XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Documentos relacionados
PRODUTIVIDADE DE HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE TOMATEIRO COM CRESCIMENTO DETERMINADO NA REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ.

TRIAGEM DE GENÓTIPOS E LINHAGENS DE ALFACE AO Lettuce mosaic virus patótipo II (LMV II)

DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE TOMATE EM SUBSTRATO CONTENDO TORTA DE MAMONA

3. Titulo: Testes para avaliação de linhagens de soja resistentes a percevejos.

Método Genealógico ( Pedigree )

AVALIAÇÃO DA PERDA DE PRODUTIVIDADE DE PLANTAS DE ALGODÃO COM MOSAICO COMUM

Efeito da Inoculação de Plantas de Milho com Isolados Geográficos de S. kunkelii no Teor de Macronutrientes

Sintomas provocados pelo Potato Virus S (PVS) em plantas de batata em infecções simples e mistas.

COMPORTAMENTO DE CLONES DE CAFÉ CONILON DIANTE DE DOENÇAS NO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE TOMATE (Solanum lycopersicum) SUBMETIDAS A CORTE E TRATADAS COM EXTRATOS À BASE DE ERVA-CIDREIRA (Lippia alba)

INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DA VIROSE DO ENDURECIMENTO EM GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO-AZEDO CULTIVADOS NO DISTRITO FEDERAL

1. Introdução Doenças e nematoides no algodoeiro são um dos principais problemas técnicos enfrentados

SELEÇÃO DE PLANTAS DE ROMÃ PARA RESISTÊNCIA À ANTRACNOSE

Comportamento de genótipos de trigo, oriundos do Paraná, quanto à severidade de oídio, na safra 2008

Método Genealógico ( Pedigree )

Universidade Federal Rural de Pernambuco Programa de Pós-Graduação em Agronomia Melhoramento Genético de Plantas

Transmissão de um Isolado do Maize rayado fino virus por Daubulus maidis

REAÇÃO À BRUSONE DE GENÓTIPOS DE TRIGO NO ESTÁDIO DE PLÂNTULA

ENSAIO ESTADUAL DE CULTIVARES DE TRIGO DO RIO GRANDE DO SUL REAÇÃO AO BYDV

MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE. Jatropha curcas L.

RESISTÊNCIA DE BATATA À PINTA-PRETA

Programas de Melhoramento Visando à Resistência a Doenças. Estudo de casos

7º Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas. Analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO.

1 Medidas possíveis de serem utilizadas visando minimizar a incidência dos

Avaliação da precocidade e de sólidos solúveis em acessos de melancia do Banco Ativo de Germoplasma de Cucurbitaceas do Nordeste brasileiro

Manejo de cafeeiro em áreas infestadas pelos nematoides-das-galhas com uso de cultivar resistente

MELHORAMENTO DE PLANTAS AUTÓGAMAS POR SELEÇÃO

Métodos de Melhoramento de Espécies Autógamas

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA- DOCE ORIUNDOS DE SEMENTES BOTÂNICAS COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL.

REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MILHO Bt E NÃO Bt A INOCULAÇÃO ARTIFICIAL DE Fusarium sp. RESUMO

Sintomas provocados pelo nematoide-das-galhas em algodoeiro (Foto: Rafael Galbieri)

RELATÓRIO FINAL DE PROJETO DE PESQUISA

Comportamento de genótipos de trigo quanto à severidade de oídio em 2009

Capítulo 1 IV Reunião Técnica de Pesquisas em Maracujazeiro...35

Identificação do Cowpea mild mottle virus em Soja no Municipio de Sorriso, Mato Grosso

Efeito da temperatura na interação nematoide- planta em genótipos de batata-doce

Comportamento de genótipos de trigo, oriundos do Paraná, quanto à severidade de oídio, na safra 2007


Aula 6 Melhoramento de Espécies com Propagação Assexuada

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA- DOCE ORIUNDOS DE SEMENTES BOTÂNICAS COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL.

ESTUDO DO PROGRESSO GENÉTICO NA POPULAÇÃO UFG- SAMAMBAIA, SUBMETIDA A DIFERENTES MÉTODOS DE SELEÇÃO.

