Ganhadores e perdedores no comércio mundial de biocombustíveis. veis: o que nos ensina a teoria econômica?

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Transcrição:

Ganhadores e perdedores no comércio mundial de biocombustíveis veis: o que nos ensina a teoria econômica? Prof a. Virgínia Parente Instituto de Eletrotécnica e Energia Universidade de São Paulo Apresentação no evento Bioenergia: Desafios e Oportunidades de Negócios

2 Sumário Introdução Análise Conclusões

Relação entre Crescimento do PIB per capita como função da Qualidade Institucional e da Qualidade das Políticas Macroeconômicas (Crescimento do PIB per capita, em 84 países, entre 1982 e 1994) Crescimento do PIB per capita Fonte: 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0-0,5-1 Alta Baixa Políticas Macroeconômicas Alta Qualidade Baixa Institucional Mary Shirley and Philip Keefer. World Bank, II Annual Institutional Economics Conference 1998, apud N. Siffert/BNDES. 3

Fatores de atratividade ao investimento: 4

Algumas questões subjacentes à conquista de mercados mundiais O que faz com que um país seja importador ou exportador de um produto? Quem ganha e quem perde com o livre comércio (sem barreiras) entre países? Quais são os argumentos que as pessoas usam para defender a imposição de restrições ao livre comércio? 5

6 Sumário Introdução Análise Conclusões

Revisitemos as razões para haver comércio Equilíbrio sem comércio Assuma-se que: Um país produz biocombustível para consumo próprio e não participa no comércio cional desta mercadoria O mercado de biocombustíveis consiste de compradores e produtores no/do país Ninguém no país tem permissão para importar ou exportar biocombustível 7

Se o país s decidir se engajar no livre comércio cional, o que define se ele será um importador ou exportador de etanol? O efeito do livre comércio cional pode ser notado através da comparação do preço interno do biocombustível (por ex., o etanol) antes de haver o comércio cional com o preço cional deste biocombustível (etanol). O preço mundial do etanol se refere ao preço do etanol que prevalece no mercado mundial. Se um país tiver vantagens comparativas na cadeia de produção do etanol, então o preço doméstico será mais baixo que o mundial, e este país será um exportador de etanol. Se um país não tiver vantagens comparativas na cadeia de produção do etanol, então o preço doméstico será mais alto que o mundial, e este país será um importador de etanol. 8

Figure 1The Equilibrium without International Trade Preço do Etanol Preço de Equilíbrio Equilíbrio sem o comércio cional Excedente do consumidor Excedente do produtor O preço interno se ajusta para equilibrar oferta e demanda A soma dos excedentes de consumidor e produtor representam o total do benefício que compradores e vendedores recebem Oferta Demanda 0 Quantidade de Etanol Quantidade de Equilíbrio 9 Copyright 2004 South-Western

Comércio cional num país s exportador Preço do Etanol Preço depois do comércio Preço antes do comércio 0 Quantidade demandada Export. Quantidade ofertada Oferta Demanda Preço mundial Quantidade de Etanol 10 Copyright 2004 South-Western

Como o comércio afeta o bem estar num país s exportador Preço do Etanol Preço depois do comércio Preço antes do comércio A C B Excedente do consumidor antes do comércio Export. D Excedente do produtor antes do comércio Oferta Demanda Preço mundial 0 Quantidade de Etanol 11 Copyright 2004 South-Western

12 Os ganhadores e perdedores do livre comércio cional na perspectiva do país s exportador A análise da situação do ponto de vista do país exportador leva a duas conclusões: Os produtores domésticos estarão em melhor situação e os consumidores domésticos em pior situação. O comércio cional aumenta o bem estar da nação como um todo (ganhos dos produtores domésticos são maiores que perda dos consumidores domésticos).

Analisando ganhadores e perdedores do livre comércio em país importador Se o preço mundial do etanol (dado pela média mundial dos produtores) for mais baixo que o preço doméstico, o país será um importador de etanol, caso o comércio seja permitido. Consumidores domésticos de etanol irão desejar comprar etanol ao preço mais baixo do mercado mundial. Produtores domésticos de etanol terão que baixar seus faturamentos porque o preço interno se moverá na direção do preço cional. 13

Preço do Etanol Comércio cional num país importador Oferta Preço antes do comércio Preço depois do comércio 0 Import. Quantidade Quantidade ofertada demandada Demanda Preço mundial Quantidade de Etanol 14 Copyright 2004 South-Western

Como o livre comércio (LC) afeta o bem estar num país importador Preço do Etanol Excedente do consumidor depois do LC Oferta Preço antes do comércio Preço depois do comércio Excedente do produtor depois do LC 0 C B A D Import. Quantidade Quantidade ofertada demandada Demanda Interna Preço mundial Quantidade de Etanol 15 Copyright 2004 South-Western

16 Os ganhadores e perdedores do livre comércio cional na perspectiva do país s importador A análise de como o livre comércio afeta o bem estar no ponto de vista do país importador leva às seguintes conclusões: Os produtores domésticos estarão em pior situação e os consumidores domésticos em melhor situação que anteriormente quanto não havia comércio cional. O comércio cional aumenta o bem estar da nação como um todo (ganhos dos consumidores domésticos são maiores que perda dos produtores domésticos). A variação líquida do excedente é positiva.

17 O efeito de uma tarifa A tarifa de importação é uma tributação que incide sobre as mercadorias produzidas fora do país e que são vendidas no mercado doméstico. A tarifa aumenta o preço do produto importado acima do preço do mercado mundial no montante da alíquota da tarifa.

O efeito de uma tarifa Preço do Etanol Excedente do consumidor após a tarifa Oferta Preço com tarifa Preço sem tarifa Excedente do produtor após a tarifa G A C D E F B Importação com a tarifa Receita tarifária Equiíbrio sem livre comércio Demanda tarifa Preço Mundial 0 Q S Q S Q D Q D Quantidade de Etanol Importação sem a tarifa Copyright 2004 South-Western 18

19 Sumário Introdução Análise Conclusões

20 Onde se situa cada um dos biocombustíveis veis? Estrutura de Mercado X Grau de concentração, competição e n o de firmas Competição Perfeita Competição Monopolística Oligopólio Monopólio Número de firmas Grau de Competição Grau de Concentração

Brasil possui dimensões continentais ainda há muitas oportunidades na área energética no próprio País Em seu território cabem todos os países da Europa Ocidental recortados de um mapa de mesma escala demanda com crescimento maior que o PIB Novas linhas de T criam mais oportunidades em G c/ bagaço Novos modais logísticos podem levar o etanol mais longe e com maior competitividade 4.000 km Mercado grande, 21

22 Há grandes oportunidades no mercado interno, quando são examinados os fatores de atratividade ao investimento:

Relação entre Crescimento do PIB per capita como função da Qualidade Institucional e da Qualidade das Políticas Macroeconômicas (Crescimento do PIB per capita, em 84 países, entre 1982 e 1994) Crescimento do PIB per capita Fonte: 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0-0,5-1 Alta Baixa Políticas Macroeconômicas Alta Qualidade Baixa Institucional Mary Shirley and Philip Keefer. World Bank, II Annual Institutional Economics Conference 1998, apud N. Siffert/BNDES. 23

24 Obrigada! Prof a. Virgínia Parente Instituto de Eletrotécnica e Energia Universidade de São Paulo vparente@iee.usp.br