Aula 148 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO DOS RECURSOS

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Transcrição:

Página1 Curso/Disciplina: Direito Processual Civil Aula: Direito Processual Civil Teoria Geral dos Recursos - 148 Professor (a): Edward Carlyle Monitor (a): Wilson Macena da Silva Aula 148 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO DOS RECURSOS 1. Diferença entre juízo de admissibilidade e juízo de mérito 1.1. Juízo de admissibilidade O juízo de admissibilidade é a primeira fase do julgamento de TODO e QUALQUER recurso. Nessa primeira fase do julgamento do recurso, o Relator, ou o Tribunal, realiza uma primeira análise do recurso. Isso ocorre para saber se ele, recurso, preenche todos os requisitos de admissibilidade exigidos no ordenamento para que seja possível examinar seu mérito. Esses requisitos de admissibilidade recursais podem ser: Genéricos -> dizem respeito a todo e qualquer recurso; ou Específicos -> dizem respeito a um recurso determinado. Ex.: repercussão geral é um requisito de admissibilidade específico do Recurso Extraordinário. Presentes esses requisitos, pode-se afirmar que o órgão relator ou Tribunal conhecerão o recurso (este será admitido). Uma vez conhecido, passa-se ao juízo de mérito do recurso. No entanto, se for verificado que um ou alguns requisitos de admissibilidade recursal estão ausentes, o recurso não será conhecido (não admissão), o que gera a impossibilidade de julgamento de mérito. Admitir ou conhecer o recurso é somente dizer que os requisitos de admissibilidade recursal estão presentes; o mérito é analisado somente em momento posterior.

Página2 1.2. Juízo de mérito O juízo de mérito é a segunda fase de julgamento de todo e qualquer recurso. Será decidido, nessa fase, o pedido formulado pelo recorrente. Basicamente esse recurso será decidido pelo órgão colegiado; as hipóteses onde era possível decisão monocrática (pelo relator) sofreram limitação considerável pelo NCPC. Nesse momento, o Tribunal poderá tomar duas decisões: 1) Dar provimento ao recurso; ou 2) Negar provimento ao recurso. Conhecer (admitir) o recurso -> juízo de admissibilidade Dar provimento ao recurso -> juízo de mérito. Considerando as distinções supracitadas, foi editado o enunciado nº 249 do STF que diz: É competente o Supremo Tribunal Federal para a ação rescisória, quando, embora não tendo conhecido do recurso extraordinário, ou havendo negado provimento ao agravo, tiver apreciado a questão federal controvertida. Com esse enunciado o STF deixou claro que mesmo que seja utilizada terminologia de juízo de admissibilidade, se o mérito do recurso for examinado, a competência para a ação rescisória é do Tribunal que examinou o mérito. O importante a se verificar é que no juízo de admissibilidade há, basicamente, um juízo preliminar ao de mérito. Precisa-se definir, num primeiro momento, se o recurso é válido, porque sendo um recurso válido, aí sim se pode decidir o pedido formulado (o mérito). 2. Detalhamentos 2.1. Juízo de admissibilidade 2.1.1. Competência para a realização do juízo de admissibilidade Na vigência do antigo CPC, a regra era a realização de um juízo de admissibilidade, no mínimo, duplo. Agora, com a vigência do NCPC, não se pode afirmar que sempre haverá duplo juízo de admissibilidade.

Página3 No âmbito da APELAÇÃO, o art. 1.010, 3º, CPC trata dessa questão: Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 1 o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. 2 o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões. 3 o Após as formalidades previstas nos 1 o e 2 o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. Com a leitura do artigo, verifica-se que o juiz de 1º grau não mais realiza juízo de admissibilidade da apelação, com esse procedimento ocorrendo somente no Tribunal. A petição será dirigida ao juiz de 1º grau prolator da sentença, com o apelado devendo ser intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias (art. 219, CPC prazos correm em dias úteis). úteis. Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. Por outro lado, se o apelado interpuser a apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões, em homenagem ao princípio do contraditório (a apelação adesiva é apresentada no prazo de contrarrazões). Após esse procedimento, o juiz remeterá diretamente os autos ao 2º grau, nada mais cabendo ao juiz de 1º grau fazer no processo. No AGRAVO DE INSTRUMENTO, a situação é um pouco diferente, visto que ele NÃO É interposto ao 1º grau (art. 1.016, CPC), sendo dirigido diretamente ao juízo de 2º grau. Se ele é dirigido diretamente ao Tribunal, o juízo de admissibilidade é feito nesse Tribunal, diretamente por ele. Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos: I - os nomes das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. - tanto na apelação quanto no agravo de instrumento, o primeiro órgão a realizar o exame de admissibilidade é o RELATOR (o art. 932 do CPC traz os seus poderes). Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal;

