A EDUCAÇÃO FÍSICA EM UMA ESCOLA INTEGRANTE DO PROGRAMA PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO EM IJUÍ 1

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Transcrição:

A EDUCAÇÃO FÍSICA EM UMA ESCOLA INTEGRANTE DO PROGRAMA PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO EM IJUÍ 1 Caterine De Moura Brachtvogel 2, Fernando Jaime González 3. 1 Pesquisa Institucional desenvolvida no Departamento de Humanidades e Educação, pertencente ao Grupo de Pesquisa Paidotribas 2 Aluna do Curso de Graduação em Educação Física da UNIJUÍ - Licenciatura, bolsista PROBIC/FAPERGS, catimb@hotmail.com 3 Orientador do trabalho, professor Doutor do Departamento de Humanidades e Educação, Orientador, fjg@unijui.edu.br Introdução As tecnologias estão cada vez mais presentes em nossa sociedade e é impossível não pensar a sua inclusão ao ensino escolar. Nesse sentido, nos últimos anos se tem intensificado as propostas governamentais orientadas a inserir as ferramentas digitais no ensino público de todo o país. Este fenômeno desafia os professores a articular suas práticas pedagógicas com as tecnologias disponibilizadas no ambiente escolar. A Educação Física (EF), área do conhecimento que há mais de 20 anos busca sua autonomia pedagógica, bem como a ressignificação de suas práticas, vê nessas tecnologias aliadas para o desenvolvimento de propostas inovadoras de ensino. Neste sentido, Sena (2011, p. 7) destaca a nova dimensão que as aulas de EF podem ter incorporando a tecnologia às aulas, potencializando os conteúdos específicos da área: As TIC proporcionam para a aula de Educação Física, um novo espaço de aprendizagem, onde há a integração da cultura intra e extra-escolar dos alunos. Nesse âmbito, as TIC estão ao alcance da população, apresentando informações abundantes e variadas, de modo muito atrativo. Alunos estão constantemente interagindo com tecnologias e em contato com todo tipo de informação, especificamente, conteúdos sobre jogos, esportes, danças, ginásticas e a lutas, que são conteúdos da disciplina Educação Física, assim como, acontecimentos nacionais e internacionais, ou seja, diferentes assuntos, abordados com graus de complexidade variados, expressando pontos de vista, valores e concepções diversos. Para melhor entender esse processo, desenvolvemos um estudo em uma escola estadual localizada na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, integrante do Programa Província de São Pedro (Antigo Programa Um Computador por Aluno ). O Programa UCA tinha como objetivo central a

inclusão e uso educacional das tecnologias digitais. A escola recebeu os computadores no ano de 2010, mesmo ano em que os professores realizaram um curso de capacitação que viabilizou o uso dos laptops. O Programa Província de São Pedro dá continuidade a esse processo, modernizando a rede estadual de ensino e possibilitando aos alunos e professores apropriação do uso da tecnologia no ambiente escolar (formações docentes e novos processos de ensino-aprendizagem). Nesse sentido o estudo teve como objetivo entender e acompanhar o uso do computador (tecnologia disponível na escola) nas aulas de Educação Física. Também buscamos compreender qual a relação que o professor mantém com as tecnologias de forma pessoal e profissional e, de forma mais específica, com as utiliza no planejamento das aulas e no desenvolvimento dos conteúdos específicos da área. Metodologia Num primeiro momento da pesquisa realizada no ano de 2013 o estudo teve características etnográficas e buscou a compreender as inter-relações entre escola, computadores, alunos, professores, e os processos de ensino-aprendizagem. Para tal, foram realizadas observações (quantificar as horas de observação em horas e dias) e assim como entrevistas semi-estruturadas e aplicação de um questionário com todos os professores da escola. Além de procurar conhecer a dinâmica mais geral da escola, a coleta de dados supracitada tinha um objetivo específico, de compreender qual era a situação da Educação Física dentro da escola, em todos os aspectos. Essa parte do estudo foi feito juntamente com a análise de todas as entrevistas e questionários, além da organização e posterior apreciação de um diário de campo, que relatou as visitas da bolsista à escola. Após as análises, o diário de campo (antes utilizado para escrever sobre as observações da escola) voltou a ser utilizado como ferramenta para as observações das aulas de Educação Física. Anterior a isso foi feita uma análise sobre o Plano de Trabalho do ano anterior (2013) do professor, as observações das aulas aconteceram nos meses de março, abril, maio e junho de 2014. Resultados e Discussão Para expor os resultados obtidos de setembro de 2013 até Junho de 2014, a apresentação será dividida em três tópicos: a) o uso do computador na escola; b) as aulas de Educação Física e c) o plano de trabalho do professor. a)o uso do computador na escola O computador é a ferramenta tecnológica disponível na escola. Cada aluno tem o seu laptop e pode levá-lo para onde quiser. Durante o tempo em que não estão em aula ou em algum projeto da escola os alunos ficam no pátio da escola ocupando seu laptop de forma pessoal: navegando em redes sociais (particularmente no Facebook), baixando músicas e olhando vídeos (You Tube). A relação que os alunos mantêm com o laptop é intensa e todos adoram trabalhar com ele nas aulas. Os professores aos serem questionados sobre o comportamento dos alunos perante as aulas com o uso da ferramenta sempre destacam o bom envolvimento e o gosto pelos estudos realizados. Os

