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Transcrição:

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A exposição Percursos de Vialonga: Património Recuperado pretende dar a conhecer à comunidade em geral a riqueza do património cultural concelhio, bem como os trabalhos que foram desenvolvidos no âmbito da proteção e da preservação patrimoniais, destacando exemplos relativos à freguesia de Vialonga. Procura-se aqui elucidar os cidadãos dos seus direitos e deveres no que concerne a este tema, aproximando-os das entidades que normalmente surgem associadas ao património, e que contribuem para que a memória coletiva não se perca no tempo. Ao nível da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, a atual Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus, constituída por uma equipa pluridisciplinar que abarca áreas como a história, história da arte, arqueologia e conservação e restauro, tem desenvolvido ao longo dos tempos, ações tendentes à Salvaguarda, Proteção, Valorização e Conservação de diversos bens patrimoniais. No entanto, não cabe somente às instituições públicas a proteção e a valorização do património nacional ou local. Cabe também a cada cidadão que, atento às suas raízes, promove um sentido de alerta junto das entidades públicas, sendo assim um elemento fundamental na educação e na salvaguarda patrimoniais. A comunidade de Vialonga é um exemplo de dedicação concreta na salvaguarda do seu património, pela forma como se envolve e atua sobre ele. Atualmente, e de modo a promover um maior reconhecimento do amplo património existente no concelho, algum ainda não classificado, a Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus está a elaborar, com base no Decreto- -Lei nº 309/2009, de 23 de outubro, um regulamento para a classificação de imóveis, conjuntos e sítios de interesse municipal. Maria da Luz Rosinha A Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira Património Cultural: integram o Património Cultural todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objeto de especial proteção e valorização. Nº 1, do Art. 2.º, Lei nº 107/2001, de 8 de setembro A presente exposição espelha assim, a divulgação do conhecimento produzido pelo Município, dando a conhecer alguns exemplos de ações de recuperação que ocorreram em bens patrimoniais da freguesia de Vialonga. De notar, que as intervenções decorreram com o máximo rigor de execução do ponto de vista técnico e científico. Os procedimentos tiveram em linha de conta as recomendações das cartas europeias de património. Começando pela Fonte de Santa Eulália, símbolo de um bem outrora presente em todas as localidades do país, para abastecimento das populações, passamos um breve olhar pela Capela, sua homónima, e pela Igreja de Nossa Senhora da Assunção, que contém exemplos de extrema importância artística e histórica, testemunhando a relevância deste território, do qual muito nos orgulhamos. Se uma tem sido imprescindível à vida do homem, as edificações de cariz religioso alimentaram o seu espírito, sendo espelho das tradições e história local, por servirem muitas vezes de abrigo de bens alimentares, bem como a pobres e a refugiados de guerras e intempéries. Por todas estas razões, o património aqui evidenciado apresenta ecos das diversas gentes que por ele passaram e nele se conjugam de forma harmoniosa. Alvo de várias intervenções, estes espaços conseguiram assim sobreviver para nos contar a sua história, onde parte dela é, por entre os «Percursos de Vialonga», revelada. Museu Municipal de Vila Franca de Xira 3

Fonte de Santa Eulália Esta fonte situa-se a norte da povoação de Santa Eulália, na margem esquerda da ribeira do Morgado, no lugar da quinta que aí existiu com o mesmo nome. Construída no século XVIII (1753), nela Filipe José da Gama 1 mandou gravar, dez anos mais tarde, uma dedicatória em latim. A epígrafe terá surgido, segundo a tradição, na sequência do aparecimento da imagem de Santa Eulália naquela mesma fonte 2, estando este acontecimento associado à obra divina que importava fazer perpetuar na memória das gentes vindouras. De acordo com Lino de Macedo, as suas águas corriam abundantemente e eram de boa qualidade. Lapidada numa fina cartela de calcário de lioz rosa, encimada por uma coroa de rosas e pela Cruz de Cristo e circundada por volutas, representa o último elemento que subsistiu da fonte original a par com o seu emolduramento, de que restam os vestígios da base das pilastras hoje constituída por um recinto em forma oval no qual a pedra se encontra incrustada. A lápide sofria, em toda a sua superfície, de uma contaminação de origem biológica caracterizada pela presença de líquenes e algas que a faziam apresentar-se com uma coloração cinza esverdeada. 4 1 Censor régio pelo Desembargo do paço, da Secretaria de Estado do Reino, da Academia Real da História, da Academia das Árcades de Roma, entre outras sociedades literárias. 2 A tradição conta que a imagem apareceu dentro de um relicário.

