF 12330; Sebastião Alves Pereira Neto, OAB/DF 16467; Oscar L. de Morais, OAB/DF 4300; Alexandre Aroeira Salles, OAB/MG 71947; Patrícia Guércio Teixeira, OAB/MG 90459; Marina Hermeto Corrêa, OAB/MG 75173; Marcelo Andrade Fiuza, OAB/MG 90637; Renata Aparecida Ribeiro Felipe, OAB/MG 97826; Débora Val Leão, OAB/MG 98788; Ordélio de Azevedo Sette, OAB/SP 138485-A; Ricardo Azevedo Sette, OAB/SP 138486-A; Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, OAB/DF 6546; Jaques Fernando Reolon, OAB/DF 22885; Cristiane Miranda Mônaco, OAB/MS 9499-b; SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE EQUIPE DE AUDITORIA. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. IRREGULARIDADE EM CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO DE CARGA. PREGÃO 45/2001. SIMULAÇÃO. OITIVA DAS EMPRESAS. REJEIÇÃO DAS JUSTIFICATIVAS. DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE. PREGÃO 105/2004. SOBREPREÇO. CONVERSÃO DO PROCESSO EM TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CITAÇÃO. CRITÉRIOS DE ACEITABILIDADE DAS PROPOSTAS. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI DE LICITAÇÕES. MERCADO RESTRITO EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS A SEREM CONTRATADOS. COMPROVAÇÃO DE QUE O ORÇAMENTO UTILIZADO NA LICITAÇÃO NÃO REPRESENTAVA PARÂMETRO SEGURO A SER UTILIZADO COMO VALOR MÁXIMO NO CERTAME. NÃO- CARACTERIZAÇÃO DE SOBREPREÇO. ACOLHIMENTO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA. CONTAS REGULARES COM RESSALVAS. QUITAÇÃO. 1

RELATÓRIO Adoto, como relatório, o parecer do Ministério Público (fls. 528/55, do volume 2): Trata-se de representação interposta pela equipe de auditoria designada pela Portaria de Fiscalização 961/2005, com o objetivo de realizar auditoria de conformidade sobre os processos de licitação e contratos mencionados em notícias veiculadas na imprensa sobre corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT. Esta representação tem por objeto o exame de alguns procedimentos licitatórios e contratos da ECT, referentes à Rede Postal Aérea Noturna RPN, ocorridos entre os exercícios de 2000 a 2005, envolvendo as empresas Skymaster Airlines Ltda. e Beta Brazilian Express Transportes Ltda., objeto de denúncias. Apurou-se a existência de irregularidades ocorridas em processos de contratação para a operação da Rede Postal Aérea Noturna RPN, que redundaram na celebração de contratos com a empresa Skymaster Airlines Ltda. Nos termos do Acórdão 1.527/2005-TCU-Plenário (fls. 93/4 do Volume Principal), houve o conhecimento da referida representação e a conversão dos autos em tomada de contas especial, nos termos do art. 47 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 252 do Regimento Interno do TCU. Seguem abaixo as demais deliberações do citado Acórdão: 9.3. citar a sra. Marta Maria Coelho, Pregoeira responsável pelo Pregão 105/2004, os srs. Luiz Carlos Scorsatto, que prestou apoio técnico, Maurício Coelho Madureira, ex-diretor de Operações, e João Henrique de Almeida Sousa, ex-presidente, solidariamente com a empresa Skymaster Airlines Ltda., nos termos do art. 12, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, inciso II do Regimento Interno/TCU, para, em 15 (quinze) dias, apresentarem alegações de defesa ou recolherem aos cofres da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos os valores abaixo discriminados, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora a partir das datas indicadas, em razão do superfaturamento de preços constatado na contratação de serviços de transporte aéreo de carga concernentes às linhas A e C, por meio do Pregão 105/2004, considerando que os preços contratados estavam em patamares bastante superiores àqueles praticados no contrato anterior e 17% acima da própria estimativa feita pela ECT: Data Débito (R$) 19.1.2005 452.755,64 19.2.2005 2.360.918,56 19.3.2005 2.037.938,89 19.4.2005 2.469.944,48 19.5.2005 2.326.579,66 9.4 realizar a oitiva das empresas Skymaster Airlines Ltda. e Beta Brazilian Express Transportes Ltda., nas pessoas de seus representantes legais, para apresentarem justificativas acerca da perpetração de fraude no Pregão 45/2001, caracterizada pela existência do Termo de Compromisso de Subcontratação e do 1 Termo de Subcontratação de Serviços de Transporte de Carga Aérea firmados entre as duas, em 25.7.2000 e 24.12.2001, respectivamente, que não eram de conhecimento público nem foram informados à ECT, os quais comprovam que, de fato, não havia concorrência entre elas pelo objeto licitado, implicando em simulação de competitividade, com vistas a dar legitimidade aos preços ofertados. Deve ser alertado, ainda, que a não- 2