Página4 III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. - Pelo art. 932, CPC, o RELATOR fará o primeiro juízo de admissibilidade do recurso. O relator, ao realizar esse primeiro juízo de admissibilidade, está pondo em prática a chamada Teoria da Presentação. Por essa teoria, o Relator faz parte do órgão colegiado, sendo um integrante deste. O que a lei o autoriza é antecipar uma decisão que ele daria quando atuasse perante órgão colegiado. Na Teoria da Presentação, o Relator É O PRÓPRIO ÓRGÃO COLEGIADO; quando a matéria vai para o colegiado, este simplesmente irá integrar a decisão originariamente proferida pelo relator. Essa é a razão pela qual, na verdade, o Tribunal realiza um único juízo de admissibilidade, que as vezes é antecipado pelo Relator. Com relação aos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, a situação também é um pouco diferente. Esses embargos se constituem em recurso interposto perante o mesmo órgão prolator da decisão impugnada (efeito devolutivo imediato), para que esse órgão corrija eventuais vícios de obscuridade, omissão, contradição ou vícios materiais. Por haver efeito devolutivo imediato, a autoridade prolatora da decisão realiza, ela mesma, o juízo de admissibilidade e o juízo de mérito. Por força do art. 1.024, 3º c/c art. 1.021, todos do CPC, no âmbito dos Tribunais, é possível que os embargos de declaração interpostos contra decisão do relator sejam admitidos e processados como agravo interno. Se for decisão contra órgão colegiado, o embargo de declaração será processado como tal, normalmente. Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

Página5 3 o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, 1 o. Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. 1 o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada. 2 o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. 3 o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno. 4 o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. 5 o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no 4 o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final. 2.1.2. Juízo de admissibilidade em sede de Recurso Extraordinário e Recurso Especial No Recurso Especial (Resp) e Extraordinário (RE), a situação muda por conta do art. 1.030 do CPC com a redação da lei 13.256/16. Esta lei modificou a redação original do art. 1.030 do CPC, que tem a seguinte redação: Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) I negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) II encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) III sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

Página6 IV selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos termos do 6º do art. 1.036; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) V realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação. (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) Dessa forma, no Resp e no RE, o primeiro juízo de admissibilidade é feito pelo Presidente ou Vice do Tribunal recorrido (art. 1.030, V, CPC). Dependendo da solução dada, poderá ocorrer: 1) Inadmissão do recurso -> caberá agravo ao Tribunal Superior, STJ ou STF, nos termos do art. 1.042, CPC; ou 2) Admissão do recurso -> remessa aos Tribunais Superiores, STJ primeiro e após o STF. Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos. 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) 3 o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias. 4 o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao tribunal superior competente. 5 o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal respectivo. 6 o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e especial, o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido. 7 o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e, havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. 8 o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

Página7 De qualquer maneira, admitindo ou não, a discussão chegará ao STJ ou STF, sendo feito um segundo juízo de admissibilidade do recurso. Isso significa que, quando se fala em juízo de admissibilidade em Resp e RE, o juízo de admissibilidade é efetivamente dúplice, por força das alterações trazidas pela lei 13.256/16 no CPC. 2.2. Forma do Juízo de admissibilidade Dependendo do doutrinador, a forma pela qual é feito o juízo de admissibilidade pode variar. Uma forma comum é que, quando estão presentes os requisitos de admissibilidade, afirma-se que esse juízo é POSITIVO. Se estiverem ausentes um ou mais requisitos de admissibilidade, o juízo é NEGATIVO. Uma outra forma de juízo de admissibilidade é dizer que ele pode ser PROVISÓRIO ou DEFINITIVO. Será PROVISÓRIO quando for realizado pelo relator antes do julgamento do órgão colegiado. É o juízo de admissibilidade feito sob a égide da Teoria da Presentação, já abordada. Pode ser que o órgão colegiado decida de maneira diversa do relator, trazendo a característica desse juízo de admissibilidade ser provisório. Por outro lado, quando o juízo de admissibilidade for feito pelo colegiado, haverá juízo de admissibilidade tido como DEFINITIVO. Certos autores fazem outra distinção: juízo de admissibilidade IMPLÍCITO e EXPLÍCITO (ou expresso). Quando nos deparamos com juízo de admissibilidade IMPLÍCITO, se está diante de situações em que o Tribunal considera presentes os requisitos de admissibilidade e passa ao exame do mérito da causa. No entanto, NÃO SE AFIRMA expressamente a existência desses requisitos de admissibilidade. Quanto ao juízo de admissibilidade EXPLÍCITO, o relator, ou órgão colegiado, expressamente afirma a presença de todos os requisitos de admissibilidade recursal. Obs.: as diferentes formas de juízo de admissibilidade não são excludentes entre si. Dessa forma, pode haver, por exemplo, juízo de admissibilidade DEFINITIVO, POSITIVO e IMPLÍCITO.