Os vestígios do seu emolduramento original consistiam, em 1999, em bases de pilastras bastante desagregadas devido à presença de herbáceas: no lado esquerdo, a pilastra apresentava o aparelho e o tratamento de acabamento; no lado direito apenas subsistia o aparelho em tijolo. A intervenção, iniciada em outubro de 2000, foi da responsabilidade da empresa In Situ e consistiu numa primeira fase de limpeza seguida de consolidação estrutural dos volumes pré-existentes, bem como da reconstituição de alguns outros em falta. Procedeu-se, em primeiro lugar, à remoção das estruturas liquénicas, através da aplicação de um biocida à base de sais quaternários de amónio, durante o período de cerca de quinze dias, após o qual se realizou uma escovagem com água usando escovas macias. Uma nova capa de biocida foi depois aplicada para evitar, durante algum tempo, a instalação na lápide de novas espécies colonizantes. A consolidação estrutural foi obtida mediante a impregnação do reboco existente com uma solução de silicato de etilo, até a argamassa se apresentar coesa ao toque. Todas as plantas em redor do reboco foram removidas e colmatados os limites do reboco com nova argamassa, a fim de evitar a infiltração de água no seu interior e a sua consequente desagregação. Os volumes refeitos com cimento numa intervenção passada foram igualmente removidos, uma vez que este tipo de argamassa não revela ser nem adequada nem estética. Por fim, foi efetuada a reconstituição ilusória dos pilares laterais originais, procurando-se a valorização estética do conjunto, mediante a aplicação de uma argamassa de tom claro rebaixada e alisada, marcando apenas a continuação das duas pilastras. Sendo um dos mais antigos templos cristãos do concelho de Vila Franca de Xira, a Capela de Santa Eulália, apresenta-se por essa razão, como um exemplo interessante da arquitetura desse período. Julga-se que a sua fundação remonte à Baixa Idade Média, de acordo com documentação datada de 1288, na qual é referida o seu patrono, D. Domingos Anes Jardo (bispo de Évora e chanceler do rei D. Dinis). Nas primeiras décadas do século XVI, a cabeceira deste templo, de cariz manuelino, terá sido reformulada de raiz, sendo então dotada com três bocetes na sua abóboda (um com a cruz da Ordem de Cristo, e outro com o escudo de um provável mecenas, e por fim, o terceiro decorado com um florão). Esta intervenção faz parte integrante do conjunto de ações de recuperação levadas a efeito pelo Município de Vila Franca de Xira, no âmbito do Programa de Recuperação de Fontes Históricas do Concelho. 5

Capela de Santa Eulália Sendo um dos mais antigos templos cristãos do concelho de Vila Franca de Xira, a Capela de Santa Eulália, apresenta-se por essa razão, como um exemplo interessante da arquitetura desse período. Julga-se que a sua fundação remonte à Baixa Idade Média, de acordo com documentação datada de 1288, na qual é referida o seu patrono, D. Domingos Anes Jardo (bispo de Évora e chanceler do rei D. Dinis). Nas primeiras décadas do século XVI, a cabeceira deste templo, de cariz manuelino, terá sido reformulada de raiz, sendo então dotada com três bocetes na sua abóboda (um com a cruz da Ordem de Cristo, outro com o escudo de um provável mecenas, e por fim, o terceiro decorado com um florão). 6

Cronologia De janeiro a dezembro de 2006 Intervenção de conservação na escultura de Nossa Senhora da Conceição. Trabalho realizado pelos técnicos do Laboratório de Conservação e Restauro, da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Esta escultura encontrava-se, à data, localizada na sacristia devido ao seu avançado estado de degradação (forte ataque de inseto xilófago - caruncho). A ação de conservação e restauro permitiu que esta imagem voltasse a ter estabilidade que lhe garantirá mais anos de existência, revelando uma pintura mais antiga que existia por baixo da que era visível. Hoje ela encontra-se ao culto e ganhou a intensidade estética de outrora. Atravessando a nave única da capela, a que se acede através de um portal moldurado, podemos observar o retábulo-mor, composto por uma estrutura tripartida, organizada a partir de colunas salomónicas, com ampla tribuna de arco de volta perfeita, cuja empreitada de obras realizada no século XVIII, teve em vista a sua remodelação em termos decorativos e estruturais. Presume-se que estas obras tardias tenham alguma relação com a construção da Fonte da Santa Eulália, que se encontra nas imediações da capela, podendo apontar para uma renovação do culto a esta santa e intrinsecamente, de uma renovação do próprio templo. Santa Eulália foi uma santa cristã, virgem e