apresentação de justificativas, ou sua rejeição, poderá implicar na declaração de inidoneidade para participar de licitação promovida pela Administração Pública, por um período de até 5 (cinco) anos, nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992; 9.5. realizar a oitiva da empresa Aeropostal Brasil Transporte Aéreo Ltda., na pessoa de seu representante legal, para se pronunciar acerca de sua participação na simulação de concorrência verificada no Pregão 45/2001, realizado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, caracterizada pelos fatos abaixo descritos, esclarecendo que a não-apresentação de defesa ou seu não- acolhimento poderá ensejar sua declaração de inidoneidade para participar de licitação promovida pela Administração Pública por até 5 (cinco) anos, nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992: 9.5.1. falta de qualificação técnica, por ocasião da realização do Pregão, em virtude do não-atendimento da exigência contida no subitem 3.2.4.b do respectivo edital, relativa à apresentação do Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo CHETA, expedido pelo DAC, nos termos do art. 66, 1º do Código Brasileiro de Aeronáutica, comprovando a habilitação para operar aeronaves adequadas às linhas licitadas, ficando patente que a intenção da empresa Aeropostal era de apenas participar, simulando a ocorrência de efetiva e regular disputa, já que a mesma não dispunha do referido certificado, situação que perdura até os dias de hoje; e 9.5.2. o sr. Roberto Kfouri, incluído como sócio-gerente da Aeropostal em 28.9.2001, conforme se pode verificar da análise dos dados extraídos do Sistema de gerenciamento CNPJ da Secretaria da Receita Federal, assinava os contratos e termos aditivos firmados entre a Beta Brazilian Express Transportes Ltda. e a ECT, na condição de seu Diretor Executivo, até dias antes do referido Pregão (ex.: Termos Aditivos 10.675, de 1º.4.2001 e 10.872, de 13.9.2001 fls. 108/111, Anexo 5), demonstrando a afinidade existente com as demais empresas concorrentes; 9.6. determinar à 1ª Secex que: 9.6.1. junte cópia do volume principal deste processo e dos anexos 1, 2, 3, 5 e volume principal do anexo 6 à prestação de contas da ECT relativa ao exercício de 2001 (TC 009.118/2002-8) e, em seguida, remeta o processo ao Ministério Público/TCU para a análise da conveniência e oportunidade de interpor recurso de revisão, nos termos do art. 35 da Lei 8.443/1992, contra o Acórdão 1.412/2004-2ª Câmara (Relação 244/2004, Ata 30/2004), de forma a possibilitar a citação dos responsáveis pelos débitos apurados em razão do superfaturamento observado nas contratações decorrentes da DL 2/2002 e do Pregão 45/2001 [o Ministério Público já interpôs o referido recurso de revisão, o qual foi apreciado mediante o Acórdão Plenário 410/2007]; 9.6.2. no caso de as referidas contas serem reabertas, examine a prestação de contas da ECT referente a 2002 (TC 010.810/2003-9) em conjunto com o TC 009.118/2002-8; 9.7. determinar o sobrestamento do TC 009.860/2004-6 (prestação de contas da ECT referente a 2003) e da prestação de contas da ECT relativa a 2004; 9.8. encaminhar cópia dos autos à Secretaria de Defesa Econômica do Ministério da Justiça, com vistas a examinar possível infração à livre concorrência praticada no setor de transporte de aéreo de cargas; 9.9. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, à CPMI dos Correios e à Procuradoria-Geral da República (grifos acrescidos). 3

O sr. Analista, após exame das alegações de defesa e das razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, apresentou a seguinte proposta de encaminhamento (fls. 499/502 do Volume 2): a) tendo em vista que os esclarecimentos prestados em oitiva não foram capazes de elidir as irregularidades apontadas no Pregão 45/2001, onde restou comprovada a perpetração de fraude ao certame, seja declarada, com fundamento no artigo 46 da Lei 8.443/1992 e na forma do previsto no art. 271 do Regimento Interno, a inidoneidade das seguintes empresas para participarem, por até cinco anos, de licitações que envolvam recursos da Administração Pública Federal, inclusive quando descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres federais: SKYMASTER AIRLINES LTDA. CNPJ: 00.966.339/0001-47; BETA - Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. CNPJ: 64.862.642/0001-82; AEROPOSTAL BRASIL TRANSPORTE AÉREO LTDA. CNPJ: 003.765.091/0001-44; b) em razão das circunstâncias de participação da empresa Total Linhas Aéreas Ltda. no Pregão 45/2001 e das evidências de prática de irregularidades em operações da RPN, propor à 1 ª Secex a realização de auditoria em todos os contratos firmados pela ECT com aquela empresa, desde o ano 2000 até os dias de hoje, que ainda não tenham sido objeto das fiscalizações realizadas sobre os processos de licitação e contratos realizadas em cumprimento à determinação originada de comunicação feita ao Plenário pelo Ministro Ubiratan Aguiar em 18.5.2005; c) submeter ao Ministro Relator, a apresentação de pedido de sustentação oral feita pelo representante legal da empresa Aeropostal Brasil Transporte Aéreo Ltda. na forma do art. 168, 1 o, do Regimento Interno; d) tendo em vista que as alegações de defesa apresentadas não foram capazes de elidir as irregularidades apontadas no Pregão 105/2004, onde restou comprovada a prática de superfaturamento na contratação de serviços de transporte aéreo de carga concernentes às linhas A e C, imputar débito aos responsáveis solidários relacionados abaixo para que recolham aos cofres da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, em prazo improrrogável de 15 dias, os valores abaixo discriminados, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora a partir das datas indicadas: MARTA MARIA COELHO CPF: 194.881.226-68, pregoeira responsável; LUIZ CARLOS SCORSSATO CPF: 253.557.160-91, prestou apoio técnico; MAURÍCIO COELHO MADUREIRA CPF: 214.618.301-25, ex-diretor de Operações da ECT; JOÃO HENRIQUE DE ALMEIDA SOUSA CPF: 035.809.703-72, ex- Presidente da ECT; SKYMASTER AIRLINES LTDA. CNPJ: 00.966.339/0001-47. Data Débito (R$) 19.1.2005 452.755,64 19.2.2005 2.360.918,56 19.3.2005 2.037.938,89 19.4.2005 2.469.944,48 19.5.2005 2.326.579,66 e) conseqüentemente, e de acordo com o previsto no art. 57 da Lei 8.443/1992, aplicar aos responsáveis relacionados abaixo a multa prevista no art. 267 do Regimento Interno do TCU, a ser estipulada de acordo com o art. 268 II, III do referido Regimento: 4