CIRCULAR TÉCNICA. Reação de cultivares de algodoeiro a doenças e nematoides, safra 2017/18

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de tomate

APLICAÇÃO DE SULFATO DE AMÔNIO COMO FONTE DE NITROGÊNIO NA CULTURA DA ALFACE

EFICIÊNCIA DE NINFAS E ADULTOS DE Aphis gossypii NA TRANSMISSÃO DO VÍRUS DO MOSAICO DAS NERVURAS EM ALGODOEIRO

TBIO SELETO - Rusticidade, precocidade e bom potencial de rendimento

EFEITO DA SELEÇÃO EM TERRENO NATURALMENTE INFESTADO PELA FUSARIOSE NO MELHORAMENTO DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO RESISTENTES AO PATÓGENO ( 1 ) SINOPSE

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de alface

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE PIMENTA COMO PORTA-ENXERTO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE PIMENTÃO

Biotecnologia Melhoramento Genético

Caracterização de genótipos de tomateiro resistentes a begomovírus por marcador molecular co dominante ligado ao gene Ty 1

J. Albersio A. Lima Aline K. Q. Nascimento M. Fátima B. Gonçalves

Comportamento de genótipos de cevada quanto à severidade de oídio (Blumeria graminis f. sp. hordei), na safra 2007

CLONAGEM IN VITRO VIA CULTIVO DE MERISTEMA DE PIMENTEIRA-DO-REINO: ASSEPSIA E ESTABELECIMENTO DE CULTURA

Melhoramento de autógamas por hibridação. João Carlos Bespalhok Filho

Melhoramento para Resistência a Doenças. João Carlos Bespalhok Filho

problemas fitossanitários, entre eles as doenças, que impedem ou limitam o maior rendimento ou lucratividade (JULIATTI et al., 2004).

APLICAÇÃO DE DOSES DE MOLIBDÊNIO EM MUDAS DE REPOLHO (Brassica oleracea L. var. capitata)

ASSOCIAÇÃO ENTRE GERMINAÇÃO NA ESPIGA EM PRÉ-COLHEITA E TESTE DE NÚMERO DE QUEDA EM GENÓTIPOS DE TRIGO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Begomovirus Tomato yellow vein streak virus (ToYVSV)

ENSAIO DE ALGODÃO COLORIDO NO NORDESTE. Aldo Arnaldo de Medeiros¹; José Expedito Pereira Filho²; Marcelo Gurgel Medeiros³

BRS REPONTE: CULTIVAR DE TRIGO DE ALTA PRODUTIVIDADE E AMPLA ADAPTAÇÃO

LGN 313 Melhoramento Genético

Métodos da População (bulk) e Single-Seed Descendent (SSD)

OCORRÊNCIA DE Cercospora sp. EM CANOLA NA REGIÃO DO CERRADO MINEIRO

Retrocruzamento. Allard, Cap. 14 Fehr, Cap. 28

Importância de patógenos associados a cultura do tomateiro na atualidade

Epidemias Severas da Ferrugem Polissora do Milho na Região Sul do Brasil na. safra 2009/2010

Efeito do raleio de frutos na produtividade de tomate

Comportamento Agronômico de Progênies de Meios-Irmãos de Milheto Cultivados em Sinop MT 1

Respostas diretas e correlacionadas à seleção em milho em ambientes com e sem estresse hídrico

Reação de cultivares brasileiras de trigo ao Wheat streak mosaic virus

Universidade de Brasília,

CORRELAÇÃO FENOTÍPICA EM ACESSOS DIPLOIDES (AA) MELHORADOS DE BANANEIRA

Avaliação Biológica de Viroses em Plantas Matrizes e Mudas de Batata-doce (Ipomoea batatas)

Manejo de cultivos transgênicos

Emergência e Florescimento em Acessos de Melancia

Há várias décadas, desde que as cultivares de trigo

VARIABILIDADE FENOTÍPICA ENTRE ISOLADOS DE RAMULARIA AREOLA DO ALGODOEIRO BRASILEIRO

PRODUTIVIDADE DE 2ª SAFRA DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTES A FERRUGEM SOB IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA-DOCE COM BASE NA PRODUTIVIDADE E TEOR DE AMIDO COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E ZOOTECNIA FRUTICULTURA. Prof. Daniel M. Tapia T. Eng.

CICLO DAS RELAÇÕES PATÓGENO HOSPEDEIRO: VÍRUS E VIRÓIDES

Avaliação do efeito da begomovirose na qualidade do fruto de tomate para processamento industrial.

MELHORAMENTO GENÉTICO DA SOJA

CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DO BANCO DE GERMOPLASMA DE MAMONA DA EMBRAPA ALGODÃO*

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Produtividade e qualidade de diferentes genótipos de Bourbon cultivados em Minas Gerais visando à produção de cafés especiais

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

Origem. Características

Ambiente e Doença. Predisposição 25/3/2014. Ambiente: Disciplina: Fitopatologia Geral PREDISPOSIÇÃO:

Boletim de Pesquisa 200 e Desenvolvimento ISSN Dezembro,2007. RESISTÊNCIA DE CULTIVARES DE Capsicum annum A Meloidogyne spp.

Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma

Influência da Temperatura nos Sintomas Causados pelo Enfezamento Pálido do Milho

Produção de semente genética de trigo na Embrapa Trigo em 2009

Transcrição:

OBTENÇÃO DE LINHAGENS DE TOMATEIRO COM RESISTÊNCIA A BEGOMOVIRUS MARCELA CARVALHO ANDRADE 1, MARTA SILVA NASCIMENTO 2 ; ISABELA PEREIRA LIMA 3, THIAGO VINCEZI CONRADO 4, WILSON ROBERTO MALUF 5, LUCIANE VILELA RESENDE 6 RESUMO Este trabalho teve como objetivo obter linhagens de tomateiro resistentes a espécies de Begomovirus, provenientes do avanço de gerações do híbrido Dominador F1. A seleção de genótipos resistentes foi feita por meio de avaliação de resistência via enxertia. Foram inicialmente obtidas sementes F 2 a partir do híbrido Dominador F1. A partir de uma amostra de 400 plantas F 2, foram selecionadas 44 plantas, cujas sementes constituíram famílias F 3. Na geração F 3 e F 4 as plantas foram inoculadas com geminivírus via enxertia, e avaliadas através de uma escala de notas de 1 a 5, onde 1= sem sintoma (planta altamente resistente) e 5=sintomas severos (planta altamente suscetível). Plantas com média das notas 2 nas avaliações foram consideradas resistentes a begomovírus. Na geração F 3 utilizaramse 3 plantas por família e a seleção ocorreu entre e dentro das famílias, tendo sido selecionadas as plantas BPX-414A-46-01, BPX414A-46-02, BPX-414A-46-03, BPX-414A-83-01, BPX-414A-83-02, BPX-414A-84-03, BPX-414A-103-01, BPX-414A-103-02, BPX-414A-116-01, BPX-414A-116-02, BPX-414A-116-03, BPX-414A-132-01 e BPX-414A-132-02, que constituíram as famílias F 4. Na geração F 4 a seleção ocorreu entre famílias, tendo sido selecionadas as famílias BPX-414B-46-01, BPX-414B-84-03, BPX-414B-103-01 e BPX-414B-116-03. As famílias selecionadas em F 4 apresentaram alto nível de resistência a begomovirus, permitindo a seleção de linhagens de tomateiro resistentes a begomovírus. Palavras-chaves: seleção, genótipos de tomateiro, resistentes INTRODUÇÃO O tomateiro tem sofrido grandes perdas de produção devido ao ataque de doenças de natureza virótica, dentre elas as geminiviroses, causadas por espécies de vírus pertencentes ao gênero Begomovirus, que tem causado prejuízos de até 100% a produção em algumas lavouras (Faria et al., 2000). Os sintomas de geminivírus iniciam-se nas folhas mais novas do tomateiro, sob a forma de amarelecimento das nervuras e mosaico-amarelo (coloração verde e amarela), que termina por se distribuir por toda a folha, a partir da região do pecíolo. Os folíolos de toda a planta mostram enrolamento, além de a planta apresentar pouca floração e frutos menores com áreas descoloridas (Ribeiro et al., 1994, Rezende et al., 1996). Os geminivírus são transmitidos pela mosca-branca (gênero Bemisia), inseto de difícil controle devido ao seu hábito alimentar polífago, que favorece sua disseminação. Os métodos de controle químico para os vetores dessa doença não apresentam resultados satisfatórios (Faria et al., 2000). Portanto o caminho mais viável para diminuir os efeitos da queda de produtividade ocasionada por viroses é a utilização de genótipos resistentes aos begomovírus. A ¹ Mestranda em Fitotecnia, DAG/ UFLA, marcellinhaufla@gmail.com 2 Mestranda em Biotecnologia, DBV/UFLA, marta_sn1@hotmail.com 3 Graduanda em Agronomia, DAG/UFLA, isabelailima@hotmail.com 4 Doutorando em Genética e Melhoramento de Plantas, DBI/UFLA, tconrado@hotmail.com 5 Professor Titular, DAG/UFLA, wrmaluf@dag.ufla.br 6 Professora Adjunto, DAG/UFLA, luciane.vilela@dag.ufla.br

