Palavras Chave: Esgotamento Profissional. Burnout. Estresse Ocupacional. Trabalhadores da Saúde. Serviços de Saúde.

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Transcrição:

38 PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT NA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UM PRONTO BURNOUT SYNDROME PREVALENCE IN NURSING TEAM OF A RELIEF READY Flávia Souza Fernandes 1 Cristiane Gonçalves Costa Maria 2 Isabela Barbosa Cruz 3 Fernanda Cardoso Rocha 4 Gregório Ribeiro de Andrade Neto 5 Ana Paula Ferreira Maciel 6 Sélen Jacqueline Souza Ruas 7 RESUMO A síndrome de Burnout é caracterizada como estresse ocupacional, oriundo do ambiente de trabalho. Relacionada a um conjunto de fenômenos que se apresentam no organismo do trabalhador (fadiga crônica, cefaleias, enxaqueca, úlcera péptica, insônia, dores musculares ou articulares, ansiedade, depressão, irritabilidade, entre outras) e que, por este motivo, pode afetar sua saúde. Este artigo tem como objetivo descrever a ocorrência da Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem atuantes em uma unidade hospitalar de pronto socorro. Trata-se de um estudo quantitativo descritivo, com análise de questionário, estruturado e autoaplicável, que registra os dados sociodemográficos, dados profissionais, informações sobre lazer, fatores organizacionais preditores de burnout e alguns sintomas somáticos relacionados com a doença. Dos 18 trabalhadores que participaram do estudo, a maioria apresentou alta exaustão emocional. Conclui-se que avaliar essa síndrome é extremamente importante, devido aos impactos causados na qualidade do atendimento prestado e na saúde do trabalhador. Palavras Chave: Esgotamento Profissional. Burnout. Estresse Ocupacional. Trabalhadores da Saúde. Serviços de Saúde. 1 Graduada em enfermagem. Faculdades de Saúde Ibituruna FASI 2 Graduada em enfermagem. Faculdades de Saúde Ibituruna -FASI 3 Graduada em Enfermagem. Faculdades Unidas do Norte de Minas-FUNORTE. Endereço:Rua Domingos Souza Guerra,50, São José. E-mail: isabel_belinha00@hotmail.com. Tel (38)9 9981-6766 / 9 9155-345 4 Psicóloga pela Faculdade de Saúde Ibituruna-FASI. Especialista em Saúde da Família pelas Faculdades Unidas do Norte- FUNORTE. 5 Enfermeiro pela Faculdade de Saúde Ibituruna-FASI..Especialista em Saúde da Família pelas Faculdades Unidas do Norte- FUNORTE 6 Docente do curso de enfermagem. Faculdades de Saúde Ibituruna -FASI 7 Docente do curso de enfermagem. Faculdades de Saúde Ibituruna -FASI

39 ABSTRACT Burnout syndrome is characterized as occupational stress from the work environment. Related to a set of phenomena that present in the worker's body (chronic fatigue, headaches, migraine, peptic ulcer, insomnia, muscle or joint pain, anxiety, depression, irritability, among others) and that, for this reason, can affect his Cheers. This article aims to describe the occurrence of Burnout Syndrome in nursing professionals working in a hospital emergency room. This is a descriptive quantitative study with structured, self-administered questionnaire analysis that records sociodemographic data, professional data, leisure information, organizational factors predictive of burnout, and some somatic symptoms related to the disease. Of the 18 workers who participated in the study, the majority presented high emotional exhaustion. It is concluded that evaluating this syndrome is extremely important, due to the impacts caused on the quality of care provided and the health of the worker. Keywords: Professional Exhaustion. Burnout. Occupational stress. Health Workers, Health Services. INTRODUÇÃO O estresse ocupacional tem tido grande impacto sobre a vida do trabalhador, pois interfere diretamente na qualidade do serviço prestado em qualidade de vida, assim trazendo um alto nível de estresse para a saúde do indivíduo (INOUE et al., 2013; MOTA; DOSEA; NUNES, 2014). Entende-se que o estresse ocupacional é aquele oriundo do ambiente de trabalho, ou seja, é um conjunto de fenômenos que se apresentam no organismo do trabalhador e que, por este motivo, pode afetar sua saúde. Os principais fatores geradores de estresse presentes no ambiente de trabalho envolvem os aspectos da organização, administração e sistema de trabalho e da qualidade das relações humanas. Porém, a quantidade de estresse que cada pessoa experimenta pode ser modulada por fatores como sua experiência no trabalho, o nível de habilidade, o padrão de personalidade e a autoestima (SCHMIDT et al., 2009). O estresse contínuo, relacionado ao trabalho, também constitui um importante fator determinante dos transtornos depressivos e de outras doenças, tais como, síndrome metabólica, síndrome da fadiga crônica, distúrbios do sono, diabetes e a síndrome de burnout. O termo inglês burnout significa queimar-se ou consumir-se, sendo empregado para caracterizar um conjunto de sintomas predominantemente evidenciados em profissionais que lidam com pessoas e que se queixam de esgotamento físico e mental, irritabilidade, perda do interesse pelo trabalho e sentimento de desvalorização. (TAVARES; SOUZA; SILVA, 2014).

