TÍTULO: PRAIA LIMPA, BAÍA VIVA: UMA EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA NA CIDADE DE BAÍA DA TRAÍÇÃO PB. AUTORES: Marsílvio Gonçalves Pereira 1, Vera Lúcia Araújo de Lucena 2, Humberto Vieira Farias 3 e Sara Ingrid 4 (marsilvio@ce.ufpb.br). 1 Departamento de Metodologia da Educação (DME), 2 Departamento de Fundamentação da Educação (DFE)/Centro de Educação/Universidade Federal da Paraíba, 3 Bolsista do PROBEX/PRAC/UFPB, 4 Supervisora Educacional da Secretaria Municipal de Educação de Baía da Traição - PB. ÁREA TEMÁTICA: Meio Ambiente INTRODUÇÃO O aumento das atividades humanas nas áreas litorâneas e a crescente utilização dos recursos naturais marinhos vêm degradando o ambiente da Baía da Traição (litoral norte do estado da Paraíba). A conservação e preservação desse sistema natural e construído dependem de uma série de ações integradas. Dentre essas uma das mais importantes, é a sensibilização da comunidade local da influência de suas atividades diárias sobre o meio ambiente. A Educação Ambiental tem sido amplamente discutida e valorizada, sendo apontada como elemento integrador dos sistemas educativos de que dispõe a sociedade para fazer com que a comunidade tome consciência do fenômeno do desenvolvimento e de suas implicações ambientais. Devendo para isso, não só privilegiar a transmissão de informações mas, focalizar também, o desenvolvimento de habilidades e atitudes que garantam a manutenção do equilíbrio ambiental e da qualidade de vida condizente com as necessidades e aspirações da comunidade (KRASILCHICK, 1986). A importância emergente da Educação Ambiental nos dias contemporâneos é um fato consolidado em todas as esferas sociais, a tal ponto que, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9.394/96, no que diz respeito aos objetivos do ensino fundamental, no inciso II do Art. 32, aponta para a compreensão do ambiente natural e social, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade (BRASIL, 1999). Neste cenário de
mudanças na educação brasileira o meio ambiente é tido como um dos temas transversais, determinado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs que destaca a Educação como elemento indispensável para a transformação da consciência ambiental (BRASIL, 1998), porém, ainda são poucos os investimentos realizados, numa tentativa de desenvolver práticas de Educação Ambiental numa nova perspectiva curricular. Assim, este trabalho consiste numa experiência de extensão universitária para a educação ambiental no currículo da escola de ensino fundamental e médio, junto a professores e alunos, tendo como ponto de partida suas representações sobre as questões ambientais e suas conseqüências; incentivando a formação e manutenção de um vínculo afetivo individual e coletivo com o meio ambiente local. Portanto, são objetivos deste trabalho: (1) Fornecer conhecimento sobre a percepção ambiental da comunidade escolar (professores e alunos do ensino fundamental e médio) sobre as principais questões ambientais locais; (2) sensibilizar professores e alunos em relação aos problemas ambientais em que estão inseridos, de modo a buscar mudanças de atitudes e comportamentos em relação ao meio ambiente; (3) formar agentes multiplicadores que busquem soluções viáveis para os problemas ambientais da comunidade da Baía da Traição - PB; (4) fornecer informações de ordem teórico-metodológica sobre a temática ambiental aos professores; (5) proporcionar aos bolsistas e participantes o desenvolvimento do senso crítico em relação aos problemas ambientais e à importância da inserção da Educação Ambiental no currículo escolar frente às questões relativas a conservação e preservação de recursos naturais e qualidade de vida. METODOLOGIA CLIENTELA E LOCAL DE REALIZAÇÃO DO TRABALHO Esta proposta vem sendo trabalhada com alunos e professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Antônio Azevedo na cidade de Baía da traição PB e no Laboratório de Ensino de Ciências do DME/CE/UFPB.
