O voleibol e sua metodologia



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Transcrição:

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA XII SEMANA DE EDUCAÇÃO FÍSICA (11 A 13/11/98) O voleibol e sua metodologia Alda Lúcia Pirolo 1 Denise Pirolo 2 Este trabalho foi elaborado a partir da revisão de literatura do voleibol, treinamento físico e aprendizagem motora; dos cursos de voleibol ministrados por Bojikian (1986, Maringá - PR e 1986, Santos - SP), e por Pádua (1992, Maringá-PR); de nossa experiência profissional: com o ensino de 1º, 2º e 3º graus (rede estadual e particular - Maringá) e treinamento de equipes femininas (nível estadual mirim, infantil e infanto-juvenil). Nossa pretensão é colaborar com o processo de conhecimento teórico-prático do voleibol, mais voltados aos aspectos de sua estruturação metodológica. I. INTRODUÇÃO Desde sua chegada ao Brasil, por volta de 1917 através da ACM, o voleibol tem sofrido grandes transformações técnico-táticas, especificamente a partir dos anos 80, deixando-o em situação privilegiada no cenário nacional. Em 1993, este venceu todas as grandes competições a nível masculino, como afirma PÉRILLIER (1994), conquistando o título da Liga Nacional, do Mundial Juvenil, de Tri-Campeão do mundo, na categoria infanto-juvenil e, recentemente, a conquista do Grand Prix (versão feminina da Liga Mundial) e o Vice Campeonato Mundial (1994). Todas estas conquistas vêm contribuindo com o crescente interesse popular a sua prática, impondo grandes desafios aos profissionais que lidam com os aspectos de sua aprendizagem. A aprendizagem segundo COELHO (1993, p.11), "é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro que se expressa diante de uma situação problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência ". E, aprender voleibol significa assimilar seus fundamentos técnicos e táticos, de tal forma a colocá-los em prática numa dinâmica de jogo. São esses os dois pontos a serem considerados à princípio, para que se possa desenvolver um trabalho planejado e sistematizado, visando a performance nesse desporto. 1 Responsável pela disciplina voleibol no Curso de E. Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM); Mestre na área de "Pedagogia do Movimento Humano" pela Universidade Gama Filho - RJ. 2 Responsável pelas equipes femininas juvenil e adulto do selecionado Maringaense; professora da rede estadual (UEM) e particular (Col. Marista) de ensino do 1º e 2º graus; Especialista na área de Performance do Treinamento Desportivo - Arapongas, PR; árbitro (aspirante nacional) pela Confederação Brasileira de Voleibol.

2 II. REQUISITOS TÉCNICO-TÁTICOS E DE DESENVOLVIMENTO DO JOGO Para elaborar qualquer planejamento, neste sentido, alguns requisitos são necessários: 1) Conhecer os fundamentos técnico-táticos que o compõem: a) Quanto a Técnica Posição de expectativa Pré requisito Deslocamentos Colocação do corpo em relação ao material Corrida de frente; Trás; Lateral; Sobre-passo; Cruzado. Utilização da posição básica Alta (para bloqueio); Média (para recepção); Baixa (para a defesa). Emprego dos fundamentos técnicos Toque; Manchete; Saque; Cortada; Bloqueio; Recurso. Finalização do movimento

3 b) Quanto a Tática Individual Saque Passe Levantamento Ataque Coletiva Sistema de Jogo Ofensivo (4x2, 5x1, 6x0, 3x3, 6x6); Defensivo (3x2x1, 3x1x2); Cobertura de ataque; Cobertura de bloqueio. Ataque Combinado Fintas (desmico, beetwen, volta de desmico, volta da beetwen). Recepção Em W Em quadrado Em 3 Em 2 Bloqueio Ofensivo Defensivo Simples Duplo Triplo