mártir do Cristianismo primitivo 1, que recusando a adoração a vários deuses, face à crença de um único deus foi torturada pelos soldados romanos, tornando-se muito popular entre os cristãos desde o ano 350 d.c. Existindo relatos de que este imóvel já se encontrava em estado de ruína em 1863, foi só durante as décadas de 80 e 90 do século XX, que este foi reconstruído. Para tais diligências foi constituída a «Comissão pela Reconstrução da Capela de Santa Eulália», tendo como membros os cidadãos Armindo Martinho Santos, António José de Carvalho, Hélder Ferreira Soares, Jacinto Gomes Soares, Hélder Feliciano Pinheiro e Luís Jesus Seborro. Através da referida comissão, foram integralmente reconstruídas a galilé (entrada do templo) e a nave, bem como o seu telhado, o que conferiu uma nova volumetria a este edifício. Seguidamente destacam-se outros trabalhos que ali foram desenvolvidos e que contribuíram grandemente para a valorização desta capela. Em 1982, foi classificada como «Valor Concelhio», atual Imóvel de Interesse Municipal (Decreto nº 28/82, de 26 de fevereiro). 1 DIETZ, 2005. Entre novembro de 2005 e julho de 2006 Obras de recuperação da Capela de Santa Eulália, desenvolvidos pela empresa MIU- Gabinete Técnico de Engenharia, Ld.ª e acompanhados pelos diversos serviços da Câmara Municipal. Nesta empreitada pretendeu-se solucionar os problemas de humidade e infiltrações existentes na cobertura (mediante a substituição da madeira do alpendre, reparação de fissuras, seu isolamento e pintura da parede exterior e execução de drenagem de águas pluviais junto à empena esquerda da igreja), limpeza das cantarias do altar, consolidação das nervuras em pedra da abóboda da capela-mor, e ao alargamento do passeio. De 2 de julho a 24 de agosto de 2007 Intervenção de conservação e restauro das pinturas murais da abóboda da capela-mor. Trabalho realizado pela empresa Sandra Alves, Conservação e Restauro de Obras de Arte, tendo sido financiado pela autarquia, com o apoio financeiro da empresa Solvay Portugal, ao abrigo da Lei do Mecenato. Entre dezembro de 2007 e Maio de 2008 Colocação de uma ilha ecológica no espaço envolvente da Capela, em substituição do ecoponto que ocupava a quase totalidade da parede da capela, do lado norte. 7

Igreja de Nossa Senhora da Assunção A Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Assunção de Vialonga (classificada como Imóvel de Interesse Público em 1993, pelo Decreto nº 45/93), fundada no séc. XIV, foi objeto de várias intervenções (principalmente no séc. XVI), conferindo-lhe o seu aspeto atual. De volumetria compacta, primando pela ausência de elementos decorativos, apenas a fachada é animada por um portal retilíneo e pela janela de coro, sendo rematada por frontão triangular com relógio no tímpano. A torre sineira encontra-se recuada, localizando-se aí as dependências anexas. A austeridade arquitetónica contrasta no entanto, com a riqueza da decoração do seu interior, que apresenta exemplos decorativos de elevado valor artístico, onde se incluem os altares em talha dourada protobarroca, datado de cerca de 1680. Conjugados com a pintura e o azulejo, característico da primeira metade do séc. XVIII, neles sobressai a sua qualidade técnica e estética. O imóvel religioso, de nave única coberta por abóbada de berço, articulada com a capela-mor, profunda, através de um arco triunfal de volta perfeita, é flanqueado por dois altares de talha dourada do séc. XVII. Os painéis azulejares que revestem as paredes da nave, com 21 cenas da Vida da Virgem, presume-se que foram executados entre 1745-1750. 1 Para além do púlpito de mármore com balaústres, no corpo do templo abrem-se várias capelas, sendo que uma delas a da Ordem Terceira de São Francisco revestida a azulejos relatando a vida do santo patrono, é atribuída à dupla de pintores Bartolomeu Antunes e Nicolau de Freitas, que por diversas vezes trabalharam em conjunto (1735). 2 Os azulejos da sacristia que remontam a 1730, representam temas de cariz profano, tais como jogos infantis, numa prática pouco usual em edifícios desta natureza. Esta Igreja é uma das mais importantes do concelho de Vila Franca de Xira, do ponto de vista patrimonial. Fruto dessa importância, desenvolveram-se desde o ano 2000 várias campanhas de recuperação, sobretudo do seu património integrado. As metodologias de intervenção assumidas durante as várias ações de recuperação cumpriram os princípios éticos que regem a conservação e restauro, no sentido de se assegurarem a autenticidade, a intervenção mínima, bem como a compatibilidade e reversibilidade dos materiais. 8 1 SIMÕES, 1979, p. 337 2 Idem.