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS E PROFESSORES Foram realizadas visitas à escola e a comunidade com o objetivo de investigar o conhecimento de alunos e professores a respeito dos problemas ambientais vividos na realidade escolar e na comunidade. Para isto trabalhou-se com a observação-participante; oficinas de pintura; aplicação de questionários; conversas informais e discussões sobre a temática ambiental. OFICINAS PEDAGÓGICAS Foram desenvolvidas através de encontros programados com professores do ensino fundamental e médio, com o intuito de planejar os trabalhos com a comunidade escolar (planejamento participativo) e trabalhar a fundamentação teórico-metodológica para subsidiar a aplicação de uma proposta de educação ambiental apoiando o currículo escolar. Nestes encontros utilizamos: dinâmicas de grupo, exposições dialógicas e atividades lúdico-educativas. OFICINAS DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL Foram tratados os temas: (1) MEIO AMBIENTE ESCOLAR; (2) LIXO ESCOLAR; (3) MEIO AMBIENTE URBANO. Várias modalidades didáticas foram utilizadas, tais como: (a) excursões pelas dependências e área interna da escola; pelo entorno da escola; pelas ruas da cidade e pelas principais praias; (b) oficinas de pintura com vários temas relacionados às excursões; (c) exposição de vídeos didáticos; (d) coleta de resíduos sólidos (lixo) mutirão da limpeza (e) produção de uma cartilha educativa através de um concurso com o tema PRAIA LIMPA, BAÍA VIVA.... RESULTADOS PRELIMINARES COMO OS PROFESSORES E ALUNOS PERCEBEM O AMBIENTE ESCOLAR
O ambiente escolar é apontado como desconfortável, com salas quentes, banheiros sujos com instalações quebradas, com entulho e carteiras quebradas na área de circulação; ausência de verde, ausência de lixeiros nas salas de aula, depósito de lixo no fundo da escola, sala dos professores mal conservada, armazenamento inadequado da merenda escolar, espaço físico pequeno para um número grande de alunos a escola atende a alunos do setor urbano e das aldeias indígenas, super lotação nas salas de aula o que indica um ambiente hostil e que precisa (...) entrar em forma e em reforma para se tornar agradável. COMO OS PROFESSORES E ALUNOS PERCEBEM O AMBIENTE URBANO E DO ENTORNO ESCOLAR As ruas principais são consideradas mais limpas. As ruas mais periféricas são apontadas como muito sujas, com animais transitando livremente, espalhando lixo e comprometendo a segurança e a saúde pública. Apresentam esgotos correndo a céu aberto, o que indica a ausência de saneamento básico. Uma grande quantidade de resíduos sólidos é encontrada nas praias principais da cidade, principalmente quando ocorrem eventos festivos do tipo: carnaval, abertura do verão e festejos profano-religiosos. Campos e margem do rio foram considerados bastante sujos servindo de depósito de lixo. Como resultado do mutirão da limpeza realizado, coletou-se uma grande quantidade de lixo que foi classificado em: latas, sacos plásticos, garrafas plásticas, isopor, ferro, papel e papelão, vidro, entulho, sintéticos e lixo orgânico. A comunidade joga parte do lixo doméstico nas ruas. As ruas na sua maioria, não são pavimentadas, o que compromete e intensifica o problema de ordem estética na paisagem urbana. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS 2De acordo com a percepção ambiental de alunos e professores e observações realizadas no ambiente escolar, em seu entorno e na comunidade, constatou-se que um dos problemas mais acentuado é a questão de resíduos sólidos (lixo), que é depositado de modo impróprio, de modo a refletir a necessidade de uma intervenção educativa.
2A diagnose aponta também, a percepção de um ambiente escolar bastante desfavorável ao seu bom funcionamento, carente de uma boa conservação, conforto, limpeza, higiene, o que indica a importância da educação ambiental no currículo escolar. 2Constatou-se também que as oficinas pedagógicas e as de sensibilização ambiental vêm tendo uma repercussão positiva quanto ao envolvimento de alunos e professores com as questões ambientais locais. 2 Observa-se uma boa receptividade da comunidade escolar (professores e alunos) ao projeto de extensão universitária, com uma boa participação nas atividades planejadas o que aponta para uma sensibilização cidadã para as questões ambientais escolares e locais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998, 436 p. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio: bases legais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1999, 188 p. KRASILCHICK, M. Educação Ambiental na escola brasileira passado, presente e futuro. Ciência e Cultura 38 (12): 1958 1961, 1986.