empresa HortiAgro Sementes Ltda., por meio de programa de melhoramento genético, vem desenvolvendo linhagens avançadas de tomateiro que são resistentes, entre outros patógenos, aos begomovírus. O objetivo, com este trabalho, é obter linhagens de tomateiro resistentes a espécies de Begomovírus, provenientes do avanço de gerações do híbrido Dominador F1 resistente a geminivírus. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados na empresa HortiAgro Sementes Ltda. e em casas de vegetação do Setor de Olericultura da Universidade Federal de Lavras, Lavras/MG. Avanço de gerações Foram plantadas sementes do híbrido Dominador F 1, cultivar com resistência reconhecida a espécies de Begomovírus. As sementes obtidas de plantas F 1 foram colhidas em bulk e posteriormente beneficiadas, as quais constituíram a geração F 2. Estas sementes F 2 foram semeadas em bandejas de isopor de 128 células com substrato Plantimax, e uma amostra de 400 mudas foram transplantadas após 21 dias para vasos de 3L. Os vasos foram mantidos em casa de vegetação, onde as plantas foram avaliadas e selecionadas para caracteres agronômicos. A seleção ocorreu individualmente, e cada indivíduo selecionado em F 2 originou uma família em F 3. Foram selecionadas 44 plantas F 2, obtendo-se desta maneira sementes de 44 famílias F 3 (Quadro 1). Quadro 1- Relação das famílias constituintes da geração F 3, onde cada família é originada de uma planta selecionada em F 2. BPX-414A-34 BPX-414A-52 BPX-414A-94 BPX-414A-125 BPX-414A-36 BPX-414A-58 BPX-414A-95 BPX-414A-126 BPX-414A-37 BPX-414A-59 BPX-414A-96 BPX-414A-128 BPX-414A-38 BPX-414A-60 BPX-414A-103 BPX-414A-131 BPX-414A-43 BPX-414A-62 BPX-414A-105 BPX-414A-132 BPX-414A-44 BPX-414A-65 BPX-414A-110 BPX-414A-133 BPX-414A-45 BPX-414A-81 BPX-414A-113 BPX-414A-135 BPX-414A-46 BPX-414A-83 BPX-414A-114 BPX-414A-136 BPX-414A-48 BPX-414A-84 BPX-414A-116 BPX-414A-137 BPX-414A-49 BPX-414A-85 BPX-414A-119 BPX-414A-140 BPX-414A-51 BPX-414A-93 BPX-414A-122 BPX-414A-142 As sementes F 3, denominadas de BPX-414A-xx, (onde A indica geração F 3 e xx é o número da planta selecionada em F 2 ), foram semeadas em bandejas e posteriormente transplantadas. Estas plantas sofreram seleção para resistência a begomovírus, conforme metodologia descrita no item 3.2. Nesta etapa a seleção foi realizada entre e dentro de famílias, e cada família em F 3 constituiu-se de 3 plantas. Em cada bloco de 52 plantas havia 8 plantas testemunhas, sendo 4 plantas de Dominador F1 (resistente à geminivírus) e 4 plantas de Bônus F1 (suscetível à geminivírus). Foram colhidas sementes das plantas com sintomas mais leves de geminivírus dentro das famílias consideradas em média as mais resistentes. Na seleção dentro de famílias, pelo fato dos genótipos ainda poderem apresentar variação genética expressiva, cada planta selecionada teve suas sementes colhidas individualmente e originou uma nova família na geração F 4 (Tabela 1). Após a colheita, estas sementes foram beneficiadas, identificadas como BPX-414B-xx-yy (onde B indica geração F 4, xx é o número da planta selecionada em F 2 e yy é o número da planta selecionada em F 3 ) e armazenadas. As sementes F 4 foram semeadas em bandejas e transplantadas. Em F 4 cada família constituiuse de 8 plantas, e foram utilizadas 8 plantas de cada testemunha, Dominador F1 e Bônus F1. Estas