De salientar o profundo envolvimento da comunidade paroquial e a estreita colaboração entre os serviços do município e o Pe. Gil e Pe. João, párocos que, em sucessivos momentos foram revelando empenho em ver o património da igreja revalorizado. A dignidade histórica e estética da igreja foi conseguida após a recuperação e valorização do espaço, de grande afeição popular, e a importância do local onde se insere, a vila de Vialonga, foi plenamente alcançada, contribuindo assim, para a sua longevidade. Sequência das campanhas de intervenção: 1999 Conservação da cobertura da Igreja de Nossa Senhora da Assunção. Trabalho efetuado pelo Eng.º Fernando Crisógono Alves dos Santos. 2000 - Altar lateral frontal de Nossa Senhora da Assunção e altar lateral frontal de S. Miguel, trabalhos realizados pela empresa Junqueira 220. 2001 Altar lateral de Nossa Senhora de Fátima, trabalho realizado pela empresa Ancestral. 2002 Altar do Senhor dos Passos, trabalho igualmente realizado pela empresa Ancestral. 2002 - Intervenção de conservação e restauro na escultura em madeira de Nossa Senhora da Assunção por técnicos especializados do Laboratório de Conservação e Restauro do Museu Municipal. 2003 Altar do Sagrado Coração de Jesus, realizado pela empresa Rui Gonçalves, Douraduras, Restauros e Reproduções, Ld.ª. 2005/2006 Altar-Mor, trabalho realizado pela empresa Rui Gonçalves, Douraduras, Restauros e Reproduções, Ld.ª. 2006 Intervenção de emergência para substituição do soalho no Altar do Senhor Morto, pela empresa Luís Justo Construção Civil Unipessoal, Ld.ª. 2006/2007 - Altar lateral do Senhor Morto, realizado pela empresa Rui Gonçalves, Douraduras, Restauros e Reproduções, Ld.ª. 2007 - Recuperação da cercadura dourada e respetiva mesa existentes na sacristia da Igreja pela empresa Rui Gonçalves, Douraduras, Restauros e Reproduções, Ld.ª. 2010 Conservação e restauro da pintura a óleo sobre tela Assunção de Nossa Senhora, realizada pela empresa Junqueira 220. 2011 Substituição do soalho degradado na nave central e na Capela do Senhor Morto, efetuada pela empresa Rui Gonçalves, Douraduras, Restauros e Reproduções, Ld.ª. Notas bibliográficas Arquivo administrativo do Setor de Património: (Igreja Matriz de Vialonga, 1978-2011; Capela de St.ª Eulália, Vialonga, 1979-2008), Museu Municipal de Vila Franca de Xira. Diário da República, Série II, Decreto nº 28/82, de 26 de fevereiro e Decreto nº 45/93, de 30 de novembro. Dietz, Maribel, Wondering Monks, Virgins, and Pilgrims: Ascetic Travel in the Mediterranean World, 300-800. University Park, Pennsylvania: Penn State Press, 2005. MARTINHO, Maria João Martinho, Programa de Preservação das Fontes Históricas do Concelho in Memórias de Pedra e Cal (Catálogo de Exposição), Vila Franca de Xira, junho 2001. SIMÕES, J.M. dos Santos, Corpus da azulejaria português, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. http://www.igespar.pt/en/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/71054/ (Data de consulta: 16/08/2013). http://www.igespar.pt/en/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/74780/ (Data de consulta: 16/08/2013). 9