40 Os funcionários que vivenciam ambientes com características negativas estão insatisfeitos com o trabalho, relatam maior intenção de deixar o emprego e está mais exposto ao Burnout, um sentimento que traz consequências negativas para o indivíduo e ocupa posição mediadora entre as características do ambiente e os resultados para o paciente (PANUNTO, 2013). A síndrome de Burnout manifesta-se quando o trabalhador apresenta fadiga constante, distúrbio do sono, falta de apetite, dores musculares e psíquicas. É identificada quando o indivíduo apresenta-se negligente no trabalho, com irritabilidade ocasional ou instantânea, incapacidade para se concentrar, aumento das relações competitivas com os colegas, longa pausas para o descanso, cumprimento irregular do horário de trabalho; e defensiva, quando o trabalhador tem tendência ao isolamento, sentimento de onipotência e empobrecimento da qualidade do trabalho (MOTA; DOSEA; NUNES, 2014). O Burnout traz consequências para a saúde física e mental, entre elas as alterações cardiovasculares, fadiga crônica, cefaleias, enxaqueca, úlcera péptica, insônia, dores musculares ou articulares, ansiedade, depressão, irritabilidade, entre outras. Pode também ter repercussões na vida social, na vida doméstica, nas relações familiares ressentindo-se da falta de tempo para o cuidado dos filhos e o lazer. O contexto do trabalho é afetado pelo absenteísmo, rotatividade de emprego, aumento de condutas violentas e diminuição da qualidade do trabalho (GALINDO; FELICIANO, 2012). Em maio de 1996, a síndrome de Burnout foi incluída no CID-10, como doenças profissionais. Entretanto, ainda é desconhecida, até por alguns profissionais que fazem o diagnóstico, por profissionais que sofrem dessa síndrome e, por outros que lidam diretamente com relações interpessoais. Eventualmente, pessoas com Burnout são tratadas como portadoras de estresse ou depressão, prejudicando-as no tratamento, pois a causa principal não é combatida (OLIVEIRA, 2012). A área de urgência e emergência constitui-se em um importante componente da assistência à saúde. As atuais políticas de saúde demonstram que houve uma crescente demanda por esses serviços em consequência do aumento do número de acidentes, da violência urbana e da insuficiente estruturação da rede, fatores estes que têm contribuído para essa sobrecarga dos trabalhadores do serviço (MAFRA et al., 2008). Os profissionais que atuam diretamente prestando assistência nas emergências médicas possuem as características inerentes a esta categoria profissional. Tal fato fez com que se trate de indivíduos sujeitos a níveis de estresse mais elevados comparativamente a outros profissionais de

41 saúde, e à população em geral. Pesquisas que têm utilizado esses profissionais de saúde como sujeitos de estudo referem que o estresse ocupacional é inerente a essa ocupação profissional, em que o trabalho sob pressão de tempo, as frequentes decisões que envolvem a vida ou a morte, os problemas com os colegas e a necessidade de elevado conhecimento técnico e científico são fatores de estresse que devem ser considerados (AMARO; JESUS, 2008). Assim, Burnout tem sido considerada um problema social de grande relevância e vem sendo estudada em vários países, pois encontra-se vinculada a grandes custos organizacionais. O modelo prevê que o estresse no trabalho é resultante da interação entre muitas demandas psicológicas e o desenvolvimento do papel do indíviduo diante da sociedade (SCHMIDT et al., 2009; GUIDO et al., 2012) O objetivo do estudo foi descrever a ocorrência da Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem atuantes no serviço de urgência e emergência. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, definida através de levantamento sistemático dos problemas caracterizados pela população estudada. O cenário para desenvolvimento deste estudo foi no pronto socorro de um hospital de médio porte, localizado no norte de Minas Gerais. A população inicial foi constituída por 70 profissionais de enfermagem que prestam assistência direta e estão atuantes no pronto socorro da instituição cenário do estudo, sendo 23 enfermeiros e 47 técnicos de enfermagem. Foram excluídos aqueles que por quaisquer motivos não estavam atuantes no período da coleta de dados e aqueles que se recusaram a participar da pesquisa. A amostra final foi composta por 6 enfermeiros e 12 técnicos de enfermagem. A coleta de dados foi realizada no período compreendido entre setembro a outubro de 2015. Para a avaliação da presença da Síndrome de Burnout foi utilizado o Maslach Burnout Inventory (MBI). Esse questionário é composto por 23 itens e três domínios. As respostas dos domínios estão distribuídas em uma escala de frequência do tipo Likert e tem seis opções de respostas (0- nunca, 1-uma vez ao ano ou menos, 2- uma vez ao mês ou menos, 3 - algumas vezes no mês, 4 - uma vez por semana, 5- algumas vezes por semana, 6- todos os dias). A soma das pontuações determina três dimensões de desgaste profissional: cansaço emocional (9 itens),

