Recurso de Deliberação do Conselho de Deontologia do Porto 2ª Secção Pº nº 4/2018-CS/R Recorrente Recorrido Relator Relatório

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Recurso de Deliberação do Conselho de Deontologia do Porto 2ª Secção Pº nº 4/2018-CS/R Recorrente: Dr. ( ) Recorrido: Delegação de ( ) Relator: Dr. Orlando Marcelo Curto Relatório I Vem o presente recurso de Acordão do Conselho de Deontologia do Porto que condenou o recorrente Dr. ( ) na pena de multa de 250,00 e a recorrente Dra. ( ) na pena de censura. O facto que deu origem à condenação foi a afixação ao lado da porta do escritório dos referidos senhores advogados recorrentes e outros cinco advogados de uma placa com os dizeres BALCÃO ÚNICO (em letras maiúsculas) seguindo-se na vertical: Advogados, Reconhecimentos, Certificações, Termos de autenticação, Registos, Predial, Comercial, Automóvel, conforme fotografia a fls.91 dos autos. E tendo a Delegação de ( ), por ofício de 1 de Outubro de 2010, chamado a atenção das ora recorrentes para a ilicitude de publicidade resultante da afixação da referida placa, os mesmos ora recorrentes, sustentando não existir tal ilicitude mantiveram a placa, situação que se manteve no decurso do processo disciplinar que culminou com a condenação. O Acordão em recurso, perfilhando o Parecer do Relator, conclui do seguinte modo: com o comportamento adoptado os arguidos violaram voluntária e conscientemente o disposto no artº 89º (actual 94º) do Estatuto da Ordem dos Advogados. O dolo resulta demonstrado pela consciência que os arguidos tinham da ilicitude das suas condutas, face desde logo ao aviso feito pela Delegação de ( ) e às suas pronúncias nos autos, sempre no sentido de discordarem do Parecer nº4/pp/2009-6 (publicado na Revista da O.A. nºs III/IV, ano 69, Jul/Set 2009 e Out/Dez 2009, págs. 1041 e seguintes) da Ordem dos Advogados.

A intenção de beneficiarem das vantagens do seu comportamento ilícito não se desvanece por, na prática, eventualmente não terem de facto obtido proveito. A recorrente ( ), fundamenta o seu recurso, alegando que: Há que aquilatar se os factos praticados não prescreveram já; Exerce advocacia há 25 anos; Não se trata de uma sociedade de advogados regular (o escritório tem 7 advogados), ainda que naturalmente haja questões comuns que são tratadas quase como tal e sempre por um advogado em nome de todos. No caso concreto o assunto objecto do processo foi tratado pelo Dr. ( ), em quem a recorrente deposita toda a confiança, como colega mais velho e prestigiado, tendo a recorrente assinado o que lhe foi pedido, em confiança, absolutamente inconsciente da legalidade ou não das suas implicações. Logo que se apercebeu da possível ilegalidade transmitiu ao colega Dr. ( ) que a placa, cuja aposição fora da autoria deste, devia ser retirada, mas o Dr. ( ) continuou a entender que a colocação da placa era legal. E em resposta ao despacho de acusação disse que: 1) Não afixara a placa em causa; 2) Apenas colocou uma placa com o nome profissional na varanda da fachada; 3) Poucos ou nenhuns actos relacionados com o Balcão Único pratica e apenas para os seus clientes habituais; 4)Nunca usufruiu pois qualquer vantagem com a afixação da placa. A pena de censura não tem pois razão de ser. O recorrente ( ) alega no seu recurso, em síntese, que ao afixar a placa pretendeu apenas informar de forma objectiva da área de actividade a que se dedica. Invoca o DL 116/2008 de 4/07/2008 no sentido de que o mesmo criou condições para que os advogados prestem serviços em regime de balcão único. Da placa resulta porém, de forma inequívoca, que se trata de um escritório de advogados.

A afixação da placa não contende, em nada, com o artº 89º do EOA, antes se enquadra no direito estatutariamente consagrado à publicidade previsto no artº89º do EOA. E o Acordão em apreço não está minimamente fundamentado. Contudo, na sequência do Acordão recorrido foi já retirada a placa, aguardandose a decisão do presente recurso. Antes de apreciar especificamente cada uma das Alegações de recurso em face do Acordão recorrido e das penas por este aplicadas, começaremos por analisar o facto em si que é escrutinado - a afixação da placa com os dizeres dela constantes e consequentemente a legalidade ou ilegalidade do mesmo em face do estipulado pelo artº 89º do EOA de 2005 ao caso aplicável. Estabelece o citado artº 89º no seu nº1 que os advogados e as sociedades de advogados podem divulgar a sua actividade profissional de forma objectiva, verdadeira e digna, no rigoroso respeito pelos deveres deontológicos do segredo profissional e das normas legais sobre publicidade e concorrência. E as alíneas do nº2 do mesmo artigo especificam nomeadamente o que se entende por informação objectiva dos advogados e sociedades de advogados. E nas alíneas do nº3 enumera-se nomeadamente actos lícitos de publicidade, todos eles com reporte directo ao advogado ou sociedade de advogados. No nº4 referem-se, designadamente, alguns actos ilícitos de publicidade. Analisando agora a placa afixada pelos senhores advogados arguidos à luz da citada disposição legal do artº89º do EOA (actual artº94º) há que constatar desde logo que a mesma não é uma placa de Advogados, pois que a menção de referência, com letras maiúsculas é BALCÃO ÚNICO e só depois vem a menção Advogados, seguida de uma relação de actividades não especificas ou exclusivas de advogados. Assim, a placa induz o público de que ali existe um escritório que trata dos vários assuntos mencionados e onde também há advogados.