Ascender a pintura da Assunção da Virgem Trazer a público uma obra de relevo da Igreja de Vialonga Silvia Cópio Conservadora Restauradora do Museu Municipal de Vila Franca de Xira Quando em 2006, a paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Vialonga promoveu a intervenção de conservação e restauro da talha do altar-mor, executada pela empresa Rui Gonçalves, Restauros e Douraduras, Ld.ª, e acompanhada pela Divisão de Património e Museus da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, não se previa ainda a possibilidade de se avançar com o restauro da pintura da tribuna do altar que se sabia existir arrumada no fosso. Nessa altura, procedeu-se a uma primeira observação da mesma, aproveitando o fato de se mexer na estrutura em que esta estava inserida, mas o seu avançado estado de degradação não fez prever o esplendor que se veio a revelar posteriormente. Altar-mor da Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Vialonga. Antes da intervenção de conservação e restauro. Altar-mor da Igreja de Nossa Senhora de Vialonga. Após intervenções de conservação e restauro no altar-mor (2006) e pintura (2009). Com o desenvolvimento da intervenção de conservação e restauro da pintura, executada pela empresa Junqueira 220, pareceu oportuno e adequado prestar uma especial atenção a este exemplar que esteve oculto do público em geral durante cerca de 50 anos. Vejamos em detalhe: No nível superior, Nossa Senhora ascende aos céus, rodeada de anjos e querubins. Veste uma túnica branca e manto azul. No nível inferior no primeiro plano, estão representados os apóstolos. Do lado do evangelho, São Pedro que se distingue por ser representado de avançada idade, barbado e calvo; veste túnica azul e manto castanho. Do lado da epístola, encontra-se representado o apóstolo São João: figura jovem imberbe, de cabelo longo ligeiramente ondulado. Veste túnica verde e manto vermelho. Segura nas mãos o sudário onde estaria sepultada Nossa Senhora no momento anterior ao representado. Num segundo plano, estão representados os restantes apóstolos sem atributos específicos que permitam a sua identificação precisa, com exceção de um, que se encontra sentado do lado da epístola, segurando um livro aberto sobre o regaço, atributo atribuído aos evangelistas e, deste modo, este apóstolo poderá ser São Mateus. Esta representação corresponde à iconografia da Assunção da Virgem aos Céus, para a qual não existe nenhuma base bíblica que a sustente, no entanto, a sua crença baseia-se em alguns textos apócrifos, ou seja, textos que não são reconhecidos como bíblicos, e a sua representação para efeitos de culto é comum. Em 1950, o Papa Pio XII, declarou oficialmente na Assunção de Maria, a mãe de Deus, enquanto dogma, o que veio promover a confirmação desta realidade para os fiéis que, desde há muito a festejam. É o caso da comunidade paroquial de Vialonga que, anualmente a cada 15 de agosto, festeja esta solenidade e faz sair em procissão a escultura representativa do mesmo tema. O Catecismo da Igreja Católica refere que Finalmente a Virgem Imaculada, preservada e imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte (LG 59). A Assunção da Virgem é uma singular participação na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos: Estamos perante uma obra de referência, que terá sido produzida cerca de 1730. Sabemos que a data de produção do altar-mor, em talha dourada, onde a pintura se encontra 10 1 Feast of Assumption (Dormition) of Mary, www.churchyear.net/assumption.html, de 19 de Setembro de 2009, p. 1. Dogma na igreja católica significa verdade revelada por Deus. 2 In Catecismo da Igreja Católica, Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1993, p. 219. 3 SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, t. I, Lisboa, 1707, p. 454, faz menção de que a igreja, que existia há mais de trezentos anos, tinha sido reedificada ( igreja nova, que se reedificou e fez de novo em o mesmo lugar ) há mais de vinte e cinco anos. Dataria desta campanha de obras a realização e colocação dos retábulos da capela-mor e dos altares da nave bem como do lavabo e telas da sacristia.

