Advogado militante e cientista social. Mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela PUC-SP. Conselheiro da OAB-RJ e Presidente da sua Comissão de Direito Ambiental. Membro da CONDA ( Comissão de Direito Ambiental do Conselho Federal da OAB). Professor de Direito Ambiental da FGVRio. Membro titular do Conema-RJ (Conselho Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro).
Meio - arrecadação compulsória por parte do Estado. Fim - a observância da dignidade humana num cenário capitalista de nítidos contornos sociais.
A tributação em decorrência do chamado interesse público (estado lucrativo arrecadador) perde espaço em função do nova paradigma de gestão. A pessoa humana passa a orientar a interpretação da Carta Magna. A atividade de tributar passa a ter por finalidade a realização do piso vital mínimo e a satisfação dos direitos sociais.
Fiscalidade Função arrecadatória do tributo cuja finalidade precípua é compor o orçamento público. Extrafiscalidade decorrem da função indutora de determinado tributo. Não visa a arrecadação, mas propiciar, com a sua cobrança, um estímulo ou desestímulo a determinada atividade.
Tributo como instrumento de intervenção (e não sanção); Tributo como instrumento de política econômica geral e de redistribuição de riquezas; Arrecadação como efeito secundário: a finalidade de tributos ecológicos vai mais além da arrecadação.
Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: (...) XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.
Art. 2 o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: X adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; XI recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; XII proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;
Art. 4 o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos: I planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; II planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; III planejamento municipal, em especial: (...) IV institutos tributários e financeiros: (...) V institutos jurídicos e políticos: (...) VI estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).
Art. 4 o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos: (...) IV institutos tributários e financeiros: a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU; b) contribuição de melhoria; c)incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de: (...) II preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; 1 o A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário que doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte dele, para os fins previstos nos incisos I a III do caput. 2 o A lei municipal referida no caput estabelecerá as condições relativas à aplicação da transferência do direito de construir.
Art. 47. Os tributos sobre imóveis urbanos, assim como as tarifas relativas a serviços públicos urbanos, serão diferenciados em função do interesse social.
Art. 1o Estabelecer, de forma atualizada e consolidada, as condições gerais de fornecimento de energia elétrica, cujas disposições devem ser observadas pelas distribuidoras e consumidores. Art. 2o Para os fins e efeitos desta Resolução, são adotadas as seguintes definições: XXXVI iluminação pública: serviço público que tem por objetivo exclusivo prover de claridade os logradouros públicos, de forma periódica, contínua ou eventual;
Art. 5o A aplicação das tarifas deve observar as classes e subclasses estabelecidas neste artigo. (...) 6o A classe iluminação pública, de responsabilidade de pessoa jurídica de direito público ou por esta delegada mediante concessão ou autorização, caracteriza-se pelo fornecimento para iluminação de ruas, praças, avenidas, túneis, passagens subterrâneas, jardins, vias, estradas, passarelas, abrigos de usuários de transportes coletivos, logradouros de uso comum e livre acesso, inclusive a iluminação de monumentos, fachadas, fontes luminosas e obras de arte de valor histórico, cultural ou ambiental, localizadas em áreas públicas e definidas por meio de legislação específica, exceto o fornecimento de energia elétrica que tenha por objetivo qualquer forma de propaganda ou publicidade, ou para realização de atividades que visem a interesses econômicos.
Art. 3 Para cumprimento das finalidades expressas no art. 1 desta lei, os projetos culturais em cujo favor serão captados e canalizados os recursos do Pronac atenderão, pelo menos, um dos seguintes objetivos: I - incentivo à formação artística e cultural, mediante: bolsas de estudo, prêmios (...) II - fomento à produção cultural e artística, mediante: produção de videos, exposições, produções de obras artísticas (...) III - preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico, mediante: a) construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, bem como de suas coleções e acervos; b) conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, sítios e demais espaços, inclusive naturais, tombados pelos Poderes Públicos; c) restauração de obras de artes e bens móveis e imóveis de reconhecido valor cultural; (...);
Art. 24. Para os fins deste Capítulo, equiparam-se a doações, nos termos do regulamento: I - distribuições gratuitas de ingressos para eventos de caráter artístico-cultural por pessoa jurídica a seus empregados e dependentes legais; II - despesas efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de conservar, preservar ou restaurar bens de sua propriedade ou sob sua posse legítima, tombados pelo Governo Federal, desde que atendidas as seguintes disposições:
Art. 18. Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará às pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios,(...): 1 o Os contribuintes poderão deduzir do imposto de renda devido as quantias efetivamente despendidas nos projetos elencados no 3 o, previamente aprovados pelo Ministério da Cultura, nos limites e nas condições estabelecidos na legislação do imposto de renda vigente, na forma de: a) doações; b) patrocínios.
