Manual de Boas Práticas



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Transcrição:

Manual de Boas Práticas Turismo Rural Sustentável

EDIÇÃO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA Duarte Baltazar Francisco Sena Santos Hugo Morgadinho João Maçarico COORDENAÇÃO GERAL: Sandra Moutinho DESENVOLVIMENTO TÉCNICO: CIGEST ISG BUSINESS&ECONOMICS SCHOOL Nuno Gaspar de Oliveira (coordenação) Diogo Stilwell NATURE&PORTUGAL Sara Duarte Sofia Brogueira Manual de Boas Práticas Turismo Rural Sustentável

ÍNDICE UM MANUAL PARA PÔR O SEU NEGÓCIO EM PRÁTICA 1 DESAFIOS EM TEMPO DE CRISE E OPORTUNIDADE 2 I. INVESTIR NA COMPETITIVIDADE E NA INOVAÇÃO 4 1. COMO ENQUADRAR O TURISMO RURAL 4 1.1. O QUE É O TURISMO RURAL 4 1.2. O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO SOBRE O TURISMO RURAL 5 1.3 TURISMO RURAL HOJE 8 2. PARTIR DO NADA OU RECONSTRUIR 10 3. INOVAR À ESCALA DE UMA PME DE DIMENSÃO FAMILIAR 12 4. OS QUATRO FACTORES DE COMPETITIVIDADE PARA O TURISMO RURAL 13 5. RESPONSABILIDADE SOCIAL E ESTRATÉGICA EMPRESARIAL 14 II. INTEGRAR A SUSTENTABILIDADE 17 1. A SUSTENTABILIDADE COMO PRINCÍPIO DE GESTÃO 17 2. TURISMO RURAL SUSTENTÁVEL 18 2.1. PRINCÍPIOS DO TURISMO SUSTENTÁVEL 18 3. TURISMO RESPONSÁVEL 20 4. ECOTURISMO 20 5. SUSTENTABILIDADE APLICADA AO TURISMO RURAL: 21 FORÇAS, FRAQUEZAS, OPORTUNIDADES E AMEAÇAS 6. A PEGADA ECOLÓGICA 22 6.1. O ESPAÇO NATURAL ENVOLVENTE 22 6.2. LOCALIZAÇÃO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO 23 6.3. CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 25 6.4. AGRICULTURA BIOLÓGICA 31 6.5. USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA 33 6.6. USO DE DETERGENTES E DE PRODUTOS DE LIMPEZA 35 6.7. USO SUSTENTÁVEL DA ENERGIA 35 6.8. RECOLHA E TRATAMENTO DE RESÍDUOS 36

6.9. QUARTOS EQUIPAMENTOS E MATERIAIS 36 6.10. GASTRONOMIA 36 6.11. TRANSPORTE DE APOIO AOS TURISTAS 36 7. REFERENCIAIS DE ECOCERTIFICAÇÃO 37 7.1. O EFEITO GREENWASHING 38 7.2. COMO ESCOLHER O ESQUEMA DE CERTIFICAÇÃO 40 7.3. TRÊS CATEGORIAS PARA TRÊS FASES 42 III. CRIAR UM NEGÓCIO SUSTENTÁVEL 49 1. DESENHAR O MEU MODELO DE NEGÓCIO 50 SEGUNDO ALEXANDER OSTERWALDER 2. PLANEAR PARA ANTECIPAR O PLANO DE NEGÓCIOS 56 2.1. O PLANO DE NEGÓCIOS ACOMPANHA A VIDA DA EMPRESA 56 2.2. ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIOS 56 2.3. RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO DE NEGÓCIOS 63 2.4. ESCOLHA DO PLANO DE NEGÓCIOS IDEAL PARA SI 69 3. IDENTIFIQUE MUITO CEDO O ECOSSISTEMA DO NEGÓCIO 70 4. A CRIAÇÃO DE UMA PME DE TURISMO RURAL 71 4.1. LOCALIZAÇÃO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO 71 4.2. O CASO ESPECÍFICO DAS ÁREAS DE ALTO VALOR NATURAL 73 4.3. TENHO UM TERRENO ONDE GOSTAVA DE IMPLEMENTAR 74 UM TURISMO RURAL E PRECISO DE SABER EXATAMENTE QUAIS AS REGRAS E CONDICIONANTES PARA A IMPLEMENTAÇÃO NESTE LOCAL 4.4. GOSTAVA DE DESENVOLVER UM TURISMO RURAL NUMA DADA REGIÃO E PRECISAVA DE ANALISAR QUAL A MELHOR LOCALIZAÇÃO PARA O FAZER 75 4.5. PRÉ-EXISTÊNCIAS 76 4.6. FINANCIAMENTO 77 4.7. A CRIAÇÃO DE UMA SOCIEDADE COMERCIAL 81 4.8. O LICENCIAMENTO DO PROJETO 85 5. MELHORIA CONTÍNUA 89 6. CRONOGRAMA DE REFERÊNCIA E PRINCIPAIS BARREIRAS EXPECTÁVEIS 92