Pintura Assunção da Virgem, Igreja de Nossa Senhora de Vialonga, Patriarcado de Lisboa, 2010. 11

integrada é de cerca de 1680, no entanto não há referência escrita à produção da tela da tribuna sobre a qual versa este trabalho. Ela integra notórias marcas do período barroco, que é o estilo artístico que se desenvolveu na Europa no final do sec. XVI e meados do sec. XVIII. Trata-se de uma pintura com cerca de 300 anos! Esta pintura fica visível durante quase todo o ano e desce para um pequeno fosso criado para o efeito atrás da mesa de altar original quando a festividade litúrgica assim o exige. Assim, o trono eucarístico (sucessão de degraus em talha atrás do arco triunfal do altar, onde, a partir do Concílio de Trento em 1563, se colocava a Óstia para adoração) fica a descoberto pelo menos na Sexta Feira Santa, no dia de Pentecostes e na Festividade do Corpo de Deus. Na sua origem, a pintura tinha um sistema de roldanas que permitia, através do esforço humano, levantá-la ou baixá-la. Atualmente, foi instalado um sistema eletrónico inovador pela forma como as novas tecnologias se aliam aos objetos antigos, tornando-os funcionais sem comprometer a sua conservação. Na pintura em análise, a integração da composição do espaço, a luminosidade difusa integrando planos de sombra que pretendem definir personagens de maior ou menor interesse para o espetador, a paleta rica de tonalidades e cores luminosas, a idealização dos rostos e expressões, em que cada personagem pode ser integrada em cânones de representações de cada um dos apóstolos, a idealização e pose de Nossa Senhora que ascende graciosamente aos céus, a modelação das poses e das vestes e a temática marcadamente integrada na função catequética da arte que visa marcar a atenção do observador, são características da corrente classicista do período barroco. turas. Poderá ainda seguir-se a inspiração da nuvem que a envolve, rodeada de anjos, um dos quais se posiciona sob a nuvem como se a impelisse a subir. Carlo Maratta, Assunção da Virgem, gravura, Frankfurt. In SIL- VA, Sara Cristina Pintura Antiga na Igreja Matriz de Oeiras. Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 2003, p. 126. André Gonçalves (1685-1762) é um dos pintores régios nacionais desta época a referenciar. Aplica uma paleta mais rica e variada que faz distinguir a sua obra das precedentes de influência hispânica, e vai gradualmente adotando esquemas compositivos que o aproximam do classicismo europeu italiano e francês. Foram efetuadas comparações com pinturas da mesma época que partilham afinidades estilísticas com a de Vialonga, bem como comparações com outras pinturas que retratam o mesmo momento iconográfico. 12 Foram ainda estabelecidas comparações com duas gravuras, uma de Carlo Maratta e outra de Antonio de Pietri, e um desenho de Masucci, todos eles pintores italianos do mesmo período, cujas obras ou gravuras terão influenciado o autor da pintura Assunção da Virgem de Vialonga. De notar que, nesta época, Itália era o grande centro artístico Europeu de onde fluíam as grandes influencias e motivos que depois eram explorados com maior ou menor qualidade em cada uma das oficinas de artistas. Portugal, mais especificamente a produção da arte do Convento de Mafra, bebeu desta mesma influência através da presença de obras de vários artistas, entre os quais Augusto Massuci, com as quais André Gonçalves terá tomado contato. Da gravura de Maratta corresponde a representação da Virgem, não tanto a sua posição corporal mas a ideia dos braços abertos e o seu rosto piedoso que se dirige às al- Pietro Antonio de Pietri, Assunção da Virgem, gravura, New York. In, SILVA, Sara Cristina Pintura Antiga na Igreja Matriz de Oeiras. Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 2003. 12

O mesmo acontece na gravura de Pietro Antonio de Pietri, a qual inclui a representação dos doze apóstolos, ainda que numa disposição diferente da pintura. Sobre o desenho de Masucci (Foto 10), a semelhança compositiva é notória e releva a importância do contato que André Gonçalves terá tido com este pintor. Assunção da Virgem, Miguel António do Amaral, 1745, Oeiras, igreja matriz. In, SILVA, Sara Cristina Pintura antiga na igreja matriz de Oeiras. Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 2003.p. 127. Agustino Masucci, Assunção da Virgem, desenho sobre papel, Museu Nacional de Budapeste. In, Foto 12: Pietro Antonio de Pietri, Assunção da Virgem, gravura, New York. In, SILVA, Sara Cristina Pintura Antiga na Igreja Matriz de Oeiras. Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 2003. Numa época em que se seguiam modelos provenientes das gravuras que circulavam em toda a Europa não é surpreendente que se tenham encontrado um número considerável de modelos, mais ou menos semelhantes à pintura em causa. Damos como exemplo a pintura Assunção da Virgem do pintor Miguel António do Amaral, presente na Igreja Matriz de Oeiras. Em Lisboa, na Igreja da Ordem Terceira de Jesus das Mercês, Capela do Senhor dos Aflitos, existe um óleo sobre tela com a mesma composição e de características muito semelhantes, ainda que de inferior qualidade plástica, denotando pouca fluidez de pincelada por parte do pintor deste caso. Esta é, quanto a nós, uma das pinturas encontradas com mais semelhanças com a pintura em análise, não só na composição, disposição das figuras e cromatismo, mas também ao nível do tratamento plástico, apesar das hesitações referidas. Assunção. Autor desconhecido. Primeira Metade do Século XVIII. Lisboa, ordem Terceira de Jesus das Mercês. Capela do Senhor dos Aflitos. 13

A talha, já com incidências do chamado «Estilo Nacional» com o seu trono para a adoração eucarística ladeado por dois pares de colunas, tem influências maneiristas de transição protobarroca de enorme qualidade de execução pelo seu entalhador e na seleção de materiais de boa qualidade, bem como nos elementos decorativos que denotam a moda da época. Portugal tem exemplos únicos deste tipo de altares e o de Vialonga é ímpar na sua forma e esplendor em toda a região de Lisboa. As intervenções de conservação e restauro que foram promovidas a todo o conjunto, dignificaram a sua existência e permitiram estabelecer um marco histórico para o concelho. O envolvimento da própria comunidade de Vialonga no seu património, a predisposição da paróquia para tornar pública a arte existente, e toda a atenção e apoios despendidos pelo Município ao longo de alguns anos, são exemplares e merecem esta referência. 14 Assunção da Virgem. André Gonçalves. C. 1730. Mafra, Sacristia da Capela de Nossa Senhora do Livramento. Óleo sobre tela, 3570 mm x 2520 mm. Assinada no reverso «André Gonçalves». [Nuno Saldanha (coord.), Joanni V Magnifico A pintura em Portugal ao tempo de D. João V (1706-1750), catálogo de exposição, Lisboa, IPPAR, 1994, p. 151]. No caso da pintura Assunção de Nossa Senhora, que André Gonçalves pintou para o Convento Nacional de Mafra, cerca de 1730. O modelo de distribuição das imagens é outro que não o seguido para a pintura de Vialonga, e inclui, para além dos apóstolos, Maria Madalena. No entanto, é com esta pintura que se conseguem estabelecer alguns paralelismos comparativistas no sentido de se averiguar a possibilidade de atribuição autoral da pintura de Vialonga. Conclusão Toda a produção retabular do altar-mor da Igreja de Nª Srª da Assunção de Vialonga, ou seja, talha dourada e pinturas, revela-se de extrema importância no panorama artístico Barroco em Portugal. A pintura da tribuna é de grande qualidade, revela a produção barroca que na época circulava através das gravuras que serviam de referência a algumas das melhores obras existentes. A comparação com outras semelhantes faz realçar a sua nobreza, indiscutível por todas as suas características e escolha de cores. Notas bibliográficas ALTET, Xavier Barral I (dir.) Diccionaire Critique D iconografhie Occidentale. Les Pur: Presses Universitaires, [s.d.], CARVALHO, José Alberto Seabra Estética Barroca II: Pintura. In, RODRIGUES (coord.) Arte Portuguesa da Pré-História ao Século XX. Vol. 13. [s.l.]: Fubu Editores, 2009. CARVALHO, José Alberto Seabra Sete Imagens para o calendário Litúrgico As pinturas do altar-morda Igreja de São Roque. Lisboa: Santa casa da Misericórdia de Lisboa, 2006. Catecismo da Igreja Católica, Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1993 PEREIRA, José Fernandes O barroco do século XVII: transição e mudança. In PEREIRA, Paulo História da Arte Portuguesa. Rio de Mouro, Circulo de Leitores e Autores, 2007 REVILLA, Federico Diccionario de Iconografia. Madrid: Cátedra, 1990 SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, t. I, Lisboa, 1707. GONÇALVES, Susana Nobre André Gonçalves e a pintura de cavalete em Portugal no tempo de D. João V (1706-1750). O caminho da internacionalização. Lisboa: Dissertação de Mestrado em Arte, Património e Restauro, Vol.I, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Setembro 2002. (Texto Policopiado) GONÇALVES, Susana A pintura do calvário ou Lamentação junto à cruz da Igreja de São João Baptista de Alhandra. In, Nunes, Graça Soares, et all Arte e Devoção Formas e Olhares, Desvelar Património velar pelo património. Vila Franca de Xira: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, 2009 MACHADO, José Alberto Gomes - André Gonçalves Pintura do Barroco português. Lisboa: Editorial Estampa, 1995. MELO, Helena Pinheiro Conservação e Restauro do Trono e oito retábulos com suas pinturas. In BARROS, Mafalda Magalhães (coord.), Igreja do Menino Deus. