IMPRIMINDO IDÉIAS: VIABILIZAÇÃO DO USO DE IMPRESSORAS PARA MAQUETES ARQUITETÔNICAS



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Transcrição:

IMPRIMINDO IDÉIAS: VIABILIZAÇÃO DO USO DE IMPRESSORAS PARA MAQUETES ARQUITETÔNICAS Gabriela Celani UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, FEC - Faculdade de Engenharia civil, Arquitetura e Urbanismo, Depto. de Arquitetura e Construção celani@fec.unicamp.br Érica Pinheiro Carlos Vaz Débora Cypriano Momchil Stoyanov UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, FEC - Faculdade de Engenharia civil, Arquitetura e Urbanismo, Programa de pós-graduação em Engenharia Civil RESUMO A prototipagem rápida, técnica que permite a construção de modelos e protótipos funcionais a partir de representações tridimensionais desenvolvidas em programas CAD, tem sido aplicada em diversas áreas, em especial na medicina e na odontologia. Sua aplicação na arquitetura, contudo, ainda é limitada, em conseqüência do elevado custo dos materiais de consumo utilizados nas impressoras 3D. Nesta pesquisa, ainda em andamento, busca-se experimentar materiais alternativos para a produção de maquetes de média e baixa resolução, com o objetivo de viabilizar o uso da prototipagem rápida nas etapas iniciais do processo de projeto em arquitetura. Até o momento, já se pode concluir que a utilização de materiais alternativos de baixo custo é possível, ainda que com certas limitações, mas para isso faz-se necessário o desenvolvimento de uma metodologia específica. Palavras-chave: prototipagem rápida; impressão 3D; processo de projeto; maquetes arquitetônicas. RESUMEN El prototipage rápido, técnica que permite la construcción de modelos y protótipos funcionales a partir de representaciones tridimensionales hechas en programas de CAD, ha sido aplicada a diversas áreas, en especial la medicina y la odontología. Su aplicación en la arquitectura, sin embargo, es todavía limitada, como consecuencia del elevado costo de los materiales de consumo utilizados en las

impresoras 3D. En esta investigación, aún en desarrollo, busca-se experimentar materiales alternativos para la producción de maquetas de media y baja resolución, con el objetivo de viabilizar el uso del prototipage rápido en las etapas iniciales del proceso de diseño en arquitectura. Hasta el momento, ya a sido posible concluir que la utilización de materiales alternativos de bajo costo es posible, aún que con ciertas limitaciones, pero para eso se hace necesario el desarrollo de una metodología específica. Palabras-llave: prototipage rápida; impresión 3D; proceso de diseño; maquetas arquitectónicas. Introdução O uso de programas CAD para a representação do projeto de arquitetura desde suas primeiras etapas se dá, cada vez mais, de maneira tridimensional. Isso se deve, entre outras coisas, aos seguintes motivos: Facilidade de desenvolvimento de modelos 3D nos pacotes de CAD atuais; disponibilidade de recursos em alguns programas, como o AutoDesk Architectural DeskTop, que permitem a geração de desenhos a partir de modelos tridimensionais; disponibilidade de recursos de rendering, na maioria dos pacotes de CAD atuais, o que permite uma visualização tridimensional realista do objeto arquitetônico em fase de projeto. O desenvolvimento de projetos com o uso dos recursos tridimensionais do CAD é vantajoso, já que permite evitar conflitos que seriam difíceis de prever em desenhos. Contudo, a facilidade de visualização desses modelos tridimensionais tem tido um impacto negativo nos cursos de arquitetura: a maquete física, mais trabalhosa e cara, e que leva muito mais tempo para ser feita, está desaparecendo dos ateliês de projeto. O uso de maquetes físicas no desenvolvimento de projetos de arquitetura possui algumas características peculiares que não podem ser substituídas pelo uso de modelos geométricos tridimensionais. Nestas últimas, ocorre sempre uma distorção de perspectiva, o que torna a percepção do espaço diferente da realidade. Em geral, os espaços tendem a parecer maiores do que realmente são, como nas fotografias. Assim como as maquetes virtuais, as maquetes físicas podem ser manipuladas, visualizadas rapidamente sob diferentes pontos de vista, e alteradas facilmente. Mas, no caso das maquetes físicas, a interação entre as pessoas envolvidas no projeto (por exemplo, a discussão de um grupo de pessoas ao redor de uma maquete) é mais fácil que quando se precisa olhar e manipular uma maquete com um mouse na tela de um computador ou imagem projetada na parede. Com a técnica de prototipagem rápida (PR) é possível produzir, de maneira automática,