professores são orientados pela escola a utilizar a ferramenta em suas aulas, sendo que os usos e seus conteúdos devem ser explicitados em um plano de trabalho realizado anualmente. Na realização das entrevistas e nas respostas ao questionário constatou-se que todos os professores utilizam o computador em suas aulas e conseguem aliar seus conteúdos específicos à utilização da ferramenta. Todos demonstraram segurança ao responderem sobre questionamentos sobre planejamento, organização da disciplina, continuidade de conteúdos, evidenciando dessa forma que mantém certa organização em suas aulas. Os professores citam em suas falas que buscam utilizar de forma diversificada o computador e que ainda assim não utilizam em todas as aulas, mesmo tendo a ferramenta disponível todos os dias. Apesar da segurança transmitida ao serem respondidas as questões, não é isso que se percebe na prática. Eles citam que utilizam o computador para pesquisas, buscas de vídeos e sites, fazem textos e arquivos de mídia, mas todos os professores trabalham da mesma forma, criando certa rotina de práticas pedagógicas com o uso do computador. Mesmo trabalhando com esse ar de rotina nas aulas é notório que os professores se esforçam para diversificar o uso do computador. O uso das TIC dentro da escola tem que ocorrer de forma consciente e com conhecimento das possibilidades de uso (SENA; 2011), possibilitando aos alunos novas experiências. Analisando de forma mais específica e fazendo uma relação com os demais professores, verificou-se nessa situação que o professor de Educação Física é o docente que menos utiliza o computador em suas aulas, não conseguindo criar uma relação consciente e consistente entre sua disciplina e a ferramenta. b)as aulas de Educação Física As aulas de Educação Física são realizadas na quadra do Bairro que fica localizada a cem metros da escola. As aulas observadas (23 em total durante 2014) são de tardes em que o professor trabalha com duas turmas distintas, sendo uma após a outra. Os alunos vão direto para a quadra sem prévia indicação do professor. Ao chegarem à quadra os alunos esperam o professor, que na maioria das vezes, organiza os times e, simplesmente, joga a bola aos seus alunos. Não havendo nenhuma organização do que será trabalhado, o professor sempre leva duas bolas (uma de futsal e uma de voleibol) e na hora decide o que fazer. No sexta observação foi notável que se tratava de um abandono docente (GONZÁLEZ; FENSTERSEIFER, 2006), pois como relatado no diário de campo (Abril, 2014, p. 6) os alunos não tinham ideia do que estavam fazendo nas aulas: [...] pela presença da bolsista o professor começa a questionar os alunos sobre o esporte futsal, na primeira questão que falava sobre quantos podiam jogar na quadra em cada equipe, os alunos responderam questionando: é 7 ou 8 sôr? Na pergunta seguinte sobre quando era pênalti, os alunos responderam com gritos: quando põe a mão na bola né?[...] Apesar de o professor ter observado ter um vasto conhecimento sobre o que pode/deve ser tematizado nas aulas, ele não trabalha, alegando insatisfação com o sistema escolar, onde não tem