4 2) Conhecer os aspectos do desenvolvimento do jogo a partir do emprego das técnicas e táticas O jogo de voleibol apresenta a seguinte dinâmica: a) Sacar- é o ato colocar a bola em jogo iniciando, desta forma, o rally. b) Receber- o termo receber (recepção), na linguagem do desporto voleibol, geralmente é empregado para bolas vindas do saque, a fim de executar, de melhor forma possível, o passe ao levantador. Freqüentemente utiliza-se do fundamento manchete, estando o corpo, em posição básica média. Existe outra forma de recebimento da bola, tal como: com ambas mãos por cima da cabeça (caracterizando o toque). Esta forma de recebimento utilizado na primeira bola, vinda do campo adversário, não é considerado como dois toques, entretanto, no caso de condução, será considerado falta pelo árbitro; c) Passar- é o ato de enviar a bola a um ponto estratégico. Geralmente os passes são executados do receptor ao levantador e deste ao cortador. Poderá executa-lo em forma de toque (técnico) ou manchete, com uma ou duas mãos; d) Levantar- é o ato de enviar a bola ao cortador de forma estratégica, de acordo com a altura, a distância entre o levantador e cortador, a trajetória da bola, e a velocidade; e) Atacar/Contra-atacar- é ato de endereçar a bola ao campo adversário visando a conquista da vantagem ou do ponto para a equipe ; f) Defender- é ato de interceptar a bola vinda do ataque adversário evitando que esta atinja o solo. Dependendo das situações diferenciadas que ocorrem no momento do jogo, do nível técnico das partidas, da dinâmica do jogo, da habilidade ou afinidade dos jogadores em realizar os fundamentos técnicos e empregar tática individual, estes, apresentam-se das seguintes formas: SAQUE Quanto a forma de execução Quanto os tipos técnicos Parado em deslocamento no salto por baixo por cima a) Por baixo: Simples de frente; Lateral; Saque alto (jornada nas estrelas). b) Por cima: Tipo tênis; Balanceado; Em suspensão; Flutuante. Quanto os aspectos táticos saque potente (forçado) flutuante direcionado com altura com precisão com rotação MANCHETE Quanto a forma de execução Quanto os tipos técnicos Defesa Frente Recepção De costas Com quedas Lateral Com recursos Quanto os aspectos táticos Passe alto Passe razante

5 TOQUE Quanto a forma de execução Quanto os tipos técnicos Com os pés apoiado no solo; Frente; Em suspensão; De costas; Com queda e rolamento. Lateral; Com recursos. CORTADA Quanto a forma de execução Quanto os tipos técnicos a) fase da impulsão: Direta com utilização dos dois pés Dirigida (corrida na horizontal, salto Costas na vertical. A passagem de Gancho um plano ao outro acontece em forma de movimento pendular corpo b) fase da movimentação da braço e tronco: Corpo para direita, frente ou para a esquerda; Movimento só de braço. BLOQUEIO Quanto a forma de execução Quanto os tipos técnicos Aproximação: Passada cruzada; Passada invertida; Passada lateral; Corrida de frente. Quanto os aspectos táticos Levantamento: Alto; Chutado; Tempo. Quanto os aspectos táticos Batida colocada: Por sobre o bloqueio; Na diagonal do bloqueio. Forçada: Ataque forte sobre o bloqueio; Na diagonal do bloqueio Explorada: Ataque utilizando-se o bloqueio adversário Quanto os aspectos táticos Ofensivo Defensivo Para ampliar os conhecimentos a respeito dos itens, até o momento especificados (1 e 2), sugerimos a leitura dos livros que discutem os fundamentos técnico-táticos do voleibol, como FRÖHNER et al. (1983), SUVOROV e GRISHIN (1990), CARVALHO (1993), ARAÚJO (1994). 3) Conhecer as diferentes fases de desenvolvimento e crescimento da criança para não incorrer em problemas de atividade incompatíveis com sua estrutura física e psíquica. Sugerimos leituras relativas à aprendizagem motora: PELEGRINI (1985), NOVELINO (1990), MAGILL (1984); ao crescimento biológico: WEINECK (1986;1990), Organização Pan-americana de La Salud (1986); e ao desenvolvimento motor: TANI et. alii (1988). 4) Ter noções de psicologia e sociologia da criança. 5) Ter conhecimento dos sistemas energéticos (resistência aeróbica, anaeróbica); das qualidades musculares (força máxima, potência, resistência-força, flexibilidade); das habilidades motoras (tempo de reação, velocidade de deslocamento, precisão motora, noção espaço-temporal). Sugerimos a leitura de CARDINAL (1994), TUBINO (1980), BARBANTE (1986), WEINECK (1986; 1990), entre outros.