UM MANUAL PARA PÔR O SEU NEGÓCIO EM PRÁTICA O Manual de Boas Práticas do Turismo Rural Sustentável é um guia para empreendedores, proprietários, investidores, gestores de projeto, operadores turísticos e utilizadores finais, ou consumidores. Procura, com base no enquadramento do que tem vindo a ser a realidadee do Turismo Rural e da inovação e sustentabilidade em Portugal, facilitar a integração dos conceitos associadoss à gestão nas diversas fases de implementação de um projeto de Turismo Rural em Portugal de forma a gerarr maior competitividade e eficiência. 1 As peças do puzzle encaixam-se quando, do meio de alguma desorientação e do excesso de informação insuficientemente coligida, conseguimos perceber uma pequena porção que depois nos indica o caminho para completarmos todo o desafio. A Sustentabilidade apresenta-se muitas vezes como um desses puzzles difíceis: agrega palavras e conceitos distintos, como peças recortadas e aparentemente isoladas, que confundem até os mais atentos, mas que depois de encaixadas revelam a melhor forma de construir um negócio saudável, não só para si próprio, mas também para as pessoas e para o ambientee em que se enquadra. Decidir que se quer gerir um negócio de acordo com os princípios da sustentabilidade é um sinal de visão para a geração de riqueza. O chamado negócio verdee começa a entrar na ordem do dia e na agenda das grandes multinacionais e isso é um indicador de que o paradigma está a mudar. Através deste manual, são introduzidos os princípios da sustentabilidade do negócio de alojamentoo rural, de forma simplificada, organizada e com o único fim de criar uma base efetivar o seu negócio.

Um estudo realizado em 2012 pelo websitee TripAdvisor mostra que 71% dos inquiridos optaram por ofertas ambientalmente responsáveis nas viagens que realizarem ao longo do ano. A percentagem altamente relevante de turistas com preocupações ambientais e o número crescentee viagens a nível mundial consolidam a importância da gestão sustentável dos negócios turísticos. 2 Os mais recentes desenvolvimentos em marketing sustentável apontam para novas regras que devemos ter em conta quando o negócio procura assumir um posicionamento sustentável. Ser verde generalizou-see e corre o risco de se banalizar na sociedade, não sendo apenas um mercado de nicho mas também uma atitude trendy.. No entanto, os consumidores aumentam a sua perceção em relação aos produtos e serviços verdes que funcionem tão bem ou melhor que os produtos e serviços tradicionais, sendo o foco essencial a aquisição de bem-estar e co- responsabilização pela gestão do bem comum.. DESAFIOS EM TEMPO DE CRISE E OPORTUNIDADE A crise económica representa um desafio particularmente exigente paraa os investidores e empreendedores. Em Portugal, com o clima económicoo de recessão e baixo investimento, é necessário apresentar propostas cada vez mais inovadoras e competitivas. A mudança de paradigmaa e de mentalidade está na percepção dos problemas como oportunidades e compreender que as dificuldades passam muito pelo arrastar de um modelo de crescimento económico desatualizado e potencialmente fatal. Reinventa- que voltar a potenciar as nossas valências intrínsecas, estando menos dependentes das flutuações de preço e disponibilidade de bens e serviçoss externos ao se a economia no dia em que redescobrirmos a vida em verdadeira sociedade. O facto de haver menos capital de investimento disponível faz com que tenhamos ecossistema de negócio. Há um aumento da co-dependência dentro da comunidade o que promove o aumento de redes cooperativas e o abandono progressivoo de hierarquias pouco ágeis e funcionais. A restrição no acesso a crédito e recursos pode