42 despersonalização (5 itens) e realização pessoal (8 itens).para interpretar as pontuações nos três domínios, foram utilizados os seguintes pontos de corte: para a exaustão emocional (<15 baixo, 15-24médio e >24 elevado), para a despersonalização (<4 baixo, 4-9 médio e >9 elevado) e para a realização pessoal entre 33 e 39 (<33 elevado, 33-39médio e >39 baixo ) (ESCRIBÀ et al., 1999). Para a análise de dados, foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows versão 18.0. Os dados estão apresentados através de gráficos e tabelas. O estudo respeitou as normas e diretrizes da Resolução 466/2012 que trata pesquisa com seres humanos e foi submetido ao CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) da Soebras, sendo aprovado sob parecer de número: 1.157.533. RESULTADOS E DISCUSSÃO A amostra constituiu-se de 18 trabalhadores. Os dados esquematizados na tabela 1 revelam que houve uma predominância do sexo feminino (61,1%) sobre o sexo masculino (38,9%). Tabela 1. Perfil socioeconômico dos sujeitos da pesquisa. Montes Claros, Minas Gerais, 2015 Variáveis N=18 (%) Média de idade 31,4 (±12,3) Faixa etária Sexo Estado conjugal Possui filhos 25 a 35 anos 8 (44,5) 36 a 46 anos 10 (55,5) Feminino 11 (61,1) Masculino 7 (38,9) Solteiro 5 (27,8) Casado ou união estável 10 (55,6) Divorciado/separado 1 (5,6) Não responderam 2 (11,1) Sim 9 (50,0) Não 9 (50,0) Número de filhos Um 3 (33,3) Dois 3 (33,3) Três 3 (33,3) Categoria profissional Técnico de enfermagem 12 (66,7) Enfermeiro 6 (33,3) Tempo de trabalho Média=7,0(±5,1) Menos de 1 anos 4 (22,2)

43 Turno de trabalho 1 a 5 anos 4 (22,2) 6 a 10 anos 5 (27,8) 11 anos ou mais 5 (27,8) Diurno 11 (61,1) Noturno 5 (27,8) Não preenchido 2 (11,1) Possui outro vínculo trabalhista Sim 9 (50,0) Não 7 (38,9) Não preenchido 2 (11,1) Fonte: Dados da pesquisa, 2015. Valores expressos em números (%) ou Média (± Desvio padrão) A faixa etária predominante foi de adultos jovens, entre 36 e 46 anos (55,5%), sendo que a metade possui filhos com idade igualmente variando de 1 a 3 filhos (50,0%), sendo a maioria (55,6) casadas. Quanto à categoria profissional, a amostra foi constituída por 33,7% de enfermeiros e 66,7% de técnicos de enfermagem. Há uma equivalência na distribuição por turnos de trabalho entre o diurno e o noturno. A maioria dos participantes da pesquisa (61,1%) trabalham durante o período diurno. Nota-se um considerável percentual (50%) que atua em, pelo menos, mais de uma instituição de trabalho e desempenham suas atividades profissionais com carga horária semanal entre 20 e 40 horas. Tratando-se dos valores mais encontrados em cada dimensão, destacou-se que 55,6% dos profissionais tinham alto nível de exaustão emocional, 55,6% possuíam nível médio de realização pessoal e alta despersonalização, também equivalente a 55,6%. No presente estudo, somente um entre seis enfermeiros apresentaram manifestação de burnout. Outra variável observada neste estudo está relacionada ao estado civil e o fato de ter ou não filhos. Segundo os autores, atribui-se ao casamento ou à situação de companheiro estável e ao fato de ter filhos uma menor propensão ao burnout. Um fator a ser destacado, também, é que as mulheres têm apresentado pontuações mais elevadas de exaustão emocional. O número reduzido de profissionais de enfermagem está diretamente relacionado ao excesso de trabalho. Além disso, a insatisfação com o salário agrava a situação, levando os profissionais a possuir outro vínculo empregatício, com consequente aumento na carga horária mensal. Importante, também, referir que a população dete estudo foi composta em maior número por mulheres, que pode expressar uma característica emocional relacionada ao gênero feminino (JODAS; HADDAD, 2009).