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 2005. MOURA, Carlos Sombra, luz e cromatismo: a pintura e o azulejo. As artes decorativas. In, Moura, Carlos A História de Arte em Portugal, Vol. V. Lisboa: Publicações Alfa, 1993. SALDANHA, Nuno Artistas, Imagens e Ideias na Pintura do século XVIII. Lisboa, Livros Horizonte, 1995. SALDANHA, Nuno (coord.), Joanni V Magnifico A pintura em Portugal ao tempo de D. João V (1706-1750), catálogo de exposição, Lisboa, IPPAR, 1994. SILVA, Sara Cristina Pintura Antiga na Igreja Matriz de Oeiras. Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 2003. Fontes digitais www.mb-soft.com/believe/ttn/assumpt.htm www.churchyear.net/assumption.html

EXPOSIÇÃO Organização Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Pelouro da Cultura Departamento de Educação e Cultura Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus Museu Municipal de Vila Franca de Xira, 2013 Coordenação geral David Santos Coordenação de produção Fátima Roque Museografia e produção Amélia Gonçalves Lénia Oliveira Maria Adelaide Ferreira Maria João Martinho Sílvia Cópio Produção de textos Lénia Oliveira Maria Adelaide Ferreira Maria João Martinho Sílvia Cópio Apoio administrativo Anabela Fernandes Célia Silva Design gráfico Divisão de Informação Municipal e Relações Públicas DIMRP Carla Félix Créditos fotográficos Ana Libório Alexandre Salgueiro Amélia Gonçalves Carla Félix Helder Dias In Situ Júlio Sampaio Marco Aurélio Sílvia Cópio Vítor Cartaxo Digitalização e tratamento de imagens Amélia Gonçalves Comunicação Divisão de Informação Municipal e Relações Públicas DIMRP Filomena Serrazina Prazeres Tavares Montagem Departamento de Educação e Cultura - DEC Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus Museu Municipal: David Santos Amélia Gonçalves Lénia Oliveira Maria Adelaide Ferreira Maria João Martinho Sílvia Cópio Divisão de Informação Municipal e Relações Públicas DIMRP Setor de Design e Produção Gráfica Carla Félix Miguel Oliveira Helder Dias Departamento de Obras, Viaturas e Infraestruturas Divisão de Obras, Viaturas e Infraestruturas DOVI Carla Gomes José António Soares Carpintaria Gilberto Martins Agradecimentos Pe. António Pedro Boto Carmen Almada Comunidade Paroquial de Santa Eulália Comunidade Paroquial de Vialonga In Situ José António Gomes, Presidente da Junta de Freguesia de Vialonga Pe. José Gil Ormonde Coelho Pe. João Prego, Pároco da Paróquia de Vialonga Junqueira 220 Luís Justo Construção Civil Unipessoal, Ld.ª Arq.ª Maria Patrício MIU- Gabinete Técnico de Engenharia, Ld.ª Paróquia das Mercês Paróquia de Oeiras Pedro Gomes dos Santos Rui Gonçalves, Douraduras, Restauros e Reproduções Ld.ª Sandra Alves, Conservação e Restauro de Obras de Arte Solvay Portugal Susana Gonçalves JORNAL Organização Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Pelouro da Cultura Departamento de Educação e Cultura Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus Museu Municipal de Vila Franca de Xira, 2013 Coordenação geral David Santos Coordenação de produção Fátima Roque Produção de textos Lénia Oliveira Maria Adelaide Ferreira Maria João Martinho Sílvia Cópio Design gráfico Divisão de Informação Municipal e Relações Públicas DIMRP Carla Félix Créditos fotográficos Alexandre Gonçalves Amélia Gonçalves Hélder Dias In Situ Júlio Sampaio Marco Aurélio Sílvia Cópio Vítor Cartaxo Produção gráfica Divisão de Informação Municipal e Relações Públicas DIMRP Tipografia Municipal Tiragem 300 exemplares www.cm-vfxira.pt www.museumunicipalvfxira.pt 15

Salão Nobre da Junta de Freguesia de Vialonga Largo da República. Vialonga 38 52 25 N; 09 04 43 W Horário: segunda a sexta feira 10h00 às 12h00 14h00 às 17h00 12 outubro 8 dezembro 13 Entrada Livre Câmara Municipal de Vila Franca de Xira www.cm-vfxira.pt Rua Serpa Pinto, n.º 65 Vila Franca de Xira Telf.: 263 280 350 museumunicipal@cm-vfxira.pt www.museumunicipalvfxira.org 38º 57 11,64 N 8º 59 18,10 W