promover booms de criatividade, consequência da constante procura de soluções menos dependentes de fatores externos e mais eficientes para os problemas de gestão e planeamento. A sustentabilidade surge como uma resposta ao cenário de escassez de recursos e reforça a importância de políticas socialmente responsáveis, da gestão racional dos recursos naturais, e da necessidade prospeção adequada de risco financeiro. O turismo, enquanto uma das indústrias mundiais com maior expressão e crescimento, deve assumir-se como líder na adoção dos princípios da sustentabilidade, porque, simplesmente é a via paraa melhorar e desenvolver o negócio. 3 O TER integra os valores ambientais com a vivência em comunidade, procurando desta forma aumentar a quota de mercado através da demonstração de práticas que geram maior valor e bem-estacondições preferenciais para o TER, uma vez que parte considerável do para os consumidores. Portugal tem seu tecido social e aindaa compostoo por comunidades rurais, a base estruturante deste sector. Em suma, O tempo que vivemos precisa de agentes económicos com visão e de comunidades que abracem a inovação e não temam a mudança de paradigma talvez tenhamos chegado ao fim da linha do crescimento, mas entramos na era do desenvolvimento. Começar pelo princípio costuma ser uma boa-prática de gestão, daí que o presente manual incida sobre os aspetos de planeamento e gestão de projeto e proponha uma forma de acompanhamento participativo de forma a reduzir riscos e promoverr oportunidades. A mensagem central é um bom negócio só é bom quando gera riqueza e na riqueza poderá encontrar bem-estar, felicidade, sustentabilidade e, claramente, lucro financeiro.

I. INVESTIR NA COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃOO 1. COMO ENQUADRAR O TURISMO RURAL Turismo é, acima de tudo, cultura. É uma forma de nos manifestarmos, de consumir e absorver o que os territórios têm de melhor. O Turismo Rural tem a vantagem extraordináriaa de ser marcado, desde sempre, pela autenticidade. Esta é a sua âncora principal, a sua fonte de legitimidade e devee ser aproveitada de forma exigente e ambiciosa. 4 Os agentes do Turismo Rural deverão saber tirar partido de outra poderosa característica a que o sector está associado, a arte do serviço personalizado e de bem receber. Para isso, o promotorr tem de perceber como é que hoje as pessoas querem consumir cultura e saber adaptar a sua oferta. E tem de sentir a palpitação da cultura viva para a saber servir com arte a cada um dos seus clientes. 1.1 O QUE É O TURISMO RURAL? Não existe uma definição única para Turismo Rural, já que este pode englobar diferentes atividades e modalidades consoante o país de que estamos a falar. No entanto, existee um consenso em relação aos conceitos: o Turismo Rural corresponde a diferentes atividades e serviços turísticos desenvolvidos em meios não urbanos (que podem ser naturais, agrícolas ou florestais) e que contribuem para dar a conhecer e promover o meio onde se inserem, bem como a cultura das suas populações Historicamente, o Turismo Rural tem o seu início nas décadas de 60/ 70 com o início da crise ambiental e consequente sensibilização para as questões ecológicas, sendo a partir deste período que se começam a procurar mais as paisagenss naturais como locais de férias. Esta procura surge como alternativa ao turismo cultural e ao Sol e