MARTA MARIA COELHO CPF: 194.881.226-68, pregoeira responsável; LUIZ CARLOS SCORSSATO CPF: 253.557.160-91, prestou apoio técnico; MAURÍCIO COELHO MADUREIRA CPF: 214.618.301-25, ex-diretor de Operações da ECT; JOÃO HENRIQUE DE ALMEIDA SOUSA CPF: 035.809.703-72, expresidente da ECT; SKYMASTER AIRLINES LTDA. CNPJ: 00.966.339/0001-47; f) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno, determinar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT que: f.1) na realização dos estudos determinados pelo item 9.3.2 do Acórdão 221/2006-TCU-Plenário, in DOU 01/03/2006, com vistas a buscar alternativas que viabilizem suas contratações da Rede Postal Noturna, contemple a busca de alternativas de operação capazes de reduzir o consumo de combustível fóssil, a emissão de poluentes e o nível de ruído produzido pelas aeronaves; f.2) apresente em prazo de 30 dias relatório conclusivo acerca da realização dos estudos determinados pelo item 9.3.2 Acórdão 221/2006 TCU-Plenário, in DOU 01/03/2006, com vistas a buscar alternativas que viabilizem suas contratações da Rede Postal Noturna de modo que seja por meio de parcerias com empresas privadas ou pelo estudo da possibilidade de arrendamento direto de aeronaves, com terceirização dos serviços, ou outra alternativa que entender mais adequada com vistas a contornar os problemas das limitações de mercado de transporte aéreo de carga brasileiro; observando a necessidade de redução do impacto ambiental dessas operações; f.3) proceda a rescisão contratual de todos os contratos porventura vigentes com as empresas SKYMASTER AIRLINES LTDA., BETA - Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. e AEROPOSTAL BRASIL TRANSPORTE AÉREO LTDA. e providencie, caso necessário, abertura imediata de certame licitatório para execução dos serviços que estejam sendo realizados por essas empresas; f.4) realize, se necessário, contratação de natureza emergencial para realização das operações referidas no item acima, limitada ao prazo máximo de 180 dias de duração do contrato; g) remeter cópia da decisão que vier a ser proferida nos autos, acompanhada dos respectivos relatório e voto proferido pelo Ministro Relator: g.1) à Secretaria de Defesa Econômica do Ministério da Justiça, tendo em vista o determinado pelo item 9.8 do Acórdão 1.527/2005-TCU-Plenário; g.2) à Procuradoria Geral da República para ajuizamento das ações consideradas cabíveis, de acordo com o artigo 16, 3º, da Lei 8.443/1992 e art. 209 6 º ; g.3) ao Presidente do Congresso Nacional, de modo a compor resposta ao relatório produzido pela CPMI dos Correios entregue ao TCU em 11.4.2006; g.4) ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para as providências necessárias à atualização do registro das empresas SKYMASTER AIRLINES LTDA. CNPJ: 00.966.339/0001-47; BETA - Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. CNPJ: 64.862.642/0001-82; AEROPOSTAL BRASIL TRANSPORTE AÉREO LTDA. CNPJ: 003.765.091/0001-44; no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores SICAF. g.5) ao Ministro das Comunicações; 5

g.6) ao Advogado-Geral da União. A sra. Diretora manifestou-se de acordo com a proposta de encaminhamento do sr. Analista (Despacho de fls. 513/4 do Volume 2), à exceção das proposições contidas nas alíneas b e f1/f2 supracitadas, uma vez que: i) a determinação contida na alínea b restaria desnecessária, visto que já foram produzidos diversos trabalhos por esta Corte envolvendo os contratos pretéritos firmados pela ECT no âmbito da RPN, com a identificação das irregularidades/impropriedades perpetradas e adoção das medidas pertinentes a cada caso; ii) conforme noticiado no TC 021.230/2005-3, em atendimento à recomendação contida no item 9.3.2 1 do Acórdão 221/2006-TCU-Plenário, a ECT contratou a empresa de Consultoria Bain&Company para o desenvolvimento de trabalho contendo as seguintes vertentes: definição de uma metodologia de formatação de custos referenciais para ser utilizada em processos de contratação de serviços e de prorrogações contratuais pela ECT; estudo de viabilidade econômica, legal e operacional para execução de cinco linhas consideradas estratégicas na atual Malha da RPN, em regime de execução direta; estudo de reformulação da Malha de Transporte Aéreo da ECT. O aludido trabalho foi concluído em 2006, encontrando-se em avaliação no âmbito da ECT, por intermédio de grupo de trabalho constituído pela Portaria PRT/DIOPE-012/2001. Assim, alternativamente às duas propostas contidas nas alíneas f1 e f2 da proposta do sr. Analista, bastaria recomendar ao referido grupo de trabalho que contemple a busca de alternativas de operação capazes de reduzir o consumo de combustível fóssil, a emissão de poluentes e o nível de ruído produzido pelas aeronaves. Por seu turno, a sra. Secretária manifestou-se de acordo com a proposta apresentada pela sra. Diretora, exceto no que tange aos itens d e e do encaminhamento elaborado pelo sr. Analista, os quais envolvem a imputação de débito e a aplicação de multa aos responsáveis (Despacho de fls. 515/20 do Volume 2). A titular da unidade técnica fundamentou o seu parecer, em síntese, com os seguintes argumentos: os valores que estavam sendo praticados no contrato anterior foram reconhecidos como inadequados para referência de preço de mercado pela própria equipe de auditoria, a qual considerou, como balizador dos preços para as contratações da RPN para aquelas linhas, os valores inicialmente propostos no Pregão 106/2003 pela então contratada; entende aplicável a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992 aos srs. Luiz Carlos Scorsatto, que prestou apoio técnico, e Maurício Coelho Madureira, então Diretor de Operações, em função da intempestividade na adoção de providências para a realização do Pregão 105/2004, fazendo com que a ECT tivesse que se submeter aos preços resultantes do procedimento licitatório; não caberia à sra. Marta Maria Coelho, na função de Pregoeira, recusar a aceitar os preços então adotados como referência pela ECT. As atribuições do pregoeiro estão detalhadas no art. 9º do Decreto 3.555/2000 e não envolveriam competência para questionar ou mesmo ressalvar as especificações técnicas e os preços estimados. 1 9.3.2 retome os estudos com vistas a buscar alternativas que viabilizem suas contratações da Rede Postal Noturna, perseguindo um modelo de gestão que lhe assegure um controle efetivo das operações, seja por meio de parcerias com empresas privadas ou pelo estudo da possibilidade de arrendamento direto de aeronaves, com terceirização dos serviços, ou outra alternativa que entender mais adequada com vistas a contornar os problemas das limitações de mercado de transporte aéreo de carga brasileiro; 6