6 De posse desses conhecimentos, a garantia de que o aprendiz possa apresentar a tão esperada mudança de comportamento, a ponto de sair jogando, está no emprego metodológico adotado pelo professor. Apresentaremos, a seguir uma seqüência de aprendizagem dos fundamentos técnicos, defendidas por BOJIKIAN (1986), como a mais adequada ao ensino do voleibol. III. GRUPOS TEMÁTICOS PARA O ENSINO DO VOLEIBOL A seqüência de fundamentos técnicos, abaixo exposta, corresponde a passagem do fundamento mais fácil ao mais difícil de ser aprendido, e atende a lógica de possuir características técnicas comuns. A composição dos grupos segue a seguinte lógica: Grupo 1 - tem como característica comum o agachamento (posição de expectativa, deslocamento, toque, manchete e saque por baixo). Grupo 2 - corresponde a característica comum: ereto e balanceio do corpo (ataque, saque por cima e bloqueio). Grupo 3 - corresponde a característica comum o tempo de reação (defesa ). Os quadros abaixo mostram, de forma resumida, esta seqüência de aprendizagem, com algumas das qualidades físicas-psíquicas correspondentes aos grupos temáticos. QUADRO 1 - Característica comum agachamento (GRUPO 1) Posição de expectativa e posição básica Deslocamento Considerações e exigências técnicas - desequilíbrio à frente ; - cruzado; - apoio em meia ponta dos pés; - sobre passo; - pontas dos pés alinhadas com os joelhos; - corrida; - MMSS abduzidos e semi fletidos; - lateral; - joelhos afastados; - de frente; - agachamento próximo a 90º (abaixar o - para trás. Centro de Gravidade - CG). Qualidades musculares - força de MMII (isométrica); - resistência MMII. - elasticidade coxo-femural; - força abdominal. Habilidades motoras - velocidade de reação; - coordenação motora geral; - equilíbrio estático. - velocidade de membros; - noção espaço-temporal; tempo de bola; - agilidade; - rítmo; - equilíbrio dinâmico e recuperado. Qualidades psíquicas - concentração; - atenção; - antecipação (timing antecipatório). Obs.: Os itens acima citados são comuns à todos os fundamentos do voleibol.

7 QUADRO 2 -Característica comum: agachamento (GRUPO 1) - toque, manchete e saque por baixo. TOQUE (TQ) MANCHETE (MC) - SAQUE POR BAIXO (SB) Considerações e exigências técnicas - braços em losango; - mãos sobrepostas; - afastamento dos pés; - mãos em forma de concha; - polegares e punhos - semi-flexão de joelhos; unidos; - extensão do corpo. - braços estendidos; - transferência do peso do corpo à frente; - pegada no antebraço. - balanceio do braço de trás para frente; - golpe na bola. Qualidades musculares - força dorsal; - força isométrica MMSS. - força de MMSS. - força MMSS; - força MMII; - força de punho. Qualidades motoras - equilíbrio recuperado-dinâmico-recuperado; - Equilíbrio estático- dinâmico e recuperado. - visão periférica; - noção espaço - temporal; - noção de lançar e receber. Qualidades psíquicas - atenção; - poder de decisão. QUADRO 3 - Característica comum: posição ereta e balanceio do corpo (GRUPO 2) - cortada CORTADA (CT) Chamada Salto Golpe na bola Queda - transferência da passada no plano horizontal para o salto que ocorre no plano vertical; - entrada de calcanhar (esquerda após direita); Considerações e exigências técnicas - elevação CG; - encaixe de mão; - hiperextensão do tronco; - balanceio de braços; - giro de tronco no eixo longitudinal; - flexão 90º de joelhos. - braço de ataque para trás, à 90º. - flexibilidade coxofemural. - puxada de braço para frente; - flexão de tronco. -ver BL. Qualidades musculares - potência de MMII; - potência de braço; - ver BL. - força dorsal. - força abdominal; - força de punho. Habilidade motora - noção espaço-temporal; - equilíbrio. dinâmico. - visão periférica; - ver BL. - equilíbrio. dinâmico; - eq. din.- recuperado; - tempo de bola. - noção de descontração de MMII. Amortecer a queda com um o dois passos à frente.