Mar e depois como fuga à vida citadina ou regresso à ligação com a Natureza. Em Portugal, a primeira abordagem formal ao Turismo Rural dá-se em 1978 com a definição de quatro zonas piloto paraa Turismo de Habitação: Ponte de Lima, Vouzela, Castelo de Vide e Vila Viçosa, tendo depois sido ampliado a todo o território. Apesar do Turismo de Habitação ter constituído a primeira forma de Turismo Rural em Portugal, esta tipologia de alojamento ganhou identidadee própria, não se cingindo hoje apenas às zonas rurais. 5 Turismo Rural, Turismo no Espaço Rural e Turismo de Habitação, conceitos semelhantes mas independentes. Turismo Rural compreende todas as atividades e serviços turísticos realizados em meios rurais, é um conceito informal, que não está regulamentado. Turismo no Espaço Rural (TER) é uma tipologia de empreendimento turístico, definido pelo D.L. n.º39/2008, localizado exclusivamente em meio rural. Turismo de Habitação (TH) era uma categoria integrante do TER, mas que com a publicação do D.L. n.º 39/2008 passou a ser uma tipologia independente. Possui muitos requisitos semelhantes aos do TER mas pode também localizar-se em áreas urbanas. Corresponde tipicamente aos solares e palácios. 1.2. O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO SOBRE TURISMO RURAL Os tipos de turismo definidos no turísticos são: novo regime jurídico dos empreendimentos - Estabelecimentos hoteleiros; - Aldeamentos turísticos;

- Apartamentos turísticos; - Conjuntos turísticos (resorts); - Empreendimentos de turismo de habitação; - Empreendimentos de turismo no espaço rural; - Parques de campismo e de caravanismo; - Empreendimentos de turismo da natureza 6 De entre as muitas alterações que este decreto veio introduzir, uma das mais importantes e que vai de encontroo ao que mais importa dar a conhecer neste manual enquadrador, é o facto do Turismo de Habitação (TH), que anteriormente estava integrado no Turismo no Espaço Rural (TER), ter passado a ser considerado como uma tipologia independente. Assim, com o novo diploma, o TER passa a ter apenas três categorias de alojamentoo - Casa de Campo, Agroturismo e Hotel Rural - e inclui todos os estabelecimentos que se destinam a prestar, em espaços rurais, serviços de alojamento a turistas, e que têm como principal objetivoo a valorização, preservação e proteção do património arquitetónico, histórico e paisagístico das regiões onde se localizam. Para além disso, e muito importante para a perspetiva sobre a sustentabilidade, o decreto define que estes estabelecimentos devem ter equipamentos, instalações e serviçoss complementares que permitam a oferta de um produto turístico completo e diversificado. Casas de Campo: imóveis situados em aldeias e espaços rurais que se integrem, pela sua traça, materiais de construção e demais características, na arquitetura típica local. Quando as casas de campo se situem em aldeias e sejam exploradas de uma forma integrada, por uma única entidade, são consideradas como turismo de aldeia. O número máximo de unidades de alojamento destinadas a hóspedes é de 15. Agroturismo: imóveis situados em explorações agrícolas que permitam aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da atividade agrícola, ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos, de acordo com as regras estabelecidas