II Estando os autos nesta Procuradoria, os causídicos da empresa Skymaster apresentaram memoriais (anexados à contracapa do Volume 2) com os seguintes argumentos: No que tange à fraude no Pregão 45/2001: 1. o acordo comercial firmado entre a Skymaster e a empresa Beta no dia 21.7.2000, com o nome Termo de Compromisso de Subcontratação, configura-se um autêntico contrato de parceria, no qual as empresas estavam livres para ofertar os preços que desejassem, sendo que, em nenhum aspecto, contrariaria o ordenamento jurídico; 2. as empresas, visando atender às rigorosas cláusulas contratuais dos Correios e a fim de se salvaguardarem de eventuais prejuízos decorrentes da aplicação da multa prevista, celebraram o referido termo, com a única finalidade de garantir, a cada uma das empresas, uma aeronave a mais; 3. ambas as empresas concorreriam isoladamente no Pregão, sendo que aquela que se sagrasse vencedora teria a garantia de uma aeronave reserva. Trata-se, portanto, de um acordo meramente operacional. E não haveria ilegalidade alguma nisso; 4. qualquer contrato que exigisse duas aeronaves, mesmo lhe sendo possível disponibilizá-las em detrimento de outros compromissos, deixaria a Skymaster vulnerável e correndo sérios riscos de, por pane em quaisquer das aeronaves, suportar elevados prejuízos resultantes das pesadas multas contratuais junto aos Correios, caso se sagrasse vencedora de alguma das linhas objeto do certame; 5. Skymaster e Beta possuíam totais condições de participar do pregão, mas estariam vulneráveis e correndo sérios riscos de ter elevados prejuízos se ocorresse algum tipo de problema com suas aeronaves; 6. valendo-se de uma prerrogativa prevista na Lei 8.666/1993 e recepcionada na minuta de contrato que integrou o edital do Pregão 45/2001, qual seja, a possibilidade de subcontratação, as empresas firmaram esse compromisso; 7. o certame previa a execução de duas linhas, por duas aeronaves; assim, a única forma de haver uma subcontratação é de forma parcial, isto é, a única forma lógica de se fazer a subcontratação seria a empresa vencedora do certame ceder a operação de uma das linhas à outra empresa, garantindo, dessa forma, a manutenção de uma aeronave reserva; 8. a subcontratação em caráter parcial não contraria, em nenhum aspecto, o real objetivo do Termo de Compromisso de Subcontratação ; 9. Terminado o procedimento licitatório e tendo se sagrado vencedora a proposta da Skymaster, esta empresa assinou, em 24.12.2001, o Contrato ECT 11.008/2001, referente à operação das Linhas A e C ; assim, cumprindo o compromisso outrora firmado, a Skymaster firmou com a Beta o 1º Termo de Subcontratação de serviços de Transporte Aéreo ; 10. desta forma, foram firmados dois ajustes: um pré-contratual, no qual se previa que aquela empresa que se sagrasse vencedora necessitaria efetuar a subcontratação para assegurar uma aeronave reserva; outro, no momento contratual propriamente dito, no qual houve a confirmação daquela previsão; 11. em um serviço de transporte de cargas, não se pode subcontratar meia linha, ou, ainda, subcontratar uma empresa para manter uma aeronave à disposição da empresa subcontratante, aguardando a ocorrência de algum problema, para só 7

assim ser aproveitada; 12. foi encaminhado o Ofício Sky/Com 14/2002 endereçado aos Correios, datado do dia 18.1.2002, publicizando expressamente a subcontratação referente ao Contrato 11008/2001; 13. os Correios tomaram conhecimento da subcontratação efetuada e deram a sua anuência, haja vista que não houve nenhuma oposição ao aludido feito; 14. que, no Pregão 45/2001, tanto a minuta de contrato que integrou o Edital, bem como o contrato administrativo, previam a possibilidade de subcontratação do objeto licitado; 15. que o Termo de Compromisso de Subcontratação previa que cada empresa estaria livre para ofertar seu preço, ou seja, as empresas apresentariam propostas de forma independente. Portanto, o referido Termo determina, expressamente, a individualidade de cada uma das empresas nos certames licitatórios em que viesse a participar; 16. a subcontratação para operação de linhas dos Correios sempre foi um procedimento adotado na ECT, citando como exemplo os acordos firmados entre a Vasp e a Brata, bem como entre a Rio Sul e a Variglog; 17. que, nos acordos celebrados entre a Vasp e a Brata e entre a Varig e a Rio Sul houve prejuízo ao caráter competitivo do procedimento licitatório, pois em ambos os casos somente uma delas participou da licitação; No que concerne ao superfaturamento no Pregão 105/2004: 1. a premissa utilizada pela 1ª Secex no sentido de que o valor inicialmente ofertado pela Skymaster, no Pregão 106/2003, é o mais correto para se determinar o valor unitário de operação das linhas A e C da RPN e ajustá-lo ao longo dos tempos, não se afigura a melhor solução; 2. a Skymaster denunciou, por escrito, tanto em recurso no próprio Pregão, como em denúncia ao ministério Público na época daquele evento, que os preços praticados naquele certame eram predatórios e que havia um conluio das outras empresas concorrentes, visando a retirar a Skymaster do quadro de prestadores de serviços dos Correios; 3. a Skymaster ofertou um valor inexeqüível no Pregão 106/2003, tendo em vista acreditar, em princípio, que, devido a uma série de irregularidades ocorridas durante todo o processo que envolveu aquele certame licitatório, haveria a sua revogação e seriam adotadas as providências necessárias a uma nova licitação com procedimentos e preços justos; 4. outro fator que teve uma importância fundamental na decisão da empresa foi que, mesmo sabendo que haveria elevados prejuízos se tivesse de cumprir um contrato naquelas condições, a Skymaster havia investido muito em termos de infra-estrutura operacional, com o leasing de mais quatro aeronaves e a contratação de novas tripulações, mecânicos, bem como outros tipos de mão-deobra especializada; 5. mesmo com o elevado prejuízo previsto na execução do contrato, a Skymaster entendeu que este seria menor do que os prejuízos financeiros que também ocorreriam na desmontagem da infra-estrutura citada, como o pagamento de multas contratuais na devolução das novas aeronaves arrendadas, bem como o prejuízo social de ter que efetuar uma elevada dispensa de mão-de-obra contratada; 6. menciona-se o envio de uma correspondência por parte da Variglog, em 13 de 8