plantas foram avaliadas para resistência a begomovírus, conforme metodologia descrita em Avaliação da resistência das plantas via inoculação por enxertia. A seleção em F 4 foi realizada apenas entre famílias, uma vez que a variabilidade genética dentro de famílias F 4 é menor do que dentro de famílias F 3. As sementes F 5 colhidas por família foram beneficiadas, identificadas como BPX-414C-xx-yy, onde C indica geração F 5, xx é o número da planta selecionada em F 2 e yy é o número da planta selecionada em F 3. O avanço de gerações e seleção de plantas resistentes continuará a ser realizado até obtenção de linhagens resistentes a geminivírus consideradas homozigotas. Avaliação da resistência das plantas via inoculação por enxertia Em todas as etapas de seleção à avaliação da resistência das plantas ao vírus foi realizada via inoculação por enxertia conforme metodologia descrita por Nízio (2008) com adaptações. A multiplicação do inóculo foi feita em plantas de tomate cultivar Santa Clara, suscetível a begomovírus. Estas plantas foram enxertadas com estacas de partes apicais de plantas contaminadas com um isolado de begomovírus. Os materiais provenientes do avanço de cada geração e as testemunhas Dominador F1 (resistente) e Bônus F1 (suscetível) foram semeados em bandejas de isopor de 128 células com substrato Plantimax, transplantados após 21 dias para vasos de 3L. e mantidos em casa de vegetação. As testemunhas e as plantas a serem avaliadas quanto à resistência ao vírus foram enxertadas por garfagem, após 15 dias ao transplantio, com estacas apresentando sintomas nítidos e severos da infecção por begomovírus, obtidas de planta de tomateiro infectado cultivar Santa Clara. As avaliações foram realizadas por planta aos 30, 37, 44, 51 e 58 dias após a enxertia, levando-se em consideração os sintomas nas brotações novas, por meio de uma escala de notas de 1 a 5 em que: 1 = ausência de sintomas; 2 = maioria das folhas com sintomas brandos como leve mosaico e leve rugosidade; 3 = algumas folhas com rugose nítida; sintomas variando de clorose em até 50% da área foliar a leves deformações nas folhas; 4 = maioria das folhas com rugosidade severa, clorose acima de 50% da área foliar, folhas deformadas; 5=folhas com rugosidade severa, enrolamento das folhas, encarquilhamento, clorose e deformações severas. Para efeito de classificação dos genótipos, quanto aos níveis de resistência, foi adotado o seguinte critério de escala de notas: - nota 1: altamente resistente; - nota acima de 1 até 2 inclusive: resistente; - nota acima de 2 até 3 inclusive: parcialmente resistente; - nota acima de 3 ate 4 inclusive: suscetível; - nota acima de 4: altamente suscetível. Escolheu-se como ponto de truncagem a nota 2, e plantas que apresentaram médias abaixo desta, foram consideradas resistentes. Foram selecionadas aquelas plantas que além de apresentarem resistência, mostraram-se vigorosas durante toda a avaliação e, após término do período de avaliação desenvolveram flores e frutos, permitindo a colheita de suas sementes. As flores e frutos foram retirados durante o período de avaliação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação da geração F 3 38,5 % das plantas avaliadas apresentaram médias das notas das cinco avaliações no intervalo de 1 a 1,5 e 45,1% no intervalo de 1,6 a 2,0 (Figura 2). As plantas Dominador F1, utilizadas como testemunha resistente, apresentaram médias no intervalo de 1 a 2 e as plantas Bônus F1, utilizadas como testemunha suscetível apresentaram médias de 2,6 a 3,5 (Figura 1). Assim 83,6% dos genótipos avaliados apresentaram médias das notas das cinco avaliações menores ou iguais a 2, sendo portanto consideradas resistentes, com níveis de resistência comparáveis aos da testemunha Dominador F1. Dessas plantas consideradas resistentes foram selecionadas BPX-414A-46-

01, BPX-414A-46-02, BPX-414A-46-03, BPX-414A-83-01, BPX-414A-83-02, BPX-414A-84-03 BPX-414A-103-01, BPX-414A-103-02, BPX-414A-116-01, BPX-414A-116-02, BPX-414A-116-03, BPX-414A-132-01, BPX-414A-132-02, pois, além de resistentes, mostraram-se vigorosas durante toda a avaliação e após termino do período de avaliação desenvolveram flores e frutos, permitindo a colheita de sementes. Figura 1: Porcentagem de plantas das testemunhas Dominador F1 (resistente) e Bônus F1 (suscetível) com média das notas das cinco avaliações de sintomas de geminivírus, no intervalo de 1 a 5, na geração F 3. Figura 2: Porcentagem de plantas da geração F 3 avaliadas para resistência a geminivírus, com média das notas das cinco avaliações de sintomas de geminivírus, no intervalo de 1 a 5, na geração F 3. Na geração F 4 a seleção ocorreu entre famílias (Tabela 1), e das 13 famílias avaliadas foram selecionadas as BPX-414B-46-01, BPX-414B-84-03, BPX-414B-103-01, BPX-414B-116-03, pois as médias das notas das cinco avaliações nestas foram menores que 2, sendo portanto consideradas resistentes, à semelhança da testemunha Dominador-F1 (Tabela 1). As famílias BPX-414B-116-01, BPX-414B-116-02, BPX-414B-116-03 foram consideradas resistentes, mas como são provenientes da mesma planta em F 2, selecionou-se apenas a melhor delas, BPX-414B-116-03, para evitar a seleção de número excessivo de linhagens de pedigree semelhante. As famílias BPX-414B-46-02, BPX-414B-83-01 e BPX-414B-83-02, apesar de terem apresentado média das notas das cinco avaliações menor que 2, não foram selecionadas pois suas plantas não se mostraram vigorosas no final da avaliação.