pelo seu responsável. O hóspedes é de 15. número máximo de unidades de alojamento destinadas a Hotel Rural: estabelecimentos hoteleiros situados em espaços rurais que, pela sua traça arquitetónica e materiais de construção, respeitem as características dominantes da região onde estão implantados, podendo instalar-se em edifícios novos. 7 O Turismo de Habitação inclui os estabelecimentos familiares instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitetónico, histórico ou artístico, sejam representativos de uma determinadaa época, nomeadamente palácios e solares, mas que, na verdade, podem estar localizados tanto em áreas rurais como urbanas. No entanto, pelas suas características particulares e por grande parte destes alojamentos se encontrar efetivamente em ambiente rural, neste documento guia, o Turismo de Habitação será igualmente trabalhado e entendido enquanto tipologia de empreendimento turístico fundamental no âmbito do Turismo Rural. Assim sendo, tanto o Turismo no Espaço Rural como o Turismo de Habitação têm os seus requisitos mínimos, bem como as suas noções, definidas na Portaria n.º 937/2008 de 20 de Agosto, sendo igualmente esta portaria que define as regras para a realização de atividades de animação turística por parte dos próprios empreendimentos. Os empreendimentos de TER e TH podem desenvolver atividades de animação turística sem necessidade de licenciamento, quando estas se destinam exclusivamente à ocupação dos tempos livres dos seuss utentes e quando estas contribuam para a divulgação e promoção das características e produtos da região onde estão inseridos. Devemos aindaa tomar em consideração uma outra figura legal associada, o Turismo de Natureza. Esta figura legal não pode menosprezada, já que pode ser uma poderosa ferramenta de marketing para uma sustentável diversificação da oferta relacionada com a Natureza.

É importante realçar que, embora no Decreto que regulamenta os empreendimentos turísticos o Turismo da Natureza surja como uma tipologia de empreendimento turístico, na realidade trata-se de um reconhecimento concedido pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestass (ICNF, I.P..) que pode ser atribuído a qualquer uma das tipologias de empreendimentos. Assim, para que um alojamento se possa candidatar a este reconhecimento tem de, em primeiro lugar, estar localizado numa Área Classificada ou numa área com valores naturais relevantes, sendo que deverá ainda disponibilizar estruturass ou serviços complementares relacionados com a animação ambiental, visita de áreas naturais ou desportos de natureza. 8 As Áreas Classificadas estão definidas no Regime Jurídico da Conservação da Natureza e Biodiversidade e incluem: - Rede Nacional de Áreas Protegidas: Parques Nacionais, Parques Naturais, Reservas Naturais e Monumentos Naturais - Rede Natura 20000 : Zonas de Proteção Especial (proteção das aves) e Sítios de Interesse Comunitário (proteção dos habitats) 1.3. O TURISMO RURAL HOJE A avaliação das tendências do Turismo Rural ao nível europeu regista dados robustos: a procura que tem sido sobretudo interna (mercado doméstico acima dos 85%) mostra grande potencial de internacionalização; o turista volta-se cada vez mais para os produtos oferecidos e o bom preço é um fator muito valorizado. A análise ao quadriénio 2009/12 anota comoo dados positivos do Turismo Rural: produto de férias, destino reconhecido, imagemm nítida da marca, promoção proativa,

boa relação qualidade-preço, segmentação, especialização e canais comerciais operacionais. Entre os aspetos negativos: o Turismo Rural apenas é usado para fins de semana ou pequenas férias, a imagem rural é muito genérica e pouco diversificada, o que representa um oximoro pouco benéfico para o desenvolvimento do sector, a promoção é geralmente atomizada, os serviços aparecem isolados e desligados da inserção no território, faltam padrões reconhecidos de avaliação, persiste a venda individual. Uma constatação essencial: a confiança transitou para a internet. A escolha deixou de passar apenas pelo boca-a-boca e ganha peso nas redes sociais. A internet dá novo poder ao cliente. É no website que começa a vivência da experiência desejada. O desafio da clareza, atratividade e qualidade da comunicação eleva-se para níveis superiores. Transmitir cenários inspiradores e enriquecê-l os de forma a certificar a sua autenticidade e sustentabilidade da proposta de valor são, agora ainda mais, determinantes. 9 De acordo com Klaus Ehrlich, secretário-geral da Federação Europeia de Turismo Rural, EUROGITES, O posicionamentoo estratégico para 2020 no espaço europeu está ancorado numa ideia principal: ser ambicioso. E a ambição passa por colocar na cabeça dos potenciais visitantes que Turismo Rural é verde, é saudável, é estar bem. A visão da Federação Europeia de Turismo Rural (EUROGITES) aponta para a conquista de mais 20% das pernoitas em férias na Europa e mais de 30% de visitantes estrangeiros para o Turismo Rural europeu. Alcançar este objetivo passa por desenvolver com clareza uma marca transnacional, com hiper-segmentação: criar produtos de qualidade que satisfaçam a procura do visitante e propor experiências à medida de cada cliente. Tudo com eficaz comunicaçãoo e organização através da internet e preservando e valorizando a autenticidade da vida na comunidade rural. Fazer Turismo Rural deve ser ter uma história paraa contar. A estratégia da EUROGITES recomenda como fundamental uma aproximação holística: o alojamento é um complemento, não é o produto. Há que ser sustentável e saber comunicá-lo. As novas tecnologias são ferramentas imprescindíveis para a