Tal placa publicitária viola assim claramente a letra e o espírito da norma do artº 89º do EOA no seu todo. Com efeito, não divulga de forma objectiva, verdadeira e digna a actividade profissional de advogados, não reportando sequer as actividades que menciona a um escritório de advogados mas sim a um Balcão único. Além disso as actividades mencionadas não se integram na menção de áreas ou matérias jurídicas de exercício preferencial que o artº89º permite. Posto isto apreciemos então as alegações de recurso de cada um dos recorrentes. Quanto ao recurso da Dra. ( ) começaremos por recusar a existência de prescrição, que refere como hipótese, pois tratando-se de infracção continuada que só terá cessado após o Acordão do Conselho de Deontologia do Porto, é evidente não existir. A Dra. ( ) pretende que se atenda a uma atenuação na sua responsabilidade na colocação e manutenção da placa, alegando que a autoria da colocação da placa foi do Dr. ( ), e que foi este que sempre defendeu perante ela e os demais colegas do escritório a legalidade da mesma e sua manutenção. Pode admitir-se que assim tenha acontecido, mas a verdade é que a recorrente é uma advogada com 25 anos de profissão e não pode eximir-se à responsabilidade de, por si própria, apreciar a legalidade ou ilegalidade da colocação da placa, como lhe competia desde a denúncia da Delegação de ( ). Diz que a determinada altura defendeu junto do Dr. ( ) que a placa devia ser retirada, mas não impôs a mesma retirada. Não vemos por isso que a sanção de censura seja desadequada à infracção que lhe é imputável, inferior, de resto, à aplicada ao Dr. ( ). Relativamente ao recurso do Dr. ( ), em face do que se deixou dito quanto à afixação da placa como violando o artº 89º do EOA então em vigor, resulta que não colhem os argumentos que aduz. A placa afixada, ao contrário do que diz, não informa de forma objectiva da área de actividade a que se dedica como advogado.

Com efeito, reconhecimentos, certificações, termos de autenticação, registos, não são áreas de actividade jurídica. E quanto ao Balcão Único, o que a lei que o recorrente invoca (DL 116/2008 de 4/07/2008 e Portaria 1513/2008 de 23/12) criou foi um regime próprio, para advogados, câmaras de comércio e indústria, notários e solicitadores, de obterem através da Internet, documentação, nomeadamente certidões que permitem de forma simplificada a prática de determinados actos próprios das respectivas actividades, mas a simples menção (balcão único) também ela não designa qualquer actividade jurídica própria dos advogados. Os dizeres da placa afixada, ao contrário do que pretendo o recorrente, não se enquadram pois no estatuído pelo artº89º do EOA (actual artº94º). Diz, por outro lado, o recorrente que o Acordão recorrido não está minimamente fundamentado, mas também aí não tem razão. Na verdade, o Acordão recorrido fundamenta a sua decisão em Parecer do Conselho Geral da Ordem dos Advogados, nomeadamente no Parecer nº4/pp/2009-6, publicado na Revista da Ordem dos Advogados nºs III/IV, ano 69, Jul/Set 2009 e Out/Nov 2009, págs. 1041 e seguintes, fazendo por isso seus os considerandos e conclusões dos mesmos. A ilicitude da actuação do senhor advogado recorrente na colocação da placa e na manutenção da mesma é pois manifesta, por violação da norma deontológica do artº89º, no seu conjunto, do EOA. E a pena aplicada, dados os contornos da actuação constantes dos autos e o grau de culpa, não nos merece censura. Conclusão II Do que anteriormente ficou expendido somos de parecer que, embora com um enquadramento jurídico e legal não totalmente coincidente com o Acordão recorrido, deve ser negado provimento a ambos os recursos e, consequentemente, mantidas as condenações fixadas pelo Acordão recorrido, por violação por parte dos recorrentes do artº89º do EOA no seu conjunto.

À secção para deliberação. Lisboa, 27 de Abril de 2018 O Relator,