outubro de 2003, endereçada ao Diretor Presidente da ECT, na qual é ofertada a realização da operação das Linhas A e C, por um valor 21% a menos do que aquele que estava sendo praticado pela Skymaster no contrato 11.008/2001; 7. outra tese equivocada levantada pela unidade técnica é a de que os preços contratados no Pregão 105/2004 estariam 17% acima da estimativa feita pela ECT. Isto porque, segundo destacou a Secretária de Controle Externo da 1ª Secex, os parâmetros de preços adotados pelos Correios não tem embasamento em custos, permanecendo inconstantes, não sendo, pois, parâmetro para comparação de preços; 8. outra forma de se apurar se os contratos da Skymaster são superfaturados ou não é compará-los com outros contratos de outras empresas aéreas que prestam serviços de transporte aéreo de cargas para a ECT (fls. 39/43 do Anexo 11), o que não foi feito, pois, conforme se demonstrou na defesa da empresa, seus contratos eram o de menor valor, tanto por quilo transportado, como por unidade de capacidade de carga por aeronave; 9. qualquer avaliação dos contratos da Skymaster tomando-se por base os preços por quilo de carga transportada não teria um bom parâmetro, pois, no presente caso, contraria os objetos dos editais e dos contratos, os quais consubstanciam-se nos fretamentos de aeronaves; ou seja, esses cálculos não retratam o mercado de transporte aéreo de cargas no Brasil, pois deixam de considerar os principais fatores para cálculo destes preços, quais sejam: (i) a quantidade de carga; e (ii) a distância em que a mesma é transportada, isto para cada trecho das linhas da ECT, bem como (iii) as leis de mercado de oferta e procura destes serviços, em cada uma das localidades que compõem estes trechos; 10. para provar que não existe nenhum superfaturamento, se forem utilizados os preços por quilo de carga transportada como parâmetro de cálculo, com a metodologia e os índices tarifários estabelecidos pelo DAC, restaria evidenciado que, na realidade, não houve superfaturamento, mas sim um déficit total de R$ 30.310.310,33; 11. dessa forma, não pode prevalecer a tese levantada pela 1ª Secex de superfaturamento, devendo, por conseguinte, ser acatado o posicionamento da Secretária de Controle Externo, a qual entendeu que não deve prevalecer a imputação de débito dos responsáveis arrolados nos autos. III O Ministério Público anui ao exame realizado pelo sr. Analista em seu parecer (fls. 385/502 do Volume 2), com os ajustes sugeridos pelo sr. Diretor e outras alterações quanto à redação das alíneas e e g.2 da proposta de encaminhamento de fls. 501/2. Assim, resta a análise dos memoriais apresentados pela empresa Skymaster. Da fraude no Pregão 45/2001 Observa-se que, em 21.7.2000, as empresas Skymaster e Beta firmaram o Termo de Compromisso de Subcontratação (fls. 124/6 do Anexo 5). O objeto deste contrato é Toda e qualquer contratação de Serviços de Transporte Aéreo de Cargas por parte da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS ECT, que envolva qualquer das duas empresas. Integram o referido termo as cláusulas abaixo reproduzidas: 9

03. Se a BETA e/ou SKYMASTER forem vencedoras da Concorrência para qualquer das linhas nas licitações, compromete-se a empresa vencedora (BETA ou SKYMASTER), seja ela qual for, em caráter irretratável e irrevogável, a realizar a subcontratação da outra, para a realização de 50% (cinqüenta por cento) dos serviços de cada uma das linhas que lhe tiverem sido adjudicadas, observado o disposto no item 5.4 abaixo. (...) 5.4 O valor da subcontratação a ser devido pela TITULAR à SUBCONTRATADA será proporcional, em cada mês, ao número de operações (vôos) que a SUBCONTRATADA realizou dentro do número total de operações conjuntas, proporção esta a ser aplicada ao faturamento da TITULAR pago pela ECT (Anexo 5, fls. 124-125, grifos acrescidos). Tal compromisso gerou novo documento por ocasião do Pregão 45/2001, em que a Skymaster sagrou-se vencedora. Assim, em 24/12/2001 (mesma data da assinatura do contrato ECT NR 11008/2001 com a Skymaster para operação das linhas A e C), foi assinado o 1 º Termo de Formalização para Subcontratação de Transporte de Carga Aérea que entre si fazem Skymaster Airlines Ltda. e Brazilian Express Transportes Aéreos (fls. 164/6 do Anexo 2), que estabelecia: 3. DO OBJETO O objeto da presente subcontratação é a operação, em caráter eventual, por parte da SUBCONTRATADA das linhas de transporte de carga aérea constante do Contrato ECT NR 11008/2001 de 24/12/2001, em que a SUBCONTRATANTE foi declarada vencedora, no percurso Fortaleza\Salvador\Rio de Janeiro\São Paulo\Brasília\Manaus (Linha A) e Manaus\Brasília\São Paulo\Rio de Janeiro\Salvador\Fortaleza (Linha C), cujas Cláusulas deverão ser integralmente atendidas pela SUBCONTRATADA. Trata-se, portanto, do cumprimento do ajuste celebrado no Termo de Compromisso de Subcontratação, uma vez que, desde o ano anterior, as empresas já se encontravam associadas ocultamente para a prestação de todo e qualquer serviço para o qual viessem a ser contratadas pela ECT. Neste passo, há que se diferençar duas situações distintas para o ordenamento jurídico em vigor: uma delas é uma empresa participar de uma disputa sem ter acerto prévio de subcontratação; outra, bem diferente, é já ir para um certame licitatório com um acordo de obrigatoriedade de subcontratação firmado, por haver elevada carga de risco na interrupção da prestação dos serviços, caso sua execução fosse realizada por apenas uma empresa, o que caracteriza um consórcio. Sobre o tema, é de se ter presente a lição de Marçal Justen Filho, no sentido de que consórcio consiste em associação temporária de esforços entre duas ou mais sociedades, tendo por objeto determinado empreendimento. O consórcio se caracteriza pela transitoriedade e pela circunstância de que os consorciados mantêm sua autonomia jurídica. Executada a tarefa que motivou a associação, as sociedades desligam-se. [...] De regra, o consórcio não existirá antes, nem fora, nem além da licitação. Será constituído para o fim de participar da licitação e, eventualmente, promover a execução do contrato. Geralmente, o consórcio apenas se aperfeiçoará quando e se a proposta formulada for a vencedora. De usual, as sociedades interessadas apenas efetivam promessa de contratação de consórcio. Afinal, o empreendimento objeto do consórcio será a contratação com a Administração Pública evento futuro e incerto. Assim, os interessados estabelecem previamente todas as condições atinentes ao consórcio, ingressam na licitação e aguardam obter êxito. Se for 10