necessária inovação. É preciso promover a qualificação e investir na formação. Há que conhecer e acompanhar as preferências do turista. O cliente compra sonhos, não apenas um quarto e uma dormida, é outra ideia âncora retomada na visão da EUROGITES: a experiência ou atividade é o principal, o lugar onde se fica vem a seguir. É decisivo desenvolver muitos produtos de nicho e saber tirar partido da especialização em algumas excelências. A autenticidade é sempre fundamental. A visibilidade é essencial e favorecida, para os produtos de nicho, nos motores de busca da internet. 10 2. PARTIR DO NADA OU RECONSTRUIR? A oportunidade de lançar um negócio de Turismo Rural tem uma premissa associada à definição de qual a tipologia que mais se ajusta à realidade Turismo de Habitação ou Turismo em Espaço Rural, numa das suas três formas possíveis (Casa de Campo, Agroturismo e Hotel Rural). Associado a este tipo de projetos existe uma pré-existência que dará o mote e a motivação para o cumprir de uma ideia que, sendo bem implementado e desenvolvido, irá afetar positivamente a sua envolvente económica, social e ambiental. A abordagem à sustentabilidade tem que ser necessariamente adaptada à fase em que se encontra o nosso negócio de Turismo Rural e essas fases podem ser bastante distintas: a) PARTIR DO NADA O Turismo em Espaço Rural que, neste caso se estende ao Turismo de Habitação, encontra-se frequentemente associado à ideia de recuperar algo antigo paraa ser vivido nos dias de hoje. No entanto, a legislação permite, ou é omissa em relação ao assunto, que algumas das tipologias que define não fiquem dependentes desta obrigatoriedade.

No caso do Agroturismo, a lei não é totalmente clara, referindo apenas que os imóveis têm que se encontrar situados em explorações agrícolas, não fazendo menção à antiguidade desses mesmos imóveis, mas sim à necessidade de o alojamento se associar à permissão aos hóspedes para acompanhamento e conhecimento da atividade agrícola, ou mesmo à participação nos trabalhos aí desenvolvidos. Já no caso dos Hotéis Rurais, a legislação é mais clara, referindo especificamente que estes podem ser instalados em edifícios novos. 11 Em qualquer dos casos, não havendo pré-existências que sirvam como referência arquitetónica, a responsabilidade de ir de encontro ao espírito do Turismo Rural fica totalmente do lado do promotor. Isto porque, estando ambas as tipologias incluídas no Turismo em Espaço Rural, deverão sempree respeitar o princípio de integração nos locais onde se situam de modo a preservar, recuperar e valorizar o património arquitetónico, histórico, natural e paisagístico das respetivas regiões, através da recuperação de construções existentes, desde que seja assegurado que esta respeita a traça arquitetónica da construção já existente. b) RECONSTRUIR Este é um dos grandes objetivos do Turismo Rural. Evitar que o património localizado em ambiente rural se degrade e, pelo contrário, venha a valorizar a região onde se inseree é sem dúvida uma grande mais-valia e também a situação mais frequente. De facto, recuperar um palacete ou um solar, no caso do Turismo de Habitação, casas rústicas, uma aldeia inteira ou um lagar rodeado de oliveiras, é a base de um verdadeiro Turismo Rural sustentável. Ao reabilitar estamos sustentável usar a sustentabilidade como motor de desenvolvimento regional. Recuperar também é reconectar com a comunidade e sua envolvente. Tal significa que atrairemos novo investimento para zonas despovoadas, injetar recursos na sua economia fragilizada, potenciar conhecimento dos aspetos patrimoniais, e promover o apelo do regresso às origens.

