Autor(es) PAULA CRISTINA MARSON. Co-Autor(es) FERNANDA TORQUETTI WINGETER LIMA THAIS MELEGA TOMÉ. Orientador(es) LEDA R.



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Transcrição:

9º Simposio de Ensino de Graduação INVESTIGANDO OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO INTERIOR DE SÃO PAULO Autor(es) PAULA CRISTINA MARSON Co-Autor(es) FERNANDA TORQUETTI WINGETER LIMA THAIS MELEGA TOMÉ Orientador(es) LEDA R. DE ASSIS FAVETTA 1. Introdução No cenário mundial há uma crise ambiental, pois a degradação do meio ambiente atinge níveis jamais vistos. Segundo Grun (2007, p. 124) a Educação Ambiental surge não só como necessidade, mas também como esperança. Para Oaigen et. al. (2001) citando Dias (1992), Educação Ambiental é o conjunto das práticas e conceitos que visam solucionar os problemas ambientais, por meio da participação de cada indivíduo da comunidade. Para Pereira (1993), o objetivo principal da Educação Ambiental é proporcionar experiências que coloquem as pessoas em contato com o mundo onde vivem sensibilizando-as para a importância do ecossistema ao seu redor e como ele interfere na saúde e bem estar. Além disso, essas experiências devem desenvolver no indivíduo o sentido ético-social e a capacidade de comparar desenvolvimento econômico, degradação ambiental e qualidade de vida. A Educação Ambiental pode ocorrer de maneira formal e informal, porém, os indivíduos passam a maior parte da infância e adolescência na escola, o que a torna um local de referência onde ocorre a mediação de conhecimentos e a prática de ações de cidadania (HIGUVHI e AZEVEDO, 2004). E se a escola é o local de referência, os educadores são os grandes responsáveis pela inserção da Educação Ambiental no cotidiano escolar (JACOBI, 2005). Para Carvalho Jr. (2004), o modelo educacional predominante (tradicional) não está adequado ao desenvolvimento de uma Educação Ambiental Transformadora, que deve ser interdisciplinar, integradora e capaz de despertar o censo crítico no aluno. Além disso, no modelo tradicional corre-se o risco de que o tema tão amplo e abrangente, seja trabalhado de forma reducionista, impedindo que os alunos experimentem, questionem, vivenciem e percebam o ambiente em que estão inseridos de forma harmônica. A formação ambiental deve ser o processo de elaboração de novos valores e para garantir essa formação, o professor deve assumir uma postura reflexiva, que o tornará capaz de articular educação e meio ambiente em uma perspectiva crítica (JACOBI, 2005). A Educação Ambiental Transformadora ou Emancipatória segundo Loureiro (2009) citando Morin (2002) utiliza-se do Princípio de Incerteza Racional, onde a racionalidade estabelece um diálogo entre a ideia e o que é real (teórico, prático, crítico). De uma racionalidade aberta que nega a racionalização fechada do mundo por desconsiderar tudo aquilo que não cabe em seu modelo pronto e acabado. De uma racionalidade ambiental que produz um conhecimento dinâmico, metodologicamente constituído por questionamentos permanentes sobre o mundo, a sociedade, a espécie e o próprio conhecimento (LOUREIRO, 2009).

