Tópicos Jurídicos de Propriedade Intelectual (e outros temas derivados) em Big Data Ciclo de Seminários do GEOPI/UNICAMP 12/06/2013 José Augusto de Lima Prestes Advogado
A Era do Eu... Multiplicação da geração (=> produção) de informações pessoais ou próprias. Multiplicação da geração (=> desenvolvimento) de conteúdo próprio ou de terceiros. Interseções.
...do Medo do Você/Ele... O controle sobre aquilo que é diariamente gerado (=> produzido ou desenvolvido) nunca esteve tão fluido quanto hoje. Não é sempre que sabemos exatamente quem, quando, onde, como e por que acessa, armazena ou compartilha o que geramos.
...e da Ausência da Última Fronteira Não é possível, atualmente, ter uma ideia clara de todas as aplicações possíveis de Big Data. A cada dia surgem novas e diferentes possibilidades de uso. Mesmo o seu conceito sofre constantes revisões e adaptações. Adicionalmente, não há legislação nacional específica sobre o assunto, como um código ou marco legal. Na União Europeia e nos EUA, o tema também não é objeto de legislação específica, mas existem outras normas que podem abordar temas de Big Data de forma tangencial.
Propriedade Intelectual As regras jurídicas analógicas são exigíveis no contexto digital. Problema: falta de adequação a algumas situações ou conceitos que não existiam ou eram pouco prováveis em um contexto analógico. Soluções: ainda em debate. Propostas: flexibilização de alguns direitos de propriedade intelectual ou descriminalização de algumas condutas.
Propriedade Intelectual em Big Data Big Data: conjunto de informações gerado a partir de uma grande massa de dados/metadados (brutos ou enriquecidos), informações, documentos e obras intelectuais que tenham aproveitamento dentro de um dado contexto. Questão: o que foi gerado, independentemente da sua natureza, forma ou propósito, pode ser utilizado para qualquer fim? Quem determina isto? Por qual meio? A legislação pode definir algo?
Propriedade Intelectual em Big Data Questão: o que foi utilizado a partir dos dados que coletei pode ser disponibilizado sob qualquer forma? Licenças de uso? Contratos? Regras e termos de uso (TOS, EULA, etc.)?
Propriedade Intelectual em Big Data Questão: o que foi armazenado por mim em um sítio ou servidor na Internet ou serviço de armazenamento na nuvem (cloud) pertence a quem? Direitos de Propriedade versus Direitos de Posse (=> uso)
Propriedade Intelectual em Big Data Questão: os contratos de sítios, servidores ou serviços estrangeiros são válidos no Brasil? E se houver uma violação dos termos? E se alguém cometer um crime ou desrespeitar os Direitos de Propriedade Intelectual?
Propriedade Intelectual em Big Data Questão: quem é dono das informações e dados (e metadados) gerados a partir do que eu faço? O que é um banco (ou base) de dados? Banco (ou base) de dados, no Brasil, é uma obra intelectual? Há diferença entre dados brutos e dados enriquecidos?
Somente há Propriedade Intelectual em Big Data? À primeira vista, Big Data relaciona-se única e exclusivamente a questões inerentes ao Direitos de Propriedade Intelectual ( a quem pertence algo ou como posso usar algo ). Existem pelo menos dois outros tópicos que devem ser estudados em conjunto, pois relacionam-se a interseções dos interesses em Propriedade Intelectual com a duas outras acepções da Proteção à Dignidade Humana: Personalidade e Privacidade.
Dignidade Humana em Big Data? Big Data não trata apenas daquilo que é gerado (=> produzido ou desenvolvido). Big Data também trata daquilo que é obtido (ativa ou passivamente) a partir do que alguém gerou. Dados, metadados e informações podem revelar sobre nós muito mais do que imaginamos ou desejamos: convicções políticas ou religiosas, pensamentos ou desejos íntimos, etc. O uso de dados, metadados e informações gerados ou obtidos a partir de Big Data deve ser objeto de extremo cuidado, sob pena de se ferir Direitos Fundamentais da Dignidade Humana mundialmente reconhecidos e objeto de proteção das leis locais.
Personalidade em Big Data Uso de imagens, voz, vídeos ou outras formas de expressão da personalidade. Compartilhamento (share), edição (remix ou reuso) e reprodução (cópia) de um certo conteúdo que se refere a uma pessoa. Mesmo dados, metadados e informações que foram tornados públicos sobre ou por uma pessoa não representam um direito ao seu uso indiscriminado (por exemplo, informações sobre geolocalização ou dados obtidos a partir de um buscador).
Personalidade em Big Data O fato de eu ter tornado algo público não representa, necessariamente, uma renúncia. Por vezes, trata-se do exercício ao Direito à Liberdade de Expressão. O uso de dados, metadados e informações referentes à personalidade de alguém sempre depende de prévia e expressa ciência e claríssima autorização. Direitos de Personalidade devem ser entendidos de forma ampla, isto é, como quaisquer aspectos relativos à identidade da pessoa (incluindo a sua privacidade e intimidade).
Privacidade e Intimidade em Big Data Dados, metadados e informações referentes a com quem, quando, como, por que e sobre o que foi falado. Textos, fotos, sons, vídeos e outros registros que não foram tornados públicos ou não tenham sido criados para tal finalidade. Caráter sensível, pessoal, privado ou íntimo das comunicações não públicas. Garantia constitucional e legal de sigilo das comunicações. Importante diferença: quem é o dono de um dado número, endereço de e-mail ou usuário de IP de acesso (finalidade cadastral dados não enriquecidos, em geral) versus para quem ligou, para quem escreveu um e-mail ou quais sítios acessou (diversas finalidades dados enriquecidos, em geral).
Muito Obrigado! jose.prestes@aasp.org.br
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