3. INOVAR À ESCALA DE DIMENSÃO FAMILIAR UMA PME DE A inovação como fator de competitividade é um conceito hoje comum nos manuais de gestão, contudo nem sempre bem compreendido pelos investidores em projetos de PME e negócios de dimensão familiar. Importa desde logo diferenciar alguns termos operacionais: 12 - inovação de produto; - inovação de processo; - inovação organizacional; - inovação no marketing. No Turismo Rural, a base de conhecimento para a inovação dos serviços tem geralmente como origem a experiência prática e a prática organizacional, não estando devidamente sistematizada. Além disso, os serviços são frequentemente moldados aos requisitos dos clientes e pode ser difícil distinguir entre a adaptação de serviços a clientes, por um lado, e a inovaçãoo como um promotor para a evolução de um serviço. Qualquer indústria de serviços tem um carácter imaterial e interativo e, por vezes, a inovação de um serviço é pouco visível. A inovação nos serviços tipicamente ocorre comoo uma mudança contínua, através de pequenas alterações aos produtos do serviço oferecido ou através de ajustamentos nos procedimentos. A indústria do Turismo Rural tem uma taxa muito baixa de inovação em comparação com outras indústrias de serviços. Vários fatores ajudam a explicar esta tendência: - - - A dimensão reduzida do negócio, uma vez que a indústria do turismo inclui muitas micro e pequenas empresas com pouca a nula capacidade e motivação para a inovação; ; A sua natureza familiar, com implicações na falta de sistemas adequados de gestão de suporte ao desenvolvimento de atividades inovadoras; A falta de competências profissionais específicas e em permanente atualização;

- privilegiadas - fornecedores e prestadores de serviços básicos, (complementares e especializados) e a possibilidade de ativar relações privilegiadas e, muitas vezes, já existentes, com os vários players com quem partilhaa o território no dia-a-dia. Falta de envolvimento em estruturas associativas, de cooperação colaboração dentro da sua área de atuação e que possam fortalecer a capacidade de inovação. ou sua Há pouca confiança mútua entre os agentes económicos que fazem parte dos ecossistemas de negócio. As pequenas empresas temem em envolver-se ativamente na criação de parcerias, um padrão que, por sua vez, restringe a transferênciaa de conhecimento e experiência e limita a sua capacidade inovadora. 13 Tomando como fator crítico a dimensão da operação padrão de Turismo Rural em Portugal, as PME de Turismo Rural têm limitadas as possibilidades de acrescentar muitos dos formatos de inovação à sua oferta de serviços. Neste sentido, poderá ser explorado todo um campo de oportunidades para aumentar a capacidade de inovação e crescimento no sector quando se desenvolvem estratégias de criação e fortalecimento de redes associativas de matriz interorganizacional e de cooperação, pela escalaa que podem criar paraa o negócio. 4. OS QUATRO FATORES DE COMPETITIVIDADE PARA O TURISMO RURAL A verdadeira vantagem competitiva do Turismo Rural relativamente a todas as suas formas de concorrência resulta da articulação entre si de quatro fatores: A arte de bem receber; A proximidade aos recursos turísticos rurais e/ou naturais; A possibilidade de oferecer autenticidade; A integração numa rede de potenciais parceiros locais com relações