3 o As doações e os patrocínios na produção cultural, a que se refere o 1 o, atenderão exclusivamente aos seguintes segmentos: (...) g) preservação do patrimônio cultural material e imaterial. h) construção e manutenção de salas de cinema e teatro, que poderão funcionar também como centros culturais comunitários, em Municípios com menos de 100.000 (cem mil) habitantes.
Isenção de IPTU - Os imóveis de interesse cultural, assim reconhecidos pelo órgão municipal competente, e que estejam em bom estado de conservação e com suas características arquitetônicas e decorativas relevantes respeitadas. Isenção de ISS - Isentos do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza os serviços de reforma, reestruturação ou conservação de imóveis de interesse histórico ou cultural ou de interesse para preservação ambiental, desde que visando a recolocá-los ou a mantê-los em suas características originais relevantes. Isenção da Taxa de Obras em Áreas Particulares - Estão isentas da Taxa de Obras em Áreas Particulares as obras em imóveis reconhecidos como de interesse histórico, cultural ou ecológico, desde que visando a recolocá-los ou a mantê-los em suas características originais relevantes.
Diante da obrigação do proprietário de conservar o bem tombado e responder por sua deterioração, os incentivos tributários são suficientes? Eles efetivamente vêm sendo utilizados e têm alcançado tais objetivos?
A Cidade do Rio de Janeiro possui aproximadamente 22 mil imóveis tombados. A revitalização de áreas tradicionais como tem acelerado a busca por imóveis, dentre eles os tombados, acarretando um montante aproximado de 700 pedidos de licença por mês. de acordo com a Subsecretaria de Patrimônio Cultural, só entre 2009 e 2010, houve um aumento de 30% pulando de 1.473 para 1.926 processos. a demora nos processos e o alto custo das reformas podem atrasar ou até inviabilizar muitos projetos.
Aumento do custo que monta a 30% da obra, valor esse que não é absorvido pela isenção do IPTU. Além do aumento do custo financeiro direto, há ainda o indireto com retardos da obra pela burocracia, por ex.
Se queremos ver esses bens preservados, será que não devemos pensar não só em formas de facilitar seu uso como também em se criar mecanismos para que o custo da preservação recaia não exclusivamente nos ombros do particular? Não são bens cujos valores pertinem a toda a sociedade? O uso pela população não pode significar não só uma melhor preservação, como também facultar à população uma maior valorização do bem ambiental cultural?
a capital paulista tem cerca de 2000 imóveis tombados e muitos deles fechados e ainda degradados. A matéria destaca a iniciativa de empreendimentos comerciais que, instalados em prédios tombados, têm ocasionado não só sua preservação como também a fruição por parte da população. "Queria comprar uma casa que tivesse história", diz Luiz Alves Junior, diretor e dono das editoras Gaia e Global.
O que há em comum entre a Casa da Bóia, Editora Global, Shopping Light, Casa das Rosas, Estação da Luz? Todos são imóveis de valor histórico para a cidade. Tombados ou não, mantêm suas características originais. A melhor ferramenta para a preservação do patrimônio histórico paulistano é o uso, seja cultural, comercial, ou de serviços. Esses edifícios são um exemplo eloquente disso. O uso permanente é importante porque a falta dele convida à deterioração. Falta de uso quer dizer abandono.
O ideal é que a maior parte desses imóveis tenha um uso ativo, e não apenas contemplativo, como é o caso dos museus. O uso ativo incorpora a esses patrimônios a dinâmica social. Usar um imóvel é uma maneira de estabelecer uma relação quase de afeto com ele. Passamos a fiscalizar sua conservação. Reclamamos quando as coisas não estão boas e exigimos melhorias. O resultado desse esforço é, no entanto, muito bom. Logo, haverá linhas de financiamento para o restauro e a conservação desses bens.
Incentivos financeiros devem estar inseridos em políticas publicas globais de estimulo à preservação; Instrumentos de comando e controle sim, mas ênfase no princípio do protetor recebedor; Fortalecimento do orçamento para políticas culturais de um modo geral como motor da economia criativa e de cidades criativas; O que acarretará fortalecimento do sentido de pertencimento e robustecimento da cidadania; Ampliação dos espaços públicos, físicos e simbólicos.
Obrigado ahmedadv@terra.com.br