uma maquete física a partir de um modelo geométrico tridimensional. Tomadas as devidas precauções, como evitar partes demasiadamente delgadas para serem impressas e prever orifícios para o esvaziamento do material depositado no interior do modelo, para que não se gaste mais material que o necessário, esse processo pode ser bastante rápido e simples. Com a popularização da técnica nas escolas de arquitetura, o que já vem ocorrendo nos Estados Unidos e Europa, é possível fazer com que alunos de arquitetura voltem a utilizar a maquete física de maneira sistemática, mesmo dentro de um método de projeto inteiramente mediado pelo computador. Já existem no mercado máquinas de prototipagem relativamente baratas e de eficiência adequada para a impressão de modelos volumétricos de projetos arquitetônicos, ainda que com limitações de tamanho. Um exemplo disso são as impressoras que imprimem jatos de um líquido aglutinante sobre camadas de pó, que são depositadas sucessivamente, até formar o modelo. Embora o valor dessas máquinas venha caindo substancialmente nos últimos anos, uma das limitações que tornam esse processo ainda pouco viável no Brasil é o preço do material de consumo, que ultrapassa 300 reais por quilo. O objetivo desta pesquisa é analisar a possibilidade de uso de materiais alternativos em uma impressora 3D, com o objetivo de viabilizar o seu uso na confecção de maquetes de estudo, que diferem das maquetes de apresentação final ao cliente, por exigirem menor precisão, porém maior rapidez de execução. O estudo tem como ponto de partida o experimento realizado por Aguiar et al (2005), em que se propôs o uso de aglutinantes alternativos para a mesma máquina. A presente pesquisa, contudo, tem como foco principal o uso de pós alternativos para a impressão 3D. A prototipagem rápida Há controvérsias sobre quais técnicas são efetivamente de PR e quais não são. Silva et al (1999), pesquisador do Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) e um dos maiores especialistas da área no Brasil, sugere que protótipos rápidos são obtidos somente por deposição, como nos processos conhecidos como Fusion Deposition Modeling (FDM), Stereolithography (SLA), Selective Laser Sinthering (SLS), Polyjet e 3DPrinting (3DP). Porém, segundo Sass (2006), do grupo de pesquisa Digital Design Fabrication, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), as máquinas de PR para a confecção de maquetes podem ser classificadas em três tipos, de acordo com os processos utilizados: corte, subtração e adição. O primeiro grupo, o das cortadoras, inclui equipamentos como as cortadoras a laser, a jato de água e as cortadoras de vinil. Nessa categoria, as peças de uma maquete são cortadas, para serem posteriormente montadas. Segundo Sass (2006), as cortadoras requerem descrições em 2D para construir modelos 3D. Para isso, os modelos em CAD precisam ser desdobrados em superfícies, já prevendo possíveis encaixes e os efeitos da espessura do material a ser utilizado na montagem da maquete. As cortadoras a laser, as mais comumente utilizadas na confecção de maquetes, cortam diversos tipos de materiais, como madeira, papelão, papel cartão, acrílico e plástico em diferentes espessuras.