Mas podemos afirmar que os professores estão preparados para assumir essa postura reflexiva? Que tipo de formação e acompanhamento esses profissionais recebem para garantir que possam desenvolver com sucesso um projeto de Educação Ambiental em sala de aula? Se a Educação Ambiental exige do indivíduo um processo de mudança na visão de mundo e na relação do homem com o meio, não deveria o professor ser o primeiro a passar por esse processo, para somente depois esperar que seus alunos o façam? Com base nesses questionamentos e na experiência profissional de uma de suas integrantes, o grupo optou por realizar esse projeto, cuja importância está na investigação dos conhecimentos, dúvidas e anseios dos professores de uma escola de educação infantil frente à necessidade de se trabalhar Educação Ambiental, e desenvolver nesses profissionais posturas reflexiva, interdisciplinar e transformadora, capaz de superar a visão reducionista do tema. 2. Objetivos O projeto tem por objetivos: investigar o conhecimento prévio dos professores de uma escola de Educação Infantil sobre Educação Ambiental; confrontar a definição de Educação Ambiental dos professores com o conceito de Educação Ambiental existente na literatura; transpor o conhecimento prévio dos professores para uma Educação Ambiental Transformadora. 3. Desenvolvimento O projeto foi desenvolvido em uma escola municipal de Educação Infantil na periferia da cidade de Piracicaba, interior do estado de São Paulo. A escola atende cerca de cento e noventa alunos com idade entre quatro meses e cinco anos, sendo que a maioria dos alunos reside em uma comunidade carente localizada ao lado da escola. Os encontros com os professores, para o desenvolvimento do projeto, foram realizados no Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo HTPC, que ocorre às segundas-feiras das 17h30 às 19h30, nas dependências da escola. A escolha do HTPC para os encontros se deve ao fato de que esse é o único momento em que os professores estão todos reunidos, para discutir questões pedagógicas, sem a presença de alunos. No primeiro encontro os professores assinaram um termo de livre consentimento, no qual aceitaram ser pesquisados e responder a um questionário elaborado com questões pertinentes ao conhecimento sobre Educação Ambiental e dúvidas ou dificuldades quanto à sua aplicação, a saber: 1) O que você entende por Educação Ambiental? 2) Em sala de aula você costuma trabalhar esse tema? Conte como foi uma aula sua em que você desenvolveu esse tema. 3) A escola em que você trabalha apresenta algum projeto de Educação Ambiental? O que é trabalhado? 4) Você considera importante trabalhar o tema Educação Ambiental com os alunos? Por quê? 5) Você se considera preparado para trabalhar com Educação Ambiental? Qual sua dificuldade? As respostas dadas foram tabuladas e analisadas. Tal analise permitiu a classificação dos professores, de acordo com sua visão, entre as diferentes adjetivações pertinentes à Educação Ambiental, ou seja, as diferentes vertentes que a Educação Ambiental vem ganhando: Educação Ambiental Conservadora, Crítica ou Transformadora. A partir desses dados foram elaboradas ações a serem realizadas com os professores. As ações foram realizadas em dois encontros, sendo gravadas e filmadas, para posterior análise e transcrição das falas, tendo a identidade dos professores sido preservada. Foram realizadas dinâmicas que possibilitaram a aproximação dos indivíduos, fazendo com que perdessem o receio de serem avaliados e pudessem demonstrar suas reais convicções, medos e angústias. Essas dinâmicas serviram também para que se perceber a importância das relações estabelecidas entre os indivíduos e desses com o meio, pois nenhum ser vivo é capaz de sobreviver sem interagir com outros seres, de mesma ou de outras espécies, e com o meio onde vive. As ações também tiveram discussões que permitiram a apresentação das definições/conceitos de Educação Ambiental segundo alguns autores com posterior reflexão sobre como seria a aplicabilidade no cotidiano escolar. No quarto encontro os professores foram convidados a se reunir em grupos para a elaboração de um projeto de Educação Ambiental, sendo que os grupos receberam material literário e poderiam trabalhar sob orientação das pesquisadoras. No quinto e último encontro, os professores responderam novamente ao mesmo questionário aplicado no primeiro encontro. Os projetos elaborados pelos grupos e as respostas dadas na segunda aplicação do questionário foram categorizadas e analisadas e os professores foram novamente classificados de acordo com a vertente da Educação Ambiental na qual se enquadravam. A primeira e a segunda classificação foram comparadas e a análise dos dados demonstrou se os professores mudaram de categoria após a intervenção. 4. Resultado e Discussão