Tabela 1. Avaliação das famílias da geração F 4 e das testemunhas Dominador F1 e Bônus F1: número de plantas avaliadas em cada família, número de plantas com média das notas das cinco avaliações menor ou igual a 2, média das notas das cinco avaliações de cada família, amplitude das médias entre as plantas avaliadas em cada família, média da última avaliação, amplitude entre as notas das plantas na última avaliação em cada família e famílias selecionadas. Família nº de plantas Avaliadas nº plantas com nota média 2 Média da Família Amplitude da Família Média da 5ª avaliação Amplitude da 5ª Avaliação Selecionada BPX-414B-46-01 8 7 1,37 1,0-2,2 1,62 1,0-3,0 SIM BPX-414B-46-02 4 2 1,70 1,0-2,4 2,25 1,0-3,0 NÃO BPX-414B-46-03 8 3 2,07 1,0-2,6 2,87 1,0-4,0 NÃO BPX-414B-83-01 6 5 1,70 1,2-2,6 2,00 1,0-3,0 NÃO BPX-414B-83-02 6 4 1,97 1,0-2,8 2,67 1,0-4,0 NÃO BPX-414B-84-03 8 6 1,92 1,6-2,4 2,12 1,0-3,0 SIM BPX-414B-103-01 7 7 1,37 1,2-1,8 1,42 1,0-2,0 SIM BPX-414B-103-02 8 3 2,11 1,4-2,6 2,87 2,0-4,0 NÃO BPX-414B-116-01 8 6 1,52 1,0-2,8 1,75 1,0-3,0 NÃO BPX-414B-116-02 7 6 1,54 1,0-2,6 1,57 1,0-3,0 NÃO BPX-414B-116-03 7 6 1,54 1,0-2,4 1,43 1,0-3,0 SIM BPX-414B-132-01 8 1 2,45 1,4-2,8 3,12 3,0-4,0 NÃO BPX-414B-132-02 5 1 2,56 2,0-2,8 3,40 2,0-4,0 NÃO DOMINADOR-F1 8 7 1,82 1,2-2,6 2,25 1,0-3,0 TESTEMUNHA BÔNUS-F1 8 0 2,72 2,4-3,0 3,63 3,0-4,0 TESTEMUNHA CONCLUSÃO O avanço de gerações do híbrido Dominador F1 tem permitido a seleção de linhagens de tomateiro resistentes a begomovirus. As famílias BPX-414B-46-01, BPX-414B-84-03, BPX-414B-103-01, BPX-414B-116-03 selecionadas em F 4, apresentaram alto nível de resistência a begomovirus, comparável ao da testemunha resistente Dominador F1. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO FARIA, J.C.; BEZERRA, I.C.; ZERBINI, F.M.; RIBEIRO, S.G.; LIMA, M.F. Situação atual das geminiviroses no Brasil. Fitopatologia Brasileira, v.25, p.125-137, 2000. NIZIO, D. A. C. Capacidade combinatória de linhagens avançadas de tomateiro de mesa e seleção assistida por marcadores moleculares para resistência a begomovírus e tospovírus. 2008. 71 p. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas) - Universidade Federal de Lavras, Lavras. REZENDE, E.A.; FILGUEIRA, F.A.R.; ZERBINI, F.M.; MACIEL-ZAMBOLIM, E.;FERNANDES, J.J.; GILBERTSON, R.L. Tomato infected with geminivirus ingreenhouse conditions at Uberlandia- MG, Brazil. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.21, p.424, 1996.

RIBEIRO, S.G.; MELO, L. V.; BOITEUX L. S.; KITAJIMA, E. W.; FARIA, J. C. Tomato infection by a geminivirus in the Federal District, Brazil. Fitopatologia Brasileira, v.19: 330, 1994.