8 QUADRO 4 - Característica comum: posição ereta e balanceio do corpo (GRUPO 2) SAQUE TIPO TÊNIS (SQ) Preparo ao ataque na bola Lançamento Golpe na bola - elevação do braço no sentido antero-posterior; - mínimo arqueamento do corpo à trás. Considerações e exigências técnicas - corpo ereto; - puxada do braço de trás para frente; - lançamento central da bola; - transferência do peso do corpo à frente; -elevação CG. - tratamento do quadril. Qualidades musculares - flexibil. Escápulo-umeral. - potência do trícips. Qualidade motora - noção espaço-temporal. - eq. estático- din.- - precisão; recuperado. - constância. Qualidade psíquica - atenção - concentração - poder de decisão QUADRO 5 - Característica comum: posição ereta e balanceio do corpo (GRUPO 2 ) BLOQUEIO (BL) Salto Suspensão Queda Considerações e exigências técnicas - freada do deslocamento; - elevação dos braços - amortecimento do corpo. - elevação do CG; - impulsão. estendidos à cima e à frente; - mãos abertas na pegada. Qualidades musculares - potência MMII; - noção espaço-temporal; - flexibilidade coxo-femural; - força dorsal; - força abdominal; - elasticidade Coxofemural. - isometria de MMSS. - força de MMII. Habilidades motoras - eq. rec. - dinâmico; - visão periférica; - eq. recuperado. - noção esp. Temporal. - eq. dinâmico.

9 QUADRO 6 - Característica comum: reação (GRUPO 3) - defesa. DEFESA (DF) Rolamento Mergulho/ Recurso Considerações e exigências técnicas - CG baixo; - lançamento do corpo; - lançamento do corpo; - recuperação da bola com 1 ou 2 mãos; - recuperação da bola com 1 - flexão dos braços; ou duas mãos; - rolamento do corpo para - apoio do peito ao solo; trás. - deslize. Qualidades musculares - flexibilidade coxo-femural; - força MMSS; - mobilidade de quadril; - flexibilidade de tronco; - flexibilidade escápulo-umeral; - flexibilidade escápulo-umeral; - flexibilidade de tronco; - força dorsal. - força abdominal. Habilidades motoras - noção espaço temporal; - agilidade; - velocidade de reação. Qualidades Psíquicas - coragem. BOJIKIAN (1986), aconselha a utilização de uma metodologia de trabalho, seqüencialmente organizada, onde, a criança possa vivenciar situações práticas, de forma progressiva. Para tanto, o autor, indica o método Processo Associativo Progressivo. IV. PROCESSO ASSOCIATIVO PROGRESSIVO O Processo associativo progressivo refere-se às experiências motoras, específicas do voleibol, que a criança vai adquirindo ao longo do processo de trabalho. Trata-se de atividades planejadas, sistematicamente, com o objetivo progressivo de aquisição de habilidades técnicas e utilização destas em situação de jogo. Suas divisões são: 1. Exercícios Educativos Estão divididos em atividades fechadas, abertas e de precisão. 1.1. - Atividades Fechadas São consideradas atividades fechadas aquelas que educam somente a técnica ou gesto esportivo. Elas servem para preparar a criança ao domínio do objeto-bola e são traçadas a fim de auxiliá-la em seu feedback de execução. É característica comum dos iniciantes encontrarem dificuldades na fase de aprendizagem pois, entre outros itens, dirigirem sua atenção para um excessivo número de estímulos, pensam e se preocupam com coisas demasiadas, têm