o caso de vitória, o consórcio será aperfeiçoado; na derrota, cada sociedade arca com parte do prejuízo e se desfazem quaisquer vínculos jurídicos entre elas. [...] Não se coaduna com os princípios da competitividade e da moralidade que uma mesma sociedade compita contra si mesma. Por isso, o art. 33, IV, determina o impedimento à participação de uma mesma empresa consorciada através de mais de um consórcio ou isoladamente. Aliás e pelos mesmos fundamentos, sequer se poderia admitir que participem da mesma licitação a empresa controladora e a empresa controlada, ainda que na forma de consórcios distintos. [...] Para fins de licitação e de contratação administrativa, o consórcio produz uma espécie de sociedade de fato, em que todos os atos praticados individualmente se comunicam aos demais consorciados. Então, não se confunde o consórcio previsto na Lei das S.A. com o disciplinado pelas Leis de Licitação e Concessão. Mais precisamente, o consórcio das Leis de Licitação e Concessão é uma modalidade de consórcio da Lei das S.A., com determinadas e relevantes modificações. Daí porque a solução adotada na Lei 8.666/1993 configura-se como compatível com a Constituição. Seria impróprio, até em termos lógicos, encampar a regulação de direito privado. É que a Administração Pública considera, para contratar, o conjunto dos recursos (em acepção ampla) dos diversos consorciados. Produz-se uma soma, em que o importante é o somatório total dos bens, recursos financeiros, capacitação técnica, etc. A Administração não toma em vista cada consorciado individualmente. Os consorciados comparecem perante a Administração como unidade (grifos acrescidos)(in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 8ª ed., São Paulo: Dialética, 2001, p. 369/72). É forçoso convir que o Termo de Compromisso de Subcontratação firmado em 21/7/2000 (fls. 124/6 do Anexo 5) estabelece um compartilhamento de recursos entre as empresas Skymaster e Beta para a execução de um serviço complexo que, conforme alegado, nenhuma das empresas, isoladamente, estaria em condições de realizar, sem elevada carga de risco de interrupção, em caso de possível ocorrência de pane em aeronave. Ademais, as duas empresas mantiveram suas personalidades próprias, suas autonomias jurídicas, embora estivessem comprometidas contratualmente para executar, de forma colaborativa, como sociedade de fato, o empreendimento para o qual prometeram se consorciar, na hipótese de uma delas sagrar-se vitoriosa em certame promovido pela ECT, com direitos e obrigações formalmente estabelecidos no referido termo. Sendo assim, restaram satisfeitos todos os elementos característicos da formação de um consórcio entre as empresas Skymaster e Beta, com o intuito de participar de licitações promovidas pela ECT. As licitações na modalidade pregão são reguladas pelo Decreto 3.555/2000, que vaticina em seu art. 17: Art. 17. Quando permitida a participação de empresas reunidas em consórcio, serão observadas as seguintes normas: I - deverá ser comprovada a existência de compromisso público ou particular de constituição de consórcio, com indicação da empresa-líder, que deverá atender às condições de liderança estipuladas no edital e será a representante das consorciadas perante a União; [...] V - as empresas consorciadas não poderão participar, na mesma licitação, de mais de um consórcio ou isoladamente; 11

VI - as empresas consorciadas serão solidariamente responsáveis pelas obrigações do consórcio nas fases de licitação e durante a vigência do contrato; [...] Parágrafo único. Antes da celebração do contrato, deverá ser promovida a constituição e o registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo (grifos acrescidos). Por conseguinte, embora pudesse não existir ilegalidade na simples celebração de um legítimo acordo comercial, o ocultamento da situação de estarem as empresas Skymaster e Beta consorciadas de fato, quando da participação no Pregão 45/2001, por si só, já constituiria infração ao disposto no inciso V da norma supracitada. Isto porque assim dispõe a redação do item 02 do referido Termo de Compromisso de Subcontratação de 21/7/2000: 02. Reunindo ambas as partes, condições de participar de todas as modalidades de licitação junto a ECT, a BETA e a SKYMASTER assim o farão, cada qual por si, apresentando as propostas comerciais que julgarem cada uma delas convenientes aos seus interesses (grifos acrescidos)(anexo 5, fl. 124). A existência do consórcio entre as empresas Skymaster e Beta, constituído exclusivamente para participação em certames para contratação de serviços pela ECT, por todas as modalidades de licitação, já constituiria impedimento de as empresas, cada qual por si, apresentarem propostas separadas nos certames licitatórios, especialmente quando mantinham oculta a existência do prévio acerto feito entre elas. Ademais, observa-se que o Pregão 45/2001 não permitia a participação de empresas em consórcio. Nesse aspecto, o item 2.2.c do edital é peremptório: 2.2 Não poderão participar do presente Pregão empresas que estejam enquadradas nos seguintes casos: (...) c) estejam constituídas sob a forma de consórcio (grifos acrescidos)(fl. 14 do Anexo 2). Sendo assim, a simples participação em consórcio das empresas Skymaster e Beta no Pregão 045/2001 já caracteriza burla ao procedimento licitatório, o qual vincula-se estritamente ao termos do ato convocatório. É de se ressaltar que os licitantes se sujeitam ao edital do certame ao formalizar publicamente a apresentação de suas propostas, por meio das quais aderem aos termos definidos pela Administração, caso não manifestem, previamente, o desejo de os impugnar. Uma vez que tanto a Skymaster quanto a Beta, cada qual por si, apresentaram suas propostas separadamente para o Pregão 45/2001, ambas assumiram compromisso de cumprimento dos termos editalícios, dentre os quais, em particular: a) aceitação, plena e irrevogável, das normas constantes do edital (item 2.1); b) e, por conseguinte, conhecimento e aceitação do disposto no já citado item 2.2.c; c) submissão à aplicação de penalidades em caso de não apresentação, na sessão do Pregão, da documentação exigida para o certame, no todo ou em parte (item 2.5.1.a); d) as licitantes são responsáveis pela fidelidade e legitimidade das informações e dos documentos apresentados em qualquer fase da licitação (item 2.12). 12