As respostas dadas pelos professores nos dois questionários aplicados (no início e no final do projeto) foram analisadas e categorizadas de acordo com conceitos de Educação Ambiental encontrados na literatura: Conservadora, Crítica e Transformadora (Loureiro, 2009). De acordo com as respostas obtidas no primeiro questionário, praticamente todo o grupo apresentou uma visão Conservadora de Educação Ambiental, e trabalha o tema em sala de aula de maneira reducionista, considerando apenas a preservação da água e a reciclagem. Os professores também costumam esperar por datas comemorativas para inserir esses temas em suas aulas. Além disso, a Educação Ambiental é vista como uma educação para o futuro, ou seja, deve educar as crianças, para que elas aprendam a preservar e conservar quando forem adultas, sem ser considerada uma mudança nas próprias atitudes. Após os três encontros, nos quais foram explicados os conceitos de Educação Ambiental e como ele se aplica no cotidiano, os professores foram convidados a responder novamente o questionário aplicado no início do projeto. As respostas foram analisadas e categorizadas seguindo o mesmo critério utilizado no primeiro questionário. Na primeira aplicação do questionário, a maioria dos professores apresentou visão classificada como Conservadora em todas as questões. Após a ação das pesquisadoras junto aos professores, na segunda aplicação do questionário e na elaboração dos projetos, observou-se que o número de professores com a visão Conservacionista diminuiu, aumentando o número de professores com visão Transformadora. Porém, ainda assim, a maior porcentagem foi de professores Conservadores. No questionário inicial os professores viam-se distintos do contexto da natureza caindo na dualidade entre homem e natureza, que, segundo Loureiro (2004), se dá pela aceitação da condição estabelecida vendo o homem totalmente a parte da natureza e sem o senso crítico para essas questões reflexivas. Já nas respostas do segundo questionário, observou-se que a visão de dualismo foi deixada de lado por muitos professores, que passaram a compreender que homem e natureza fazem parte do mesmo contexto. Segundo Tozoni-Reis (2004) essa união do homem-natureza se dá através da naturalidade do homem, ou seja, o homem é um ser natural e é proveniente da natureza. Outra relação homem-natureza destacada por Tozoni-Reis (2004) é o caráter utilitarista que a natureza nos dispõe, isto é, o saber usar os recursos naturais para usar sempre e infinitamente. Por último, Tozoni-Reis (2004) enfatiza que homem e natureza estão relacionados em condições históricas, econômicas, sociais, políticas e culturais, sendo estas interligadas umas com as outras. As relações sociais utilizam como mediadoras a cultura e a história para se chegar a um contexto sócio-histórico, envolvendo assim, o desenvolvimento tecnológico e consequentemente os problemas relacionados à sociedade junto com a natureza. 5. Considerações Finais De acordo com a análise dos dados, pode-se concluir que houve uma mudança nas idéias iniciais da maioria dos professores em relação á Educação Ambiental, porém, ainda assim, a maioria manteve-se na categoria Conservadora. Através destes dados podemos dizer que os objetivos foram atingidos parcialmente, pois a mudança de visão da maioria dos professores não foi suficiente para que eles passassem da categoria Conservadora para a Transformadora. Embora os objetivos não tenham sido atingidos integralmente, podemos apontar vários pontos positivos. O primeiro deles foi à maneira como os professores nos receberam e se dispuseram a participar do projeto. Também podemos destacar que, mesmo tendo uma visão reducionista do tema, todos percebem a importância da Educação Ambiental, sendo que a maioria reconhece as próprias dificuldades e está disposta a aprofundar seus conhecimentos. Devemos considerar que o tempo de desenvolvimento do projeto não foi suficiente para que os profissionais atingissem a mudança de postura e pensamento propostos. Segundo Loureiro (2009), a Educação Ambiental necessita de mudança de postura do que se está acostumado e incorporar uma postura crítica, reflexiva, transformadora, emancipatória e consciente visando à complexidade, interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Para entender a complexidade da Educação Ambiental, são necessários meses de trabalho e estudo. Sendo assim, pode-se dizer que, pelo tempo do projeto e pela complexidade do tema, os professores não receberam uma formação suficiente para atingir uma visão Transformadora da Educação Ambiental. Porém, mesmo não tendo alcançado uma mudança de categoria dos professores, o projeto despertou na maioria deles a necessidade de rever os conceitos e aprofundar os conhecimentos. Portanto, pode-se dizer que o primeiro passo foi dado, pois os profissionais não estão mais conformados com seu conhecimento sobre Educação Ambiental, mas sim, dispostos a buscar novos horizontes. Referências Bibliográficas CARVALHO Jr., A. F. Ecologia profunda ou ambientalismo superficial? São Paulo: Arte & ciência Editora, 2004. GRUN, M. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária 11. ed. Campinas: Papirus Editora, 2007. HIGUVHI, M. I. G; AZEVEDO, G. C. Educação como Processo na Construção da Cidadania Ambiental. Brasília: Rede Brasileira de Educação Ambiental, 2004.140 p. JACOBI, P. R. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. São Paulo: Revista Educação e Pesquisa, v. 31, n. 2, p. 233-250, maio/agosto 2005. LOUREIRO, C. F.B. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. 3. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2009.

OAIGEN, E. R.; et al. Educação, Ambiente e Educação Ambiental: as concepções históricas e epistemológicas da sociedade atual. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 1 p.87 95, 2001. PEREIRA, A. B. Aprendendo Ecologia através da Educação Ambiental. Sagra: Editora Porto Alegre, 1993. TOZONI-REIS, M. F. C. Educação Ambiental: Natureza, Razão e História. Ed. Autores Associados. Campinas, 2004. Anexos