uma quadra na escola, pouco material, alunos que não obedecem, sempre mantendo a mesma fala de desânimo. O professor não consegue transmitir todo o seu conhecimento aos alunos, não ocorrendo nenhuma troca válida de experiências, muito menos ocorre a problematização ou a ressignificação de saberes, o que na Educação Física atual, se destaca como papel de suma importância, como ressaltado no estudo de González e Fensterseifer (2010, p. 12): Nessa linha, a EF escolar, na condição de disciplina, tem como finalidade formar indivíduos dotados de capacidade crítica em condições de agir autonomamente na esfera da cultura corporal de movimento e auxiliar na formação de sujeitos políticos, munindo-os de ferramentas que auxiliem no exercício da cidadania. c)o plano de trabalho do professor Após a constatação de que o professor pouco utiliza do computador em suas aulas, foi necessária uma análise sobre o plano de trabalho deste realizado no ano anterior. Mesmo adotando um discurso de que as tecnologias são boas aliadas do ensino e que devem ser utilizadas nas aulas, o professor não segue essa lógica. Na primeira leitura do plano ficou evidenciado que as aulas não seguem uma sequência de conteúdos e muito menos inclui tarefas que contemplem o uso das ferramentas digitais. Foi observado também que nos três anos finais citados no plano de trabalho não existe uma sequência de conteúdos, ou seja, são listadas para os três últimos anos as mesmas práticas corporais, sem haver qualquer indicação de crescimento gradativo da complexidade do que se ensina. Em nenhum parte do documento é mencionado o uso do computador, dando a entender que raramente é usado, e se utilizado, foi sem planejamento prévio. Finalizando a ideia desse tópico, além de uma adequação do professor ao novo movimento de pensar e fazer EF, faz-se necessário a disposição do próprio profissional para trabalhar nesse sentido. Em uma conversa inicial com o docente, sobre um trabalho realizado de forma colaborativa, ele relatou inúmeras dificuldades exteriores à aula e que são relacionadas ao ambiente da escola, e mostrou-se interessado em trabalhar numa reformulação do plano de trabalho da EF. Os apontamentos de Melo (2006, p. 188) se fazem pertinentes à questão do professor tomar o controle de suas ações pedagógicas: Assim, cabe aos professores de Educação Física envolver-se numa rotina escolar que permita situar claramente seus conteúdos de ensino e sua organização nos diferentes ciclos de escolarização, diferente da linearidade de conteúdo que se repete de forma hegemônica em todos os níveis escolares, bem como dissipar a ideia, muita vezes cristalizada na escola, de que a Educação Física é um apêndice curricular, caracterizada principalmente pela organização de atividades complementares, e não pela função precípua de tratar pedagogicamente o acervo da cultura de movimento como o conhecimento pedagógico de que os alunos devem se apropriar e ressignificar no seu convívio social.

Conclusões Após todo o processo de análise da Educação Física na escola integrante do Programa Província de São Pedro do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e que tem por diferencial o uso contínuo do laptop e práticas pedagógicas associadas a ele, é notável que apesar do atual desinvestimento do professor em suas aulas, ele se mostra disposto a enfrentá-las e transformar as práticas e também modificar a visão que a escola tem dele e de seu componente. Por não ter com quem compartilhar suas dúvidas, vontades e anseios o professor espera dos pesquisadores um aporte para que possa e consiga alavancar suas aulas, tornando-diferentes, com conteúdos e com uma organização que possa ser seguida em longo prazo. A sequência desse estudo de pesquisa acontecerá no segundo semestre de 2014, com a reformulação do plano de estudos da disciplina, em processo colaborativo entre os pesquisadores e o professor. Onde o professor será o principal produtor de todo o processo de organização e aplicação das novas ações pedagógicas que serão construídas, com o objetivo de incluir o uso do computador de forma planejada e relacionado ao conteúdo trabalhado nas aulas. Palavras-chave Tecnologia; professor; aulas; conteúdos; planejamento. Agradecimentos À FAPERGS pelo financiamento da bolsa PROBIC que oportuniza o envolvimento com esta pesquisa. Referências Bibliográficas GONZÁLEZ, F. J. ; FENSTERSEIFER, P. E. Educação Física e Cultura Escolar: critérios para identificação do abandono do trabalho docente. CD-ROOM Anais... III Congresso Sulbrasileiro de Ciências do Esporte. Santa Maria RS, 2006. Entre o não mais e o ainda não : pensando saídas do não-lugar da EF escolar II. In: Cadernos de Formação RBCE, Florianópolis, v.2. p. 10-21, mar. 2010. MELO, J. P. Perspectivas da Educação Física Escolar: reflexão sobre a Educação Física como componente curricular. XI Congresso Ciências do Desporto e Educação Física dos países de língua portuguesa. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.20, p.188-90, set. 2006. Suplemento n.5. SENA, D. C. S. As Tecnologias da Informação e da Comunicação no Ensino da Educação Física Escolar. Hipertextus Revista Digital. Volume 6. Agosto - 2011. Disponível em: http://www.hipertextus.net/volume6/hipertextus-volume6-dianne-cristina-souza-de-sena.pdf.