Ao omitir das propostas apresentadas a existência de prévio acerto que configurava a formação de consórcio, com vistas à divisão entre si do objeto das contratações firmadas com a ECT, as empresas Skymaster e Beta alteraram a verdade sobre fato juridicamente relevante, omitindo ou fazendo declaração diversa da que devia ser escrita e, portanto, incorreram em prática de fraude ao procedimento licitatório, passível de enquadramento ao disposto no art. 90 da Lei 8.666/1993, por realizarem combinação, valendo-se de expediente fraudulento, em desfavor do caráter competitivo do certame, para obter vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, in verbis: Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Mas não é só: cabe esclarecer que, em realidade, não houve competição no Pregão 45/2001. De fato, vem à balha os bem delineados argumentos do voto do Ministro Ubiratan Aguiar, relator do Acórdão 1.527/2005-TCU-Plenário (fl. 89 do Volume Principal): Em realidade, não houve competição uma vez que, conforme revelou documento encaminhado à equipe pelo Procurador deste Tribunal Marinus Eduardo De Vries Marsico, duas das três empresas participantes, Skymaster e Beta, tinham celebrado em 2000 'termo de compromisso de subcontratação', em que uma se comprometia a subcontratar a outra em 50%. Na prática isso significava que, para essas empresas, não fazia diferença quem seria a vencedora da licitação, uma vez que ambas executariam 50% do objeto do contrato. Quanto à terceira empresa, a Aeropostal, conforme demonstrado pela equipe, ela não tinha o certificado de homologação do DAC, condição indispensável para operar as linhas. Além disso, um de seus sóciosgerentes, sr. Roberto Kfouri (fl. 114, anexo 5), assinou contratos com a ECT na qualidade de representante da Beta (fls. 108/111, anexo 5). Destarte, os procedimentos apontados implicam na aplicação do previsto no art. 46 da Lei 8.443/1992, que assim prescreve: Art. 46. Verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação, o Tribunal declarará a inidoneidade do licitante fraudador para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Federal Daí porque é de todo pertinente a proposta do sr. Analista no sentido de que tendo em vista que os esclarecimentos prestados em oitiva não foram capazes de elidir as irregularidades apontadas no Pregão 45/2001, onde restou comprovada a perpetração de fraude ao certame, seja declarada, com fundamento no artigo 46 da Lei 8.443/1992 e na forma do previsto no art. 271 do Regimento Interno, a inidoneidade das seguintes empresas para participarem, por até cinco anos, de licitações que envolvam recursos da Administração Pública Federal, inclusive quando descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres federais: SKYMASTER AIRLINES LTDA. CNPJ: 00.966.339/0001-47; BETA - Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. CNPJ: 64.862.642/0001-82; AEROPOSTAL BRASIL TRANSPORTE AÉREO LTDA. CNPJ: 13

003.765.091/0001-44 ; A empresa Skymaster, em seu memorial apresentado, alega que a subcontratação para operação de linhas dos Correios sempre foi um procedimento adotado na ECT, citando como exemplo os acordos firmados entre a Vasp e a Brata, bem como entre a Rio Sul e a Varig. Às fls. 160/3 e 164/8 do Anexo 11 constam, respectivamente, os ajustes firmados entre a Vasp e a Brata e entre a Rio Sul e a Varig. Inicialmente é de se observar uma diferença significativa quando comparados ao Termo de Compromisso de Subcontratação firmado entre a Skymaster e a Beta: neste último, as empresas firmaram compromisso de, cada uma delas isoladamente, apresentarem suas propostas para um processo licitatório, o que veio a frustrar a competição e acarretar superfaturamento (o qual está sendo apurado no TC 009.118/2002-8); ao passo que, nos outros ajustes, conforme afirmado pela Skymaster, somente uma das empresas participou do certame. Ademais, à época do Contrato Particular de Fretamento de Aeronave firmado entre a Varig e a Rio-Sul, já existia um contrato administrativo entre a ECT e a Rio Sul. Assim, vale dizer que, neste caso, houve uma subcontratação de serviços, e não a formação de um consórcio prévio entre a Varig e a Rio-Sul para atender a ECT. Do superfaturamento no Pregão 105/2004 Inicialmente, para melhor compreensão do critério utilizado para se apurar o superfaturamento no Pregão 105/2004, convém transcrever o seguinte excerto do Relatório do Acórdão 1.527/2005-Plenário (fls. 71/4 do Volume Principal): VI.2 - PARÂMETRO ADOTADO COMO PREÇO DE MERCADO 83. Em virtude da situação acima exposta, deparamo-nos, por um lado, com a falta de consistência nos preços de referência fixados pela ECT e, por outro, com a comprovação de que as empresas Skymaster e Beta, supostas concorrentes no setor, possuíam termo de compromisso de subcontratação, até então desconhecido. Esse último fato deixou claro que não havia, de fato, disputa entre ambas, e conduziu à conclusão de que essas empresas, na verdade, simulavam competitividade nos certames, com vistas a dar legitimidade aos preços ofertados por elas. Esse quadro inviabilizou a adoção de qualquer desses parâmetros (preço de referência da ECT e preços de certames anteriores a 2003) como referência para a aderência dos preços até então praticados. 84. Contudo, uma incoerência nos valores sintetizados na tabela por nós elaborada chamou-nos a atenção. O preço praticado no Pregão 45/2001, ora em exame, e aquele praticado no Pregão 106/2003. 85. Note-se que o preço praticado em 2003 foi inferior ao vigente em 2001, mesmo considerada a diminuição da carga contratada. Verificamos que a variação dos principais insumos que impactavam o custo da aviação no período entre 24/12/2001 e 24/12/2003 foi considerável. O combustível (querosene de aviação), segundo fonte da ANP, sofreu aumento de 130%. O dólar, que serve de indexação para as despesas de arrendamento de aeronave, seguro e manutenção, variou 24%. 86. Logo, procuramos identificar qual era o contexto que poderia justificar o comportamento verificado no Pregão 106/2003. Observamos, então, que nesse ano: a) a ECT modificou sua forma de contratação: proibiu a subcontratação, a não ser que fosse em caso de emergência e por período limitado, inviabilizando o expediente utilizado pela Skymaster e Beta para se apresentarem até então nos certames; 14