10 dificuldade com muitas informações fornecidas ao mesmo tempo, despendem desnecessariamente energia, desconhecem quando e como utilizar o feedback. (SINGER apud TANI et al., 1988, p. 93), e por isso necessitam dos exercícios fechados. Nesta fase não é aconselhado exercício de repetição, e sim, exercício de correção, evitando a automatização de movimentos fora dos padrões. A repetição excessiva é prejudicial nesta fase, porque para manter o mesmo desempenho, numa sessão de repetições, o músculo pode entrar em estado de fadiga, agindo de forma negativa sobre a capacidade coordenativa (WEINECK, 1991, p.444). É de suma importância ressaltar que, no treinamento técnico na fase do estirão da puberdade,, "(...) é preferível consolidar as habilidades apreendidas do que trabalhar para adquirir novas, pois elas podem sobrecarregar o indivíduo jovem." (WEINECK, 1986, p.209). Esta fase se justifica na medida que visa a concentração e a atenção da criança, voltada a um único ponto, sem exigir deslocamentos. Exemplo: Tartarugobol. O exercício em si, embora pareça dinâmico, enquadrase nas atividades fechadas, pois na execução do meio-rolamento, não deverá ser trabalhado em forma de defesa, mas sim como movimento independente e com intuito de dar ao aluno a intimidade com o chão. 1.2. - Atividades Abertas São atividades ministradas para que o gesto deixe de ser fechado e tornese o mais dinâmico possível. Aconselha-se proporcionar uma gama de exercícios que explorem as diferentes formas de movimentação, não descaracterizando os gestos técnicos. Soma-se à mecânica técnica pretendida com a habilidade de deslocamento. Para um desempenho bem sucedido e cada vez mais experiente, a criança terá necessidade de prever o movimento (perceber o estímulo externo e executar sua antecipação). MAGILL (1986, p.71) declara que "o executante é obrigado a aprender o padrão de regularidade do estímulo, de forma que ele possa fazer as previsões espaciais e temporais necessárias para desempenhar a tarefa com sucesso", ou seja, realizar o timing antecipatório. As atividades abertas têm, também como meta, preparar o plano motor da criança para o voleibol, sem preocupar-se com a fixação dos fundamentos. Exemplo: Aluno de costas para o professor, e de frente para a parede. O professor irá atacar sucessivas bolas na parede, a fim da execução da defesa pelo aluno. 1.3. Atividades de Precisão São atividades ministradas com o objetivo de atingir um alvo, ponto ou local específico como resultante da ação técnica. Exigem tranqüilidade na execução, e o cansaço certamente irá prejudicar o resultado positivo do alvo. Podem ser executadas em forma fechada ou aberta, dependendo do nível em que se encontra o executante. Exemplo: Realizar as defesas dos ataques efetuados pelo professor, buscando direcionar a bola com altura, próximo ao setor de levantamento.

11 2. Exercícios de correção Os exercícios de correção são usados para corrigir a mecânica exigida no desporto e reeducar movimentos, fora dos padrões técnicos. O profissional deverá estar atento a detalhes no comportamento motor apresentado pela criança, porque estes podem ser denunciadores de falhas no desenvolvimento dos movimentos fundamentais para a aquisição de "padrões maduros de movimento"(tani et al.,1987, p.72). O autor expõe que os padrões fundamentais de movimento, entendidos como uma "série organizada de movimentos básicos" (receber, lançar, andar, correr, saltar e rebater), permitem o desenvolvimento da locomoção, manipulação e do equilíbrio da criança. Estas são habilidades básicas a todo desporto. Dificuldades detectados na execução dos fundamentos podem estar indicando falhas nos "padrões maduros de movimentos, exigindo o retorno a uma fase pouco trabalhada, esquecida, pouco otimizada ou não realizada com intimidade pelo executante. Como diz WEINECK (1986, p.209), "Poderão ser desenvolvidas técnicas com altas e altíssimas dificuldades coordenativas, que serão rapidamente aprendidas em virtude da bem-formada qualidade de observação e das boas premissas coordenativas", se as fases de aprendizagem da criança forem respeitadas. Este é um fator que não pode ser esquecido e deve ser retomado pelo professor, quando necessário. Exemplo: Lançar sucessivas bolas, ao aluno, exigindo que as recupere de manchete, ajoelhado, e depois, execute meio-rolamento. 3. Exercícios Formativos São considerados de ordem física (e não gestual) e fornecem ao corpo a capacidade de responder ao esforço exigido à prática do fundamento. Também são exercícios que auxiliam o desenvolvimento de gestos ainda não automatizados. Dão forma ao corpo, e permitem sanar as dificuldades no gesto quando houver debilidade de ordem física. Estes não são considerados exercícios de condicionamento físico, servindo apenas ao propósito de suprir uma lacuna de ordem física que a criança possa apresentar. Exemplo: Exercícios de força de membros inferiores para centro de gravidade alto, no momento do deslocamento. 4. Exercícios de Automatização São aplicados quando o iniciante executa bem o gesto esportivo, entretanto este ainda não foi automatizado. São exercícios de repetições em seqüência, para que haja oportunidade de memorizar o movimento, estabelecendo o hábito. A criança nesta fase ainda terá dificuldades em decidir o momento exato de aplicar o fundamento automatizado, ou relacioná-lo à dinâmica de jogo. Segundo TANI et alii (1988, p.96), a vantagem de automatizarmos um movimento é de torná-lo menos sujeito ao controle cognitivo e às interferências do meio ambiente e, portanto, "(...) permite ao executante ocupar-se com outros aspectos da performance ou mesmo com outras atividades paralelas." A automatização proporcionará maior segurança e domínio à criança no desporto.