O promotor de Turismo Rural deve fortalecer a sua proposta de valor atendendo, cumulativamente, à relevância destes fatores críticos de sucesso. A ausência de qualidade em qualquer um destes fatores pode originar r a perda de vantagens competitivas para outras tipologias de alojamento como (hotéis, alojamentos de baixo custo, alojamento não qualificado, pousadas de Portugal e resorts turísticos, que possuem outras vantagens, nomeadamente as que decorrem de uma maior escala da operação. 14 O Turismo Rural tem a extraordinária capacidade de se afirmar como o melhor player no mercado para assegurar acesso privilegiado ao campo. Importa, então, que cada player enquadre a estratégia para desenvolver esta enorme vantagem competitiva. Para dar consistência e permitir um desenvolvimento robusto da oferta baseada neste conceito, a sustentabilidade deve constituir um quadro de referência desejável, de forma a reforçar a ambição de apresentar produtos turísticos que correspondam e excedam a proposta de valor essencial do Turismo Rural. 5. RESPONSABILIDADE SOCIAL E ESTRATÉGIA EMPRESARIAL A Responsabilidade Social das empresas é uma das componentes sustentabilidade que melhor refletee a ligação entre aspetos sociais e a gestão empresas. da das A Organização Mundial de Turismo (OMT) das Nações Unidas define Responsabilidade Social Corporativa (RSC) como: Uma forma de auto-regulação através da qual as organizações assumem responsabilidade pelos seus impactes no ambiente e nas comunidades envolventes. A RSC assume um comportamento ético, na procura pelo desenvolvimento económico,

sempre acompanhado pela garantiaa de melhoria das condições de trabalho para os funcionários e das condições sociais e ambientais da envolvente ao negócio. A OMT tem vindo a desenvolver um trabalho contínuo de aproximação às metas definidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio - na Declaração do Milénio, adotada em 2000, por todos os 189 Estados Membros da Assembleia Geral das Nações Unidas - e com eles traçou o seu próprio caminho na procura de um turismo responsável, sustentável e acessível a todos. 15 Paraa além da sua componente corporativa, a Responsabili idade Social das empresas está também associada à necessidade de conservar a natureza enquanto aspeto de equilíbrio social e económico. Objetivos de Desenvolvimento do Milénio: Erradicarr a pobreza extrema e a tome Alcançar a educação primária universal Promover a igualdade do género e capacitar as mulheres Reduzir a mortalidade infantil Melhorarr a saúde materna Combater o HIV/SIDA, a malaria e outras doenças Assegurar a sustentabilidade ambiental Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento O quadro seguinte apresenta algumas medidas que poderão ser implementadas nos negócios turísticos ao nível local e que procuram operar de acordo com os princípios da sustentabilidade. Desta forma, pretende-see organizarr as ações de gestão que mais potenciam a responsabilização do negócio.

Áreas de intervenção de Responsabilidade Social Gestão Interna Práticas de Apoio à Comunidade Local Relacionamento com os Fornecedores Serviço ao Cliente Envolvimento de Partes Interessadas Descrição Atividades essenciais ao desenvolvimento das operações principais do negócio Preservar, fortalecer e dar assistência às comunidades locais Atividades relacionadas com operações comerciais e de estímulo ao consumo responsável Potenciar a experiência do cliente Atividades que promovam a participação em rede Medidas Certificações e rótulos Gestão conscientee dos recursos Utilização de energias renováveis Desenvolvimento profissional Segurança Saúde Recrutamento local Conservação da Natureza e da paisagem envolvente (offsetting, monitorização, limpezas) Redução da poluição Reciclagem e gestão de resíduos Atividades de compensação de carbono Campanhas de sensibilização para assuntos sociais Campanha de recolha de mantimentos Banco de horas do staff de oferta à comunidade Promoção dos produtores e cadeias de distribuição locais Comércio justo Compras verdes (green procurement) Promoção do bem-estar do cliente Disponibilização de informações sobre a envolvente Políticas relacionadas com comportamentos éticos, saúde e segurança Formação do stafff Otimização das infraestruturas turísticas existentes Potenciação do trabalho conjuntoo em prol do bem comum Criação de sinergias entre clientes, staff, comunidades locais e fornecedores Colaboração entree sector público e privado Participação em associações independentes ou ONG Envolvimento dos clientes nas várias ações 16 Quadro Ações de responsabilização na gestão