b) já existia a revogação de um segundo acordo de divisão de lucros firmado pelas empresas Skymaster e Beta, indicando possível desentendimento entre elas (fls. 138/139 do Anexo 5); c) a ECT havia instituído um Grupo de Trabalho pela PRT/PR-296/03 para negociar a redução dos contratos em andamento. A Skymaster foi chamada para negociar a redução do valor, ainda na vigência do Contrato 11.008/01, mas não aceitou, alegando que não estava preparada para discutir a composição das variáveis que compunham cada item das planilhas de preços. Não havendo acordo entre as partes, a ECT optou pela não-renovação do contrato(fls. 10, Anexo 3 e 23-v, Anexo5); e d) a VarigLog volta a participar do certame, após a exclusão das cláusulas antes consideradas restritivas no Pregão 045/2001. 87. Por esse novo contexto, verificamos que foi possibilitada uma concorrência de fato entre os participantes, tanto é que o preço baixou além do esperado, tendo a vencedora, Skymaster, apresentado, no item remuneração da planilha, valor negativo de R$ 37.882,87, sob a alegação de que o déficit seria absorvido pelas operações comerciais da própria Skymaster (fls. 78/79, Anexo 3). 88. Registramos que o preço de R$ 213.990,00 foi considerado muito baixo, tendo, inclusive, a vencedora solicitado reequilíbrio econômico três meses após iniciar o contrato (fls. 124/133, Anexo 3). Considerando esses fatos, a equipe concluiu que esse preço, decorrente de lances no pregão, de fato, pode não refletir a realidade do mercado, mas sim um artifício utilizado para vencer o certame e, logo após, solicitar aumento de preço. Entretanto a ECT não concedeu os reajustes solicitados e esperados, o que fez com que a Skymaster não se interessasse na prorrogação proposta pela ECT, tendo sido, em conseqüência, encerrado esse contrato ao final de sua vigência inicial, em 23 de dezembro de 2004. 89. Nessas condições é possível afirmar que, embora se possa alegar que o preço final oferecido pela Skymaster se encontrava no patamar de inexeqüível, os preços ofertados inicialmente pelas concorrentes seriam justos, frutos dos esforços desenvolvidos por elas com vistas a apresentar a melhor proposta. As propostas iniciais e os melhores lances apresentados no Pregão nº 106/2003 foram os que seguem. EMPRESA PROPOSTA INICIAL MELHOR LANCE Varig 289.286,33 219.000,00 Beta 290.585,82 214.000,00 Skymaster 300.154,79 213.990,00 90. Veja que todas as propostas iniciais flutuam no mesmo patamar, dando coerência aos preços ofertados. Dessa forma, é possível afirmar, de forma conservadora, que o maior valor oferecido no Pregão 106/2003, no qual se verificou as condições que propiciaram uma real concorrência, serve de parâmetro justo e conservador para balizar os preços de mercado, já que sempre é embutida no preço certa margem de negociação para a etapa de lances que seguem a proposta escrita. 91. Registramos que para o Pregão 106/2003 não houve modificação nas linhas nem no tipo de aeronave utilizado para a realização dos serviços. Só foi alterada a quantidade de carga a ser contratada, relativamente à época de realização do Pregão nº 045/2001, que era de 207.000, e agora passou para 170.000 kg na soma das linhas A e C. 92. Por outro lado, é indiscutível que os preços de 2003 não poderiam ser inferiores aos praticados em 2001, a não ser que tivesse ocorrido fato que revolucionasse o setor, propiciando uma ganho de produtividade maior que os aumentos verificados nos insumos. Cabe registrar que a própria ECT afirmou que não foram verificados reflexos negativos dos atentados ocorridos nos Estados Unidos, em 15

11 de setembro de 2001, sobre o mercado de transporte aéreo de cargas (fls. 101, Anexo 5). 93. Nessas condições, pareceu-nos óbvio que o preço [inicialmente] ofertado [pela Skymaster] em 26/12/2003 é o parâmetro mais realista a ser adotado para examinar um possível superfaturamento no período de 2001 a meados de 2005 (já que na Concorrência 6/2004 houve modificação de linha e de aeronave). VI.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO DO SUPERFATURAMENTO 94. A partir desse preço ofertado inicialmente pela Skymaster (R$ 300.154,79) efetuamos ajustes ao longo do tempo em que a empresa manteve contrato com a ECT para as linhas A e C, exatamente entre jun/2001 e abr/2005, de modo a se calcular os preços equivalentes na ocasião de cada contratação. 95. Esses preços equivalentes, em cada uma das datas, corresponderão exatamente àquele de R$ 300.154,79 ofertado inicialmente pela Skymaster em dez/2003 no Pregão 106/03. 96. Esses ajustes foram efetuados com base na variação integral dos indexadores utilizados no setor de transporte aéreo de carga, conforme segue: Item de Custo Indexador Combustível Preço do QAV praticado pela BR Distribuidora Deprec/Arrend/Manut/Revisão/Seguro Dólar Americano (venda) Demais custos + Remuneração IGP-M 97. A partir das planilhas apresentadas pela Skymaster para sustentar o preço de R$ 300.154,79 (fls.73/4, Anexo 3), pode-se verificar a composição das parcelas de custos, conforme detalhamento a seguir: Parcela de custo Linha A (R$) Linha C (R$) Total (R$) Participação da parcela de custo Combustível 88.178,55 85.972,03 174.150,58 58,02% Deprec./Arrend./Manut./Revisão/Seguro 21.286,83 21.795,70 43.082,53 14,35% Demais custos + Remuneração 41.118,54 41.803,14 82.921,68 27,63% Total 150.583,92 149.570,87 300.154,79 100% 98. A partir das participações dessas parcelas de custos, aplicamos, ora deduzindo (para cálculo dos preços equivalentes no passado), ora acrescendo (para cálculo dos preços equivalentes no futuro), 100% da variação dos indexadores para se encontrar os valores correspondentes na data em que se pretende. Com essa operação, estamos dizendo que o preço de R$ 300.154,79, que estaria dentro de níveis satisfatórios de rentabilidade para a Skymaster em dez/2003, equivale a cada um dos preços encontrados nas datas em que ocorreram outros processos de contratação. 99. Dessa forma, adotando-se cada um desses preços equivalentes nas respectivas datas em que ocorreram as contratações e atualizando-os com base em 100% da variação desses indexadores, de seis em seis meses - prazo contratual, encontramos exatamente esse valor de R$ 300.154,79 cotado pela Skymaster em dez/2003. 100. Registramos que esse cenário, para o empresário do transporte aéreo de cargas, é o ideal e expressa o que sempre almejou nas negociações junto à ECT: obter, periodicamente, a atualização de seus preços com base em 100% da variação desses indexadores. De fato, nos pleitos encaminhados pela Skymaster aos CORREIOS, 16