12 Exemplo: Defender sucessivas bolas arremessadas, colocadas e\ou atacadas pelo professor, a princípio, sem exigir deslocamentos. 5. Exercícios Associativos São atividades com duas ou mais habilidades do voleibol para que a criança associe e relacione as etapas iniciais acima descritas, ao jogo propriamente dito. O exercício torna-se mais dinâmico à medida que for aumentando o domínio das situações experimentadas. Modificações na dimensão da quadra, altura da rede, regras, formas de rodízio, etc., auxiliam na preparação do domínio do jogo. Por exemplo: utilizar-se de rede alta, o objetivo poderá ser o de prolongar um rally; abaixá-la, visará um jogo mais ofensivo; dividir a quadra em áreas determinadas, terá o intuito de melhorar precisão, direção; jogar 1x1 ou 2x2 poderá melhorar o domínio de bola, domínio de jogo, visão periférica; entre outras. 5.1. Exercícios em forma de jogo Eqüivalem ao trabalho próximo ao jogo real. São usados dois ou três toques, rodízio com dois ou mais alunos. Também são chamados de volume de jogo, não pela quantidade de atividade oferecida, mas pela qualidade de seu objetivo. Exemplo: Ataque e defesa por cima da rede, estando três alunos em cada meia quadra. 5.2. Coletivo simulado Os coletivos simulados eqüivalem a jogos realizados em meia quadra, com seis ou sete elementos, nos quais o professor detém todo o controle das situações de jogo, no intuito de aperfeiçoar as jogadas. A atenção do profissional poderá estar mais voltada à estrutura de jogo (sistemas e ataques combinados), ou à problemáticas técnicas, como a recepção de um saque. Exemplo: O professor dará continuidade ao jogo, repondo a bola da mesma forma que foi interrompido o rally. 5.3. Jogo propriamente dito Está dividido em coletivo e competitivo (amistoso, competição). Coletivos: são jogos realizados com o próprio grupo para avaliar a assimilação de cada fundamento ou da soma de fundamentos. A etapa inicial de aprendizagem dos coletivos (jogar 1x1, 2x2, 3x3 e etc.), serve ao propósito de melhorar o domínio de bola, associação e fixação dos fundamentos. Em sua etapa mais avançada (6x6) ainda há a interferência direta do profissional para adequar esquemas técnicos e táticos e garantir a passagem para a fase seguinte (amistosos e competições). O profissional que almeja um bom desempenho de sua equipe de trabalho deve conhecer a realidade em que se encontra, atualizar-se constantemente, e buscar a adequação do processo metodológico que utiliza para alcançar os objetivos propostos. Este trabalho é uma tentativa de contribuir com esse profissional na sua jornada.

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Jorge Barros de. Voleibol Moderno - Sistema Defensivo. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport. 1984. BARBANTI, Valdir. Treinamento Físico. S. Paulo: CL Baleiro. 1986. BOJIKIAN, João C. Voleibol: da Aprendizagem ao Treinamento. Curso ministrado na Universidade Estadual de Maringá, 1986.. Voleibol: Aprendizagem e Treinamento. Curso ministrado em Santos SP.,1986. CARDINAL, Charles. Plano Anual de Treinamento e Competição para Atletas de Voleibol. In: Vôlei Técnico ano 1.nº 1. p. 11-12. CBV. 1994. COELHO, Maria T. e JOSÉ, Elizabeth A. Problemas de Aprendizagem. São Paulo. Átila. 1993. MAGILL, R. A. Aprendizagem Motora: Conceitos e Aplicações. São Paulo. Edgard Blucher. l986. PÁDUA, Antônio.Curso de Especialização em Treinamento Desportivo - Voleibol. Universidade Estadual de Maringá - Pr. Período de 1992. PÉRILLIER, José R. Competição Comprova o Sucesso do Vôlei Brasileiro. in: Revista Vôlei Técnico. Ano 1. nº 0. p.5. CBV. 1994. SUVOROV, Y. P. e GRISHIN, O. N. Voleibol Iniciação. Vol I. Rio de Janeiro: Sprint. 1990. TANI, GO et al. Ed. Física Escolar - Fundamentos de uma Abordagem Desenvolvimentista. São Paulo: EPU. 1988. WEINECK, J. Manual do Treinamento Desportivo. São Paulo: Manole. 1986.. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole. 1990.