44 A média de idade da amostra aproxima-se de outras pesquisas, demonstrando que a enfermagem, no Brasil, é uma profissão exercida basicamente por adultos jovens. No que se refere ao tempo de experiência e de trabalho na instituição, os resultados encontrados assemelham-se aos de outros autores que afirmam que os profissionais, por exercerem a profissão há menos de dez anos, são considerados novos e inexperientes (GASPARINO, 2014). Os resultados em níveis de burnout dos profissionais são apresentados na tabela 2 Tabela 2. Distribuição dos três domínios e níveis para Síndrome de Burnout, em relação aos profissionais de Enfermagem de um Pronto Socorro. Montes Claros. Minas Gerais. 2015 Domínios N=18 (%) Exaustão emocional Baixa 3 (16,7) Média 5 (27,8) Alta 10 (55,6) Realização profissional Baixa 5 (27,8) Despersonalização Média 10 (55,6) Alta 3 (16,7) Baixa 2 (11,1) Média 6 (33,3) Alta 10 (55,6) Fonte: Dados da pesquisa, 2015. Valores expressos em números (%) ou Média (± desvio padrão). CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos dados obtidos, pode-se dizer que é de suma importância o estudo da saúde dos trabalhadores de enfermagem. Destaca-se o fato de que, se o local de trabalho não vem oferecendo condições adequadas, ocasionando a sobrecarga de trabalho, isso interfere diretamente na qualidade de vida dos trabalhadores, com consequente susceptibilidade para desenvolver a síndrome de Burnout. Nesse sentido, faz-se importante o acompanhamento da saúde dos trabalhadores, especialmente da equipe de enfermagem atuantes em serviços de urgência e emergência, com a adoção de medidas preventivas de forma que os trabalhadores não venham a sofrer prejuízos, sendo eles físicos ou mentais.

45 O estudo limita-se pela dificuldade de adesão à participação na pesquisa por parte dos sujeitos, sugerindo-se novos estudos com temática semelhante. REFERÊNCIAS AMARO, H.; JESUS, S. N. Vulnerabilidade ao stresse em profissionais de emergência médica pré-hospitalar. Mudanças-Psicologia da Saúde, v. 16, n. 1, p. 62 70, 2008. ESCRIBÀ, V. MÁS, R.; CÁRDENAS, M.; PÉREZ, S. Validación de la escala de estresores laborales en personal de enfermería: «the nursing stress scale». Gaceta Sanitaria, v. 13, n. 3, p. 191 200, 1999. TAVARES, K. F. A.; SOUZA, N.V. D. O.; SILVA, L. D. Ocorrência da síndrome de Burnout em enfermeiros residentes Prevalence of burnout syndrome among resident nurses. Acta Paul Enferm, v. 27, n. 3, p. 260 265, 2014. GALINDO, R.; FELICIANO, K. DE O. Síndrome de Burnout entre enfermeiros de um hospital geral da cidade do Recife. Enfermagem da USP, v.46,n.2,p.402-427, 2012. GASPARINO, R. C. Síndrome de burnout na equipe de enfermagem de um hospital universitário. Cogitare Enfermagem, v. 19, n. 2, p. 232 238, 2014. GUIDO, L. A.; SILVA, R. M.; GOULART, C. T.; BOLZAN, M. E. O.; LOPES, L. F. D. Síndrome de Burnout em residentes multiprofissionais de uma universidade pública. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 46, n. 6, p. 1477-1483, 2012. INOUE, K. C. et al. Estresse ocupacional em enfermeiros intensivistas que prestam cuidados diretos ao paciente crítico. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 66, n. 5, p. 722 729, 2013. JODAS, D. A.; HADDAD, M. D. C. L. Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. ACTA Paulista de Enfermagem, v. 22, n. 2, p. 192 197, 2009. MAFRA, D. A. L. Fonseca, I. C.; Viana, J. X.; Santana, J. C. B.; Silva, M. P. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. O Mundo da Saúde São Paulo, v. 32, n. 1, p. 31 38, 2008. MOTA, C. M.; DOSEA, G. S.; NUNES, P. S. Avaliação da presença da Síndrome de Burnout em Agentes Comunitários de Saúde no município de Aracaju, Sergipe, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 12, p. 4719 4726, 2014. OLIVEIRA, R. DE. Síndrome de Burnout em acadêmicos do último ano da graduação em enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, p. 54 60, 2012. PANUNTO, M. R. Ambiente da prática profissional e exaustão emocional entre enfermeiros Método. Revista latino-americana de enfermagem, v. 21, n. 3, p. 3 10, 2013.

46 SCHMIDT, D. R. C.; DANTAS, R. A. S.; MARZIALE, M. H. P.; LAUS, A. M. Estresse ocupacional entre profissionais de enfermagem do bloco cirúrrgico. Texto e Contexto Enfermagem, v. 18, n. 2, p. 330 337, 2009.