O segundo grupo de máquinas de PR, o das máquinas que operam com processos subtrativos, é composto por máquinas que trabalham a partir de uma peça bruta, esculpindo e eliminando partes da peça com pontas giratórias de alta rotação, até deixá-la com a forma desejada. Nesse grupo se encontram as chamadas fresadoras (milling machines), que também podem executar serviços de corte sobre materiais em placas. Finalmente, as máquinas aditivas produzem o objeto desejado através da deposição de material camada por camada. Essas máquinas, também conhecidas como impressoras 3D, podem variar enormemente em termos de tecnologia, insumos utilizados e qualidade dos protótipos produzidos. Os tipos mais utilizados na área de arquitetura são o sistema de estereolitografia (SLA), o sistema FDM (fusion deposition modeler) e as impressoras a pó. De acordo com Jacobs (1992) a estereolitografia (SLA, stereolithography) é o processo de construção de modelos tridimensionais a partir de polímeros líquidos sensíveis à luz, que se solidificam quando expostos à radiação de um feixe de laser ultravioleta. O modelo é construído sobre uma plataforma situada dentro de um banho líquido de resina epóxi ou acrílica. Uma fonte de raio laser ultravioleta solidifica seções transversais do modelo camada por camada, deixando as demais áreas líquidas. A estereolitografia é a tecnologia de PR atualmente mais usada, de maior exatidão e com melhor acabamento superficial. A esterolitografia foi o primeiro processo de PR a ser comercializado e foi desenvolvido pela 3D Systems no final da década de 80. O Sistema FDM ou modelagem por deposição de material fundido, tem sido comercializado desde 1991. De acordo com Saura (2003) é o segundo processo de PR mais usado. As máquinas FDM utilizam um filamento plástico (ABS, policarbonato, poliéster, etc) que é desenrolado de uma bobina, e expelido por um bocal de extrusão acoplado a um mecanismo que o move nos sentidos horizontal (x) e vertical (y). Esse bocal é aquecido para derreter o filamento plástico, que é depositado camada a camada, formando o objeto. O sistema FDM é razoavelmente rápido para pequenas peças, e especialmente indicado para aquelas com formas delgadas, como nas maquetes de estruturas metálicas. Entretanto, pode ser muito lento para peças mais maciças. O acabamento superficial das peças tem melhorado muito nos últimos anos, mais ainda não se compara ao da estereolitografia (SAURA, 2003). O sistema de impressão tridimensional (3D printer) possui como princípio a aglutinação de pós pela ação de um líquido aglutinante expelido em gotículas por um cabeçote tipo "jato-detinta", muito parecido com os utilizados em impressoras comuns. O jato de aglutinante gerado pelo cabeçote é aspergido sobre uma camada de pó depositada sobre uma plataforma que se movimenta na direção vertical. Um rolo é utilizado para depositar novas camadas de material e compactar uma camada sobre a outra. O processo foi desenvolvido pelo MIT e sua patente foi segmentada em diferentes atividades industriais (CIMJECT, 2006c). De acordo com Saura (2003), a impressão tridimensional oferece as vantagens de ser rápida e de custo mais baixo que o dos demais processos. Recentemente tornou-se também disponível a possibilidade de aplicação de cores. Entretanto, há limitações na definição, no acabamento superficial, na fragilidade da peça e nos materiais disponíveis.

Pode-se afirmar que, para a aplicação da PR em arquitetura, o equipamento que oferece melhor relação entre custo e benefício é a impressora 3D, com rapidez, bom resultado na confecção de maquetes tridimensionais detalhadas (apesar da fragilidade da peça) e a possibilidade de reutilização do material utilizado. Embora inferior ao custo dos outros processos, o custo da impressão 3D ainda é elevado no Brasil, pois tanto a máquina como o material de consumo precisam ser importados dos Estados Unidos. Na América Latina, assim como no Brasil, a presença de laboratórios de PR nas escolas de arquitetura pode ser considerada incipiente. Contudo, na Europa e nos EUA, esses laboratórios são muito comuns, assim como as discussões e pesquisas sobre o emprego da PR na confecção de maquetes. A maioria desses laboratórios são equipados máquinas do tipo CNC, 3D printers e cortadoras a laser. Metodologia Nesta pesquisa, o processo de descoberta de materiais alternativos para utilização na impressora 3D tem se dado de modo empírico, por meio de experimentação com materiais comumente utilizados na confecção de maquetes arquitetônicas, como o gesso comum e alguns tipos de gesso especiais, e não por meio de análises químicas com o objetivo de reprodução das características do material original. Inicialmente, a máquina foi testada com a produção de algumas maquetes arquitetônicas com material recomendado pelo fabricante, com diferentes níveis de dificuldade, incluindo treliças espaciais. A partir desses testes iniciais, foi possível determinar as variáveis envolvidas no processo que poderiam afetar a dificuldade de pós-processamento, resistência e resolução do modelo. Em seguida, foram realizadas diversas baterias de testes, sendo que, em cada uma delas, apenas uma variável era alterada, enquanto as demais eram mantidas fixas. As variáveis identificadas no processo e as alternativas consideradas para cada variável são apresentadas na Tabela 1. Variável Procedimento normal, segundo instruções do fabricante Alternativas analisadas Tabela 1: Variáveis envolvidas no processo de impressão 3D. A. Pó para impressão Pó fornecido pelo fabricante Gesso comum e odontológico tipos I, II e III B. Aglutinante Aglutinante fornecido pelo fabricante Binder ZCorp e água destilada e deionizada C. Índice de saturação e espessura da camada Determinado por meio do software da máquina Deve ser ajustado ao pó, de acordo com sua porosidade D. Acabamento superficial E. Tipo de maquete Cianocrilato Não há especificação do fabricante Líquido para acabamento de superfícies em gesso; spray para pintura de objetos em gesso Os testes iniciais foram realizados apenas com maquetes volumétricas simples Até o momento foram realizados experimentos com os 4 diferentes tipos de gesso listados na Tabela 1 (figuras 1 e 2), com apenas uma opção de líquido aglutinante, com 3 opções de nível

