EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR DO PROCESSO TST- RR 248000-77.1989.5.19.0002 TST-RR 248000-77.1989.5.19.0002 COMPANHIA ENERGÉTICA DE ALAGOAS CEAL UNIÃO Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Alagoas COMPANHIA ENERGÉTICA DE ALAGOAIS - CEAL, por seus advogados abaixo firmados, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 897-A da CLT, opor Embargos de Declaração ao r. acórdão pelas razões seguintes: O presente apelo é tempestivo, considerada a publicação do acórdão no dia 10/8/17, quinta-feira, e prazo a se esgotar no dia 18/8/17, sexta-feira, tendo em vista o feriado judiciário do dia 11 de agosto que determinou o fechamento do Tribunal Superior do Trabalho.
O recurso de revista da reclamada não foi conhecido ao entendimento de que a decisão regional, ao não conhecer o agravo de petição por entender incabível o seu manejo contra decisão em que rejeita a exceção de pré-executividade, está correta, nos termos do 1º do artigo 893 da CLT e Súmula 214 do TST. Contudo, como muito bem salientado no r. voto vencido da ilustre lavra do eminente Ministro Caputo Bastos, a exceção de pré-executividade, de criação doutrinária, surgiu com a finalidade de obstar o prosseguimento da execução quando se mostrar patente a existência de vício ou nulidade do título executivo, sem que se faça necessária a garantia do juízo. A exceção de pré-executividade visa, em última análise, abreviar o término da ação seguindo os princípios básicos do direito, qual sejam, a celeridade processual e entrega da prestação jurisdicional, e de evitar a garantia de juízo que onerará a executada, no caso, em mais de setecentos milhões de reais, valores não atualizados. Restou amplamente demonstrado no recurso de revista que a pretensão dos substituídos do sindicato é de fazer integrar aos seus salários, com os reflexos pertinentes, o percentual de 26,06% do famigerado plano Bresser, matéria já decidida pelo Supremo Tribunal Federal e pela jurisprudência do colendo Tribunal Superior do Trabalho na sua Súmula 322 (limitação à data-base). 2
A questão colocada no r. acórdão ora embargado, de inicio, parece ser meramente processual, qual seja, de que não cabe agravo de petição contra decisão interlocutória. Todavia, a tese encerra matéria de direito legal e constitucional como se demonstrará. Inicialmente, merece ser enfrentado o que dispõe o art. 897, a, da CLT que dispõe que caberá agravo de petição contra as decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções, não havendo qualquer restrição quanto à sua interposição contra decisão de natureza interlocutória. Ademais, a doutrina e jurisprudência consideram que o princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias aplica-se apenas à fase de conhecimento. Assim, a decisão regional estaria em desacordo com o disposto no art. 897, a da CLT e não se aplicaria a Súmula 214 do TST, que, aliás, trata do art. 893, 1º da CLT que dispõe que os incidentes do processo serão resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. Vê-se que o art. 893 da CLT trata dos recursos na fase de conhecimento, quando, aí sim se aplica a Súmula 214 do TST, contudo, não dispõe sobre a fase de execução que não comporta decisões interlocutórias, especialmente, quando a parte, para se defender com os embargos à execução, 3
é impelida a garantir o juízo, sob pena de ver o trânsito em julgado da liquidação dos cálculos e evidente obrigação de pagamento de valor indevido. Impedir a interposição do agravo de petição ofende, sem dúvida, as garantias do duplo grau de jurisdição e do devido processo legal, como já brilhantemente anotou o excelentíssimo Ministro Barros Levenhagen, ao asseverar que Não é demais lembrar que o princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, consagrado no art. 893, 1º, da CLT, só se aplica ao processo de conhecimento, em virtude de não haver atividade cognitiva no processo de execução, em que os atos aí praticados se classificam como materiais e expropriatórios com vista à satisfação da sanção jurídica (TST-ROAG 101700-34.2008.5.21.0000). Diante das considerações alinhavadas nestes embargos de declaração, necessário, com todas as vênias, que a e. 5ª Turma se posicione sobre os seguintes aspectos jurídicos da demanda: 1. O art. 897, a da CLT não restringe a interposição de agravo de petição contra decisão de natureza interlocutória; 2. A vedação à interposição do agravo de petição ofende garantias constitucionais do duplo grau de jurisdição e do devido processo legal; 3. O art. 893, 1º não trata da fase de execução do processo, mas sim da fase de conhecimento; 4
4. O TST não admite mandado de segurança quando existe recurso próprio, no caso, o agravo de petição OJ Nº 92 da SBDI2; 5. Não cabendo o agravo de petição nem o mandado de segurança, a executada estará obrigada a garantir o juízo em valores estratosféricos para demonstrar o que já é pacífico no TST e no STF, de que o direito vindicado não encontra respaldo legal nem jurisprudencial atraindo evidente prejuízo e desrespeito à regra da execução menos gravosa e a não observância de celeridade processual, pilares do direito positivo vigente. Ante todo o exposto, aguarda a embargante o acolhimento dos declaratórios, ante a omissão aos princípios legais, constitucionais e jurisprudenciais articulados nos itens 1 a 5 acima identificados, e provimento ao recurso de revista para determinar o retorno dos autos ao Tribunal Regional para o exame do agravo de petição como entender de direito. Pede deferimento. Brasília, DF, 16 de agosto de 2017. JOSÉ ALBERTO COUTO MACIEL ROBERTO CALDAS ALVIM DE OLIVEIRA - OAB/DF 513 - - OAB/DF 12200 Prazo: 18/8/17 (feriado 11 de agosto) 5