de saturação e espessura da camada, e com 3 opções de acabamento superficial, mas apenas para um tipo de maquete - maquetes simples e volumétricas (figura 3). Figura 1: Primeiros ensaios. Figura 2: Um dos resultados obtidos. Figura 3: Maquete volumétrica de estudo (média resolução) do Museu Guggenheim de Bilbao. Após a realização de testes com as demais variáveis, a próxima etapa do trabalho consistirá em avaliar os modelos produzidos de acordo com o nível de dificuldade de pós-processamento e a qualidade e resistência da peça. Finalmente, pretende-se estabelecer relações entre as variáveis de impressão e os resultados, sob esses três aspectos, e produzir tabelas comparativas com os custos finais dos diferentes modelos produzidos. Em uma etapa futura, pretende-se, ainda, testar a produção de maquetes de maior complexidade com os materiais alternativos melhor avaliados nessa primeira pesquisa. Discussão e resultados esperados Com os experimentos realizados até o momento, já se pode perceber que é possível produzir maquetes arquitetônicas com uma impressora 3D com o uso de materiais alternativos, de baixo custo. O uso desses materiais acarreta, sem dúvida, uma redução na qualidade dos modelos, tanto do ponto de vista de sua resistência como de sua resolução, mas os modelos obtidos são suficientemente bons para o uso nas etapas iniciais e intermediárias do processo de projeto em arquitetura, em que não se exige tanta precisão e em que são realizados predominantemente estudos volumétricos (Figura 3). Enfim, com a confirmação dos resultados parciais, será possível prever uma difusão do uso das impressoras 3D nas escolas de arquitetura brasileiras, o que certamente contribuirá para a volta das maquetes físicas no desenvolvimento de projetos de arquitetura.

Agradecimentos Os autores agradecem à FAPESP pelo auxílio financeiro concedido para a montagem do laboratório de prototipagem da FEC-UNICAMP, e ao Laboratório de Prototipagem Rápida do CENPRA, em especial a seu coordenador, Jorge Vicente Lopes Silva, pelo apoio constante. Referências Aguiar, F. F.; Maia, I. A.; Oliveira, M. F.; e Silva, J. V. L. A homemade binder for 3D printer. In: Bartolo, P. (ed.) Proceedings of VRAP 2005. Leiria, 2005. CIMJECT. Esquema básico do processo 3DP. Disponível em: <http://www.cimject.ufsc.br/knowledge/09_knowledge_3dp.htm> Acesso em: 21 set. 2006 JACOBS, P. F. Rapid prototyping & manufacturing: fundamentals of stereolithography : Society of Manufacturing Engineers, Dearborn - MI, 1992. 434p. SASS, L. Materializing design: the implications of rapid prototyping in digital design. Design Studies, 2006. v.27, n.3, p.325-355. SAURA, C. E. Aplicação da prototipagem rápida na melhoria do processo de desenvolvimento de produtos em pequenas e médias empresas. Campinas, 2003. 105 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas. SILVA, J.V.L. et al. Rapid Prototyping: Concepts, applications and potential utilization in Brazil. In: 15TH INTERNATIONAL CONFERENCE IN CAD/CAM, ROBOTICS AND FACTORIES OF THE FUTURE, 1999.